2 HISTÓRICO ACERCA DA INSTALAÇÃO DA ORDEM ECONÔMICA
3.2 ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS
3.2.3 Organizações Internacionais Econômicas
3.2.3.1 Fundo Monetário Internacional – FMI
3.2.3.3.3 Recursos do Fundo e sistema de votação
Os recursos financeiros do FMI advêm do capital pago pelos países membros que o integram. Os Estados membros subscrevem cotas que depois devem ser integralizadas por Direito Especial de Saque – DES;200 moedas principais, como o
199 Fundo Monetário Internacional. Disponível em: http://www.imf.org/external/about/histglob.htm. Acessado em: 10 de jan. de 2011.
200
O Direito Especial de Saque – DES é um ativo internacional de reserva emitido pelo próprio Fundo Monetário Internacional. Esse ativo foi criado em 1969 devido ao temor dos países membros, no início da década de 60, de que as reservas internacionais – baseadas principalmente no ouro e no dólar americano – fossem insuficientes para a expansão do comércio mundial. Assim, o DES é um ativo de reserva internacional, criado pelo FMI, a fim de complementar os ativos de reservas internacionais existentes. O DES – às vezes denominado de “papel ouro” – não tem existência física e tem sido atribuído aos membros proporcionalmente às suas quotas perante o Organismo. Interessante observar que os países membros do FMI podem utilizar o DES nas transações entre si. O valor do DES é fixado diariamente em função de uma cesta de quatro moedas principais: euro, iene japonês, libra esterlina e dólar americano. Em 1º de julho de 2004, um DES valia, por exemplo, US$ 1,48 (um dólar americano e quarenta e oito centavos). “Essa composição da cesta é revisada a cada cinco anos para se verificar se continua sendo representativa das moedas utilizadas nas transações
dólar americano e o iene japonês; e, o restante, por moeda do próprio país membro.201
As subscrições dessas cotas determinam não apenas o valor de recursos financeiros que o Estado membro pode receber, mas também o número de votos que possui um país. É que diferentemente de algumas Organizações Internacionais nas quais se adota um voto por Estado, no FMI os votos são atribuídos pela quantidade de cotas subscritas por cada Estado membro. Assim, o Estado membro que possuir mais cotas, terá maior quantidade de votos. É aquilo que se denomina de voto ponderado, conforme mencionado anteriormente.
Antes da reforma pela qual o FMI vem passando desde 2006, se somado as quotas subscritas dos dez primeiros países obtinha-se percentual superior a 55% (cinquenta e cinco por cento), tal como se percebe na Figura 1:
Figura 1 – Países membros do FMI com maiores quotas Fonte: site da própria Organização202
Com a reforma, a partir de 3 de março de 2011, redistribuiram-se as quotas, beneficiando, em especial, os mercados emergentes, como é o caso do Brasil, Índia, China e Rússia.203 Após essa redistribuição, esses quatro países emergentes passaram a integrar a lista dos dez principais acionistas do FMI.204 O Brasil, por
exemplo, teve sua quota aumentada de, aproximadamente, 1,4% (um vírgula quatro
internacionais”. Disponível em: http://www.imf.org/external/pubs/ft/exrp/what/spa/whats.pdf . Acessado em 15 de jan. de 2011. Cf. LAVIÑA, Félix. op. cit., p. 40-41.
201 Fundo Monetário Internacional. Disponível em:
http://www.imf.org/external/pubs/ft/exrp/what/spa/whats.pdf. Acessado em: 10 de jan. de 2011. 202
Ibidem. 203
Fundo Monetário Internacional. Disponível em:
http://www.imf.org/external/np/exr/facts/spa/governs.htm. Acessado em: 10 de jan. de 2011. 204 Ibidem.
por cento) para 1,7% (um vírgula sete por cento), tendo sido um dos países a receber maior aumento de quotas.205
Concernente aos tipos de crédito fornecidos pelo FMI, Gonçalves lembra que são sete:
As linhas básicas de atuação do FMI estão centradas em sete tipos de facilidades de crédito: (a) Acordos Stand-By – frequentemente com duração entre 12 e 24 meses, são destinados a corrigir desequilíbrios no setor externo dos países, e seu desembolso em parcelas é condicionado ao desempenho econômico segundo metas pré-definidas; (b) Extended Fund
Facilites – créditos de três anos, originalmente programados como fonte de
crédito de longo prazo para lidar com desequilíbrios externos; (c) Structural
Adjustment Facility – criado em março de 1986, destina-se a países de
baixa renda com problemas recorrentes de balanço de pagamentos; (d)
Compensatory and Contingency Financing Facility – mecanismo de crédito
criado em 1963 para países (sobretudo exportadores de produtos primários) com dificuldades de balanço de pagamentos derivadas de queda nas relações de troca; (e) Enhanced Structural Adjustment Facility – criado em 1988 para apoio à facilidade (c); (f) Buffer Stock Financing Facility – criado em 1969 para financiar a amortização de capital; (g) Oil Facility – criado em 1974, permite ao FMI receber empréstimo de exportadores de petróleo e emprestá-los a países deficitários”.206
Desses acordos o mais conhecido são os Stand-by que conforme transcrito consiste em um empréstimo a países que necessitem equilibrar suas economias. A liberação desse empréstimo está sempre atrelada ao desempenho da economia do país segundo metas definidas pelo FMI.
Interessante observar que o Brasil figura, de 1947 a 2000, como o quarto maior mutuário do FMI, conforme se visualiza na Figura 2:207
Figura 2 – Doze maiores mutuários do FMI Fonte: site da própria Organização208
205
Ministério das Relações Exteriores. Disponível em: http://www.itamaraty.gov.br/temas/balanco-de- politica-externa-2003-2010/3.1.6-reforma-da-governanca-global-reforma-das-instituicoes-de-bretton- woods. Acessado em: 15 de fev. de 2011.
206 GONÇALVES, Reinado et al. A Nova Economia Internacional: uma Perspectiva Brasileira. 2.ed. Rio de Janeiro: Campus, 1998, p. 283.
207 Fundo Monetário Internacional. Disponível em: