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Capítulo

5.3. Rituais de Passagem

Os rituais de passagem ocorrem em espaço doméstico, à excepção dos principais ritos do casamento e são conservados de acordo com a tradição de cada casta, acontecendo que, em certos casos, não se encontram muitas diferenças de casta para

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Karma significa acção e também o resultado de uma acção; o karma de cada indivíduo é o resultado das suas acções ao longo da vida e das vidas anteriores.

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casta. A interacção entre os membros das várias castas veio também abrir estes momentos a elementos de diferentes jati e varna e é, por isso, comum serem convidados para os casamentos muitas famílias que não pertencem à casta dos noivos. Mais, o aumento de casamentos entre membros de diferentes castas veio obrigar à participação de elementos exteriores ao grupo. Do mesmo modo, os ritos funerários não são acompanhados apenas pelos membros da linhagem do morto, mas também por outros indivíduos que com ele haviam estabelecido relacionamentos, sem que pertencessem à mesma casta.

Encontramo-nos, assim, perante um aparente paradoxo: ao mesmo tempo que o esbatimento das barreiras entre castas é visível através dos rituais de passagem, é através destes mesmos que se conservam identidades de casta. Para além disso, a simplificação dos rituais reflecte um hinduísmo em mudança, que descarta elementos anteriores pela dificuldade em executá-los e que elimina a presença do sacerdote, como demonstra o caso da tonsura. Inclui ainda adaptações às novas circunstâncias, de que o casamento é exemplo.

Não pretendendo fazer generalizações, passarei a uma análise dos rituais de passagem, destacando que contêm pormenores que variam de casta para casta e mesmo de família para família, pelo que me centrarei nas suas características em comum, salvaguardando as especificidades de cada grupo. Para além disso, importa ainda salientar que nem todas as castas realizam os mesmos rituais de passagem: Koli e Mochi não celebram o Shrimant, o ritual da primeira gravidez.

Gravidez

O kholo-bharvo, ou shrimant190, que significa «encher o colo», é o ritual celebrado no sétimo mês da primeira gravidez de uma mulher e é realizado por todas as castas à excepção dos Koli e dos Mochi, com o objectivo de celebrar a fertilidade da mulher grávida e de proteger a saúde da mãe e o futuro filho. A mulher regressa a casa dos seus pais, sendo que, na ausência destes, um há um casal que os representa. Aí toma banho, são-lhe oferecidas novas roupas pelos pais e é vestida e ornamentada pelas mulheres da sua família de sangue. A sogra coloca-lhe no colo um embrulho com um coco, arroz, sementes de mugh (lentilha), açafrão e uma moeda. Sogra e nora trocam sete vezes este pacote que é guardado até ao dia do parto. A futura mãe regressa a casa

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Apenas uma das minhas interlocutoras o denominou de shrimant. As outras chamam a este ritual de Kohlo ou kohlo bharvo, mas algumas delas reconhecem a denominação de shrimant.

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dos sogros. No seu caminho até entrar em casa, são colocados vários sopari (noz de betel), nos quais ela deverá tocar com o pé antes de dar cada passo, geralmente colocados à entrada do prédio e ao longo dos degraus da escada.

As grávidas são consideradas auspiciosas e durante este período são geralmente alvo de todos os cuidados por parte dos seus familiares e restante comunidade. «Alimentar uma grávida dá muita sorte», dizem habitualmente, referindo que o bem que for realizado a uma mulher grávida reverterá a seu favor. É também recorrente afirmar- se que uma grávida é Gaimata, a mãe vaca, representação da vida e da capacidade de subsistência, considerada conter, no seu interior, todas as divindades191. A equiparação da mulher grávida às deusas é referida num outro sentido por Rosa Maria Perez, em que a rapacidade alimentar das grávidas corresponde à avidez da deusa da fecundidade à qual são oferecidas grandes quantidades de alimentos (Perez, 1994: 125). Do mesmo modo, a grávida deve ver satisfeitos todos os seus desejos alimentares, de modo a que o bem-estar do filho esteja garantido. De acordo com a autora: «este seu comportamento é como que uma metáfora do poder feminino, dissimulado no quotidiano pelas aparências da subordinação e segregação da mulher» (Perez, 1994: 125). De facto, este período da vida das mulheres é muitas vezes aproveitado para interromper as tarefas domésticas e o papel de subordinação face às sogras e às mulheres mais velhas da família, comportamentos que comprovam o poder das mulheres, garantes da continuidade da família de aliança e do grupo social.

