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E volução do conceito de orientação profissional: da “orientação profissional” ao desenvolvim ento da carreira”

Uma nova configuração da vida adulta aliada ao desenvolvimento da carreira

2. E volução do conceito de orientação profissional: da “orientação profissional” ao desenvolvim ento da carreira”

(

N este ponto colocar-se-á a tónica sobre as mudanças dos conceitos inerentes às práticas da orientação, pelo que se atribui um relevo especial às trajectórias de vida, definidas pelo sujeito e os seus reajustam antos no contexto de m udanças constantes,

quer do ponto de vista profissional, sociocultural, histórico, fam iliar, político e económ ico, tal com o já referido no ponto anterior.

O conceito da orientação profissional tem evoluído e acom panhado os avanços tecnológicos desde o início do século XX até à actualidade. A ssim , será abordado de form a sintética e sob um prism a cronológico-tem poral, de acordo com a perspectiva de H elena Rebelo Pinto (1997), as m udanças verificadas neste conceito, salientando-se as expressões e conceitos utilizados, que traduzem as práticas da orientação profissional ao longo dos tempos.

N um a prim eira instância, e de acordo com Parsons, (considerado o «o pai da orientação»), no início do século passado, a orientação profissional consistia em três

passos:

Primeiro, um a clara com preensão de si próprio, aptidões, capacidades, recursos, lim itações ( ...) e outras qualidades.

Segundo, um conhecim ento do mundo: exigências e condições, vantagens e desvantagens, oportunidades ( ...).

Terceiro, um a com binação das relações entre estes dois grupos de factos

(Parsons, 1909).

Com ascendência na teoria Rogeriana, define-se a orientação profissional com o uma escolha profissional, entendida como um processo em desenvolvim ento (não é uma única decisão, m as um a série de decisões feitas ao longo do tem po (G inzberg, 1951).

Cari Rogers, em 1951 foi um dos principais percursores nas práticas da orientação profissional. Para ajudar o consulente na sua inserção ou reinserção profissional (social), o conselheiro adoptava uma atitude de em patia e de com preensão, através do diálogo sem i-directivo, para perm itir um a reestruturação cognitiva e da personalidade do sujeito. O enfoque situa-se na em patia dirigida ao consulente e na m otivação do m esm o em apreender, para fazer melhor.

Um pouco m ais tarde, com Super (1957), a definição sobre a orientação é vista como o processo de ajudar uma pessoa a desenvolver e a aceitar um a descrição integrada e adequada de si própria, bem como, o seu papel no m undo do trabalho.

A integração do sujeito no mundo laborai im plicará, neste sentido, uma satisfação para a pessoa e benefício para a sociedade, pois a orientação profissional

centrava-se essencialm ente nas características do sujeito, nom eadam ente, as suas aptidões e interesses, sob o prism a do hom em certo para o lugar certo. A inserção no mercado de trabalho era desenvolvida através deste ajustam ento (porque existiam vagas para em prego).

V erificavam -se, nesta época, definições em que a orientação vocacional seria encarada com o o estudo do com portam ento e do desenvolvim ento vocacionais (Crites,

1969).

N a m esm a óptica, S uper (1970), defende, igualmente, a orientação vocacional com o um a form a de acom panham ento aos indivíduos durante o m om ento da realização das suas escolhas e ajustam entos vocacionais, na procura do desenvolvim ento pessoal e da auto-realização na sociedade. De acordo com este autor, o desenvolvim ento vocacional decorre por fases ou períodos, denom inando-os p or “estádios” . Estes, por sua vez, dependem do grau de m aturidade vocacional do indivíduo, ou seja, a m aior ou menor, capacidade de responder às tarefas em função do estádio em que se encontra e assenta na dim ensão da singularidade pessoal. E, igualmente, postulado po r Super que o desenvolvim ento vocacional e a carreira são processos contínuos, orientados ao longo da vida em função dos valores e objectivos do indivíduo, sujeito a ajustam entos determ inados pelo próprio. D este m odo, o sujeito não é visto com o um todo, m as com o a som a de diversas dim ensões e esferas. N este contexto, o modelo de desenvolvim ento vocacional de Super (1953) divide-se em cinco estádios:

- Fase de crescim ento, no início da adolescência, através de com portam entos de imitação.

