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Prescrição para o idoso

No documento Manual prático de geriatria (páginas 40-46)

Prescrever  para  uma  pessoa  idosa  que,  em  geral,  toma  diversos  medicamentos,  exige  muita  experiência  do  profissional. Seguem algumas sugestões a serem observadas na prática da clínica diária: Na marcação da consulta, o paciente deve ser orientado a levar, no dia agendado, as caixas dos remédios em uso. Não basta trazer a receita, pois muitas vezes ela não é cumprida. As bulas também não ajudam, porque vêm com todas as dosagens apresentadas, podendo o paciente ter dúvidas a respeito de qual dosagem está tomando Antes de iniciar um tratamento medicamentoso, o médico deve pensar se há possibilidade de aquela queixa trazida pelo paciente estar relacionada com o uso de algum medicamento. Assim, evita­se o efeito cascata de tratar efeito colateral de um medicamento com outro medicamento. Por isso, sempre que possível, a polifarmácia também deve ser evitada, pois  sabe­se  que,  quanto  mais  substâncias  prescritas,  maiores  as  chances  de  reações  adversas  que  podem,  inclusive, levar  o  idoso  à  hospitalização.  Pacientes  com  múltiplas  comorbidades  e  com  prescrições  com  5  a  7  medicamentos dobram o risco desses efeitos e com 8 ou mais medicamentos quadruplicam o risco12

Saber quanto custa o medicamento prescrito e certificar­se de que será possível a sua compra pelo paciente

No início do tratamento, deve­se solicitar que o paciente compre uma única caixa do remédio, pois as possíveis reações adversas ao medicamento (RAM) são múltiplas e, se houver problema, o paciente terá de suspender a medicação Sempre  possível,  deve­se  introduzir  um  medicamento  de  cada  vez,  pois  se  ocorrer  algum  transtorno,  será  mais  fácil identificar o provável agente causal13

Iniciar com doses baixas e aumente ao longo do tratamento, assim se evita o excesso de medicamento quando com uma dose menor se alcança o efeito esperado13

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Apresentação  em  gotas  é  a  ideal  para  titular  a  dose  ótima  do  medicamento.  Entretanto,  é  difícil  monitorar  o  seu  uso. Nos casos em que o próprio paciente prepara sua medicação pode haver falhas, em virtude da deficiência da visão. Se o frasco  for  de  plástico,  o  volume  da  gota  é  variável,  dependendo  da  pressão  feita  para  o  gotejamento.  No  caso  dos comprimidos, sua divisão pode não ser apropriada, dada a distribuição heterogênea da substância no comprimido14

Obedecer  a  regras  farmacológicas,  depois  de  estabelecido  o  esquema  terapêutico,  prescrevem­se,  quando  possível, medicamentos  no  mesmo  horário.  Procura­se  dar  como  referência  os  horários  das  refeições  (antes,  durante,  depois) para facilitar o esquema das tomadas, evitando o esquecimento.13 A tomada múltipla aumenta a chance do surgimento de iatrogenia em consequência das interações medicamentosas e, ao dividir as tomadas, há 2 riscos: o do esquecimento de alguma dose e o da desnutrição, pois o paciente, regularmente, tomará cada medicamento acompanhado por algum líquido, podendo diminuir seu apetite Colocar por escrito se existirá perda do efeito do medicamento quando este for ingerido com determinados alimentos Quando o medicamento precisar ser tomado em jejum, deve­se acrescentar, na prescrição, que a alimentação só poderá ser  feita  30  minutos  depois  de  ingerido  o  medicamento.  Se  essa  observação  não  for  feita,  o  paciente  pode  tomar  o medicamento em jejum, mas não saber que deve permanecer em jejum por mais um tempo Salvo algumas exceções, deve­se evitar marcar os intervalos das tomadas fixando horários, como de 8 em 8 horas ou de 12 em 12 horas, pois se passarem alguns minutos do horário marcado, o paciente pode deixar de tomar o medicamento. Aconselha­se prescrever, por exemplo: tomar 1 comprimido, 3 vezes ao dia Idealmente, a receita deve ser digitada com letra de tamanho igual ou maior de 12 na fonte, com espaço entrelinhas de 1,5. Não sendo possível, deve ser escrita à mão, com letras legíveis e por extenso. Há casos de pacientes que receberam Floratil® no lugar de Foradil® por falta de legibilidade gráfica Evitar abreviar as informações, para minimizar as chances de serem mal interpretadas: Exemplo errado: tomar 1 cpr 3×/dia Exemplo correto: tomar um comprimido, três vezes ao dia Não ter constrangimento em fazer consultas sobre a farmacologia, apresentação e até a correta grafia do medicamento a ser  prescrito.  Essa  prática  protege  o  médico  e  o  seu  paciente  quanto  ao  risco  de  receber  medicamentos  trocados  e  de interações medicamentosas conhecidas2,14