A gravidez não deverá ser divulgada antes dos três meses de gestação, a não ser aos membros da família mais próxima, e não é aconselhável que a grávida circule durante longos períodos fora de casa, de modo a não atrair sobre si influências negativas que possam afectar o filho, particularmente sob a forma de mau-olhado (najar). As grávidas os recém-nascidos são um alvo muito frequente de mau-olhado, gerado a partir da inveja de outras pessoas e é por essa razão que estas mulheres deverão proteger-se, bem como às crianças a quem é geralmente aplicado kohl (pó preto) nos olhos e colocadas pulseiras pretas, para afastar as influências nefastas. As grávidas não devem participar em momentos fúnebres e no ritual de fogo, hawan, sob o risco de prejudicar o

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As minhas últimas visitas a casas hindus e ao templo, após terminado o trabalho de campo, coincidiram com a minha gravidez. Durante esses momentos, foi-me frequentemente repetida esta noção de que era bom alimentar uma grávida. As tentativas de alimentar-me com refeições mais apropriadas para uma grávida e os conselhos sobre o que não comer eram também recorrentes.

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filho. Para além disso, alguns alimentos são-lhe interditos durante a gravidez192, bem como, entre algumas castas, o acto de lavar a cabeça193.

Sendo o parto feito no hospital, os familiares, quando recebem a notícia de que a criança nasceu, acender doze lamparinas de ghee. Nesse momento, entre as castas que celebram o kohlo bharvo parte-se o côco que havia sido utilizado no referido rito, em casa dos avós paternos da criança. O período de poluição da mãe no pós-parto é, em algumas castas, de um mês e meio, noutras de um mês e um quarto. A criança pode entrar no templo no seu 21º dia de vida, mas habitualmente a sua primeira visita ocorre quando a mãe termina o período de reclusão. As suas familiares mais próximas ficam afectadas por esta poluição durante nove dias, não podendo praticar actividades religiosas nem tocar em objectos religiosos.

Nascimento ritual

No sexto dia após o nascimento do realiza-se chatti, o nascimento ritual, ou seja, o momento em que é celebrada a chegada do novo ser ao mundo. Neste dia, uma

swastika, também chamada satiyo194, é desenhada na parede com kumkum misturado

com água. Sobre um bhajot, (pequeno banco de madeira), coloca-se uma lamparina de

ghee, (divo) acesa, incensos, uma faca embrulhada em tecido vermelho, frutos, flores,

folhas, nozes de betel195, uma folha em branco e uma caneta vermelha, com a qual se acredita que a deusa Vidhatamata irá escrever o futuro da criança (vide Anexos: 231, fotografias 54 e 55). Entre os Koli também uma peneira é colocada sobre o pequeno banco.

Entre algumas castas, o nome da criança é atribuído no dia em que é celebrado o Chatti. Nesses casos, a atribuição do nome realiza-se após a consulta do pujari que, ao avaliar a data e a hora do nascimento, comunica quais as letras pelas quais deverá iniciar-se o nome, sendo nessa altura igualmente feito pelo sacerdote o mapa astrológico da criança (rashi). O nome é atribuído pela tia paterna (fui) da criança, fazendo-a baloiçar sobre um pano branco e repetindo 5 ou 7 vezes, de acordo com a casta, o seu nome. Neste momento a criança deverá ser vestida com uma roupa de algodão branco

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Alimentos considerados «quentes» como a manga, a papaia ou o côco. Por outro lado, são incentivadas a comer muitos alimentos calóricos, como ghee, e leite.

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O acto de não lavar o cabelo durante toda a gravidez não é praticado por todas as mulheres, tendo sido abandonada por umas e sendo desconhecido para outras.

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Símbolo ariano, representativo da identidade hindu. 195

Estes elementos variam de casta para casta. Em alguns casos só uma lamparina é acesa, noutros são duas. Algumas castas oferecem à deusa Vidata sete pequenos rothli sobre os quais colocam sete pedaços de côco.

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sobre a qual se desenha o símbolo satyo e deverá ser completamente embrulhada num pano branco. Este procedimento decorre em frente ao um pequeno bhajot preparado para receber a deusa do destino. Os familiares e amigos são convidados para uma refeição e são oferecidos presentes às crianças. Os convidados colocam presentes para o recém-nascido em frente ao pequeno altar.

Entre os Koli, a cerimónia de atribuição do nome ocorre no 11º dia de vida, sendo este dia simplesmente chamado de nam api ou nam karan, que significa «dar o nome», não se celebrando o chatti. Nestes casos, não se regista o acto de baloiçar a criança, realizando-se antes um hawan, ritual de fogo em frente ao qual se senta a mãe com o seu filho no colo. Do mesmo modo, os Mochi não celebram o Chatti, realizando apenas a cerimónia de atribuição do nome, no sexto dia de vida. Os Lohana, por outro lado, celebram o Chatti mas atribuem o nome no 12º dia.

Tonsura

O primeiro corte do cabelo da criança do sexo masculino196, val bara, ocorre, entre todas as castas, após ela ter completado um ano e três meses de vida e depois de ter circundado a fogueira na festividade Holi. Na noite do Holi, em torno da grande fogueira, os pais deverão transportar os filhos ao colo, percorrendo sete voltas, para que a criança seja protegida contra o mau-olhado, colocando na sua testa uma pequena marca de pó preto. Após a celebração do Holi, os rapazes estão preparados para que o seu cabelo seja rapado pelo barbeiro hindu pertencente à casta Valand, que para tal, será chamado à casa onde o ritual será executado. A criança é colocada no colo da tia materna (masi) e é-lhe rapado o cabelo, sendo o barbeiro Valand pago pelo seu serviço. Na ausência deste – que se desloca frequentemente a Londres – os hindus recorrem ao serviço de barbeiros não-indianos, que já estão acostumados a deslocar-se a casa destes clientes para rapar a cabeça dos pequenos rapazes197. Após ser rapado, o cabelo cortado é guardado para se deitar posteriormente no mar ou no rio, ou, em alternativa, guardado para ser deitado num rio ou mar da Índia, numa futura viagem. Uma swastika é desenhada na cabeça da criança, é realizado o puja em frente ao templo doméstico e oferecida uma refeição à família. Este rito tornou-se extremamente simplificado, principalmente porque a actividade do barbeiro, único membro desta casta que ainda

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Apesar de este ritual ser exclusivo de rapazes, alguns bebés do sexo feminino são também sujeitas à tonsura nos seus primeiros meses de vida.

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Em alguns casos, os pais deslocam-se com o filho ao cabeleireiro para realizar o corte. O cabelo é guardado e a celebração do ritual continua em casa.

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exerce esta função, diminuiu nos últimos anos, obrigando à adaptação às condições existentes. Por isso, ele resume-se actualmente ao corte do cabelo por um barbeiro não- hindu que se desloca a casa dos devotos, recebendo em troca o pagamento do serviço e também, aos olhos dos hindus, a carga de poluição decorrente do corte do cabelo.

Casamento

A celebração dos casamentos é semelhante entre todas as castas, dada a necessidade de uniformizar os rituais, sendo que é o mesmo sacerdote que os realiza. Os locais e as datas nem sempre são os mesmos, variando de acordo com as possibilidades logísticas dos eventos. Geralmente o templo é alugado para os dias de maior afluência de convidados e os outros momentos são celebrados em casa dos noivos.

O casamento é normalmente combinado entre as famílias dos noivos, sendo a data marcada após a consulta do sacerdote. Nos casos em que não é combinado, a compatibilidade astrológica dos noivos não é geralmente avaliada198. Nos casos de casamentos “arranjados” as mulheres da família fazem circular a informação de que existe uma rapariga em situação de casamento. As suas qualificações – a diferentes níveis – são explicitadas. Os telefonemas sucedem-se e mães ou outras familiares de rapazes interessados podem começar a visitar a rapariga. Geralmente os pontos menos positivos – que dependem do ponto de vista do tipo de noiva que se pretende – são exaltados e deverão ser esclarecidos à partida alguns problemas ou “fraquezas” da candidata, por exemplo, a sua baixa literacia.

