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O exercício de 2007 evidenciou a importância capital que tem para as entidades financeiras a gestão adequada dos seus riscos.

Para o Grupo Santander, a qualidade na gestão do risco constitui uma das suas assinaturas de identidade e, portanto, um eixo prioritário de actuação. Nos seus mais de 150 anos de trajectória, o Santander desenvolveu uma combinação de prudência na gestão do risco, em conjunto com a utilização de técnicas avançadas, que demonstrou ser decisiva na obtenção recorrente e saneada de resultados económicos e, em definitivo, na criação de valor para o accionista.

Essa prioridade pela qualidade do risco é um elemento diferenciador da cultura e do estilo de gestão do Santander, que os mercados percebem com clareza e que associam a uma clara vantagem competitiva.

As turbulências que estão a afectar os mercados financeiros desde Julho de 2007 puseram à prova a efectividade das políticas de gestão de riscos do Santander. A aplicação destas políticas traduziu-se numa exposição muito limitada ao tipo de

instrumentos, exposições e operações que são mais afectadas pela crise financeira em curso. O Grupo Santander tem um risco nulo no segmento de hipotecas subprime e mantém um baixo nível de actividade na operação com produtos estruturados. Além disso, dispõe de uma exposição muito limitada com Hedge Funds, Asset Backed Securities, Monolines, Conduits, etc. Por isso, devemos concluir que a política de gestão de riscos do Santander permitiu que o Grupo não tenha tido impacto negativo em resultados relacionados com este tipo de riscos.

Nesta conjuntura complicada foi reforçada a gestão da liquidez estrutural do Grupo. Do mesmo modo, as turbulências referidas e a complexidade crescente dos instrumentos financeiros tornaram necessário reforçar de forma contínua os esforços em relação à análise e acompanhamento dos controlos na operação dos mercados financeiros, potenciando assim os princípios exigentes de riscos que já eram aplicados regularmente pelo Grupo Santander.

A gestão de riscos no Santander baseia-se nos seguintes princípios:

•Independência da função de riscos em relação ao negócio. O responsável da Divisão de Riscos do Grupo, D. Matías Rodríguez Inciarte, como 3º Vice-presidente e na sua qualidade de Presidente da Comissão Delegada de Riscos, reporta directamente à Comissão Executiva e ao Conselho.

•Vocação de apoio ao negócio colaborando, sem menosprezar o princípio anterior, na consecução dos objectivos comerciais mantendo a qualidade do risco. Para isso, a estrutura organizativa adapta-se à comercial procurando a colaboração entre os gestores de negócio e os de risco.

•Decisões colegiais (incluindo a partir do próprio balcão) que asseguram o contraste de opiniões, evitando a atribuição de capacidades de decisão exclusivamente individuais.

•Tradição assente na utilização de ferramentas de rating interno e scoring, RORAC (rentabilidade ajustada ao risco), VaR (valor em risco), capital económico, análise de cenários extremos, etc.

•Foco global, através do tratamento integral de todos os fac- tores de risco em todas as unidades de negócio e a utili- zação do conceito de capital económico como métrica homogénea do risco assumido e base para avaliação da gestão efectuada.

•Vontade de manter como objectivo um perfil de riscos médio-baixo, acentuando a sua baixa volatilidade e o seu carácter previsível através de:

- busca de um elevado grau de diversificação dos riscos limitando as concentrações em clientes, grupos, sectores, produtos ou geografias;

- manutenção de um baixo grau de complexidade na activi- dade de Mercados:

- atenção contínua ao acompanhamento dos riscos para prevenir com suficiente antecipação possíveis deteriorações das carteiras.

No Santander, a gestão e controlo dos riscos são estruturados nas fases seguintes:

•Estabelecimento das políticas de risco onde se reflectem os princípios da gestão de riscos do Santander;

•Identificação dos riscos, através da revisão e

acompanhamento constante das exposições, avaliação dos novos produtos e negócios e a análise específica de operações singulares;

•Medição dos riscos utilizando, para essa finalidade, metodologias e modelos que foram amplamente testados;

•Formulação da apetência de riscos do Grupo através da fixação de limites globais e específicos para as diferentes classes de riscos, produtos, clientes, grupos, sectores e geografias;

•Elaboração e distribuição de um completo conjunto de relatórios que é revisto com frequência diária por parte dos responsáveis pela gestão do Santander a todos os níveis;

•Execução de um sistema de controlo de riscos onde se verifica, com frequência diária, a adequação do perfil de riscos do Santander às políticas de risco aprovadas e aos limites de risco estabelecidos.

