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4 PERCURSO DA PESQUISA: DESCRIÇÃO DO TRABALHO DE CAMPO

5.3 A CLASSE HOSPITALAR NA HEMODIÁLISE

5.3.1 Percepções sobre a Classe Hospitalar na Hemodiálise

No conjunto de pensamentos sobre o atendimento da classe hospitalar foi possível organizar as falas, de acordo às concepções que se tem sobre este assunto quando os participantes do estudo responderam, se consideram importante ter aulas com a professora da classe hospitalar, durante a hemodiálise e se há alguma contribuição para a vida destas crianças e adolescentes que participam destes momentos. Assim, apareceram, de maneira geral, que a classe hospitalar é importante para a criança aprender, para passar o tempo e distrair, para conversar com o aluno/paciente sobre vários assuntos e para contribuir com a atenção integral ao paciente que está recebendo assistência na saúde.

Um depoimento que me chamou muito a atenção foi o da mãe de Carmen quando no final de nossa conversa ao perguntar se ela gostaria de dizer mais alguma coisa sobre o que conversamos, ela disse que sim e relatou:

Eu no começo quando Carmen começou isso tudo, principalmente quando ela ficou internada no São Rafael (hospital), foi muito difícil pra mim, ver a professora na sala, ver o fisioterapeuta na sala, pra mim aquilo lá, tipo: não podia acontecer com a minha filha. Tipo: Eu vi, a professora foi lá, mas eu não vi aquilo com bons olhos, pra mim, não me agradava aquilo, eu não queria ela estudando ali, eu queria ela estudando na escola normal com as outras crianças! Mas o tempo vai passando, e vai mostrando assim que

aquilo realmente é importante! A gente precisa daquilo, a gente realmente vê os avanços né! Então é necessário estudar, principalmente pra ela que não pode tá em casa, mas no começo tudo é muito mais difícil né! Então eu sinceramente, eu não aceitava. A professora ia lá, eu achava até bonitinho, engraçadinho, mas meu coração tipo: eu não quero isso! Eu quero que ela vá pra escola, não quero professora de, de, de hospital, mas eu acho bem legal o trabalho assim até de, de... não só de ensinar, mas você acaba focando pra uma outra direção quando eles tão ali né, esquece! Acho que quando você tá estudando, esquece um pouquinho que tá na máquina, que tá dialisando, que vai passar mal, né! você foca no estudo, na historinha, na conversa.., eu acho que não só pra alfabetização mas, pra ter um outro foco, tirar um pouquinho daquilo ali do que tá vivendo, da dor né... basta eu sentir, ela não precisa não! (mãe de Carmen)

Este depoimento me surpreendeu por trazer a reflexão da mãe de Carmen sobre os sentimentos iniciais quando conheceu o trabalho da classe hospitalar, no momento em que inaugurou a doença renal na vida da filha. Ela nos apresenta que o professor no contexto hospitalar é algo que lhe causou rejeição no primeiro momento, por não desejar aquilo para a filha, mas com o tempo ela percebeu que a vida escolar da filha não podia parar e que, ao contrário do que pensava, o professor tem um papel importante no ambiente hospitalar, tanto para possibilitar a aprendizagem, quanto para minimizar o sofrimento e a dor que o hospital representa, enquanto instituição destinada ao atendimento de doentes.

A atenção integral à pessoa com doença renal crônica, que passa parte do tempo de sua vida dentro de um hospital, dedicando-se aos cuidados na saúde, é uma contribuição importante no cuidado a estes pacientes. A partir desta perspectiva, a mãe de Daniel faz uma reflexão profunda sobre este aspecto trazendo uma abordagem na perspectiva da humanização hospitalar, de uma maneira geral, e falando também da importância de não deixar para trás a vida escolar de pessoas que estão em hemodiálise como vimos em seu relato:

Eh... eu agradeço a Deus por ter inspirado alguém a pensar nesses pacientes no hospital. Eu acho assim, que quando eu assisti a um filme há alguns anos atrás, era um palhaço (Filme: Patch Adams, 199). Ele era médico, mas uma vocação incrível para ser palhaço. Tanto que no horário dele, vago, ele se vestia de palhaço para alegrar as crianças, e levava, levava isso de uma maneira diferente, de um tratamento diferente, que às vezes, o poder público não enxerga. Então agradeço a Deus por quem lembrou dessas crianças, que há uma necessidade de estudar, não só as crianças como os adultos. É que quando eu vejo uma senhorinha, que vocês estão alfabetizando, isso me emociona. Está ali na máquina, mas tem hora que eles esquecem, eles se esquecem que estão naquela máquina, porque se sente vivo, se sente com a perspectiva, querendo ou não abre uma perspectiva. Perspectiva de vida, e isso, assim, fico alegre quando eu vejo. E trazer a escola é uma forma de dizer a eles, "olha, alguém lembra, e alguém trata vocês como gente, como pessoas", essa é a realidade. [...] E você tem que viver dentro do hospital, três vezes periodicamente naquele tratamento, e fora os internamentos que há, e você chegar aqui e vê que, de alguma

forma, alguém lembrou que há essa necessidade, né! Não só de um tratamento, mas ele pensou em todas as outras partes que um ser humano necessita, porque aqui garante educação, aqui garante tratamento, e até mesmo a saúde mental - né! - psicológico, porque também há psicólogos. Então assim, mediante as dificuldades e as necessidades, certo? Porque assim, Isso está se espalhando nas clínicas, isso está... o “renal” está sendo assistido, e assim, você sentir que ali não é o fim, né! Não é o fim. “Chegar a isso aqui é o fim”, não! Há possibilidades, há chances. Eh... enquanto há vida, há esperança e aprendizado para o resto da vida. [...] Em dizer assim, “puxa, tem uma classe eh... de doentes, de uma doença, mas que necessita de uma parte, de um apoio”. Eu sei que a escola no hospital, hoje, para mim, é fundamental. E dizer assim, "Daniel, pisa aqui na terra, que você é um aluno, ainda". (mãe de Daniel)

A partir disso, compreendo que, tanto o que as mães de Carmen e de Daniel trouxeram através destes depoimentos, quanto o que foi emitido pelas crianças, adolescentes e as outras mães, partiram das construções cotidianas do trabalho do professor da classe hospitalar, junto a estes alunos/pacientes, contribuindo na forma de pensar, a partir do que observavam ao que acrescentava na vida de cada um, quer seja em relação apenas aos aspectos escolares, ou das questões psíquicas e emocionais, além da afirmação de que apesar da doença, seus filhos não estão distantes da sua função de aluno uma vez que a escola faz parte da infância.

O ensino e a aprendizagem necessários à vida das crianças e adolescentes que se afastaram do cotidiano escolar ou que tiveram que conciliar o tratamento com a frequência escolar não se perde no conteúdo das falas quando os participantes desta pesquisa falam da importância da classe hospitalar que atende às crianças e adolescentes no momento da hemodiálise. Pode-se perceber, a partir destes relatos, que mesmo que não seja na mesma proporção que em uma escola comum, o que o aluno/paciente aprende nos atendimentos da professora no hospital pode ser percebido das seguintes formas:

Eu acho que assim, incentiva ela mais né a estudar, eu acho que ajuda a ela nessa parte né. [...] Assim, ela lê, que ela tem mais ou menos três anos sem conseguir ir na escola normal, tem algumas coisa que ela não entendia e ela tá começando a aprender de volta. Assim, ela aprendeu na escola, parou, aí esqueceu tudo e aí agora na escola da hemodiálise, agora ela tá voltando a fazer tudo de volta... Enquanto ela tiver fazendo hemodiálise eu acho muito importante pra ela. Ajuda ela bastante, incentiva ela, é muito legal a escola do hospital. [...] Ah, é bem melhor, bem melhor estudar, porque ela não tá mais frequentando a outra, aí, já tava cá na hemodiálise, e ficava muito bem pra ela, acompanhar ela ali. Assim, eu vejo que assim a hemodiálise, o professor sempre acompanha ela assim, pra ensinar, ensinar ela muito Matemática que ela não sabe, ela sabe mais as outras matérias, mas Matemática ela é muito atrasada em Matemática. [...] Eu acho assim, se por acaso enquanto ela tiver fazendo hemodiálise eu acho ótimo ela ficar estudando na escola da hemodiálise né! Porque assim, como ela tá de difícil andar, depois do transplante pra ela tá melhor. Aí eu vou observar como é

que ela vai viver, se ela vai voltar a andar, como é que vai ser ela. (mãe de Laura)