Os rapazes visitam a possível futura noiva. Por vezes, o casal conversa a sós noutra divisão da casa e, no caso de ambos estarem de acordo, as famílias entram então em contacto. Depois de visitar uma rapariga, de «gostar dela» e de ela consentir que também «gosta dele», o rapaz conversa com a sua família, a qual, se estiver de acordo, telefona aos pais da rapariga, dizendo que concorda com o casamento. É frequente também «combinarem-se» casamentos entre noivos de diferentes nacionalidades. Nestes casos, circulam fotografias entre famílias e realizam-se algumas deslocações até à Índia, Moçambique ou Reino Unido, os países com que usualmente se realizam estas trocas matrimoniais. Nem sempre os casais conversam e nem sempre é dada a possibilidade às raparigas de recusarem o pedido de casamento, estando, contudo, esta tendência em regressão. Após as famílias – e em muitos casos, os noivos – estarem de acordo, a noiva é chamada a casa do noivo para ser apresentada e “aprovada” por toda a família. Nesse

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dia, chamado mithu moro, os dois sentam-se em duas cadeiras e é-lhes feito pelos parentes do rapaz, chandlo199, os quais recebem presentes e dinheiro e, a partir de então, estão comprometidos. Nestes momentos, o sacerdote é consultado para analisar a compatibilidade dos noivos, estudando o horóscopo (rashi) de cada um, de acordo com o dia e a hora do seu nascimento e com o seu nome. No caso de detectar alguma incompatibilidade entre os dois, o casamento não deverá ser efectuado. No entanto, alguns casais não se informam sobre a compatibilidade dos seus horóscopos, geralmente nos casos dos chamados “casamentos por amor”, sejam estes realizados dentro da mesma casta ou fora desta.

Os diferentes rituais decorrem ao longo de uma semana, concluindo-se com o rito do casamento propriamente dito, geralmente num fim-de-semana. A primeira etapa é a formalização do pedido de casamento, ou talli. Segue-se o lagan lakvani, a escrita do casamento, sagai, noivado, e sanji, oferta de doces e danças às famílias dos noivos, realizados habitualmente no mesmo dia. A escrita do casamento é feita pelo sacerdote, na presença das famílias dos noivos, o que lê o convite em frente a uma murti de Ganesh200. Durante o sagai a noiva recebe, das mulheres da sua família, um sari201 e jóias em ouro ou prata, enquanto segura nas mãos um côco. As mulheres de ambas as famílias cantam e, no final, colocam na boca umas das outras, um pouco de açúcar202. À noite realiza-se, em locais separados sanji, a oferta de doces203 e outras dádivas204 aos familiares dos noivos, cujas famílias se reúnem em locais separados, onde são executadas danças oferecidas aos noivos e distribuídos presentes por todos os familiares.

No dia seguinte realiza-se mandwa, a cerimónia em que se coloca uma cana à porta da casa dos pais da noiva, ritual este que simboliza a preparação tradicional do espaço para a construção do toldo de casamento (mandap) que tradicionalmente é erigido em frente à casa da noiva. O ritual inicia-se com a invocação a Ganesh, com um pedido de bênçãos para o espaço onde irá ser realizado o casamento, iniciado pelo

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Marca realizada no centro da testa com uma mistura de água e kumkum. Sobre esta colam-se grãos de arroz.

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No interior do convite (kankotri) o sacerdote coloca cereais (mugh, trigo, arroz), uma noz de betel (sopari) e uma moeda, atando no fim este embrulho com fio maru (vide Anexos: 231, fotografia 56). Este convite é entregue ao familiar da noiva responsável pela realização do casamento.

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Peça de vestuário tradicional hindu. 202

Entre os Vanja, a noiva é decorada pelas mulheres do seu futuro marido, com uma mistura de kumkum e água sobre as sobrancelhas e o nariz (vide Anexos: 232, fotografia 57).

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Rebuçados e pastilhas. 204

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sacerdote. Os pais da noiva205 enterram num vaso com terra uma cana à porta da sua casa e acendem uma lamparina e incensos junto da cana, simbolizando a protecção deste espaço206.

