• Nenhum resultado encontrado

Tratamento cirúrgico

No documento Manual prático de geriatria (páginas 163-166)

A  indicação  cirúrgica  valvar  em  idosos  com  mais  de  75  anos  baseia­se  principalmente  nos  sintomas  apresentados, diferentemente do que ocorre em pacientes mais jovens, nos quais a indicação cirúrgica é recomendada em pacientes com pouco ou nenhum sintoma, desde que haja aumento ventricular progressivo, significativa disfunção ventricular ou queda da fração de ejeção. A mortalidade cirúrgica é maior em pacientes com mais de 75 anos de idade, principalmente se a cirurgia indicada for troca valvar (e não plastia valvar), em caso de doença coronariana associada ou lesões em outras valvas. Os idosos  portadores  de  IM  apresentam  pior  resultado  cirúrgico  quando  comparados  àqueles  submetidos  à  cirurgia  para correção de EAo. Em geral, a mortalidade cirúrgica aumenta e a sobrevida diminui no caso de pacientes com idade maior

• • • • • ou igual a 75 anos, especialmente quando há procedimento associado com revascularização miocárdica. Nesses pacientes, a meta  da  terapia  é  melhorar  a  qualidade  de  vida  antes  de  prolongá­la.  Para  esses  pacientes,  os  sintomas  são  importantes guias  para  indicação  ou  não  de  procedimento  cirúrgico.  Portanto,  muitos  idosos  com  IM  grave  assintomáticos  ou oligossintomáticos devem ser tratados clinicamente.

No  paciente  assintomático,  até  os  75  anos  de  idade,  a  cirurgia  deve  ser  considerada  quando  houver  demonstração  de disfunção  de  VE  ou,  sendo  a  IM  grave,  houver  indicação  para  realização  de  cirurgia  de  revascularização  miocárdica.  A cirurgia geralmente consiste em troca valvar. É possível, porém, em algumas situações, a realização de plastia da mitral, principalmente  em  prolapso  de  valva  mitral,  disfunção  de  músculo  papilar  ou  ruptura  de  cordoalha  tendínea,  com perspectiva de melhores resultados comparados aos da troca valvar.

Tabela 13.4 Indicação de vasodilatadores.

Indicação

Classe/nível de evidência (NE)

Terapia vasodilatadora é indicada em pacientes com insu ciência mitral grave, sintomáticos, com ou sem disfunção ventricular, enquanto aguardam cirurgia

IC

Terapia vasodilatadora é indicada em pacientes com insu ciência mitral grave, sintomáticos, com disfunção ventricular, quando cirurgia não é indicada por fatores cardíacos ou não

IC

Terapia vasodilatadora é indicada em pacientes com insu ciência mitral e hipertensão arterial IC Terapia vasodilatadora é indicada em pacientes com insu ciência mitral grave, assintomáticos, com disfunção do ventrículo esquerdo

IIb/C

Fonte: Gravina et al., 2010.4

As  recomendações  de  cirurgia  na  IM  crônica  com  base  na  Diretriz  Brasileira  de  Cardiogeriatria  são  apresentadas  na

Tabela 13.5.

Existem pequenas variações em relação ao grau de recomendação comparando­se as diretrizes americanas de 20141,7 e

as  recomendações  anteriormente  citadas.  As  diferenças  levam  em  conta  o  fator  idade,  com  prioridade  à  presença  de sintomas para a indicação de intervenção, especialmente em pacientes idosos com mais de 75 anos. Exemplos de indicação grau I para intervenção em IM crônica grave de acordo com as diretrizes americanas de 2014:1 Sintomáticos em estágio D (IM primária) com fração de ejeção ≥ 30% Assintomáticos com IM primária com fração de ejeção (30 e 60%) e diâmetro sistólico > 40 mm Reparo valvar quando IM grave e lesão limitada a folheto posterior ou acompanhada de comprometimento de folheto anterior, quando reparo é factível. Exemplos de indicação grau IIa para intervenção de acordo com diretrizes americanas de 2014:1 Reparo em assintomáticos com FE > 60% e diâmetro sistólico VE < 40 mmHg em centros com mortalidade inferior a 1% Reparo em assintomáticos (IM grave), lesão primária valvar, FE > 60% e FA ou hipertensão arterial pulmonar (HAP). Tabela 13.5 Recomendação para o tratamento cirúrgico na insuficiência mitral crônica. Indicação

