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PROBLEMA DO DESEMPENHO OPERACIONAL

2.3.2. A informática e a gestão contábil

A Contabilidade, assim como outras áreas de conhecimento e de aplicação prática, também foi influenciada pelo desenvolvimento tecnológico, por meio da informática, como suporte para o desenvolvimento de novos métodos de processamento de informações. Em termos conceituais, ao longo do tempo, a Contabilidade Gerencial não apresentou grandes mudanças, haja visto que os problemas relacionados a custos, por exemplo, existem desde os primórdios da sua criação. As mudanças mais significativas, entretanto, ocorreram a nível de mercado e, sobretudo, na estrutura produtiva das empresas que se modernizaram. Ou seja, os antigos problemas relacionados com a alocação de custos aos produtos ainda são − e, talvez, serão por muito tempo − o ponto central das discussões teóricas e práticas relacionadas a “custos”. Mesmo nas metodologias consideradas mais “modernas” ainda não se encontra argumentos suficientes para acreditar que o “problema” está resolvido.

Entretanto, a evolução na forma como se organizam as informações foi a que apresentou, provavelmente, o maior salto da história. Não porque novos conceitos surgiram, mas porque novas formas de coleta e processamento de dados, oriundas da informática, como suporte à tomada de decisão permitiram que a Contabilidade também incorporasse aspectos que não faziam parte do seu dia-a-dia. As possibilidades oferecidas no campo da informática, nos dias atuais, permitem o desenvolvimento de sistemas de informações em tempo real, cuja relação custo/benefício − entre o custo para

obter-se uma informação e o benefício que esta pode oferecer justifica a sua

implantação.

Uma citação de Johnson e Kaplan (1993) demonstra o desenvolvimento no campo contábil, devido a influência da informática:

“Felizmente, a crescente demanda por sistemas de contabilidade gerencial de excelência ocorre numa época em que os custos de coletar, processar, analisar e apresentar as informações têm decrescido

exponencialmente. A enorme expansão da capacidade de computação dotou os atuais projetistas de sistemas de contabilidade gerencial de oportunidades com que seus predecessores não poderiam sequer ter sonhado. Com muitos processos de produção sob controle direto de computadores digitais, a informação pode ser registrada em tempo real, para análise do desempenho operacional. Em ambientes altamente automatizados, praticamente toda transação pode ser captada para análise subseqüente. Sistemas de reconhecimento e controle automático de peças, combinados com a tecnologia de redes locais, podem proporcionar i nformações ininterruptas sobre a posição do trabalho em andamento. Ou seja, são agora viáveis os sistemas abrangentes para medir e determinar com precisão as demandas de recursos de cada produto em diferentes linhas” (p. 4).

Atualmente, os analistas de sistemas, em conjunto com os contadores e os administradores, podem projetar sistemas de gestão concomitante com a tecnologia eletrônica disponível através de softwares e hardwares, baseados em sistemas de informações gerenciais e de controle mais precisos e atuais e, portanto, mais efetivos que os projetados no passado, quando o custo de se obter as informações necessárias poderiam superar o benefício de uma decisão. Segundo Johnson e Kaplan (1993) a revolução computacional das últimas décadas reduziu de tal modo os custos de coleta e processamento de informações que, praticamente, as barreiras técnicas para o desenvolvimento e implantação de sistemas gerenciais já não existem mais. A crescente complexidade das operações das empresas, na atual economia baseada em tecnologia e altamente globalizada, tem sido acompanhada por um aumento correspondente na capacidade dos sistemas de fornecerem informações relevantes e oportunas sobre as operações empresariais, queira no âmbito quantitativo como no qualitativo.

2.3.2.1. O desenvolvimento dos sistemas de gestão

Como decorrência do estado atual das informações contábeis, cuja relevância para o processo decisório está sendo questionada, começaram a surgir os sistemas de informações gerenciais com a finalidade de apoiar o processo decisório baseado em informações precisas e oportunas sobre as operações empresariais. Possivelmente, tais sistemas sejam uma tentativa de evolução da Contabilidade Gerencial, na medida em que conciliam os aspectos modernos do desenvolvimento tecnológico advindos da informática com as necessidades das empresas no mercado competitivo e global da atualidade.

