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A Educação ao Longo da Vida para o Empoderamento, Autoadvocacia e Autonomização

CAPÍTULO II: EDUCAÇÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO BRASIL: POLÍTICAS E

3.5 A Educação ao Longo da Vida para o Empoderamento, Autoadvocacia e Autonomização

Aprendizagem ao longo da vida é importante para qualquer cidadão, a fim de continuar a desenvolver conhecimentos, habilidades e interesses. Como afirma Edgar Morin (1996, p.43), no decorrer da sua história, “o homem não pode perder o direito ao conhecimento” e essa aprendizagem pode ocorrer por meio, por exemplo, de desenvolvimento de interesses de vida e habilidades através da faculdade geral ou programas em universidades;

65 Para demonstrar que o dever de acomodar foi cumprido, o empregador deve ser capaz de documentar o processo em que foi observado as considerações e agir sobre o pedido do empregado para a adaptação. Este documento foi preparado para fornecer um processo geral seguido da apreciação do pedido de acomodação.

através do desenvolvimento de opções de carreira nas comunidades especializadas; por meio de iniciativas da sociedade sem fins lucrativos; de trabalhos voluntários em organizações não governamentais, entre outras.

Segundo Alheit e Dausien (2006), o conceito de aprendizagem ao longo da vida permanece mal definido na literatura científica, porque não abarca a gama de lugares onde essa aprendizagem se desenvolve, seja formalmente, através dos sistemas de ensino, ou nas situações cotidianas e corriqueiras da vida. É um conceito que atinge desde os bebês até a população idosa, ambos estão a todo momento adquirindo novas experiências, saberes e competências. Segundo os autores (2006, p. 2), somos quase sujeitos somente inconscientes no modo de aprender “como quando respiramos”:

Certamente aprendemos na escola e também na universidade, mas mesmo nesses lugares instituídos de formação, o que aprendemos de verdadeiramente importante, frequentemente, não tem nada a ver com os programas oficiais. Experimentamos situações, adquirimos habilidades, testamos nossas emoções e nossos sentimentos na “escola” mais efetiva que há: a “universidade da vida”. Portanto, aprendemos e nos formamos nas conversas com os amigos, assistindo à televisão, lendo livros, folheando catálogos ou navegando na Internet, tanto quanto quando refletimos e quando fazemos projetos. Pouco importa se essa maneira de nos formarmos é trivial ou requintada: não podemos alterar o fato de que somos aprendentes “no longo curso” da vida.

A aprendizagem ao longo da vida é importante para entender por que pessoas com deficiência aprendem sobre empoderamento e autoadvocacia em contextos de vidas tão distintos. O conhecimento que se estende para além da escolarização básica está diretamente relacionado com a qualidade de vida que o indivíduo com deficiência terá, se dadas as condições por meio das quais ele/ela viverá a liberdade de fazer escolhas e desfrute de seus sonhos, desejos e conquistas. Nesta pesquisa, a educação ao longo da vida também inclui projetos que, por ventura, as pessoas com deficiência participaram através de ONGs, centro comunitários, formação continuada, treinamento profissional ou qualquer atividade que não foi desenvolvida na educação básica, mas que teve intencionalidade de preparação para participação social nas diversas esferas.

A pesquisa As a Matter of Fact: Poverty and Disability in Canada (2009) revela que as pessoas com deficiência ao redor do mundo possuem menos oportunidades de envolvimento com a comunidade (de aprender com), por consequência do restrito acesso que elas possuem à educação pós-secundária e ao mercado de trabalho, o que significa que as

pessoas com deficiência geralmente são limitadas em seu potencial pessoal e tendem a viver em linhas de pobreza e exclusão (Goundry & Peter, 1998; Weinkauf, 2002).

The Participation and Activity Limitations Survey PALS (2006) é uma pesquisa de âmbito nacional que revela dados sobre as atividades do dia a dia dos canadenses que estão limitados em atividades diárias por causa de uma condição ou problema de saúde físico ou psicológico. De acordo com os dados PALS, de 2006, um número significativamente maior de pessoas com deficiência em idade de trabalhar (15-64) não estão empregadas (10,4%), em comparação com aquelas que não possuem nenhuma deficiência (6,8%). O estudo mostra que os trabalhadores com deficiência têm menos probabilidade (50,3% X 62,5%) para receber uma educação além do ensino médio em comparação com a população em geral, razão pela qual as pessoas com deficiência enfrentam várias barreiras na busca de um emprego. A barreira mais comum identificada é o treinamento inadequado escolar ou profissional.