Certificar­se  das  apresentações,  evitando  confundir  o  paciente  solicitando  que  ele  parta  o  comprimido  quando  a apresentação é em cápsulas ou que ele tome o comprimido, quando este for mastigável14

Indicar  por  quanto  tempo  o  medicamento  será  usado.  Para  exemplificar  o  problema,  pode  haver  desenvolvimento  de resistência  bacteriana  por  uso  de  antibióticos  por  prazo  insuficiente  ou  desenvolvimento  da  síndrome  de  Cushing  por uso prolongado de corticoide. Se o plano é fazer a medicação por tempo indeterminado, sugere­se, por exemplo: tomar 1  comprimido,  3  vezes  ao  dia,  até  a  próxima  consulta  ou  até  completo  desaparecimento  das  lesões,  como  no  caso  de tinea pedis2

Escrever  a  maneira  de  descontinuar  a  medicação,  caso  seja  necessário.  Explicite  se  o  paciente  deverá  suspender  o medicamento de maneira gradativa ou se poderá ser suspenso de uma só vez

Incluir na mesma receita a orientação para os medicamentos de receita especial, identificando os horários de tomada Alertar  o  paciente  quanto  aos  efeitos  colaterais,  avisando­o  se  é  para  insistir  ou  suspender  o  medicamento  caso  surja determinado sintoma ou sinal

A prescrição por telefone não deve ser realizada, pelo risco de erro. Exemplo: uma cuidadora avisa que o paciente está com  diarreia.  Por  telefone,  orienta­se  uma  dieta,  maior  atenção  na  hidratação  e  até  prescreve­se  um  medicamento antidiarreico.  Nesse  caso,  pode  estar  ocorrendo  o  contrário  do  avaliado  pela  cuidadora.  O  paciente,  na  realidade,  está com fecaloma no sigmoide, e as fezes vindas do colo descendente passam pelo lado do fecaloma, sendo liberadas fezes liquefeitas. O tratamento deve ser indicado após exame direto do paciente2

Datar  e  assinar  a  receita.  O  carimbo  não  é  obrigatório  quando  os  dados  do  médico,  o  nome  completo  e  o  CRM  com informação do estado forem colocados

Resumir as tomadas em folha à parte, a fim de facilitar o esquema terapêutico (Tabela 2.2).

As consultas subsequentes servem para conferir se o paciente está tomando os medicamentos e, em caso positivo, se isso  está  sendo  feito  nas  dosagens  e  nos  intervalos  prescritos.  Deve­se  aproveitar  esse  momento  para  dar  palavras  de estímulo para o paciente continuar o tratamento.

É  essencial  a  reavaliação  da  prescrição  considerando­se  o  estado  clínico  do  paciente  naquele  momento  e  os  riscos  e benefícios  de  cada  medicação,  sem  esquecer  que  para  a  prescrição  em  idosos  hipertensos  e  diabéticos,  por  exemplo,  as metas de cuidado devem ser menos agressivas para o controle da pressão e da glicemia. Assim, o emprego de doses mais apropriadas, substâncias mais seguras e até mesmo a retirada de algumas substâncias pode ser necessário. Outros aspectos

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. a serem avaliados com critério dizem respeito a terapias preventivas desnecessárias para pacientes com baixa expectativa de vida  e  a  subutilização  de  fármacos,  como  as  estatinas  nos  idosos,  que  podem  ter  efeito  benéfico.  Deve­se  sempre considerar a possibilidade de que um novo sintoma possa ser, na realidade, uma reação adversa de algum medicamento em uso e que a redução da dose pode resolver o problema.1,12

Tabela 2.2 Orientação diária para tomada de medicamentos.

