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CAPÍTULO II: EDUCAÇÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO BRASIL: POLÍTICAS E

3.3 Paradigma da Inclusão na Realidade Canadense: Primeiras Aproximações com Princípios de

3.3.2 O Ensino Pós-Secundário no Canadá

A educação pós-secundária no Canadá é a educação formal que ocorre dentro das universidades e faculdades canadenses, após o ensino médio e antes da formação profissional superior. O programa canadense de Educação Especial para Adultos (ASE) tem uma longa história no apoio a alunos/alunas com deficiências permanentes, e no combate ao conjunto de barreiras que impedem o sucesso escolar. Ao longo dos anos, considerável ênfase foi colocada em indivíduos na comunidade47 e no sistema de transição da última etapa da educação básica para as instituições pós-secundárias. Programas especializados foram desenvolvidos especificamente para o autodesenvolvimento, a formação para o emprego e desenvolvimento de competências para a preparação para o emprego e aprendizagem ao longo da vida.

A partir da década de 1960 e início dos anos 70, na origem do ensino secundário, o programa de Educação Especial (ASE)possuía o foco em oficinas voltadas para atividades do dia a dia com mínimas expectativas para o crescimento individual da pessoa com deficiência. As raízes institucionais do programa da Educação Especial para Adultos (ASE) podem ser rastreadas a partir da década de 1980, quando a agenda de direitos das pessoas com deficiência passou a ter o foco na desinstitucionalização e consequente integração na comunidade (HOWARD, NEUFELDT, 2000). A partir desse momento, há uma mudança para programas de semi-industriais e promoção da autoajuda, treinamento de habilidades de vida e introdução no mercado de trabalho. O Programa de Educação Especial para Adultos, ASE,

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Tradução pessoal.

47 Indivíduos na comunidade são pessoas com deficiência que não vivem reclusas em instituições, mas que vivem na comunidade juntamente com suas famílias, com amigos, com seus pares.

desde então, transformou-se em um conjunto diversificado de programas oferecidos hoje no ensino pós-secundário.

Atualmente, a Educação Especial para Adultos, em British Columbia, desenvolve-se por meio de quinze instituições de ensino pós-secundário, as quais oferecem programas que vão desde a alfabetização ao local de trabalho básico, assim como os programas de preparação de carreira para programas de treinamento e qualificação profissional com resultados focados no aumento de oportunidades laborais. Esses programas proporcionam diversos formatos de aprendizagem para os/as alunos/alunas com deficiência desenvolverem habilidades essenciais básicas e treinamento para o emprego, a fim de participar na sociedade e na economia, além de oferecer o suporte para os estudantes com deficiências variadas (auditiva, visual, física) que estão inseridos nas salas de aulas dos cursos regulares.

Diversas pessoas com deficiência no Canadá têm sido atraídas para esses programas de educação especial no ensino superior, instigadas por inúmeras ações, mas, principalmente, pelo fato de almejarem ter independência e um crescimento para a vida adulta, conforme Carol expressa na sua fala:

Eu decidi vir para a universidade porque eu queria aprender mais e aprender também novas habilidades que eu não sabia, ter uma boa educação e explorar novos campos para que eu pudesse saber que tipos de profissões eu estava interessada. Eu decidi cursar o ensino superior porque eu queria conseguir um emprego permanente (Carol, deficiência intelectual)48.

No Canadá, conforme já mencionado anteriormente, não há um conjunto vasto de legislações que disponham, por exemplo, acerca do ensino superior. No entanto, existem algumas leis específicas, em que o primeiro Ministro elabora algumas orientações e diretrizes simples para serem efetivadas nos diferentes níveis de ensino. O Governo de British Columbia estabelece o dever das instituições de ensino superior, a partir do seguinte estatutário de disposições:

Seção 5 e 6 da Lei das Faculdades e Institutos:

Ao encontro das necessidades das regiões designadas, as faculdades devem fornecer educação básica para adultos, inglês como segunda língua, e

programas de educação especial para adultos. Também devem fornecer o primeiro e segundo anos de estudo de programas de bacharelado, como também carreiras, cursos técnicos, comércio e programas de educação continuada. A faculdade também pode oferecer programa de grau de bacharelado aplicado. Além disso, uma faculdade deve apoiar o

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O depoimento de Carol foi colhido através do grupo focal realizado no dia 18 de janeiro de 2014, na

desenvolvimento econômico da cidade (Government Letter of Expectations, Douglas College, 2014).

