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2 – Os anjos e os sete trovões

No documento Apocalipse - Estudo versículo a versículo (páginas 69-73)

Versículo 1 – Vi outro anjo forte descendo do céu, envolto em nuvem, com o arco- íris por cima da sua cabeça; o rosto era como o sol, e as pernas como colunas de fogo.

Vi outro anjo forte – Ou como preferem algumas traduções “outro anjo

poderoso”. Talvez o anjo de 5.2. Uma freqüente discussão entre os intérpretes de Apocalipse é sobre as similaridades entre este anjo e Deus. Temos as seguintes semelhanças entre estes:

• Aparecendo nas nuvens: assim como Ex 16.10, Sl 97.2, Mt 24.30. • Associado com o arco-íris: assim como Deus em 4.3.

• Rosto como o sol: comparar com 1.16 • Pés como fogo: assim como 1.15

• Segurando um livro: assim como Deus Pai em 5.8

• Comparado com a voz de um leão: assim como Jesus é o Leão de Judá (5.5) • Jurando por Deus: como Ele próprio faz (Dt 32.40, Hb 6.13)

Entretanto, todas essas semelhanças não fazem com que, necessariamente, aqui esteja em vista Cristo, como querem alguns intérpretes. Aqui temos um anjo, que é distinto de Deus, mas reflete algumas das características do próprio Deus. Essas semelhanças reforçam a autoridade e a origem divina da mensagem. Cristo está nos céus nesse período de julgamento, retirando os selos e não envolvido diretamente na ação. Além disso, todas as vezes que Cristo aparece, Ele recebe um título inequívoco, que deixa claro se tratar deste e não de um anjo apenas.

envolto em nuvem – Nuvens geralmente aparecem associadas com a presença

divina como mostrado nas comparações anteriores.

com o arco-íris por cima da sua cabeça – O único anjo que tem essa descrição.

Seguramente essa passagem contribuiu para as representações religiosas de anjos com halos sobre a cabeça. O arco-íris é um símbolo de Deus que este nunca mais destruiria a Terra por dilúvio (Gn 9.8-17). É um símbolo também da fidelidade de Deus às suas promessas; que estão sendo cumpridas pela sua ação em Apocalipse.

o rosto era como o sol – Um brilho radiante, associado a presença de Deus (Ex

34.29, Dn 10.6) e descrita no próprio Jesus, por João (1.16).

e as pernas como colunas de fogo – Como o Êxodo serve de cenário dessa

sessão central de Apocalipse, é provável que esta figura relembre as colunas de fogo que guiavam o povo no deserto e eram uma marca da presença dEste (Ex 13.21). A

descrição do anjo é condizente com sua mensagem de fidelidade de Deus às suas promessas; tendo o arco-íris da promessa e as colunas de fogo da segurança em Deus.

Versículo 2 – e tinha na mão um livrinho aberto. Pôs o pé direito sobre o mar e o esquerdo, sobre a terra,

e tinha na mão um livrinho aberto – A expressão traduzida por livrinho

diferencia este do livro de 5.8. Além disso, temos que este livro do capítulo 5 é para ser revelado, enquanto este é para ser comido; e este livro é seguro pela mão esquerda ao invés da direita, e está aberto, ao contrário do livro do capítulo 5. Esta passagem é similar a de Ez 3.1-3. Em ambas passagens é dito para que o profeta pegue e coma o livro. Em ambos casos o livro é doce ao paladar mas amargo ao estômago. É descrito como livrinho provavelmente porque não tem toda a extensão do que haverá de acontecer, como o livro que está com Deus, mas sim uma porção menor dos acontecimentos que o profeta trará a conhecimento dos homens. Alguns pensam que este livro trazia o conteúdo de 12.1-22.5, e que 12.1 começa uma nova divisão dentro do livro. Porém, como em Ezequiel, a mensagem aqui é de João recebendo poder para continuar profetizando. Esta palavra deve ser levada a muitos povos, nações, línguas e reis pelo povo de Deus.