Um exemplo desta evolução, como decorrência da incapacidade da Contabilidade tradicional em fornecer respostas para uma série de necessidades da atualidade, encontra-se em Drucker (1990, p. 98):

“... em decorrência dessa frustração surgiu o Computer-Aided

Manufacturing-Internacional, ou CAM-I, um esforço conjunto dos

fabrica ntes de equipamentos de automação, empresas multinacionais e contadores para desenvolver um novo sistema de contabilidade de custos. Iniciado em 1986, o CAM-I começa agora a influenciar a prática da produção. Mas já desencadeou uma revolução intelectual. O mais emocionante e inovador trabalho em administração encontra-se hoje na teoria contábil, com novos conceitos, novas abordagens, nova metodologia − o que pode ser chamado de nova filosofia econômica − rapidamente tomando forma. Embora exista muita controvérsia sobre pontos específicos, as linhas da nova contabilidade de custos estão ficando mais claras a cada dia. Tão logo o CAM-I foi posto em prática, tornou-se claro que o sistema de contabilidade tradicional não poderia ser corrigido. Tinha de ser trocado. Os custos de mão-de-obra são claramente uma unidade de medida errônea da produção. Mas, e nisso reside o novo enfoque, também o são todos os demais elementos da produção. A nova unidade de medida tem de ser o tempo. Os custos para determinado período de tempo têm de ser assumidos como fixos − não existem custos ‘variáveis’. Até os custos com material são mais fixos que variáveis, de vez que uma produção defeituosa usa tanto material quanto uma boa ...”.

Esta citação é um exemplo representativo da influência contemporânea do desenvolvimento tecnológico na gestão contábil. De fornecedora de informações, em alguns casos, a Contabilidade tradicional está passando para a categoria de usuária do sistema, na medida em que os sistemas informatizados de gestão já não dependem mais do “fechamento do exercício social” para obterem informações sobre a produção e o desempenho. E isto torna-se ainda mais presente a cada dia com a invasão dos “pacotes de gestão” desenvolvidos local ou internacionalmente, como receita para a solução dos problemas de controle e fornecimento de informações para o pr ocesso de tomada de decisão.

Para ilustrar a revolução atual no âmbito dos sistemas de informações, apresenta- se uma citação da Revista Info Exame (1998, p. 68):

“Revoluções costumam colocar tudo de cabeça para baixo. Mas a dos pacotes de gestão tenta fazer exatamente o contrário: botar tudo nos eixos, organizando do chão de fábrica à mesa do presidente ... Há três anos, ERP lembrava mais guerrilheiro argentino que uma sigla do mundo da informática. Mas isso mudou, e como mudou! Hoje essas três letras são tema central de enormes projetos de consultoria e de todo plano diretor que se preze de uma grande empresa. Abreviação de Enterprise Resource Planning, ou planejamento de recursos empresariais, a sigla representa também uma das mais significativas revoluções já assistidas pelos profissionais responsáveis por levar a informática para o dia-a-dia das corporações. Também conhecidos como pacotes de gestão empresarial ou sistemas integrados, esses programas são usados para automatizar e integrar diversas funções e processos dentro de uma organização, como controle de estoque, finanças, manufatura e recursos humanos ... os requerimentos atuais de negócios são muito mais complexos e exigem soluções mais sofisticadas e atualizadas com o mercado internacional. Vem daí parte do sucesso dos pacotes integrados de gestão”.

Percebe-se que, a cada dia, mais empresas aderem aos sistemas integrados de gestão como resposta aos seus problemas de controle e medida do desempenho da produção. Possivelmente, isto seja um reflexo da inconformidade dos tomadores de decisão com os sistemas tradicionais da Contabilidade enquanto fornecedores de informações para a competitividade exigida nos dias atuais.

Entretanto, convém ressaltar que tais sistemas, mesmo com a sua integração total, rapidez com que fornecem as informações e outras tantas vantagens sobre as sistemáticas tradicionais, ainda não contemplam as questões subjetivas do processo decisório, representadas pelos juízos de valor dos decisores.