O destaque e o lugar que os programas de educação especial para adultos ocupam na carta governamental de expectativas demonstra, claramente, a importância que o Ministro concede a esses programas direcionados para pessoas com deficiência no Canadá. Paralelo a essa lei que vigora em todo o território canadense, as faculdades de British Columbia também são regidas por políticas internas que devem ser elaboradas de acordo com a orientação da lei maior. Em resposta aos termos do Ato das Faculdades e Institutos, instituições de ensino superior canadenses, como o Douglas College, elaboram seus regimentos internos nessa mesma sintonia:

Douglas College considera a provisão de oportunidades educacionais para estudantes com deficiência como uma parte integral do sistema educacional superior. Estudantes com deficiência são membros completos e igualitários da população de estudantes, concedidos os mesmos direitos, oportunidades e responsabilidades dos demais estudantes. A faculdade adota a iniciativa de remover as barreiras nas políticas e práticas que previnem ou inibem a completa participação de PcD (Douglas College Policy Statement, 2012).

É dentro desse contexto da Política de Legislação Provincial e da Política Institucional do Douglas College que os programas de educação especial operam. É por tal motivo que, primeiramente, a discussão a seguir será focada nesses programas oferecidos geralmente às pessoas com deficiência intelectual, tendo em vista ser esse o diferencial da educação canadense para um grupo tão marginalizado e estereotipado historicamente, a partir da análise dos cursos oferecidos pela Faculdade Douglas College, a qual constitui referencial para os demais cursos oferecidos nas outras instituições de ensino superior do Canadá.

Outra possibilidade que o Governo canadense oferece para o ensino após a escolarização básica é a educação Pós-Secundária Inclusiva. Seu propósito é que as pessoas com deficiência não apenas participem dos seus cursos, mas que elas sejam também encorajadas a participarem de todos os aspectos da vida universitária, se escolherem prosseguir com a sua educação. A educação Pós-Secundária Inclusiva diz respeito ao desenvolvimento de apoios e recursos para a implementação da inclusão em cursos existentes e não à criação de programas, cursos e serviços diferentes e distintos daqueles que os estudantes típicos estão acessando.

Os acordos que estão em vigor, no Canadá, juntamente com a luta de movimentos sociais e pessoas distintas, estão tentando implementar uma forma de ingresso mais acessível,

em que os/as alunos/alunas com deficiência possam participar de aulas ou programas de sua escolha no ensino superior, sem a barreira dos requisitos de admissão rigorosos. No entanto, conforme pesquisa realizada pela organização Inclusion BC49, para muitas pessoas rotuladas, como é o caso das pessoas com deficiência, o acesso ao ensino pós-secundário ainda é bastante limitado devido a estereótipos e rígidos critérios de elegibilidade. Como explanado em tópicos anteriores, geralmente as pessoas com deficiência intelectual não recebem o certificado regular da escolarização básica e, por essa razão, o acesso ao ensino superior fica impossibilitado.

A fim de solucionar ou, ao menos, amenizar esse problema, organizações não governamentais do Canadá têm se direcionado para o objetivo específico de oferecer o suporte no ingresso e permanência de pessoas com deficiência no ensino superior. Dentre essas organizações, destaca-se a principal delas denominada Steps Foward, a qual apoia estudantes com deficiência em diversas universidades canadenses como a Universidade de British Columbia, Simon Fraser, dentre outras. Por meio da mediação da organização não governamental, as pessoas com deficiência não precisam realizar o exame para ingressar, e, por essa razão, os/as alunos/alunas podem assistir às aulas, mas não recebem o diploma do ensino superior ainda que finalizem todo o curso. Clement, um jovem cego de 22 anos, que está incluído em um programa de ensino Pós-Secundário Inclusivo na Universidade de British Columbia relata a sua experiência:

Eu estou em uma faculdade regular, em um curso para pessoas sem deficiência. Neste momento eu estou cursando dois créditos que eu escolhi na faculdade, através da organização Steps Foward. Agora no ensino pós- secundário não é tão fácil assim o acesso ao centro de suporte às pessoas com deficiência na UBC, mas isso não é por causa da minha deficiência e sim porque eu não sou um aluno regularmente matriculado e, por isto, o centro de suporte lá não pode me ajudar. Mas os professores lá são bem solidários e eu sempre peço que eles enviem para mim o texto por email. Frequentemente eles me ajudam e por isso eu não tenho maiores problemas. Em relação à minha inclusão na faculdade com os outros estudantes, não há tanto preconceito assim. Eu diria que é o mesmo da educação básica, sempre existem pessoas que não se sentem confortáveis em lidar com você, mas eu acho que agora não é tão complicado porque eu sou mais maduro e vou até as pessoas para fazer amizades. Eu tento, por mim mesmo, contribuir para que a mente das pessoas seja transformada (Clement, deficiência visual)50.

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Disponível em: < http://www.inclusionbc.org/node/270>

50 O depoimento de Clement foi colhido através de entrevista individual realizada no dia 28 de novembro de 2013, na cidade de Vancouver/Canadá.

O depoimento de Clement aponta algumas questões: (1) ele está inserido no ensino superior por meio da organização não governamental que facilita o acesso, mas não tem direito ao suporte oferecido pelo centro de recursos para pessoas com deficiência da universidade, ficando prejudicado o seu processo de ensino-aprendizagem, caso os professores não ajam de forma solidária para ajudá-lo e contribuir de acordo com seus próprios esforços; (2) ele possui algumas dificuldades no relacionamento com os outros estudantes devido à presença de estereótipos e preconceitos enraizados na história das pessoas com deficiência e que ainda repercutem nos dias atuais; (3) ele demonstra o seu empoderamento e identidade própria decorrentes do ser autoadvogado, ao não se sentir inferiorizado diante das barreiras atitudinais.

Para Longhurst (2004), a autoadvocacia é um modo de vida que encoraja as pessoas com deficiência a se tornarem tão independentes quanto possível em seu pensamento e ações, aprendendo a valorizar-se e se ver como um cidadão igual em direitos frente às demais pessoas da sociedade. E é justamente este posicionamento que ajuda Clement a ter uma posição de empoderamento mesmo quando encontra barreiras atitudinais na sua trajetória de vida.

O ensino pós-secundário inclusivo, certamente, constitui uma iniciativa muito relevante e inovadora para a inserção de pessoas com deficiência no ensino superior, dado o histórico de exclusão desse grupo social e negação de seus direitos humanos básicos, como o acesso a uma educação de qualidade. No entanto, outras questões precisam ser refletidas e ponderadas, como, por exemplo, o fato de eles terem o acesso, mas não poderem receber o diploma de conclusão, caso não sejam alunos/alunas matriculados regularmente. Nesse contexto, um dos argumentos levantados pela comunidade educacional canadense sobre o ensino Pós-Secundário Inclusivo é o de que:

O trabalho desempenhado por organizações como Steps Foward, para que pessoas com deficiência que não possuam o certificado regular da educação básica tenham acesso ao ensino superior, não contribui pa ra que os alunos desenvolvam habilidades para o trabalho, uma vez que é mais voltado para habilidades sociais, de vida, desenvolvimento de amizades, relacionamentos etc., mas eles não oferecem o suporte necessário para que os/as alunos/alunas se insiram no mercado de trabalho e tenham uma aprendizagem significativa (Bob Loglelin, coordenador)51.

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Esse depoimento foi colhido mediante a entrevista realizada com o coordenador do curso de educação especial do ensino superior, Bob Loglelin, no dia 18 de janeiro de 2014, na faculdade Douglas College – Vancouver/Canadá.