Horário Medicação

Logo após acordar  

Café da manhã   Almoço   Jantar   Antes de dormir   Observações importantes: esta tabela visa facilitar o paciente/responsável apenas quanto aos horários de administração da medicação; em caso de qualquer dúvida, use a prescrição que lhe foi dada junto a esta tabela.

Como  as  pessoas  idosas,  em  geral,  apresentam  diversos  problemas  concomitantes,  deve­se  tratar  primeiramente  o problema vital. Em paralelo, o problema que mais incomoda o paciente. Se não for possível, o paciente deve ser informado das prioridades, pois se o médico não atender ao incômodo que o levou à consulta, sua ação poderá cair no descrédito.

É  ideal  que,  antes  do  início  do  tratamento,  o  paciente  volte  à  consulta  com  o  médico  ou  o  farmacêutico  munido  dos medicamentos  adquiridos,  para  conferência  e  orientação  do  profissional.15  Muitas  vezes,  prescreve­se  pelo  nome  da

substância,  pelo  seu  princípio  ativo,  mas  em  virtude  do  grande  número  de  fornecedores,  o  paciente  recebe  na  farmácia caixas com inscrição dos nomes fantasia e poderá confundir­se ou não tomar o medicamento por achar que aquele não é o remédio que o médico indicou.

Nos casos em que o medicamento prescrito não possa ser substituído, é obrigatório acrescentar a frase: não autorizada a substituição.14

Considerações finais

Muitos  são  os  fatores  concorrentes  para  se  alcançar  a  melhor  maneira  de  fazer  o  movimento  pró­adesão  ao  tratamento proposto.  O  ato  de  prescrever  pode  ser  comparado  a  uma  obra  de  arte,  pois  apesar  de  haver  a  técnica  para  seu desenvolvimento, com cada paciente a estratégia para obter o sucesso será diferente.

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Introdução

Até  a  década  de  1980,  o  termo  fragilidade  raramente  era  usado  para  se  referir  a  uma  característica  do  envelhecimento humano. Outras expressões – doente crônico, debilitado, incapacitado, institucionalizado ou funcionalmente dependente – eram  empregadas  quando  os  autores  se  deparavam  com  a  necessidade  de  descrever  um  tipo  especial  de  idoso,  que compartilhava  determinadas  características  demográficas,  epidemiológicas,  clínicas  e  prognósticas.  Nos  últimos  30  anos houve um crescimento exponencial do número de artigos publicados em periódicos internacionais, incluindo entre os seus indexadores a palavra­chave fragilidade ou palavras derivadas.1

Vale  frisar  que  apenas  recentemente  a  transição  demográfica  trouxe  para  o  mundo  da  ciência  este  novo  ator,  o  idoso, cada  vez  mais  presente  como  objeto  de  investigação  científica.  Junto  ao  idoso  está  a  sua  especificidade  de  condições  de vida  e  saúde:  uma  epidemiologia  própria  de  sua  condição,  com  frequências  distintas  de  nosologias;  associações  fatoriais extremamente diversas, produzindo uma relação de causalidade muitas vezes inexpressiva; critérios diagnósticos distintos das  demais  faixas  etárias,  levando­se  em  conta,  inclusive,  apresentações  extremamente  atípicas  das  condições  de  que  é portador; prognósticos que sempre incorporam questões éticas – qualidade de vida, tempo de sobrevivência – e embaraçam as certezas científicas; e, finalmente, evidências de eficácia terapêutica sempre aquém das expectativas, sobretudo porque as pesquisas raramente são delineadas para testar desfechos específicos dessa população.

Diante desse ator, profissionais de saúde, cientistas e planejadores adaptaram e criaram conceitos próprios dessa nova realidade.  Sendo  a  população  idosa  basicamente  heterogênea,  necessitando  de  intervenções  adequadas  à  sua  diversidade, tornou­se  imperativo  buscar  um  conceito  que  caracterizasse  corretamente  essa  subpopulação,  a  de  frágeis,  que  –  hoje  se sabe – constituem 20% da população total de idosos.1,2

No  início  dos  anos  2000,  Hogan  et  al.1  apresentaram  uma  interessante  revisão  classificando  os  estudos  sobre

fragilidade em função de modelos propostos (demográfico e matemático; de envelhecimento; genético; como via primária fisiológica  e/ou  fisiopatológica;  como  disfunção  concomitante  de  múltiplos  órgãos  e  sistemas;  como  história  de  vida;  ou combinando  aspectos  biomédicos  e  psicossociais);  de  definições  (dependência;  vulnerabilidade;  ou  estados  mórbidos);  e, finalmente, de critérios operacionais.