De acordo com a pesquisa National Fact Sheet on Employment (2010, p.13) da organização Inclusion BC:

O acesso à educação e formação após o ensino médio está se tornando cada vez mais importante para todos os jovens que procuram entrar no mercado de trabalho. Prevê-se que dentro de um curto espaço de tempo, mais de 80% dos novos empregos criados será necessário algum tipo de educação ou formação pós-secundária.

A partir das estatísticas demonstradas, evidencia-se que prosseguir na formação ao longo da vida é um requisito de suma importância para a vivência de um processo de empoderamento e autoadvocacia na vida de pessoas com deficiência. Através de experiências de aprendizagens sem intencionalidade adquiridas cotidianamente e da participação em projetos de educação, pessoas com deficiência desenvolvem características para o exercício do empoderamento e da autoadvocacia e isso permite-lhes melhorar de vida. A educação informal ganha destaque porque é por meio dela que se possibilita (ou não) o desenvolvimento do capital social, das habilidades para a inserção no mercado de trabalho e das bases para o exercício da cidadania, possibilitando a construção de relacionamentos que beneficiem a este grupo social e, consequentemente, a todos/as.

De forma adicional às escolhas Pós-Secundárias de ensino descritas até agora, o Governo canadense suporta, direta ou indiretamente, muitas outras opções para prosseguir na aprendizagem ao longo da vida, reconhecida como caminho indispensável para a vivência dos direitos humanos, dando oportunidade de ingresso ao mercado de trabalho, possibilitando a construção de relacionamentos afetivos, diminuindo os índices de vulnerabilidade etc. Alguns

destes programas de ensino-aprendizagem são formais, e outros são prestados por organizações não governamentais, dentro de um processo informal e como resultado de escolhas criativas e individualizadas, com base em interesses e necessidades de aprendizagem. A seguir, apresento alguns desses programas.

(a) Aprendizado Online

Uma das opções existentes na realidade canadense para que pessoas com deficiência prossigam no processo educacional após a escolarização básica é a aprendizagem online (muitas vezes referida como o e-learning), em que os cursos e módulos cursados podem ser de créditos ou por simples interesse pessoal. Estes cursos podem ser oferecidos por todos os tipos de organizações, faculdades, universidades, empresas, agências etc., e a aprendizagem online geralmente é acessada por qualquer computador ou dispositivo móvel (smartphone, iPad etc.), tornando-se de simples acesso para a maioria da população de pessoas canadenses com deficiência. Alguns cursos de aprendizagem online combinam as tarefas com algumas instruções em sala de aula. Esses tipos de programas são referidos como mistos.

Um dos exemplos desses programas online que mesclam tarefas virtuais e momentos presenciais é o CILLI – Canadian Inclusive Lives Learning Initiative , desenvolvido pelo Centro de Inclusão e Cidadania da Universidade de British Columbia (UBC) e coordenado pelo Prof. Dr. Tim Station66. O Cilli se direciona a pessoas com deficiência intelectual ou dificuldades de aprendizagem e, baseado na filosofia do empoderamento e da autoadvocacia, busca tratar temas voltados para a tomada de decisões, emprego, financiamento pessoal, legislação e direitos humanos, e como ter acesso a programas da comunidade. O programa é formado por oito módulos e cada um desses módulos possui a duração de um mês. Os estudantes matriculados precisam acessar o website mensalmente, ler os textos e completar os exercícios para finalizar o módulo, construindo assim uma rede de suporte pela internet. Além das obrigações virtuais, os estudantes têm a obrigação de comparecer aos encontros presenciais e regularmente recebem telefonemas de um especialista sobre o tema do mês e do coordenador de programa que os ajudam a incorporar o que aprenderam em seu plano de vida.

O Programa Cilli é direcionado para adultos e jovens acima de 18 anos, os quais podem ser matriculados sozinhos ou juntamente com algum familiar como pais, tutores,

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irmãos etc., os quais muitas vezes ainda encontram-se em laços de dependência extrema com seus/suas filhos/filhas/irmãos/irmãs com deficiência. Como discorre Neves (2005), a ideia da autoadvocacia foi muito difícil para inúmeros pais, uma vez que a família ainda constitui o maior solo de proteção e impedimento de um processo de empoderamento. Nesse sentido, ao permitir a presença dos pais e/ou familiares juntamente com a pessoa com deficiência, a filosofia do programa é desenvolver um trabalho de conscientização nas pessoas com deficiência juntamente com seus familiares para que esses possam se tornar suporte e não empecilho.

O Programa do Cilli inicia e finaliza com retiros, de estilo acampamento, com o objetivo de incentivar os participantes a passar alguns dias vivendo em um ambiente diferente, a conhecer uns aos outros e a se expressar sobre importantes aspectos de sua história, em uma constante busca por autoconhecimento. O programa recebe financiamento do Governo, assim como fundos da Universidade, e, por tal razão, os estudantes não precisam contribuir financeiramente para realizar o curso, apenas se inscrever e ter um computador disponível para acessar o programa online. Sobre a originalidade e importância dessa iniciativa para a vivência da autoadvocacia na vida de pessoas com deficiência, o coordenador do Centro de Inclusão e Cidadania da UBC e co-fundador do Cilli declara:

Até onde sabemos, o Cilli é o único programa do mundo existente nesses moldes, tendo por base a autoadvocacia e empoderamento de pessoas com deficiência. Durante as atividades, os facilitadores do programa realmente incentivam as pessoas a terem grandes sonhos, ao contrário do passado, quando as pessoas com deficiência intelectual eram orientadas a não construir castelos no céu. Até o momento, nós nunca tivemos um estudante que desistiu e eu posso até dizer que eles são tão competentes que chegam a ser melhores do que os meus alunos da universidade (STATION, 2013, p.1)67

Como Tim Station (2013) esclarece em sua fala, o programa Cilli foi criado com o principal objetivo de motivar as pessoas com deficiência a sonharem e não apenas sob uma perspectiva utópica. Através dos oito módulos elaborados, são discutidas com os alunos/alunas possibilidades reais existentes na realidade canadense para que esses sonhos se tornem realidade, como por exemplo, a forma que eles/elas podem conseguir incentivo financeiro do governo, as agências existentes na comunidade que podem auxiliá-los em diversos aspectos de suas vidas, os caminhos educacionais que eles/elas podem percorrer para

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terem uma aprendizagem ao longo da vida etc. Ademais, a inserção deles em um ambiente educacional difuso com o uso de ferramentas tecnológicas permite que eles sejam incluídos no novo ecossistema comunicacional que vigora no mundo atual, do qual emerge uma nova cultura, novas formas de ver, ler, aprender e conhecer (BARBERO, 2006).

A respeito dessa nova ferramenta educacional que está surgindo principalmente em países mais desenvolvidos, como é o caso do Canadá, a pesquisa The Globe and Mail, realizada no ano de 2011, por Adriana Barton na cidade de Vancouver, aponta em seus achados algumas vantagens e desvantagens de um curso educacional online para pessoas com deficiência. No que diz respeito às vantagens, são levantados os seguintes aspectos:

a. Ainda que o jovem com deficiência esteja estudando em casa ou na comunidade, independentemente de onde seja o curso, há um aumento da acessibilidade para aqueles que não podem ou não conseguem chegar às aulas por causa de sua situação ou do local onde vivem;

b. O/A estudante pode trabalhar com os materiais online sempre que for conveniente para ele/ela, o que significa que as pessoas com deficiência podem fazer isso em seu próprio ritmo, quantas vezes desejarem e podem gastar o tempo necessário para interagir online com outros alunos e com os instrutores;

c. Aprendizagem online reduz tempo, custos e dificuldades em viajar de um para outro local de aprendizagem;

d. Produtores de aprendizagem online geralmente esforçam-se para aderir aos princípios do desenho universal na aprendizagem.