Muito importante! Muito, muito, muito, mesmo. Muito. Porque ali, além de interagir, além da informação, eles se sentem alunos. A verdade é essa - né! - porque até então não está sendo, está sendo uma criança, está sendo um paciente. Mas a vida escolar, o aluno fica para trás. (mãe de Daniel)

É muito importante sim! Tanto que esse ano agora, Carmen, ela se desenvolveu muito mais no Braille do que o ano passado, no 1º semestre e nos picados que foi no 2º semestre. Esse 1º ano aqui na escola (se referindo a classe hospitalar), ela se desenvolveu muito mais no Braille do que o ano passado, que ela ficou praticamente o ano todo. Então, eu acho bem importante, principalmente porque ela não tá na escola. Então o único meio dela estudar, dela saber das técnicas, porque eu posso até ensinar, mas eu não sei as técnicas, eu mesmo não sei as técnicas, então pra mim é complicado, então achei muito importante. Tanto que eu pego no pé, quando ela quer dormir (na hemodiálise) eu já nem tenho deixado, pra ela aprender realmente. [...] Porque a questão do aprendizado dela, do Braille, de qualquer outra coisa que ela vê na escola, é uma coisa que ela vai levar pra vida toda né, então... é mais do que uma contribuição né! (mãe de Carmen) É bom né! - porque ele aprende, está aprendendo mais, que é melhor do que não ir para o colégio. (mãe de Davi)

Contribui porque você vê que ele gosta de participar e ele se interessa em participar. Só se ele estiver se sentindo mal para ele não querer fazer as atividades. Acho muito importante, porque é uma forma de ele estar vivendo essa parte da vida deles que está parada. Então, mesmo com conteúdo reduzido, mesmo com poucos dias, é importante para a criança que tem interesse, porque tem criança que não gosta de estudar. Então chega aqui, o pouco tempo ele já se encosta, mas ele não. Ele sempre mostrou interesse em participar, em fazer, então eu acho importante. [...] Mas o que tem passado aqui na hemodiálise, o dia que tem, ele tem aproveitado. Porque a leitura dele está... tem fluído direitinho. Agora a escrita é que por não estar praticando, está bem deficiente. [...] Sim, porque traz bastante informação. Bastante coisa, por exemplo: cultura, as datas... eles estão sempre ligados. Coisa que se não tivesse a professora, a gente como família, ou até o próprio sistema de saúde não ia estar preocupado com isso aí. Enquanto que eles estão atentos a todas as datas comemorativas, então tudo isso é um conjunto de informação que traz. (mãe de Adriano)

Sim, acho importante. E... ela ensina quase a mesma coisa que a gente aprende na escola normal. Ela chega, dá bom-dia e depois fala que vai fazer atividade. Ela faz (aula) de um em um. (Daniel)

Você, chegar num hospital, onde há necessidade diferente, atendimento diferenciado. Por exemplo: Cirilo quando fala uma cor, fala uma letra, você sabe a evolução. Porque quem estava aqui no início, e via que Cirilo quase nem abria a boca para falar direito, e hoje ele tem uma sequência, a gente vê como evolui e como é necessário, porque em casa ele não teria essa chance. É onde ele mora, ele não tem essa chance de estudo. Então, isso aqui é diferente, faz a diferença sim, na vida do paciente né! (mãe de Daniel)

Às vezes, eh... por exemplo, tem pacientes que estudam e tem uma dificuldade, né! Eu acho importante quando elas param para dar um reforço melhor, dar atenção maior a aquele assunto, e até mesmo porque as crianças começam a se identificar com essas professoras. [...] Só que ali a gente tem ali várias classes de nível né! - tem um que não sabe ler de nada, tem um que já sabe ler mais um pouquinho, tem um que se identifica com uma atividade e outro já quer de outra. (mãe de Daniel)