Grau e nível de evidência (NE)

Pacientes em classe funcional (CF) III-IV da NYHA com insu ciência mitral (IM) aguda grave IC Pacientes em CF III-IV da NYHA com IM crônica grave e função ventricular esquerda normal (fração de ejeção [FE] > 0,60) IC Pacientes em CF II da NYHA com IM crônica grave e função ventricular esquerda normal de nida como fração de ejeção > 0,60 e diâmetro sistólico nal < 40 mm

IIa/C

Pacientes assintomáticos com IM crônica grave, função ventricular esquerda preservada (FE > 0,60 e diâmetro sistólico nal < 40 mm) e brilação atrial recente

• • • 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.

Pacientes com CF I da NYHA, IM crônica grave e disfunção ventricular esquerda discreta (fração de ejeção entre 0,45 e 0,54 e diâmetro sistólico nal ≥ 40 mm)

IIa/C

Pacientes assintomáticos com IM crônica grave, função ventricular esquerda preservada (FE > 0,60 e diâmetro sistólico nal < 40 mm) e hipertensão pulmonar (pressão sistólica da artéria pulmonar ≥ 60 mmHg em repouso)

IIa/C

Pacientes assintomáticos com IM crônica grave, função ventricular esquerda preservada, brilação atrial recente e idade > 75 anos

IIb/C

Pacientes assintomáticos com IM crônica grave, função ventricular esquerda preservada, hipertensão pulmonar (pressão sistólica da artéria pulmonar > 60 mmHg em repouso) e idade > 75 anos

IIb/C Fonte: Gravina et al., 2010.4 Exemplos de indicação grau IIb de acordo com diretrizes americanas de 2014: Sintomáticos com IM grave, lesão primária valvar e FE < 30% Reparo quando a indicação for de cirurgia de troca valvar e anticoagulação questionável Reparo transcateter. O tratamento cutâneo da regurgitação mitral significativa tem evoluído muito na última década.

O  sistema  MitraClip®  até  o  momento  é  o  mais  relatado  em  trabalhos,  mostrando  melhora  de  sintomas  e  melhora  de qualidade de vida em pacientes de alto risco. Este procedimento tem se mostrado uma alternativa eficaz para pacientes de alto  risco  com  IM  grave  sintomáticos,  como  idosos,  pacientes  com  baixa  fração  de  ejeção  ventricular,  IM  funcional, anormalidades valvares complexas e comorbidades preexistentes.

Referências bibliográficas

Nishimura RA, Otto CM, Bonow RO et al.; American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines.  2014  AHA/ACC  Guideline  for  The  Management  of  patients  with  valvular  heart  disease:  a  report  of  The  American College of Cardiolog/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. J Am Coll Cardiol. 2014; 63(22):57­185. Pierre H, Rodrigues GHP, Wajngarten M. Valvulopatias. In: Jatene IB, Freitas EV. Como tratar (SBC). v. 4. São Paulo: Manole; 2010. p. 246­63. Pierre H, Rodrigues GHP. Valvopatias. In: Freitas EV, Py L. Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2016. p. 597­604. Gravina CF, Rosa RF, Franken RA et al. II Diretrizes Brasileiras em Cardiogeriatria da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq Bras Cardiol. 2010; (3 Suppl 2):1­92. Leon M, Smith CR, Marck J et al. Transcateter or surgical aortic­ valve replacement in intermediate­risk patients. Partner 2 study. N Engl J Med. 2016; 374:1609­20. Siqueira DAA, Abizaid AAC, Sousa JE. Implante percutâneo de prótese valvular aórtica: progressos e desafios de uma nova era da cardiologia intervencionista. Rev Bras Cardiol Invasiva. 2011; 19:11­3. Feldman T, Young A. Percutaneous approaches to valve repair for mitral regurgitation. J Am Coll Cardiol. 2014; 63(20):2057­68.

• • •

No documento Manual prático de geriatria (páginas 163-166)