Naturalmente,  foge  aos  objetivos  do  presente  trabalho  descrever  detalhadamente  essa  minuciosa  classificação,  porém, sem  dúvida,  esta  é  uma  excelente  base  para,  nas  próximas  seções,  apresentar­se  objetivamente  a  fragilidade  para  o  leitor interessado em entender o que ela é, como diagnosticá­la e quais opções terapêuticas estão disponíveis para sua atividade profissional diária.

Inicialmente, serão delimitados modelos, definições e critérios operacionais, pois é comum alguma confusão em torno do conceito de fragilidade, problema abordado por graus distintos de abstração: mais genericamente, para tratar de teorias e construtos, ou mais concretamente, para propor instrumentos de valor diagnóstico.

Recentemente,  uma  série  de  iniciativas  promovidas  por  grupos  nacionais  e  internacionais  teve  como  objetivo estabelecer  definições  e  conceitos  consensuais  sobre  fragilidade,  que  possam  ser  de  utilidade  clínica  e  em  investigação. Também  foram  conduzidas  revisões  sistemáticas  sobre  esta  condição  para  a  realidade  nacional  e  internacional  –  em particular a latino­americana –, gerando dados extremamente conflituosos. Algumas dessas iniciativas serão apresentadas de maneira resumida.

Modelos

Modelos são descrições ou analogias que ajudam na observação de um fenômeno que não pode ser diretamente registrado, sendo,  portanto,  de  natureza  abstrata  ou  conceitual;  definições  são  afirmações  que  expressam  a  natureza  fundamental  de

algo.  Dentre  os  vários  modelos  para  explicar  a  síndrome  da  fragilidade,  a  redução  na  reserva  funcional  envolvendo múltiplos sistemas orgânicos é, sem dúvida, o mais popular. Para o modelo de redução de reserva funcional, assim como para outros, a fragilidade representa um estado de aumento de vulnerabilidade fisiológica do indivíduo, tem apresentação heterogênea e está associada à idade cronológica. Sendo um estado inespecífico de risco aumentado, reflete alterações fisiológicas multissistêmicas que nem sempre atingem o status de doença e, em função disso, alguns indivíduos podem tornar­se frágeis sem serem portadores de doenças que ameacem a vida.3,4

Esse  estado  de  vulnerabilidade  promove  um  risco  aumentado  de  eventos  adversos,  como  dependência,  incapacidade, quedas e lesões, doenças agudas, lenta recuperação de doenças, hospitalização, institucionalização de longa permanência e mortalidade elevada.2,4,5  Em  resumo,  segundo  um  modelo  bastante  difundido  na  literatura  científica  da  área,  fragilidade

representaria  “[...]  um  estado  de  vulnerabilidade  fisiológica  relacionada  à  idade,  produzida  por  uma  reserva  homeostática debilitada e uma capacidade reduzida do organismo de enfrentar um número variado de estresses”.2,5

A definição clara dos modelos discutidos neste capítulo é de extrema importância, pois a palavra “fragilidade” é, por um lado, de uso habitual em inúmeras circunstâncias alheias ao problema aqui apontado e, por outro, pode ser encontrada em textos da área de envelhecimento, definida como comprometimento em domínios distantes do biológico, e para os quais o  termo  vulnerabilidade  tem  melhor  aplicação.6  Segundo  Ayres  (2003),7  vulnerabilidade  traduz  um  conceito  amplo,

envolvendo  aspectos  psicológicos,  espirituais,  sociais  e  biológicos.  Cada  um  deles,  caso  comprometido,  é  também  um potencial  marcador  de  risco  de  desfechos  indesejáveis.  Contudo,  neste  capítulo,  será  considerado  o  entendimento  dos modelos originais de fragilidade, descrita como vulnerabilidade biológica.

Definições

A  maior  parte  das  definições  de  fragilidade  enfatiza  a  vulnerabilidade  do  indivíduo  ao  declínio  e  aos  eventos  adversos. Fazem  parte  desse  tipo  de  definição:  a  redução  de  reservas  fisiológicas  e  de  margens  de  segurança;  a  vulnerabilidade  a desafios  ambientais;  os  indivíduos  muito  idosos  com  redução  importante  de  força  e  grande  suscetibilidade  a  doenças;  o acúmulo  de  perdas  nos  sistemas  fisiológicos,  resultando  em  função  reduzida  e  intolerância  a  mudanças;  as  deficiências simultâneas nos domínios físico, nutricional, cognitivo e sensorial; o comprometimento da capacidade de compensação de distúrbios em múltiplos domínios; a incapacidade de recuperação da funcionalidade após doenças agudas; as combinações de deficiências e condições que aparecem com o envelhecimento e contribuem para fazer do idoso um indivíduo vulnerável; o  entendimento  de  que  se  trata  de  uma  síndrome  biológica  de  reserva  funcional  reduzida  e  diminuição  de  resistência  aos estressores,  resultante  de  um  declínio  cumulativo  de  múltiplos  sistemas  fisiológicos  e  causando  vulnerabilidade  a desfechos adversos.1

Embora  pensado  dentro  da  lógica  do  declínio  cumulativo  de  múltiplos  sistemas  fisiológicos,  o  modelo  proposto  por Fried  et  al.  (2001)2  supõe  3  outras  hipóteses:  a  primeira,  que  tal  declínio  acontece  com  velocidades  distintas  entre

diferentes  indivíduos;  a  segunda,  que,  em  um  mesmo  indivíduo,  diferentes  sistemas  perdem  função  com  velocidades distintas;  por  último,  a  fragilidade  aparece  de  maneira  acelerada  naqueles  indivíduos  com  declínio,  principalmente,  nos sistemas musculoesquelético, imunitário e neuro­humoral. A perda cumulativa de massa muscular esquelética – sarcopenia – impacta profundamente as habilidades funcionais dos indivíduos mais idosos, resultando em decréscimo de força muscular e na tolerância ao exercício, além de fraqueza, fadiga e diminuição da habilidade de realizar atividades do dia a dia. A musculatura esquelética é o principal componente do gasto energético, e essa perda resulta também em uma taxa metabólica diminuída, alterando a termorregulação, o eixo da insulina e a regulação de hormônios anabólicos.8 No sistema imune, observa­se um comprometimento das imunidades celular e humoral, aumentando a vulnerabilidade a infecções  e  alterando  a  capacidade  do  organismo  em  responder  às  demandas  infecciosas.  Um  mecanismo  de  inflamação generalizada é observado no organismo do idoso frágil, denotado principalmente pela elevação de citocinas inflamatórias, como a interleucina­6 (IL­6), a interleucina­1B (IL­1B) e o fator de necrose tumoral alfa (TNF­a).9 Para Cohen (2000),10 a

elevação  da  IL­6  em  idosos  está  diretamente  associada  à  perda  funcional  e,  de  forma  independente,  é  um  preditor  da mortalidade  em  5  anos.  Em  uma  revisão  sistemática  sobre  fragilidade  e  marcadores  inflamatórios,  Soysal  et  al.  (2016)11

observaram que os níveis elevados de proteína C reativa e IL­6 estavam diretamente associados aos indivíduos frágeis ou pré­frágeis  e,  além  disso,  tanto  os  fatores  de  coagulação  quanto  os  leucócitos  também  se  mostraram  alterados.  Esses achados ainda necessitam de um esclarecimento adequado quanto a seu processo fisiopatológico.

O equilíbrio neuroendócrino é fundamental para se manter a homeostasia basal do organismo. As sinalizações hormonal e neuronal são responsáveis pela resposta adequada a agentes estressores, e parte da definição da síndrome da fragilidade

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. envolve diretamente a vulnerabilidade a esses agentes. O que se verifica nesses indivíduos é a perda da coordenação dos mecanismos de regulação fina dos vários sistemas.2 O sistema simpático, com a liberação de epinefrina e da norepinefrina,

No documento Manual prático de geriatria (páginas 40-46)