Quando as mães expressam suas percepções dos atendimentos pedagógicos prestados aos seus filhos nos momentos da hemodiálise, as suas falas transcendem os aspectos relacionados à aprendizagem da leitura, escrita e conteúdos escolares por trazer consigo os benefícios do trabalho da classe hospitalar, também relacionados ao desligamento das crianças e adolescentes do que o tratamento hemodialítico lhes causa ao “desligarem-se da máquina” e, principalmente, pela distração nas quatro horas a cada sessão. Estas ideias estão representadas nas falas de Carmen e das mães de Adriano e Marcelina:

Acho, acho muito importante! Mais importante do que você pensa, porque assim, as quatro horas e quando você tá estudando e quando você olha pra máquina já faltam 10 minutos. Aí passa rápido e é muito importante estudar... Então, é melhor que a gente estude na hora. [...] A aula no hospital é legal assim...todas as aulas são legais, na escola no hospital, mas também é legal lá no hospital. [...] Eu gosto muito das aulas da hemodiálise e aí eu fico lá, esperar passar o tempo, eu esqueço tudo... e é bom por que você estuda né! (Carmen)

Acho que eles ali ficam envolvidos, eles veem que ele está fazendo alguma coisa e não ficam ali só presos à máquina no período de tratamento para ir embora. É como se ele não estivesse participando de um momento da saúde. Ele está participando de um momento escolar na vida dele, pelo menos Adriano. Eu avalio Adriano! Nesse momento ele se esquece do lado que ele está ali por causa de saúde e ele se prende à aulinha dele ali, e à participação, ao conhecimento... Ele se desliga, enquanto no sábado que não tem ele já reclama que está chato, que demorou, porque não teve esse momento, esse período de aula. (mãe de Adriano)

Pra distrair. Que eu digo a ela: Marcelina, você faça, esqueça essa máquina, não fique só pensando na máquina, você vai fazendo o dever, a professora vai explicando, às vezes ler uma história, dá um deverzinho que é que... É igual o seu da escola de lá, às vez aqui tá mais adiantado, que aqui ela falou sobre Sete de setembro, falou sobre a páscoa, falou... E lá veio falar depois, então você, quando você tá ouvindo aqui, quando chega lá, você já sabe, então esqueça a máquina, porque eles só fica ligado na máquina, só me pergunta: quantos minuto falta? E fica, só fica concentrado só na máquina, já deita dizendo olha a hora aí, pra acabar logo, que assim que sai é uma felicidade. (mãe de Marcelina)

A ideia máquina de hemodiálise representada nas falas das mães quando dizem “esquecer da máquina” ou algo similar, apresenta uma dimensão subjetiva que parece estar além da função que ela efetivamente exerce. Neste sentido, a máquina tem um caráter de

dualidade, por um lado ela representa a manutenção da vida no atrelamento à sobrevivência, por outro, a máquina é algo que representa prisão, dependência, e sofrimento, ou seja, ela representa a vida e a morte ao mesmo tempo.

A concepção em relação à máquina parece materializar a doença em um ente – a máquina, daí o confronto entre o corpo da pessoa e a máquina enquanto “corpo”, da relação entre a pessoa e a máquina de hemodiálise expressos nos conteúdos das falas quando as mães e seus filhos dizem que querem se arrancar da máquina, que ficam presos à máquina, que querem esquecer a máquina e etc.

Daí a associação das ocupações das crianças/adolescentes com as atividades da classe hospitalar no momento da hemodiálise para “se desligarem da máquina”, que por sua vez, quer dizer: não ficar ansioso para que às quatro horas de cada sessão passe logo e assim efetivamente desconectarem-se da máquina após a finalização da sessão.