Pôs o pé direito sobre o mar e o esquerdo, sobre a terra – Colocar os pés

sobre mostra autoridade (Dt 11.24). O fato de estar sobre o mar e a terra, mostra que este tem autoridade sobre todas as coisas, um poder global. Alguns intérpretes vêem aqui um simbolismo secundário. Sendo o lado esquerdo o lado simbólico do desfavor e o direito do favor (Mt 25.33), temos que o mar é colocado em posição de favor em relação a terra. Neste caso, se tivermos que o mar representa os gentios e a terra os judeus, a figura é que os judeus que receberam maior favor de Deus e revelação deste, terão precedência no juízo (Rm 2.9 e Lc 12.47-48).

Versículo 3 – e bradou em grande voz, como ruge um leão e, quando bradou, desferiram os sete trovões as suas próprias vozes.

e bradou em grande voz – Assim como Cristo tem uma voz poderosa (1.10) e

como o anjo de 5.2 e 7.2.

como ruge um leão – Uma forma de descrever o poder que tem a voz desse anjo

e da mensagem que ele traz. Ao contrário da voz de Cristo, que é como de trombeta (1.10) e de muitas águas (1.15), este anjo tem a voz como o rugido de um leão. A figura é da ferocidade associada aos julgamentos de Deus (p.ex. Jr 25.30).

desferiram os sete trovões as suas próprias vozes – É um mistério quem sejam esses identificados como “sete trovões”, assim como o é aquilo que eles dizem. Fica claro porém que o fato de serem sete traz o simbolismo de algo completo. Provavelmente essas vozes falam a respeito dos 7 julgamentos finais de Deus, pelo qual “cumprir-se-á o mistério de Deus”. Aquilo que dizem faz parte do mistério de Deus que só será revelado no momento certo.

Versículo 4 – Logo que falaram os sete trovões, eu ia escrever, mas ouvi uma voz do céu, dizendo: Guarda em segredo as coisas que os sete trovões falaram e não as escrevas.

mas ouvi uma voz do céu – Provavelmente a voz do próprio Deus, uma vez que

fala para que João pare de fazer aquilo que Deus lhe ordenara. Se não a voz dEle, vinda por ordem dEle.

Guarda em segredo as coisas que os sete trovões falaram e não as escrevas –

Embora o propósito de Deus em Apocalipse seja revelar (1.1), aqui João é ordenado para não escrever o que ouvira. É infrutífero tentar saber o que foi dito aqui, pois vemos que é algo que não podemos saber pois é esta a vontade de Deus (Dt 29.29).

Versículo 5 – Então, o anjo que vi em pé sobre o mar e sobre a terra levantou a mão direita para o céu

Um ato comum em juramentos (Gn 14.22, Ez 20.5).

Versículo 6 – e jurou por aquele que vive pelos séculos dos séculos, o mesmo que criou o céu, a terra, o mar e tudo que neles existe: Já não haverá demora

e jurou – Assim como o anjo em Dn 12.7. Em ambos os casos os anjos estão

falando sobre o tempo para o julgamento de Deus.

aquele que vive pelos séculos dos séculos, o mesmo que criou o céu, a terra, o mar e tudo que neles existe – Enfaticamente colocando Deus como o Criador, tendo

em vista que Este agora estará trazendo redenção sobre a criação impondo sua vontade em julgamento. Não existe nenhum juramento maior do que aquele pelo nome de Deus.

Já não haverá demora – Quando este tempo tiver chegado, o tempo do

julgamento de Deus, de revelação dos seus mistérios estará muito próximo. A vinda do Senhor para sua igreja é iminente e assim é que devemos esperá-la (Mt 24.42). O homem no entanto tem esperado pelo cumprimento de sua restauração desde Eva, que esperava o cumprimento da promessa em Caim. Quando Simeão pegou Jesus em seu colo ela pensava ver o cumprimento final do Reino de Deus, mas esta era a primeira vinda de Cristo. O NT mostra que os discípulos tinham como certo que Jesus voltaria novamente em seus dias, e esta era a idéia que transparece na forma como Paulo pregava em seus dias. No entanto, aquela geração assim como muitas outras passaram sem ver o cumprimento da história. Pode ser que o mesmo ocorra em nossos dias. Porém, “o Senhor não retarda suas promessas, como alguns a julgam demorada” (2 Pe 3.9). Porém como diz Habacuque: “a visão ainda está para cumprir-se no tempo determinado, mas se apressa para o fim e não falhará; se tardar espera-o, por que certamente virá e não tardará” (Hc 2.3). Não devemos pensar, como alguns, que as promessas da Segunda Vinda de Cristo são mero simbolismo.