Na gestão de riscos do Santander tem-se vindo a utilizar, há anos, uma série de técnicas e ferramentas, às quais se faz referência detalhada em várias epígrafes deste capítulo. Entre elas destacam-se, devido à antecipação com que o Santander as implementou no devido momento e pela sua actualidade de acordo com o Novo Acordo de Capital de Basilea (BIS II), as seguintes:

•Ratings e scorings internos, ponderando aspectos qualitativos e quantitativos que, valorizando os vários componentes por cliente e operação, permitam estimar, primeiro, a

probabilidade de falha e, posteriormente e em função das estimativas de gravidade, da perda esperada.

•Capital económico, como métrica homogénea de risco assumido e base para a avaliação da gestão realizada.

•RORAC, utilizada tanto como ferramenta de pricing por operação (bottom up), como para a análise de portfólios e unidades (top down).

•VaR, como elemento de controlo e fixação de limites de risco de mercado das várias carteiras de negociação.

•Análise de cenários extremos complementar à análise de riscos de mercado e de crédito a efeitos de valorização dos impactos de cenários alternativos, incluindo em provisões e capital.

Por estas razões, o Santander identifica-se plenamente com o BIS II, na medida em que reconhece a partir do campo normativo as práticas mais avançadas da indústria a que se vem antecipando. A entrada em vigor desse Acordo de Capital vai permitir ao Santander reflectir, uma vez mais, a sua força neste terreno que permitirá uma rápida aplicação do foco avançado de modelos internos de risco (AIRB) na gestão global do Grupo.

Perante a proximidade da implementação do novo modelo regulatório BIS II, o exercício de 2007 foi caracterizado pelo processo de revisão levado a cabo pelo Banco de Espanha e pela Financial Services Authority (FSA) dos modelos AIRB da casa mãe, Banesto e Abbey, cujas carteiras representam aproximadamente 70% da exposição total do Grupo. A publicação da normativa necessária por parte do Banco de Espanha e que é esperada para breve tornará possível a utilização, imediatamente, destes modelos internos para a determinação do seu capital regulatório. Devido ao perfil de risco médio-baixo que caracteriza os negócios onde o Santander está presente, muito focados na banca comercial (empresas PMEs e particulares), espera-se que a autorização do Banco de Espanha permita a geração de poupanças de capital significativas no denominado ‘Pilar I’, que estabelece os requisitos de capital para a cobertura dos riscos de crédito, mercado e operacional. As poupanças globais que serão materializadas para o Santander derivadas da implementação do Basilea II dependerão do resultado da Proposta de Auto-Avaliação de Capital (que desenvolve o denominado Pilar II) onde se tem em conta o impacto dos riscos considerados no Pilar I, bem como nos benefícios relacionados com a diversificação entre riscos, negócios e geografias.

O Grupo Santander continuará a dedicar os esforços necessários em meios humanos e tecnológicos para poder satisfazer os requisitos exigentes do Novo Acordo num prazo razoável, com o compromisso claro de continuar a dedicar os recursos necessários para a sua manutenção, na segurança dos resultados benéficos que a sua prática continuará a evidenciar.

1. GOVERNO SOCIETÁRIO DA FUNÇÃO DE

RISCOS

A Comissão Delegada de Riscos tem atribuídas essencialmente as seguintes responsabilidades:

•Propor ao Conselho a política de riscos do Grupo, que deverá identificar, em particular:

- Os vários tipos de risco (financeiros, operacionais, tecnológicos, legais e reputacionais, entre outros) que são enfrentados pela Entidade;

- Os sistemas de informação e controlo interno que se utilizarão para controlar e gerir os citados riscos;

- A fixação do nível de risco que seja considerado aceitável;

- As medidas previstas para minimizar o impacto dos riscos identificados, no caso em que se cheguem a materializar;

•Rever sistematicamente exposições com os clientes principais, sectores económicos de actividade, áreas geográficas e tipos de risco.

•Autorizar as ferramentas de gestão e os modelos de risco bem como conhecer o resultado da sua validação interna.

•Velar para que as actuações do Grupo sejam consistentes com o nível de tolerância de risco previamente decidido;

•Resolver as operações acima das faculdades delegadas aos órgãos inferiores, bem como os limites globais de pré- classificações em favor de grupos económicos ou em relação a exposições por classes de riscos.

A Comissão Delegada de Riscos tem delegadas parte dos seus poderes em Comissões de Risco que se estruturam de forma geográfica, por negócios e por tipos de risco. O Banesto, dentro da autonomia de gestão que tem atribuída dentro do Grupo

Santander, mantém uma gestão de riscos cuja coordenação com as políticas do Grupo é realizada no seio da Comissão Executiva.