Em contrapartida, a mesma pesquisa acima mencionada, aponta algumas possíveis desvantagens e/ou desafios de um curso online para pessoas com deficiência: (a) algumas pessoas sentem uma sensação de isolamento ao estudar à distância; (b) algumas pessoas acham que é difícil motivar-se quando se estuda sozinho; (c) algumas pessoas acham que é difícil usar o computador para aprender; (d) às vezes, é complicado para obter ajuda quando surgem problemas técnicos.

Apesar de haver desafios no ensino à distância, esta modalidade possibilita disseminar em curto espaço de tempo conhecimentos e habilidades sobre empoderamento e autoadvocacia, que permitem às pessoas com deficiência aderirem a práticas cotidianas de defesa de seus direitos e participação social. Fredric Litto (2010) destaca a importância de cursos a distância por ser uma significativa ferramenta de interação para pessoas que enfrentam barreiras convencionais seja por morarem em locais afastados, por falta de tempo, por deficiência física ou intelectual ou por situações adversas. Nesse novo contexto, cria-se a possibilidade de frequentar o curso, nos dias e horários mais adaptativos, além de possibilitar o gerenciamento de tempo no processo de ensino-aprendizagem, o atendimento personalizado e a interatividade entre tutores/as e alunos/as.

(b) Programas de Alfabetização para Adultos

Na maioria dos distritos escolares de British Columbia existem programas de educação continuada para adultos com ou sem deficiência. Nesses programas são oferecidos cursos de alfabetização em nível de conclusão do ensino secundário. Esta constitui outra opção de aprendizagem após a escolarização básica para adultos com deficiência que não possuem o certificado regular e que apresentam dificuldades de leitura e escrita. Esses programas se comparam à educação de jovens e adultos no Brasil.

Além do programa comum de alfabetização para jovens e adultos, o Canadá também dispõe de programas que se concentram em uma alfabetização como aprendizagem para a vida e se voltam para o desenvolvimento de habilidades específicas, as quais envolvem novas áreas de interesse como saúde, educação financeira, trabalho, família, dentre outros. Esses programas são chamados de Decoda e constituem uma iniciativa inovadora que busca colocar em prática, através da alfabetização, os pilares da educação definidos pela Unesco, do aprender a aprender e do aprender a pensar criticamente:

A alfabetização é a capacidade de identificar, compreender, interpretar, criar, comunicar, calcular e utilizar materiais impressos e escritos associados com os contextos variados. Alfabetização envolve um contínuo de aprendizagem para permitir que um indivíduo possa alcançar seus objetivos, para desenvolver o seu conhecimento e potencial, e participar plenamente na sociedade em geral (UNESCO, 2012, p. 13)

Com base na definição acima compreende-se, ao contrário da crença popular, que a alfabetização não diz respeito apenas à capacidade de ler ou escrever, mas acredita-se que ela é a lente através da qual é possível ver o mundo. Assim a alfabetização acontece quando, por exemplo, se preenche um pedido de passaporte ou usa-se um cartão de telefone de longa distância, acontecendo em todos os lugares e praticamente com todos os elementos que estão à nossa volta no cotidiano. De acordo com esses novos programas de educação chamados Decoda68, a alfabetização é concebida como um movimento – um compromisso com a aprendizagem ao longo da vida – e, portanto, torna-se uma importante ferramenta para que pessoas com deficiência aprendam não apenas a decifrar letras e números, mas também atitudes inerentes de uma vida em comunidade.

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(c) Community Options

Outra opção de buscar o desenvolvimento pessoal, a aprendizagem ao longo da vida e a efetivação de direitos humanos como de trabalho, cultura, lazer, educação, dentre outros, é a educação informal oferecida para pessoas com deficiência por meio dos programas de base comunitária. Em cada província do Canadá existem diferentes programas para apoiar pessoas com deficiência nos mais diversos aspectos de suas vidas e esses programas têm contribuído significativamente para que esse grupo social tenha acesso a uma vida independente com direito de fazer escolhas mediante apoio, o que constitui uma ferramenta para a vivência de um processo de empoderamento e autoadvocacia. Alguns programas são independentes, e outros geralmente recebem financiamento através do Ministério do Desenvolvimento Social de British Columbia. A seguir, explanarei a respeito de alguns desses programas somente a título de exemplo, diante da imensa variedade de organizações não governamentais existentes em todo o Canadá.

