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A possibilidade de se identificar e reconhecer com petências no contexto do BC, perm itirá ao sujeito uma m elhor preparação para os em pregos disponíveis, ou seja, para projectar um plano de acção, rum o à inserção.

Q uanto à operacionalização do BC, pode-se dividir o program a nas seguintes etapas, de acordo com Poulin, (2005):

1 - Os desem pregados podem com eçar por explorar as form ações form ais e inform ais, bem com o os seus conhecim entos adquiridos;

2 - Realizam a auto-avaiiação das com petências genéricas (Poulin, 2001);

3 - É feita um a exploração das experiências de trabalho, de solidariedade/voluntariado e tem pos livres;

A inda nesta óptica, e com o visto anteriormente, para facilitar o trabalho, ou seja os objectivos estabelecidos por cada participante, Boudrian (2000, in Poulin, 2005), sugere a utilização da CN P (Classificação Nacional das Profissões) para que desta forma, seja possível aprofundar o conhecimento sobre as profissões existentes;

4 - É igualm ente realizado um trabalho de inventário, através da análise, com cada participante acerca das suas com petências mais fortes, ou seja, as adquiridas e, as que tem de desenvolver;

5 - Identificam -se as com petências chave que fazem parte do seu reportório, com o sendo as com petências de destaque, onde, no fundo, se sente mais preparado;

6 - A partir do inventário sobre o conjunto de com petências identificadas (portfólio), poder-se-á procurar as ocupações possíveis e ajustáveis ao perfil pretendido de cada sujeito;

7 - Pretende-se igualm ente, analisar a distância entre as com petências exigidas para as várias ocupações escolhidas pelos participantes e o seu perfil de com petências;

8 - Por fim, tom a-se im portante conceber um plano de acção em função das suas características pessoais: escolaridade, mobilidade, horário, estatuto, tem po de formação.

No decorrer das fases anteriormente descritas, é possível por parte de cada sujeito, identificar quais são, efectivam ente, as com petências a adquirir, com intuito de

concretizarem o seu projecto de reinserção profissional. Por vezes, alguns

adultos/desem pregados decidem voltar à escola, ou fazer um curso de formação profissional.

N este contexto, perante o reconhecim ento das suas com petências, constroem o seu portfólio e desenvolvem um a procura activa de emprego.

N esta óptica, a orientação acaba por apresentar um a perspectiva muito individualista, acentuando a responsabilidade sobre as escolhas e obtenção de oportunidades para o próprio. V erifica-se aqui, uma vez mais, a lógica encontrada nos discursos e políticas de em prego e formação dos adultos (com directrizes em anadas pela União Europeia).

Q uanto às práticas e funções desenvolvidas pelos conselheiros de orientação profissional (CO P), pretende-se que o BC tenha algum peso no processo de conscientização e organização da vida do sujeito, sobretudo; num a óptica de construção dos seus saberes e da intervenção directa e activa sobre si próprio, bem como na com unidade local, onde se encontra inserido.

Efectivam ente, só existe um verdadeiro envolvimento no BC por parte dos seus participantes, se estes acreditarem na sua capacidade de realização, m otivo pelo qual, o acom panham ento do COP é de extrema importância. De acrescentar, segundo Levy- Leboyer (1993), as com petências reconhecidas potenciam um sentim ento de segurança, propício à m obilização (surgem assim as atitudes mais pró-aciivas).

A “construção” do BC pelo participante pode ser considerada com o um factor potenciador da m otivação (esta m otivação perm ite canalizar todas as suas energias para um objectivo que responderá às necessidades de cada um), para a reinserção no mercado de trabalho, Saliente-se a im portância deste facto, dado que a presente pesquisa apresenta como público-alvo, sujeitos em situação de Desem prego de Longa Duração (D LD ) que por vezes, já não possuem , nem sentem motivação suficiente para encetarem novos com prom issos, como por exem plo, a possibilidade d e recorrerem às ofertas disponíveis de em prego, de formação, existentes no centro de em prego e na com unidade em geral. Por conseguinte, o acom panham ento do COP perm ite aju dar o sujeito no “ arquitectar” um a representação real das suas com petências, levando tam bém ao reconhecim ento dos seus m om entos de sucesso anteriores (potência a construção do sentido).

Inspirado nos contributos de Rogers (1971), Levy-Leboyer (1993) define a aplicação das actividades do BC por quatro categorias:

2 - Não valorizar os aspectos incoerentes à partida. Cada reflexão tem u m a inform ação suplem entar que deve ser analisada pelo próprio, levando à reorganização da sua percepção, (analisado no capítulo II);

3 - Cada com petência trabalhada e identificada pode levar à sobrevalorização ou subvalorização de outras com petências no seu conjunto;

4 — R ealizar um conjunto de actividades confinadas ao reconhecim ento do seu projecto, atribuindo-lhe assim o seu devido valor, perm itindo uma maior intervenção do sujeito.

5. O B alanço de C om petências pessoais e profissionais no co n tex to da

orientação profissional desenvolvido no IEFP

O Instituto do Em prego e Formação Profissional (IEFP) sendo um órgão público, executa as medidas e program as do governo no que concerne aos problem as do desem prego, bem com o, na melhoria da qualificação profissional da população portuguesa e no acom panham ento aos desem pregados através das práticas d e orientação profissional. É neste contexto que surge a utilização do BC, dado que a orientação profissional é desenvolvida nas estruturas dos Centros de Em prego (C E), a nível nacional, pelos conselheiros de orientação profissional (COP).