O envolvimento, a escuta ao que o aluno/paciente demanda a cada dia e a inserção do professor no contexto da vivência com a doença que não se dissocia da sua prática profissional por acompanhar periodicamente cada um a que atende, faz com que este profissional também partilhe das condições vividas cotidianamente pelas crianças e adolescentes estabelecendo uma relação mais próxima baseada no diálogo e na confiança a ele depositados. Esta relação de abertura entre professor e aluno da classe hospitalar é observada pelas mães de Laura e Marcelina que demonstram ver das seguintes formas:

Ajuda a conversar com ela né, conversar com ela, explicar a ela algumas coisas. [...] E ela se abre mais com as professora do que comigo, assim quando as professora conversa com ela, ela conversa melhor do que comigo... assim, várias coisas assim elas ensina. [...] Então assim: a gente tem igual se fosse uma família, a gente se apegou muito assim, então eu não tenho o que reclamar não, só tenho que agradecer. (mãe de Laura)

Eu acho bom, ela conversa com ela, e ela fica ali escutando e mesmo que ela só fique balançando a cabeça, não queira falar, que é, que ela num gosta de conversar, tem vez que ela num gosta de conversar, tem vez que ela fica calada, mas é bom, ela conhecer, ficar com outras pessoas assim, a professora falar com ela, eu acho bom. Que aí ele fica ligada ali no que ela ta falando e esquece um pouco aquela máquina que tá do lado direito, ela, só concentrada ali, e saí um pouco da doença e vai entrar em outro assunto. (mãe de Marcelina)

A classe hospitalar na mediação de situações que possibilitam a socialização, através da interação do professor com os alunos/pacientes, também faz parte da percepção das mães sobre este trabalho realizado no momento da hemodiálise:

A socialização deles, entendeu? O 'aprender a compartilhar', porque a criança depara num momento desses em que a família não sabe lidar, então tendem a ser crianças egoístas. Às vezes, não... eles chegam a ser meio que travados, pelo menos o que a gente percebe. Eu tenho quatro anos aqui dentro, então eu posso falar um pouquinho disso. Então quando chega a aula que a professora ali, lida com todos de igual, compartilhando, então são brincadeiras educativas. Por exemplo, a professora fazia muito aqueles bingos com matemática, então havia uma equação (conta), em que deveriam ser respondidos, e ali eles marcavam o “ponto”. Então é uma forma de brincar jogando e compartilhando. Então assim, "fulano foi chamado para transplante", na turma dos meninos, os meninos falam "puxa, que legal, tomara que transplante", e já nas outras turmas falam assim, “por que não eu?”, “Por que não eu?” Então a escola ajuda muito isso. E tem as psicólogas? Tem. Mas eu acho que a professora, ela é até mais próxima do que as psicólogas aqui dentro. Eu acho que a função não é só pedagógica aqui dentro - né! - passa. Passa disso, porque as professoras escutam, ouvem, querendo ou não, há uma maneira de envolvimento, não só profissional, mas em todos os aspectos. Há sim um envolvimento muito grande. E isso leva para casa, porque uma forma de compartilhar, já que nesse momento eles se sentem mais fragilizados, mais carente. Então, não é só na parte intelectual, é em todas as partes. Então vem o emocional, como se lidar, o dividir, compartilhar, as questões que são levantadas, eu vejo dessa forma, né! Eu creio que também vai por esse caminho. (mãe de Daniel)

E tem a questão social também de né assim, de interagir também, como eu falei, é só eu e ela aqui dentro de casa, o meu marido só chega de noite, então assim o mundo pra ela, aí eu me preocupo muito com isso, porque o mundo pra ela, sou eu! E quando eu morava em Itapetinga, tinha minhas irmãs, tinha a prima, então eu não gosto assim, não quero que seja só eu, entendeu? Porque ela vai crescer, ela vai ter que tá... se socializar com todo mundo, ainda mais que ela vai por conta do problema visual dela. Então é importante que ela tenha esse contato (com a classe hospitalar). (mãe de Carmen)

Para as crianças, os adolescentes e as suas mães, a classe hospitalar tem como referência a escola comum, pois a ideia de que a escola é trazida para dentro do ambiente hospitalar é expressa nas falas de alguns deles pelas comparações que estabelecem, reconhecendo suas diferenças ou semelhanças, mas sempre partindo do que cada um experiencia ou experienciou em seus momentos escolares: