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2 – A mulher e o dragão

No documento Apocalipse - Estudo versículo a versículo (páginas 84-87)

Versículo 1 – Viu-se um grande sinal no céu, a saber, uma mulher vestida do sol com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça,

um grande sinal – Um símbolo. A cena que João vê é um símbolo da realidade

que representa. Aqui vemos que o escritor diretamente mostra que a cena que se segue deve ser entendida simbolicamente, pois é isto que está na frase no original.

uma mulher – Um símbolo. Algumas das mais comuns interpretações que

consideramos incorretas são enxergar a Igreja aqui representada (o que entendemos não estar de acordo com o contexto, por exemplo, no fato de o texto afirmar que a mulher tem um filho, enquanto Jesus é que gerou a igreja e não o contrário) ou fazer associações entre o texto e o simbolismo pagão (típico da interpretação de cristãos liberais. Porém cristãos conservadores não consideram essas hipóteses, pois vão contra a inspiração da Bíblia como única Palavra de Deus). De acordo com o contexto compreendemos que esta mulher é melhor entendida como uma representação de Israel e do plano de Deus iniciado com a promessa de um herdeiro a mulher, Eva (Gn 3.15), passando pelas promessas a Abraão, a formação do povo de Israel, e concluindo com o cumprimento da promessa a Maria. Esta mulher representa assim o sistema de Deus no mundo, que leva a redenção do homem. Este sistema se origina após a queda, com a promessa a Eva, passa pelo povo de Israel, a vinda de Jesus, e terá cumprimento com o Reino Messiânico de Cristo.

vestida do sol – Uma expressão difícil, uma vez que o Sol é usado como um

símbolo de formas diferentes nas Escrituras. Primeiramente, vemos que uma função das vestes é oferecer proteção. Em segundo lugar vemos que em diversos textos o Sol e a Lua são colocados como testemunhas diante de Deus. É especialmente importante o texto de Jr 31.35-36: “Assim diz o SENHOR, que dá o sol para luz do dia, e as ordenanças da lua e das estrelas para luz da noite, que agita o mar, bramando as suas ondas; o SENHOR dos Exércitos é o seu nome. Se falharem estas ordenanças de diante de mim, diz o SENHOR, deixará também a descendência de Israel de ser uma nação diante de mim para sempre.” Como vemos, o Senhor coloca o Sol e a Lua como testemunhas de sua promessa para Israel. Assim, o Sol além de representar o esplendor pelo seu brilho, como em outras passagens bíblicas, representa também uma testemunha da parte de Deus para as promessas dEle para seu povo.

com a lua debaixo dos pés – Lhe dando suporte. A mulher , que representa o

plano de Deus através de seu povo, está protegida pelo Sol como vestes e em pé sobre a Lua para ter apoio. Tem o apoio total da parte de Deus, por que depende totalmente dEle. Isto mostra que o plano de Deus é tão certo, como a presença do Sol e da Lua nos céus o é.

e uma coroa de doze estrelas na cabeça – Doze estrelas nos lembram da visão

estrelas que são seus onze irmãos. As doze estrelas representam as doze tribos de Israel, que representam todo o povo de Israel, que participa do plano de Deus como seu povo escolhido.

Versículo 2 - E estava grávida, e com dores de parto, e gritava com ânsias de dar à luz.

Como podemos ver, é a mulher quem gerará o filho. Isso é um ponto a favor de se interpretar a mulher como Israel e não a Igreja, pois Cristo que é o filho aqui simbolizado, veio de Israel e não da Igreja.

Versículo 3 - E viu-se outro sinal no céu; e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças sete diademas.

E viu-se outro sinal no céu – Como a mulher representa o sistema divino que

leva a salvação, este novo sinal representará o sistema maligno que irá para a destruição.

e eis que era um grande dragão vermelho – A cor representa sangue e

destruição. O dragão é um personagem chave, e o texto explica que ele é “o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás” . Satanás é o grande opositor do povo de Deus, mas no final será vencido e jogado no poço de fogo.

que tinha sete cabeças e dez chifres – Uma figura diretamente ligada ao livro

de Daniel e que representa Reinos e governantes.

Anexo 6 – Bestas, cabeças e chifres...

João e Daniel têm visões semelhantes que são relatadas em seus livros. Daniel vê 4 bestas, sendo que uma tem 10 chifres (Dn 7.1-28). Já João vê duas bestas: uma com 7 chifres e 10 cabeças e outra com uma cabeça e dois chifres. A dificuldade em se interpretar esses dois textos é que apesar das semelhanças as visões não são idênticas, mas têm diferenças importantes.

Primeiramente, as visões de Daniel. Duas visões do livro de Daniel estão diretamente ligadas, pois tratam do mesmo tema: a visão de Nabucodonosor (Dn 2.31- 45) e a visão das quatro bestas de Daniel (Dn 7.1-28).

Na visão que tem, Nabucodonosor vê uma estátua com partes do corpo formadas por diferentes materiais. Esta visão de Nabucodonosor mostra da perspectiva humana os reinos do mundo. Eles são vistos como uma bela imagem constituída em algumas partes de materiais preciosos. Como Daniel interpreta, os símbolos essas partes da estátua representam reinos. Os reinos são:

• Cabeça de ouro – A Babilônia (Dn 2.38).

• Peitos e braços de prata: A Média-Pérsia (Dn 2.39). • Ventre e coxa de cobre: A Grécia ou Macedônia (Dn 2.39) • As pernas de ferro: O Império Romano.

