O delirium pode persistir mesmo após a alta hospitalar e deve ser acompanhado até sua resolução. Entre pacientes com e sem demência, sintomas de delirium podem persistir por até 12 meses após o diagnóstico. Muitos mantêm queixas de memória mesmo após a recuperação total do delirium, apresentando maior risco de diagnóstico de demência após este evento. Seja em pacientes idosos clínicos ou cirúrgicos, os principais desfechos desfavoráveis pósalta relacionados com o delirium são: declínio funcional/institucionalização, declínio cognitivo e aumento da mortalidade.
Um estudo prospectivo24 mostrou que, no primeiro ano pósalta, 20% de 51 idosos que haviam desenvolvido delirium
ao longo da internação foram admitidos em instituições de longa permanência. Já em um estudo de Edelstein et al. (2004),25 5,1% de 921 idosos com delirium póscirurgia para fratura de fêmur mostraramse menos propensos a se
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27.
O declínio cognitivo não é apenas um fator predisponente para o delirium, mas também pode ser causado de forma independente por ele. Em um estudo de Rahkonen et al. (2000),24 14 de 51 pacientes (27%) sem o diagnóstico de demência
prémórbida foram diagnosticados como demenciados imediatamente após a remissão dos sintomas de delirium, enquanto outros 14 pacientes receberam o diagnóstico de demência no primeiro ano após alta hospitalar, resultando em uma incidência cumulativa de demência no primeiro ano pósdelirium de 55%.
Taxas elevadas de mortalidade pósalta têm sido descritas para pacientes após um primeiro episódio de delirium, chegando a mais de 10% de incidência no primeiro ano após o evento. A mortalidade associada ao delirium é alta mesmo após 6 a 12 meses da hospitalização, principalmente se concomitante com demência e enfermidade aguda grave (p. ex., sepse). Estudos que correlacionaram a duração26 do delirium com prognóstico mostraram que o delirium agudo ou
rapidamente reversível (duração menor que 2 dias) tem curso mais benigno e com pouco impacto no prognóstico.27
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Introdução
James Parkinson, médico inglês nascido em 1755, escreveu, em 1817, a monografia An Essay on Shaking Pally, na qual descreveu a doença de Parkinson, caracterizada por tremor involuntário, perda da força muscular, alteração da marcha e postura. Os estudos de Braak et al., publicados em 2003, elaboraram um comprometimento progressivo, lento, iniciado nas regiões caudais do tronco encefálico, ascendendo no sentido caudorrostral. São 6 os estágios que reforçam que manifestações não motoras precedem em anos os sintomas motores.1
Definição
A doença de Parkinson, parkinsonismo primário ou doença de Parkinson idiopática é uma doença neurodegenerativa, multissistêmica e progressiva decorrente da disfunção neuroquímica dopaminérgica associada a déficit colinérgico, serotoninérgico, noradrenérgico, além de alterações neuroanatômicas do tronco encefálico. Caracterizase principalmente por comprometimento motor: bradicinesia, condição obrigatória, associada a rigidez ou alteração postural e/ou tremor de repouso. Sintomas não motores, como hiposmia, constipação intestinal, transtorno do humor, alterações comportamentais do sono REM, dor e fadiga, podem preceder em anos o surgimento dos sintomas motores. A doença de Parkinson tem alta prevalência em idosos, com predominância no sexo masculino, sem distinção de classe socioeconômica ou grupo genético. É considerada a segunda doença neurodegenerativa em idosos.24
Etiopatogenia
Neurotoxinas ambientais, estresse oxidativo, anormalidades mitocondriais, excitotoxicidade, fatores inflamatórios e fatores genéticos atuam de modo combinado, desencadeando uma cascata de eventos relacionados com a etiopatogenia da doença de Parkinson. A idade e o processo de envelhecimento são os principais fatores de risco para a doença de Parkinson.5Características clínicas
Os sinais cardinais da doença de Parkinson são: bradicinesia, rigidez, instabilidade postural e tremor de repouso. Bradicinesia, lentificação e/ou diminuição da velocidade ou amplitude do movimento são condições obrigatórias e os principais sintomas motores no idoso. As manobras de tocar o polegar no indicador, o abrir e fechar as mãos, supinação/pronação dos braços, bater os pés são úteis na identificação desse sintoma. A rigidez muscular é evidenciada pela fragmentação do movimento com resistência à movimentação passiva de membros, pescoço e tronco. A instabilidade postural decorre de alterações dos reflexos posturais, eleva o risco de quedas e, na fase mais avançada, ocasiona síndrome de imobilidade. O tremor de repouso assimétrico acometendo um ou mais membros é o sintoma que os idosos, seus familiares e profissionais da área de saúde mais correlacionam com doença de Parkinson e o principal motivo de encaminhamento para os ambulatórios de distúrbios do movimento. Com a evolução da doença, o tremor pode agravarse por uma ação ou postura. Outras manifestações motoras, como postura flexionada para frente com braços à frente do corpo, cotovelos e joelhos flexionados e a marcha de passos curtos, arrastados, sem participação do braço no movimento, podem ser observadas. Fácies hipomímica, micrografia, alterações do olfato, sono, humor, fala, deglutição e hábito intestinal podem complementar o quadro fenomenológico da doença de Parkinson.6
Os critérios do Banco de Cérebros da Sociedade de Parkinson do Reino Unido e os da Movement Disorders Society são os mais usados para o diagnóstico da doença de Parkinson. Conforme o Banco de Cérebros da Sociedade de Parkinson do Reino Unido, o diagnóstico deve ser efetuado em 3 etapas. Na primeira, identificase a bradicinesia associada a pelo menos mais um sinal motor entre rigidez muscular, instabilidade postural e tremor de repouso. Na etapa seguinte, excluemse outras formas de parkinsonismo secundário, como as decorrentes de acidente vascular encefálico, traumatismo craniano, uso de antipsicóticos, processo expansivo cerebral, dentre outras condições clínicas. A terceira etapa é de confirmação com base na resposta ao uso de levodopa, progressão da doença e evolução clínica. A Movement Disorders Society define como critério para o diagnóstico da doença de Parkinson a bradicinesia associada a tremor de repouso e/ou rigidez muscular. A exclusão da instabilidade postural é justificada por ser um sintoma frequente em idosos por uma série de situações clínicas de alta prevalência, sendo considerado um fator de confusão.7,8
Diagnóstico diferencial
O tremor essencial e o parkinsonismo decorrente de uso de medicamentos são os 2 diagnósticos diferenciais mais importantes no idoso. Os demais parkinsonismos secundários, como acidentes vasculares encefálicos de repetição, toxinas e infecções do sistema nervoso central, também são causas a serem afastadas. As síndromes parkinsonianasplus como paralisia supranuclear progressiva, atrofia de múltiplos sistemas, degeneração corticobasal, demência com corpos de Lewy, doença de Alzheimer e doenças heredodegenerativas como Huntington devem fazer parte da exclusão etiológica do parkinsonismo. Anamnese, exames laboratoriais, exame de imagem, preferencialmente a ressonância de crânio, são úteis para o diagnóstico diferencial dessas condições clínicas. A tomografia cerebral com emissão de pósitron com fluorodopa tem sido usada com mais frequência para aumentar o arsenal de exames complementares na melhora da acurácia diagnóstica.9
Evolução
A doença de Parkinson é degenerativa e progressiva. Os estágios de 0 a 5 da Escala de Hoehn e Yahr modificada são úteis para avaliar o comprometimento. Essa escala codificase em:
0: ausência de sinais visíveis da doença 1: presença de sinais em apenas um lado do corpo
1,5: sintomas em apenas um lado do corpo com envolvimento axial 2: sintomas dos 2 lados do corpo e sem di culdade para caminhar 2,5: sintomas dos 2 lados do corpo com recuperação no pull test 3: sintomas dos 2 lados do corpo e com di culdade mínima para caminhar 4: sintomas dos 2 lados do corpo e com di culdade moderada para caminhar 5: restrito à cadeira de rodas ou ao leito, precisa de cuidador