Em contrapartida, o depoimento de Sandra Phillips, mãe de uma jovem com deficiência intelectual que está inserida no ensino Pós-Secundário Inclusivo, revela que a inclusão em salas de aulas regulares juntamente com seus pares sem deficiência tem sido benéfica para o crescimento de sua filha e desenvolvimento de aspectos imprescindíveis à autoadvocacia e à construção de um processo de empoderamento, como o resgate da autoconfiança e autoestima, além de também ter proporcionado a inserção no mercado de trabalho:

O nome da minha filha é Arden e ela está recebendo suporte em um programa de ensino pós-secundário inclusivo há dois anos. O programa de inclusão no ensino pós-secundário dá a oportunidade das pessoas com deficiência intelectual pertencerem a um mundo real. O impacto do ensino pós-secundário inclusivo para minha filha foi enorme. Ela se tornou autoconfiante e ganhou autoestima. Ela também se tornou independente, pronta para ajudar e realmente se lançou nos seus estudos. Essa dedicação aos estudos a levou a conseguir um emprego e hoje ela é muito competente e realizada no trabalho que desempenha (Sandra, mãe de aluna com deficiência)52.

Em concordância com o depoimento acima, a pesquisa intitulada Postsecundary Education for Students with Intellectual Disabilities (2010), desenvolvida por Donna C. Martinez e Jessica Queener, através do Health Resource Center da Universidade The George Washington53, aponta que, durante o período de transição dos jovens com deficiência intelectual para a fase adulta, muitos desejos se assemelham às mesmas metas e objetivos inerentes à educação pós-secundária, como por exemplo: a ampliação do conhecimento intelectual e acadêmico que conduz à aprendizagem para a vida toda; o aumento das experiências de trabalho relacionadas à construção de uma carreira profissional; a continuação do crescimento emocional e social levando a significativos relacionamentos e a uma maior autodeterminação e confiança. Todos esses objetivos elencados pela referida pesquisa relacionam-se com os aspectos que levam ao empoderamento e conquista de autonomia na vida de pessoas com deficiência.

Dentro desse contexto, experiências de ensino Pós-Secundário Inclusivo, que têm sido desenvolvidas em outras províncias do Canadá, como em Alberta e Ontario, revelam que a inclusão de jovens com deficiência no ensino superior tem sido benéfica não apenas para eles próprios nesta fase de transição para a vida adulta, mas tem contribuído significativamente para o desenvolvimento de toda a comunidade acadêmica, o que envolve

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Esse depoimento foi colhido do vídeo intitulado STEPS Forward Inclusive Post Sec Education BC.

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=6dNE9AQR97c> Acesso em: 13/04/2013. 53 Disponível em: <http://www.steps-forward.org/pdf/2010_PSE_for_Students_with_ID_Maritinez.pdf>

professores, coordenadores e os demais estudantes sem deficiência. O depoimento de Kim Renders, professora do curso de teatro, revela alguns desses benefícios, por ela percebidos:

Ter estudantes com deficiência intelectual em minha classe foi uma ótima experiência. Eu fiquei muito satisfeita em anunciar que fui abordada por Sarah em minha aula. Eu aprecio este tipo de desafio, porque eu acho sempre interessante ter esse tipo de influência inesperada em minhas aulas. Eu ensino teatro para jovens alunos e muitos estudantes em minha classe são interessados em se tornarem professores. Ter alunos com deficiência intelectual em minha classe colocava os outros alunos em uma posição de

ter compaixão e paciência, trabalhar as habilidades de comunicação e colaboração. Para mim, lidar com essas questões é fantástico (Kim Renders, professora)54.

O depoimento da professora revela que a inclusão de estudantes com deficiência, ainda que esteja sendo alvo de críticas por não conceder o diploma caso os/as alunos/alunas não estejam matriculados, tem resultado em grande aprendizado para os demais estudantes que têm a oportunidade de conviver diariamente com pessoas com deficiência, contribuindo para a quebra de estereótipos e barreiras que impedem o desenvolvimento de relacionamentos na comunidade. Conforme menciona a professora, vários/várias alunos/alunas desenvolveram novas habilidades de comunicação e passaram a buscar formas criativas para a convivência de todos.

Por outro lado, a questão da não oficialização do curso, por meio do diploma para as pessoas com deficiência (caso elas não estejam matriculadas), revela uma política que tem baixa expectativa com esse grupo social – em que é permitido aprender, mas ao mesmo tempo as pessoas com deficiência não têm a possibilidade de comprovar sua aprendizagem para concorrer com as outras pessoas para cargos profissionais ou demais oportunidades educacionais. Na fala da professora é possível comprovar o sentimento de „compaixão e tolerância‟ que causa a presença da pessoa com deficiência na sala de aula regular. Como afirma Silva (2007), a tolerância dos iguais para com os diferentes não significa que tenham mudado as concepções de normatização entre as pessoas. Ao contrário, a pessoa com deficiência ainda continua sendo a „inferiorizada tolerada‟, seja explicitamente através da não oficialização da sua formação ou implicitamente pelo sentimento de superioridade que pessoas sem deficiência têm em relação às pessoas com deficiência.