Versículo 7 – mas, nos dias da voz do sétimo anjo, quando ele estiver para tocar a trombeta, cumpri-se-á, então o mistério de Deus, segundo ele anunciou aos seus servos, os profetas.

nos dias da voz do sétimo anjo – O tempo do soar da sétima trombeta, quando

as sete taças tiverem sido derramadas trazendo ao fim os julgamentos de Deus.

o mistério de Deus – Mistério é algo que ainda não tinha sido conhecido em

tempos anteriores. As outras ocorrências de mistério nesse no NT são em relação a: a fé (1 Tm 3.9), a igreja (Rm 16.25), o evangelho (Ef 6.19), judeus e gentios em um só corpo (Ef 3.3), a noiva (Ef 5.32), sete estrelas e sete igrejas (1.20), o ministério de Jesus (1Tm 3.16), as palavras de Jesus (Mt 13.11), a cegueira de Israel (Rm 11.25), o arrebatamento da igreja (1 Co 15.51), o desejo de Deus (Ef 1.9), a presença de Cristo

(Cl 1.26), a Divindade de Cristo (Cl 2.2 e 9), o homem de iniqüidades (2Ts 2.7), a Babilônia (17.5). O mistério de Deus aqui é a sua intervenção por sete julgamentos para destruir o reino de Satanás sobre a Terra.

segundo ele anunciou aos seus servos, os profetas – Um dos objetivos de

Apocalipse, como já dito antes, é mostrar o cumprimento das profecias de outras partes da Escritura. O mistério conforme dito aos profetas envolve diversas profecias, referentes por exemplo ao Dia do Senhor e ao estabelecimento do Reino do Messias. Embora na época em que os profetas tenham falado essas profecias estas talvez não fossem claras para estes, nesse período todo o mistério será revelado.

3 – João e o livrinho

Versículo 8 – A voz que ouvi, vinda do céu, estava de novo falando comigo e dizendo: Vai e toma o livro que se acha aberto na mão do anjo em pé sobre o mar e sobre a terra.

A mesma voz que ordenara para João não escrever as palavras dos setes trovões.

Versículo 9 – Fui, pois, ao anjo, dizendo-lhe que me desse o livrinho. Ele, então, me falou: Toma-o e devora-o; certamente, ele será amargo ao teu estômago, mas, na tua boca, doce como o mel.

Assim como Ezequiel. Quanto a ser amargo ao estômago e doce ao paladar, isto mostra que as palavras são de amargo julgamento e sofrimento, mas vindas de Deus até mesmo as palavras de desgraça são doces (Sl 19.10). A Palavra tem essa dualidade: para os salvos é a Palavra da Vida, mas para os ímpios a palavra da Morte.

Versículo 10 – Tomei o livrinho da mão do anjo e o devorei, e, na minha boca, era doce como mel; quando, porém, o comi, o meu estômago ficou amargo.

João cumpre o que lhe fora ordenado e verifica o que lhe já havia sido dito. As palavras eram doces por serem vindas de Deus, mas amargas por tratar de dias de escuridão como fala Amós (Am 5.18-20).

Versículo 11 – Então, me disseram: É necessário que ainda profetizes a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis.

me disseram – Algumas versões dos originais trazem o singular “me disse”. Em todos os casos ou a voz vinda do céu ou um conjunto de vozes angelicais fala com João.

É necessário que ainda profetizes – Vitorino (304DC), um dos primeiros

comentaristas de Apocalipse, entendia esse verso no sentido que João ainda seria solto de Patmos para estar levando a Palavra. Pode porém dizer respeito as palavras que João ainda escreveria em Apocalipse.

a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis – Um contexto global. Ao

contrário de Ezequiel que é dito para devorar um livro de profecias para a casa de Israel (Ez 3.4), João recebe uma mensagem para todas nações. Aqui podemos ver que ao contrário do que dizem preteristas, Apocalipse refere-se a todo o mundo e não a destruição de Jerusalém, em 70DC, que não teve uma importância tão grande mundialmente.

4 – Estudos de Apocalipse: Capítulo 11 – As duas

No documento Apocalipse - Estudo versículo a versículo (páginas 69-73)