A Comissão Delegada de Riscos é presidida pelo 3º Vice- Presidente do Grupo Santander e é formada por um mínimo de 4 e um máximo de 6 membros do seu Conselho de Administração. A Comissão Delegada de Riscos reúne-se habitualmente duas vezes por semana.

Vão ser tratados de seguida os principais tipos de riscos do Grupo: Crédito, Mercado, Operacional e Reputacional.

2. RISCO DE CRÉDITO

O risco de crédito tem a sua origem na possibilidade de perda derivada do incumprimento total ou parcial dos nossos clientes ou contrapartidas das suas obrigações financeiras com o Grupo.

No quadro seguinte está detalhado o mapa global de risco de crédito, expresso em valores nominais (à excepção da exposição em derivados e recompra que se expressa em risco equivalente de crédito), a que o Grupo está exposto em 31 de Dezembro de 2007.

Espanha representa 50% da exposição nominal ao risco de crédito, peso semelhante ao do exercício anterior, com um crescimento absoluto de 16% sobre Dezembro. O forte aumento do negócio de clientes em Espanha (saldo disposto +12%) foi acompanhado por uma diminuição da carteira de rendimento fixo soberano. No resto da Europa, que representa mais de um terço da exposição de crédito, destaca-se especialmente a presença no Reino Unido, através do Abbey, que representa 22% da exposição. No total a Europa representa 84% da exposição de crédito.

A América Latina, pelo seu lado, contribui com 15% da exposição de crédito, peso semelhante ao de 2006. Os países com melhor qualificação de crédito (investment-grade) representam cerca de metade da exposição na região, enquanto que os países com rating inferior constituem apenas 5% da exposição do Grupo.

121 Rendimento Rendimento

fixo soberana fixo soberana Disposto Disponível Derivados

Disposto Disponível (exclui (exclui Entidades Entidades e Recompra Var. s/ clientes clientes negoc.) negoc.) de crédito de crédito (REC) Total % Dic. 06

Espanha 298.281 56.290 14.460 8.334 24.092 1.008 13.135 415.600 49,6% 15,9% Banco matriz 179.476 38.604 10.895 3.613 18.142 670 9.545 260.945 31,1% 20,6% Banesto 83.648 11.100 3.002 2.302 2.903 136 3.422 106.514 12,7% 6,4% Outros 35.157 6.586 563 2.419 3.047 201 168 48.141 5,7% 14,4% Resto da Europa 246.283 20.342 1.021 3.870 3.723 1 10.142 285.382 34,0% 8,8% Alemanha 17.195 2.181 100 60 388 0 5 19.931 2,4% 13,6% Portugal 23.017 6.431 794 290 1.046 1 1.845 33.423 4,0% 1,9% Reino Unido 165.158 6.961 0 3.227 975 0 8.199 185.521 22,0% 2,2% Outros 40.913 4.769 127 293 1.313 0 93 47.508 5,5% 50,6% América Latina 70.858 22.130 8.330 1.841 16.704 2.001 5.710 127.574 15,2% 9,0% Brasil 22.653 7.537 2.334 418 9.036 0 2.031 44.010 5,2% 41,8% Chile 18.291 3.448 704 550 936 1 2.027 25.959 3,1% 12,2% México 14.134 7.384 4.165 0 3.123 2.000 1.440 32.444 3,8% -17,1% Outros 15.780 3.761 1.126 872 3.609 0 212 25.361 3,0% 6,0% Resto do mundo* 4.967 444 327 1.412 2.954 0 46 10.151 1,2% 30,2% TOTAL GRUPO 620.389 99.206 24.138 15.458 47.473 3.009 23.093 838.708 100% 12,5% % s/Total 74,0% 11,8% 2,9% 1,8% 5,7% 0,4% 3,5% 100,0% Var. s/ Dez-06 11,9% 10,3% -4,0% 61,0% 49,9% 75,8% -13,1% 12,5%

Dados em 31 de Dezembro de 2007, elaborados com base em critérios de Sociedade Jurídica. Derivados expressos em Risco Equivalente de Crédito, incluem recompra. Saldos dispostos com clientes excluindo Recompra (28.960 milhões).

Saldos com entidades de crédito (excluindo recompra e negociação) incluindo 27.770 milhões de depósitos em bancos centrais. * Agrupa, entre outros, os activos do Drive (Santander Consumer Finance).