54 Esse depoimento foi colhido do vídeo intitulado STEPS Forward Inclusive Post Sec Education BC.

Para Carvalho (2000), a convivência entre pessoas com e sem deficiência é fundamental para a quebra de barreiras atitudinais, porque permite a ambos os grupos trocarem experiências, aprenderem uns com os outros, de modo que possibilita eliminar rótulos e crenças limitantes sobre pessoas com deficiência, nos seus modos e estilos de aprendizagem e relacionamentos interpessoais. Somente a convivência aberta a aprender com o/a outro/a é que oportuniza espaços de aprendizagens ricos, dinâmicos e inclusivos, conforme relatou a professora Renders.

É importante destacar que o ensino Pós-Secundário Inclusivo não se destina apenas a incluir alunos/alunas com deficiência que não possuem o certificado regular e não podem ingressar mediante os exames rígidos exigidos dos demais estudantes. O ensino inclusivo visa garantir o suporte e apoio para todos os estudantes com deficiências variadas que estão regularmente matriculados em cursos superiores e, nesse sentido, a lei canadense torna compulsória em todas as instituições de ensino superior do Canadá a criação de centros de recursos e apoio para os estudantes com deficiência55.

(a) Programas de Educação Especial para Adultos (ASE)

O meu primeiro contato com a instituição Douglas College ocorreu no ano de 2012 quando eu fui com um grupo de jovens com deficiência intelectual para a cidade de Vancouver/Canadá a fim de conhecer cursos, programas e iniciativas voltadas para esse grupo social. Na ocasião, o grupo pôde participar de um dia de trabalho escolar na instituição e os jovens brasileiros ali presentes – envolvidos com o movimento de autoadvocacia no Brasil – tiveram um momento rico de aprendizagem e troca de experiências com os estudantes canadenses e puderam conhecer uma realidade ainda não existente no Brasil.

O meu segundo contato com a instituição Douglas College ocorreu neste ano de 2014, quando por ocasião do meu estágio de doutorado sanduíche, pude participar de forma mais intensa do cotidiano do programa de educação especial para adultos e aprofundar os meus dados e conhecimentos. Vale destacar que, além da análise de documentos institucionais da faculdade para uma maior compreensão dos cursos oferecidos, também tive uma imersão

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Ver esses vídeos: http://inclusivepse.wordpress.com/2010/04/19/friendship-video/ http://inclusivepse.wordpress.com/2010/04/27/friendship-ii-alex-jollean

prática, como pesquisadora, através da realização de entrevistas com o diretor e a coordenadora dos cursos, observação participante e não participante no cotidiano da faculdade e realização de grupo focal com uma turma de estudantes universitários com deficiência, conforme descrito no capítulo metodológico desta tese.

Os Programas de Educação Especial (ASE) no Douglas College foram criados no ano de 1979, momento em que o Governo canadense estava investindo muitos recursos na educação de pessoas com deficiência e abriu cursos em diversas instituições no país. Esses cursos de educação especial não constituem uma prática apenas na realidade canadense, mas vêm sendo efetivados também em países como os Estados Unidos e Reino Unido. No entanto, o Canadá se destaca por ter sido o pioneiro na criação desses programas e devido à qualidade do processo educacional prestado, conforme reconhece o site americano thinkcollege.net que socializa experiências de sucesso da participação de pessoas com deficiência intelectual e outras deficiências no ensino superior.

Os cursos do programa de educação especial no Canadá são destinados apenas a pessoas com deficiência que não possuem o certificado regular da escolarização básica para adentrar nos cursos regulares do ensino superior, e, por tal razão, os cursos são realizados em classes separadas para atender às suas necessidades. O público-alvo mais presente nos programas de educação especial são os/as alunos/alunas com deficiência intelectual, os/as