• Os pés em parte de ferro e em parte de barro: Os reinos do final dos dias, junto ao Anticristo.

• Pedra cortada sem auxilio de mãos humanas: o Reino Milenial de Cristo.

Daniel tem também uma visão sobre quatro bestas. Esta visão é semelhante à de Nabucodonosor, mas é do ponto de vista divino, e os reinos aparecem como Bestas.

• Leão com asas de águia: A Babilônia. O fato de ter tido as asas arrancadas e ter sido colocado em pé como homem mostra a experiência que Nabucodonosor teve (Cap. 4).

• Urso: A Média-Pérsia. O fato de estar levantada por um dos lados, mostra que os persas tinham maior influência que os medos.

• Leopardo: A Grécia. As quatro cabeças e asas são representações dos quatro reis que sucederam a Alexandre, o Grande.

• Animal terrível: Os reinos do fim, junto ao Anticristo. Veremos isso na visão de João.

Tendo visto as visões de Daniel passemos para as visões de João em Apocalipse. A visão dos chifres será complementada no Capítulo 17. Ali João explica: “Aqui o sentido, que tem sabedoria. As sete cabeças são sete montes, sobre os quais a mulher está assentada. E são também sete reis; cinco já caíram, e um existe; outro ainda não é vindo; e, quando vier, convém que dure um pouco de tempo. E a besta que era e já não é, é ela também o oitavo, e é dos sete, e vai à perdição. E os dez chifres que viste são dez reis, que ainda não receberam o reino, mas receberão poder como reis por uma hora, juntamente com a besta. Estes têm um mesmo intento, e entregarão o seu poder e autoridade à besta.” (Ap 17.9-13).

Temos portanto que os sete chifres que João vê são 7 reinos. Estes reinos são aqueles que oprimiram o povo de Deus através da história e estiveram sobre a influência de Satanás. Temos que 5 já passaram. Há diferença de opiniões entre quais reinos seriam estes 5 que já passaram. Sendo que “o reino que é” tem de ser Roma, pois esta era a potência no tempo de João, então estes são 5 reinos anteriores ao Império Romano. Tomando a descrição da meretriz como representando todas as abominações da Terra, então uma possibilidade seria: Babel (Gn 10.8-12, o primeiro reino em rebeldia a Deus), Egito, Babilônia, Média-Pérsia e Grécia. Outra possibilidade é que ao invés de representar Babel o primeiro reino seja o Egito e, nesse caso, o segundo seria a Assíria.

Quanto aos dez chifres, como o capítulo 17 explica, estes são reis que receberão poder no fim dos tempos. Destes, três serão derrotados pelo Anticristo (Dn 7.8) e os demais estarão com este, que será ele mesmo o oitavo reino. Em seu tempo, Cristo voltará e derrotará o Reino de Satanás e estabelecerá seu Reino que durará eternamente.

e sobre as suas cabeças sete diademas – Mostrando que estes são reis, como já

vimos.

Versículo 4 - E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou- as sobre a terra; e o dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho.

E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu e lançou-as sobre a terra – Aqui vemos uma referência à queda de Satanás, trazendo consigo

outros anjos (Is 14.12, Ez 28.14-15).

e o dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho – Mostrando a inimizade entre Satanás e a semente

prometida da mulher. Tentativas de Satanás de frustrar os planos de Deus podem ser vistas na história por exemplo na tentativa de Faraó de matar todos recém-nascidos hebreus (Ex 1.16,22) e na tentativa de Hamã de destruir os judeus (Et 3.6). No nascimento de Jesus, novamente, Satanás, através de Herodes, tentou destruir todos recém-nascidos de Belém (Mt 2.16).A maior tentativa, porém, foi a morte de Jesus

crucificado. Porém todas tentativas foram frustradas, principalmente na triunfante ressurreição de Jesus.

Versículo 5 - E deu à luz um filho homem que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono.

Jesus. Ele virá novamente e submeterá todas as nações a sua vontade (Sl 2). Jesus, depois de ressurreto, foi arrebatado para Deus (At 1.9-11) e está em seu trono (3.21) aguardando quando voltará para estabelecer seu Reino e trono.

Versículo 6 - E a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias.

E a mulher fugiu para o deserto – Se a mulher representa Israel, a pergunta é

de que fuga de Israel fala este texto. Alguns intérpretes vêem aqui uma referência a fuga dos judeus depois da destruição de Jerusalém em 70DC. Porém a referência a 1260 dias mostra que temos aqui a Tribulação, mas especificamente a segunda metade desta, onde os judeus serão perseguidos.Este texto nos lembra do que Jesus falou em seu Sermão do Monte das Oliveiras: “Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, atenda; então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes; e quem estiver sobre o telhado não desça a tirar alguma coisa de sua casa; e quem estiver no campo não volte atrás a buscar as suas vestes.” (Mt 24.15-18). O Anticristo estabelecerá a abominação da desolação no Templo em Jerusalém e depois disto os judeus passarão a ser perseguidos.

onde já tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada –

Mostrando que Deus ajudará a seu povo Israel a sobreviver à perseguição de forma que muitos se converterão e entrarão no Reino Milenial de Cristo.

durante mil duzentos e sessenta dias – O fim da Grande Tribulação, cujo

objetivo é também cessar a transgressão, dar fim aos pecados e expiar a iniqüidade (Dn 9.24).

No documento Apocalipse - Estudo versículo a versículo (páginas 84-87)