Geralmente no mesmo dia de mandwa a noiva é coberta, pelas mulheres da família, com uma pasta de açafrão para que a sua pele fique macia e luminosa no dia do seu casamento. A esta pasta dá-se o nome de pithi, o mesmo que a esta cerimónia em que as mulheres da família cantam em volta da noiva. No dia seguinte realiza-se na casa da noiva um hawan em que ela e os seus pais participam, na presença do sacerdote. Depois deste a noiva toma banho e prepara-se para a noite do casamento.

Alguns casamentos realizam-se à noite, outros de manhã, conforme a tradição da casta dos noivos207, ou ainda, da disponibilidade dos templos ou dos espaços que são habitualmente reservados para estas celebrações. A recepção do noivo pela sua futura sogra, jaimala, é a primeira etapa do ritual de casamento. À entrada do templo (tradicionalmente à entrada da casa da noiva, no mandap), a futura sogra aguarda, acompanhada por outras mulheres, a chegada do futuro genro e recebe-o com uma bandeja de lamparinas, realizando, perante ele, aarti. De seguida, coloca-lhe na testa

chandlo, um pouco de kumkum e arroz. O noivo faz uma vénia em sinal de humildade e

a futura sogra abençoa-o e tenta apanhar-lhe o nariz, simbolizando que ele chegou para levar a noiva da casa dos seus pais208. Segue-se madhuparka, o momento em que a futura sogra lava os pés do futuro genro, após o que, finalmente, o noivo entra no templo, sentando-se no altar, aguardando a chegada da noiva.

Entretanto a noiva surge, acompanhada pelas raparigas da sua família, transportando pequenos recipientes de barro (val belu) à cabeça nos quais são depositadas moedas. Veste um sari branco (paneter), e sobre este um outro vermelho (gharchoru) e senta-se ao lado do noivo. O sacerdote inicia o rito nupcial atando o sari da noiva ao lenço (chera cheri) do noivo, o que constitui o ritual de hastamelap. Este nó e as suas mãos, colocadas uma sobre a outra, simbolizam a união dos dois através do casamento. O sacerdote invoca, em primeiro lugar Ganesh e, depois, as bênçãos das deusas Lakshmi e Parvati. Segue-se o kanya daan, o momento em que os pais da noiva

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Quando a noiva já não tem pais, ou caso estes não possam comparecer, outro casal da familia deverá substituí-los.

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Tradicionalmente no Gujarate o casamento ocorre em frente à casa da noiva, onde é construído um toldo (vide Anexos: 224, fotografia 15).

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Ou de um deles, quando não são da mesma casta. Neste caso, sobrepõe-se a tradição da casta do noivo. Após o casamento a mulher pertencerá á casta do seu marido.

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Este momento é sempre hilariante, sendo que o noivo tenta sempre resistir durante algum tempo, deixando finalmente que a futura sogra lhe aperte o nariz.

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irão entregar a filha ao futuro marido, ritual realizado em frente ao fogo nupcial, acendido numa pequena pira pelo sacerdote, o qual vai conduzindo o ritual em que os pais da noiva lavam os pés do futuro genro, desejando que este cuide bem da sua filha.

Depois, o casal circula em torno do fogo sagrado ao som dos mantras entoados pelo sacerdote e pelo noivo que promete cuidar da sua mulher. É o mangalphera, ao qual se segue o saptapadi, que significa “sete passos”, ou seja, as sete voltas que os noivos dão à volta do fogo nupcial, prometendo apoiar-se um ao outro na sua vida futura. Os mantras que o sacerdote vai recitando expressam os desejos do marido de que a mulher seja uma boa mãe, uma boa dona de casa e gestora das economias da família, e que apoie incondicionalmente o marido. Paralelamente é explicitada a promessa, por parte da mulher, de cumprir estes pedidos. A partir deste momento são considerados marido e mulher.

Finalmente, o casal troca entre si o primeiro alimento, colocando-lhe ele o

sindur na risca do cabelo e o mangal sutra, o colar de ouro e contas pretas que é um dos

símbolos das mulheres casadas. O casamento termina habitualmente com a oferta de presentes por parte dos convidados e, em alguns casos, com uma sessão fotográfica ao