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PRIMEIRA PARTE

7.4 A obrigatorie dade da educação

Nessa conotação, tornou-se ideal da coletividade preparar os seus membros a uma vida voltada à moralidade islâmica. As regiões tomadas pelos europeus moldaram-se, em parte, às éticas ocidentais e, para refrear o difícil problema, contaram com a força religiosa.

“Na primeira fase islâmica, a comunidade era inteiramente devotada à causa do Islã, e cada um dos seus membros estava preparado para morrer em prol de sua fé, dos ideais pelos quais agora vivia”(194).

Mas o número de muçulmanos não era tão grande como vemos hoje. Contudo,

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(192) Antônio Macedo Campos (nota 190), p. 51. (193) Idem, p. 53.

na segunda fase da monarquia, a educação dos convertidos se transformou num grande problema, em razão dos crescentes testemunhos de fé, impossibilitando que milharesfossem adequadamente orientados aos preceitos religiosos, e muitos não tiveram condições de estruturar suas vidas, provocando a mudança do califado em monarquia.

Sem dúvidas, a monarquia trouxe efeitos danosos, ficando os monarcas apenas encarregados da política, descentralizando o poder com os juristas, que passaram a ser guias religiosos e morais da população. Conflitos permitiram enfraquecer a comunidade que, apesar dos problemas, condicionava melhor a política social do que outras nações de sua época. Foi justamente nesta fase de deficiência da educação dos muçulmanos que os europeus estenderam suas bases. Obviamente, o colonialismo europeu não trouxe nenhum benefício aos árabes e a persistência de mantê-los longe dos ensinamentos proféticos continua ainda através da mídia, prejudicando a manutenção da identidade religiosa. No entanto, os muçulmanos delinearam a luta contra a ignorância que pretende transformá-los em autênticos fantoches e herdeiros de um passado remoto.

Mas, o que há de diferente na educação islâmica do momento? Como se comportam os muçulmanos da atualidade? Estas reflexões são significativas, porque os muçulmanos sabem a importância do seu papel perante a humanidade e a fidelidade à união islâmica. Em termos, aborda a educação islâmica a interligação religiosa compreendida na humanização do tratamento familiar. A conotação da educação islâmica atual é voltada à conscientização dos jovens à necessidade de religião em todos os procedimentos de vida. Isto está sendo possível, em virtude de a passagem do tempo não afetar a mensagem eterna do Islã. Esta imutabilidade é a causa do restabelecimento educacional, não se esgotando todos os meios para superar os males acarretados pela “mídia internacional”, que persiste em deteriorar os padrões de vida e a educação muçulmana.

No Recife (1 a 3 de fevereiro/2000), cinco países muçulmanos: Egito, Paquistão, Nigéria, Indonésia e Bangladesh participaram da Reunião Ministerial do Programa Educação para Todos (Education For All-EFA9), organizado pela UNESCO, reunindo ministros dos nove países mais populosos do mundo, com o fim de desenvolver o processo educacional e a ampliação de obras com esta finalidade. Para o diretor geral de Educação da UNESCO, Collin Palwer – “Alguns países superaram as nossas expectativas e avançaram nas metas propostas”(195). Os países de maioria muçulmana estão evoluindo no sentido da educação, particularmente, o Egito e a Indonésia. O objetivo não é destruir ou arruinar a sociedade européia ou ocidental, mas aniquilar o emprego do envenenamento contra a cultura islâmica, que obrigam os seus cidadãos a reativar a formação religiosa e técnica que outrora possuíam. De maneira que a Constituição da República Árabe Egípcia assegura, no artigo 12: “A sociedade está engajada a salvaguardar a moral e proteger as autênticas tradições egípcias, manter o nível elevado da educação religiosa, os valores morais e patrióticos, o patrimônio histórico do povo, as realidades científicas”(196).

A adversidade imposta é responsável por um acordo natural e unânime em desprezar as organizações educacionais moldadas em outros modelos que não a Shari’ah Al Islamia, por diluírem os ideais religiosos e abafarem a cultura regional, que deve ser restabelecida, preservada e transmitida às novas gerações.

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(195) Diário Oficial do Estado de Pernambuco: Ministros de nove países debatem formas de avanços pa- ra a educação. Recife: CEPE, ano LXXVII, número 23, quarta-feira, 2 de fevereiro de 2000, p. 1. (196) La Constitution de la République Arabe D’Egypte: Caire: 1980, p. 13.

