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Consubstanciado às etapas de vida encontra-se a noção de A dulto (B outinet, 1998). Este tem sido considerado ao longo dos tem pos (1945-1960) com o um a entidade estável, em bora colocada em dúvida por alguns, com o é o caso de G oethe, no seu “D outor Fausto” , im aginando o adulto em tom o das tentações da m eia-idade. D a m esm a forma, P. Claudel (um poeta e dram aturgo) caracteriza a meia-idade, referindo-se à m esm a, como o tem po das grandes interrogações. Segundo ele, existiria um a linha divisória entre a juv en tu de e o adulto com pleto. A ssim , até aos anos sessenta a noção de adulto é celebrada e entendida como um tem po de maturação concluída. E com Lapassade, que esta noção se altera, no início dos anos sessenta. O adulto é entendido de forma m ais dinâm ica. Com todas as m udanças sociológicas, produtivas, a em ergências da cibernética e novas form as de escolarização, abrem -se novas perspectivas com a descoberta de várias possibilidades, quase ilim itadas ligadas à acção do homem.

As práticas desenvolvidas no âmbito da orientação profissional, por seu lado, colocam o seu enfoque, sobretudo, no desenvolvim ento vocacional do adulto. As atenções deslocam -se agora para uma nova perspectiva do Homem adulto que se tem de m ovim entar e adaptar nas rápidas alterações tecnológicas. N ão se pode pensar, deste modo, a form ação num a lógica dom inante assente nas necessidades, m as antes, num a formação ancorada em recursos adquiridos, “conferindo a im portância decisiva aos saberes adquiridos por via experiencial” (Canário, 1999, p . l l l ) . N este contexto, o sujeito poderá reelaborar e integrar as suas experiências, atribuindo-lhe um sentido, que poderá ser transferido para outro contexto da vida, construindo assim a sua própria realidade.

S er adulto: um a história carregada de um a singularidade.

As questões inerentes à vida adulta foram pouco estudadas até aos anos setenta. A bordar-se-á a tem ática relacionada com o conceito de adulto, num a lógica educativa e form adora, segundo a perspectiva de Boutinet (1987). O autor defende o adulto como um estado (por ter term inado o seu crescim ento).

Com os contributos de Rogers (1961) e Lebert (1981, in C ouceiro, 2000), a pessoa é concebida e encarada com o um sistem a hiper com plexo e aberto, em auto- organizaçao e (re) construção perm anente. A ssum e-se a pessoa com o um ser único, num a form a inacabada, em constante interacção consigo próprio, com os outros e com o m eio, enriquecendo-se e com plexificando-se, de form a consciente ou não. E o modelo do H om em como um a entidade biológica, psicológica, cultural, histórica, social, ecológica, concebido à luz de um paradigm a sistémico.

Para M ichel M affesoli (1981, in Couceiro, 2000) a vida adulta é algo instável, circunscrito entre m aturidade e im aturidade. Representa um m odelo do tipo: m aturidade, m aturação e im aturidade, onde o caos se pode instalar.

A ssiste-se a um a m utação social e cultural do estatuto de adulto. Fazendo uma pequena retrospectiva, pode-se perceber como tem sido abordado o conceito de adulto (pouco utilizado no século passado). Passa-se de um a lógica unitária para um a lógica plural. Em m enos de meio século, passa-se por três representações na vida adulta: nos anos 50-60, com a noção do adulto padrão, associado à ideia de m aturidade: Dos anos 65-80, o adulto e as suas potencialidades. D epois da década de 1980 e, nas últimas décadas, o adulto com problem as caracterizado por um sentim ento de im aturidade.

Segundo Erickson (1982), os desafios da vida adulta na sociedade de hoje, são caracterizados pelo envelhecim ento e pelo tabu da idade e, igualm ente, pela noção do adulto em sofrim ento de identidade, por dificuldade de reconhecim ento (D ubar, 1991, in Canário, 2003). O sujeito é confrontado sim ultaneam ente com as pressões, sem que tenha a possibilidade de escolha. De acordo com Boutinet (1998) o adulto não tem grande controlo sobre si próprio. E mal reconhecido, apresenta lim ites sobre si próprio, sujeito à prova da idade, (encontrando-se em metam orfose cognitiva), procurando prolongar as suas aprendizagens anteriores e é colocado cada vez m ais, perante a obrigação de ter de decidir.

Segundo os estudos realizados por Dannielle R iverin-Sim ard (1984), o adulto vive em “estados de quase perm anentes interrogação” . Estes períodos de interrogação situam -se na vida activa do adulto, quando por exem plo está a trabalhar. Existem interrogações ao longo das várias etapas da vida. Estes dados contradizem as perspectivas de um a vida profissional muito linear das trajectórias de vida no adulto, tal com o defendido por Lenvison, (1978, in Carré e Caspar, 1999)16

C onsiderando o contexto actual com um a econom ia m undial e com as transform ações técnico-organizativas ao nível das relações laborais, é im perioso conhecer as resistências e os recursos para a gestão das m udanças no contexto de trabalho conform e já referido. N esta óptica, Josso (2002), aborda a questão do “ form ar- se”, tendo com o pressuposto a possibilidade de encontrar m odalidades para reflectir e encontrar novos instrum entos para que o adulto possa gerir a sua vida. Por vezes, não é fácil para o adulto encontrar soluções para as situações inerentes às m udanças no seu dia a dia. Na actualidade, os saberes-fazer vão sendo alterados, por vezes de um a form a abrupta. A (re) organização do m ercado de trabalho im plica a em ergência de novas regras. Estas definem novos planos de educação e formação ao longo da vida do sujeito. O acom panham ento nestes processos de mudança, não pode ser descurado. É fundamental valorizar e com preender os sujeitos neste contexto de alterações constantes, a fim de proporcionar um espaço e tem po de reflexão, cada vez m ais caracterizado por um a individualização do processo educativo. Os processos form ativos tem que ser definidos e concebidos para responder às necessidades de uma sociedade, que ela m esm a, não sabe para onde vai. Deste m odo, “o adulto deve gerir de form a concertada a sua lógica pesso al'e a'dim ensão social de seu em penham ento: form ar-se e transform ar-se enquanto pessoa, formar-se e transform ar-se enquanto profissional e/ou enquanto actor social-cultural” (Josso, 2002, p. 183).