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O conceito de transições na situação de desemprego e a função dos recursos pessoais

Um dos pressupostos que norteou o trabalho de investigação foi a possibilidade de se transform ar as vivências do desem prego para uma situação de novas oportunidades, incidindo sobretudo nas questões circunscritas ao dom ínio da educação e form ação de adultos bem com o, nas suas trajectórias de vida. Contudo, a existência de recursos pessoais leva a que o sujeito consiga reagir favoravelm ente, ou não, perante os

m om entos de crise. Entende-se aqui o conceito de crise, como um a transição (Caspar, 2001 e G uichard, 2005), vivenciada pelo período de desemprego.

Deste m odo, refere-se tam bém a im portância dos recursos utilizados pelos sujeitos no m om ento da transição.

A lguns autores como Cascino, N. & Blanc, A. (1993), citado por Jordão A., (1995) consideram a situação de desem prego com o um a experiência negativa. Referem, neste contexto, que o desem prego produz efeitos graves, sobretudo, ao nível cognitivo (não esquecendo a dim ensão económ ica e social, obviam ente). Este panoram a valoriza a ideia de que o trabalho tem a função central na socialização e que a sua ausência provoca nos sujeitos situações catastróficas de privação. Contudo, é de referir que as reacções dos sujeitos à perda de em prego não são lineares, nem hom ogéneas. Estes processos não são desenvolvidos de igual forma por todos. Para alguns, pode ser fácil e rápido, para outros, pode levar anos. Vários estudos têm colocado em evidência o desem prego, com o a existência de um “ciclo de transição” (Parkes, 1971, in Guichard, 2005).

M urray Parkes, (1971, op cit), introduz, assim, a noção de transição psicossocial, sendo considerada por G uichard, em 2005 (p. 14) com o o m om ento das “m udanças essenciais no espaço de vida (life space) ocorridas num período de tem po relativam ente curto, m as que produzem efeitos duráveis e afectam de form a determ inante a representação do m undo” . Segundo Parkes (op. cit), estas m udanças conduzem o indivíduo a reestruturar a sua visão do mundo.

O conceito de transição, de acordo com C aspar (2001), é considerado pelo autor com o um período de experiência intermédio entre duas etapas, entroncado por um m om ento de crise que visa gerir um a experiência de descontinuidade num trajecto. E neste sentido, que se pode fazer uma analogia ao m om ento de desem prego, considerando-o com o um m om ento de crise (um m om ento de aprendizagem ), vivido pelos participantes do BC.

Todavia, o efeito da situação de desem prego no adulto, poder-se-á assum ir neste contexto, com o a perda do em prego em que o sujeito se priva de um local de trabalho, de produção, da com panhia dos colegas e de uma fonte de rendim ento. Esta perda acaba por gerar, m udanças incalculáveis no espaço de vida de cada um , afectando, sim ultaneam ente, as relações familiares e sociais. O mesm o se pode dizer em relação às suas suposições sobre o mundo, pois as expectativas vão mudar em relação à forma de como vão passar o seu dia a dia. Quanto às crenças das suas capacidades para trabalhar

eficazm ente, estas tam bém se alteram , pelo que os sujeitos deixam de acreditar nas suas potencialidades. A ssim , de form a progressiva, os sujeitos com eçam -se a distanciar do seu passado, deparando-se com o seu novo papel (desem pregado), fazendo um balanço entre estas duas fases da vida, sobre o “antes” e o “agora” . Interrogam -se, porventura, sobre qual será o cam inho a seguir. E neste m om ento, que o BC pode ter um grande im pacto ju nto do adulto.

O processo de transição pode ser longo e varia m uito de sujeito para sujeito, pois as reacções são diferentes. D esta forma, as transições são consideradas ao longo das três fases da vida do adulto, nom eadam ente pela entrada, o decurso e a saída. Estas fases são caracterizadas pela passagem de um estado de preocupações relativo à transição propriam ente dita, até à integração no curso (trajectória) de vida. Fazendo referência a Parkes (1971, p. 103, in G uichard, 2005, p. 14), poder-se-á analisar o m ovim ento das fases acim a descritas, com o um a rem odelação a partir das “suposições do indivíduo sobre o m undo” (assum ptive world) e o “espaço de vida”{life spacé).

De salientar que o conceito de “Transição” tom ou-se, assim , um conceito fundamental na psicologia da orientação, de acordo com a perspectiva de Jean G uichard, (2005, p. 15), citando Schlossberg (1984), afirm a que “ um a transição é um acontecim ento que pela sua presença ou ausência, afecta de m aneira notável o quotidiano do sujeito (nas suas relações, rotinas, nas suas crenças e papeis) ”. Tal como já anteriorm ente exposto, ao longo do capítulo dois do quadro teórico de referência deste trabalho de investigação, as situações que ocorrem por vezes na vida do adulto, não estão relacionados apenas com a idade cronológica, mas pelos acontecim entos que m arcam a vida dos sujeitos.

N ancy Schlossberg (1984, in Guichard, 2005) defende, sobretudo, o m om ento das rupturas, as descontinuidades e os acontecim entos inesperados. Os pressupostos defendidos pela autora, sustentam -se nas investigações preconizadas por Richard Lazarus e Suzan Folkman (1984), ou seja, considera assim, as diferentes form as como cada sujeito reage a determ inados tipos de situações. D efine-os com o “qualquer acontecim ento que produza m udanças nas relações, nas ocupações diárias, nas crenças e nos papéis. Uma transição existe sempre que algo afecte o sujeito, quer pelo negativo, ou pela positiva. Converge com esta perspectiva Isabel Sá C haves (2002), afirm ando que o com portam ento em ocional é um contributo para o bom ajustam ento pessoal e social do sujeito. Na linha do pensam ento da PNL - Program ação N eurolinguística

(B andler e Grinder, in V alles, 1997), conform e referido no capítulo dois, aprender não se conjuga apenas com factores de ordem intelectual ou física, m as tam bém pela presença de estados em ocionais. N esta óptica, pretende-se encontrar e identificar recursos pessoais ou internos ao próprio sujeito para ultrapassar de form a m ais ajustada a situação em que se encontra. Poder-se-á, assim, conduzir um m odelo de aconselham ento, segundo o m odelo Rogeriano (1951), centrado na pessoa.