A retomada da moralidade islâmica trouxe a representação de inúmeros grupos na luta contra os governantes, que se venderam às poderosas forças estrangeiras. Rompendo com as estruturas islâmicas, fecharam escolas religiosas, queimaram livros de ulemas e o aprendizado do idioma árabe passou a ser opcional. Um exemplo desse império maligno é a Turquia, que nega o caráter público da educação islâmica com uma série de violências contra seus concidadãos, proibindo, inclusive, a muçulmana de usar o véu. No dia onze de outubro de mil novecentos e noventa e oito, a população da Turquia, maioria de muçulmanos, protestou contra o governo por proibir às jovens de usarem o véu nas universidades.

O governo turco, com base militarista, endeusado pela mídia como modernista, e o mais ocidentalizado, segue as leis francesa e suíça. Entre muitas tiranias, tenta, há mais de dezesseis anos, através das forças armadas, banir a religião e a cultura islâmicas. O turco Ramazan Yamaz refugiou-se na França e quer voltar ao seu país, mas lá é impraticável se expressar islamicamente. Os jovens provocam manifestações contrárias ao radicalismo, resistindo às bases militares governamentais. As principais facções sofrem constantemente sérias conseqüências, necessitando de se reunificarem para assumir seus objetivos e pretensões.

Ramazan Yamaz esclarece que o governo turco: “Levou o povo a praticar a guerrilha armada, para que possa manter a religião dentro dele. As forças integrantes do governo causam terror no seio da fraca população, faz prisões, fechou as escolas islâmicas de segundo grau, proibiu o ensino do árabe nos estabelecimentos de ensino secundário e superior. Permite coisas ilícitas dentro do país. Apesar de todas as perseguições, os muçulmanos turcos estão ministrando, no meio doméstico, os ensinamentos básicos religiosos aos seus filhos”(197). O exemplo turco é de grande repercussão mundial contra os muçulmanos. Mas, não se explica o que há por trás das cortinas governamentais que caracterize a revolta popular. Enquanto outros mandatários não conseguem implantar a Shari’ah Al Islamia em suas nações, em virtude da forte pressão internacional, permitem a educação islamizada.

Em conseqüência desses transtornos, milhões de pessoas encontram-se num vácuo espiritual por não receberem, adequadamente, as informações religiosas e educacionais que fortifiquem suas convicções, valores morais e de crença. Enquanto os governantes mostram-se insensíveis à necessidade do povo, este criou o desafio de procurar pelos laços religiosos dos seus antecedentes e lutar para mantê-los. “Todavia, os tradicionais estão alarmados, e denunciam as liberdades que estão sendo tomadas com suas claríssimas idéias”(198).

A educação islâmica tem verdadeiramente cooperado para remontar a fidelidade ao Islã, que foi enfraquecida na monarquia e abolida no colonialismo, permitindo ao imperialismo europeu processar, como bem entendesse, a transformação do mundo muçulmano. Praticamente, o mundo árabe, hoje, com poucas exceções, conta com o estímulo governamental e a ajuda da iniciativa privada, na medida em que o Estado tem o dever e o direito de educar. Portanto, os muçulmanos, através da educação religiosa, procuram o resgate da exegese alcorânica, que garantirá a ordem jurídica e a preservação dos direitos do cidadão.

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(197) Ramazan Yamaz: Entrevista. Recife. 9.7. 2000.

Considerando a conscientização ao retorno das regras de conduta moral e social islâmica, a missão direta do Estado é promovê-las, melhorando as condições para conduzir, inicialmente em família, o saber e a afeição mais terna, mas tem o direito incontestável de fiscalizar a educação em tudo que diz respeito à moralidade, à segurança pública e à higiene. São nestes termos de exigência, do bem comum na sociedade islâmica, que se compreende a difusão da instrução elementar, deixando aos pais plena liberdade para enviarem seus filhos às escolas, subvencionando estas escolas em conformidade com a natureza do ensino islâmico.

Assim, os tratados de paz realizados entre 1919/1920, que transferiram às potências aliadas certos territórios do Estado Osmanita (Otomano), não como possessão, mas como simples administradoras, até que as populações muçulmanas chegassem a um grau de “civilização” suficiente para se auto-governar independentemente, não passou de uma grande investida dominadora, que não assegurou tais contribuições, nem mesmo a proteção da mulher e da criança, mas impôs mudanças de costumes, da lei vigente, do idioma etc. Na medida em que aumentou o poder do colonizador, apareceu a resistência contra a autoridade estrangeira que, rigorosamente, explorou também o trabalho humano.