- Fase de exploração, que rem ete para o conhecim ento de si próprio. E também conhecido pela fase de experim entação.

- Fase de estabelecim ento, em que os indivíduos procuram a sua estabilidade emocional e profissional investindo na sua própria prom oção.

- M anutenção, situando-se até à idade dos cinquenta anos, aproxim adam ente. Não existe m uito o interesse em mudar, é um a fase de acom odação face ao que j á foi conquistado. - Estagnação, ou seja, a fase de declínio que em erge com o m om ento da reforma. É o m om ento para abdicar do trabalho por conta de outrem, m as onde poderão ainda persistir, projectos ao nível do lazer ou no acom panham ento à fam ília, nom eadam ente, aos netos.

Tam bém , a UNESCO, em 1970, introduz uma definição sobre a orientação profissional, atribuindo a seguinte designação: «a orientação consiste em tom ar o

indivíduo capaz de tom ar consciência das suas características pessoais e de as desenvolver com vista à escolha dos seus estudos e das suas actividades profissionais em todas as conjunturas da sua existência, com a preocupação de servir a sociedade e de desenvolver a sua responsabilidade» (Danvers, 1992).

A orientação vocacional é, assim, um processo com preensivo e interdisciplinar da avaliação de um indivíduo, do ponto de vista das capacidades físicas, m entais e em ocionais, lim itações e tolerância, com vista a identificar um a alternativa optim izada

para essa pessoa. —

N ancy Schlossberg (1984, in Guichard, 2005) defende sobretudo, o m om ento

das rupturas, as descontinuidades e os acontecim entos inesperados com o form a de 5 -i* desenvolvim ento. Pelo contrário, D onald Super defende a orientação profissional na

continuidade no desenvolvim ento do sujeito.

O s pressupostos defendidos pela autora, sustentam -se nas investigações preconizadas por Richard Lazarus e Suzan Folkman (1984, in A naut, 2005), ou seja, considera e realça as diferentes form as que cada sujeito reage face a determ inados tipos de situações.

N os anos noventa, por seu lado, surge a expressão “A conselham ento de Carreira” , com o “um processo integrado destinado a ajudar os indivíduos com problem as de desenvolvim ento ao nível da carreira, é o processo de escolha, ingresso, ajustam ento e avanço na profissão, sendo por isso, tam bém um processo que interage de forma dinâm ica com outros papéis na vida.

Segundo Brown & Brooks, (1991), os problem as de carreira incluem (m as não estão lim itados), a decisão e indecisão na carreira, o desem penho no trabalho, o “stress” e ajustam ento, a incongruência da pessoa e do am biente de trabalho e a integração inadequada ou insatisfatória dos papéis na vida.

Krum boltz (1993) vai m ais longe. Segundo a opinião de Pinto, R. (1997) preconiza que o aconselham ento de carreira e o aconselham ento pessoal estão inextrincavelm ente relacionados e que porventura os problem as de carreira têm forte com ponente em ocional ( ...) . N esta perspectiva, é quase im possível separar ou categorizar um problem a com o sendo de carreira ou pessoal.

Em suma, pela perspectiva apresentada anteriorm ente, o m étodo científico desenvolvido pelas, práticas da orientação profissional tem acom panhado as evoluções das abordagens da Psicologia.

Relativam ente às questões inerentes aos problem as em relação à idade, nom eadam ente, a partir dos anos cinquenta, em ergem as problem áticas cognitivas e sociais do desenvolvim ento da orientação ao longo da vida (G uichard, 2002), colocando-se, nestes casos, a ênfase na noção das trajectórias e das transições ao longo e das de vida. D e salientar, que am bas com eçam a ser consideradas com o m uito dependentes dos contextos (factores extrínsecos) e dos acontecim entos circunscritos aos sujeitos.