 Inclusion BC (Association for Community Living – BCACL)

Inclusion BC69, anteriormente conhecida como Association for Community Living (BCACL), é uma organização provincial sem fins lucrativos que tem por objetivo promover a participação das pessoas com deficiência em todos os aspectos da vida em comunidade. Ao longo dos anos, Inclusion BC tem se dedicado a trabalhar para incluir indivíduos, famílias, voluntários e está envolvida com mais de 70 associações dedicadas a fazer com que as pessoas com deficiência sejam capazes de desfrutar de seu direito de ter uma vida ativa e produtiva na sociedade. A Inclusion BC constitui uma das maiores federações do Canadá que trabalha com crianças, jovens e adultos com deficiência, assim como com suas famílias, apoiando habilidades, promoção dos direitos humanos e justiça social.

 People First

O People First70, que constitui um dos campos de pesquisa deste estudo, é uma organização mundial que desenvolve um forte trabalho no Canadá com o objetivo de suportar pessoas com deficiência na vivência da autoadvocacia. O People First se baseia no lema

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Disponível em: <http://www.inclusionbc.org/>

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“nada sobre nós sem nós” e é direcionado pelas próprias pessoas com deficiência que juntas pensam que projetos de relevância podem desenvolver na comunidade, participam de reuniões de governo para requerer melhores condições de vida, apoiam uns aos outros formando uma grande rede de amigos, se reúnem periodicamente para discutirem os seus direitos etc.

O People First possui uma estrutura organizacional dirigida por uma equipe executiva formada somente por pessoas com deficiência que executam as diferentes funções de diretor, vice-diretor, secretária, tesoureiro, membros participativos, dentre outros. Ao liderarem a organização, as pessoas com deficiência recebem apoio de um mediador que é a única pessoa sem deficiência que participa das reuniões, cuja função é auxiliar no que for necessário mas sem interferir nas decisões tomadas por eles/elas.

 Spectrum Society

A missão da Spectrum Society é apoiar as pessoas com deficiência a experimentarem uma cidadania plena e genuína pertinente à vida em comunidade. Esta organização está comprometida com a aprendizagem e melhoria contínua por meio do desenvolvimento de pesquisas em liderança e melhores práticas. Como uma agência de prestação de serviços, o foco está no fortalecimento da capacidade dos indivíduos e das suas redes pessoais, aumentando os suportes naturais, em vez de substituí-los. De acordo com o website da organização, a sua missão está em acreditar que a “comunidade é enriquecida pela presença e as contribuições de seus cidadãos com deficiência. Acreditamos que juntos podemos criar um mundo onde todas as pessoas são valorizadas, as suas vozes são ouvidas, e as suas escolhas são respeitadas”71.

Todas essas organizações, como se observa, possuem o foco de trabalho voltado para oferecer condições, recursos e apoio para que pessoas com deficiência não apenas saiam das instituições canadenses e sejam incluídas na comunidade, mas que elas tenham acesso a possibilidades reais da construção de um processo de empoderamento e vivência da autoadvocacia através da expressão dos seus sonhos e desejos, do respeito à sua voz e da efetivação dos seus direitos humanos. Reconhece-se que tal educação, ainda que não esteja dentro de um processo formal, é de suma importância para a conquista da autonomia e da identidade própria, uma vez que a pessoa com deficiência passa a ser considerada a partir de suas múltiplas potencialidades e respeitada por quem ela é.

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CAPÍTULO IV:

O BRASIL E O CANADÁ: EMPODERAMENTO E AUTOADVOCACIA

NAS DIMENSÕES GLOBAL, LOCAL E INDIVIDUAL

Este capítulo tem como objetivo analisar o empoderamento e a autoadvocacia nos contextos do Brasil e do Canadá, considerando as dimensões global, local e individual. Embora enfoque essas dimensões, as análises têm em vista que as estruturas socioeconômicas