As práticas da orientação profissional surgem de acordo com a R ecom endação n° 87 da O rganização Internacional do Trabalho (OIT) em 1975, sendo assim , designada com o “ a ajuda que se dá ao indivíduo com vista a resolver os problem as relativos à escolha de uma profissão ou carreira profissional, tendo em conta as características do interessado e a relação entre elas e a possibilidade do mercado de trabalho” .

É, e sem pre tem sido da responsabilidade do COP, acom panhar os desem pregados no âm bito da orientação profissional, considerando sem pre as características dos candidatos. Sob o desígnio do PNE, estabelece-se, sim ultaneam ente, um acordo, através da definição de um plano pessoal de em prego, desde o ano de 199 8 27, na sequência de um acom panham ento individual ou colectivo no centro de em prego (CE). Este acom panham ento desenvolve-se em três fases: orientação de prim eiro, segundo e terceiro nível.

Em qualquer das m odalidades (individual ou colectiva) a orientação é caracterizada de prim eiro nível integrando dois momentos:

O prim eiro, considerado por pré-diagnóstico cujo objectivo é auxiliar os candidatos no sentido de reflectirem um pouco sobre o seu projecto pessoa! e profissional. A ssim , o COP que acom panha o grupo poderá (ou na entrevista individual) identificar o perfil e necessidades do adulto, a fim de elaborar, num segundo m om ento o plano pessoal de em prego (PPE). Este é no fundo, um itinerário sócio-profissional, com posto pelas etapas conducentes à reinserção do candidato no m ercado de trabalho.

A intervenção de segundo nível, por seu lado, é definida quando os candidatos exigem um processo de orientação profissional m ais aprofundado. A s estratégias, a definir para cada caso, serão sempre em função da situação pessoal, fam iliar económ ica e social dos m esm os.

Pode surgir então, neste momento, o desenvolvim ento e aplicação dos instrum entos inerentes ao processo de Balanço de C om petências Pessoais e Profissionais (BC), ou eventualm ente, a integração numa acção de form ação profissional.

As práticas da orientação profissional nos CE introduzem , assim , uma dim ensão de acom panham ento a nível grupai, com a possibilidade de participação num Balanço de C om petências Pessoais e Profissionais.

No que concerne ao processo propriam ente dito, do Balanço de C om petências, propõe-se que seja efectivam ente, um percurso de reflexão pessoal com vista à identificação e valorizar das experiências e conhecim entos adquiridos, identificando, sim ultaneam ente, os défices pessoais e profissionais, bem como as potencialidades de cada um. N este contexto e de acordo com Super (1957), a abordagem ju n to do grupo alvo será centrada na pessoa, considerando a pessoa no seu global, tal com o defende Rogers (1985).

O program a aplicado nos Centros de Em prego decorre, pois, segundo dois

aspectos, visando em prim eiro lugar, a construção do projecto individual,

consubstanciado pelas várias etapas definidas pelo sujeito, de acordo com as suas necessidades e os interesses.

Num segundo plano e concom itantem ente, estabelece uma valorização das dinâm icas colectivas de aprendizagem, prom ovendo assim, o auto-conhecim ento.

Com efeito, o programa BC encontra-se estruturado por seis m ódulos (utilizados neste estudo em pírico), cujos dispositivos e estratégias de intervenção estão organizados

em prol da auto-avaliação pessoa! e profissional. Desta forma, identificam -se os seguintes módulos:

■ Identificação Pessoal e Colectiva.

N este parâm etro centra-se sobretudo as questões inerentes ao trabalho de grupo, de form a a desenvolverem as suas capacidades relacionais e com unicacionais. É o início formal, do balanço pessoal e profissional, onde o grupo desenvolve os seus laços afectivos. Estes foram potenciados ao longo do processo por sentim entos de confiança e segurança.

■ Identificação Pessoal e Profissional.

Inicia-se com a exploração do percurso pessoal e profissional de cada participante, caracterizado por m om entos de reflexão sobre si próprio, através da apropriação das suas narrativas. Emergem assim as potencialidades do sujeito.

■ Contexto Profissional.

Perm ite aos participantes identificarem as condições dc trabalho de acordo com as suas preferências. A partir daqui poderão optar pela escolha de dctenninadas actividades profissionais. Focaliza, também, a sua atenção para a utilização das redes de relações de contactos.

■ Inserção profissional.

Permite a identificação dos "obstáculos” que de alguma forma im pedem a inserção profissional. N este contexto, os participantes identificam os seus recursos e

dificuldades.

■ Projecção no futuro.

São afloradas as questões tais como as m udanças e avanços tecnológicos que^ levam às alterações na organização do trabalho. D esenvolvem -se neste contexto, actividades de sensibilização à auto-aprendizagem e desenvolvim ento de atitudes pró-

activas.

■ O projecto profissional.

É um m ódulo de consolidação das aprendizagens ocorridas ao longo do processo, fazendo-se um levantam ento das mesmas, com intuito de se construir um projecto pessoal e profissional.

No fundo, os instrum entos utilizados visam proporcionar ao sujeito conhecer-se e reconhecer-se, de forma a gerir os seus saberes adquiridos pessoais e profissionais, conform e preconizado por Jordão (1995).

BC:

- Identificar as com petências e saberes adquiridos, atitudes e capacidades para m obilizar a rede de relações para facilitar a reinserção profissional;

- R econhecer e identificar o potencial individual;

- V alorizar as experiências vividas (profissionais, extra-profissionais e form ativas); - Proporcionar um a reflexão prospectiva acerca das futuras actividades profissionais, - Estabelecer um plano de acção para a construção de um projecto sócio-profissional, - Favorecer o desenvolvim ento pessoal e profissional de cada candidato.

Contributos do Balanço de Competências na compreensão do desenvolvimento