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A TEORIA DOS SISTEMAS

No documento 2489.pdf (páginas 96-101)

A origem da Teoria Geral dos Sistemas remete ao século XX, mais precisamente ao ano de 1940, quando o biólogo alemão Ludwig Von Bertalanffy conduziu estudos, conforme Silva (2008), a respeito do metabolismo, estados estáveis, crescimento e sistemas abertos, por meio de conceitos encontrados na química-física, cine- mática e termodinâmica. Seu objetivo era justamente olhar os problemas por uma perspectiva holística, ou seja, sob um ponto de vista mais amplo, de modo a englobar todos os aspectos que pudessem estar contribuindo com o desenvol- vimento do problema em questão, ou seja, tratar o problema como um sistema. Alguns pesquisadores perceberam que era possível aproveitar a teoria dos sis- temas para responder alguns problemas que apareciam na organização, assim, Silva (2008) nos coloca que a abordagem para as organizações cresce em parte pelos trabalhos dos biólogos, mas foram E. J. Miller e A. K. Rice que correlacionam as

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organizações industriais e comerciais ao organismo biológico. Ferreira et al. (2002) complementam Silva apontando os pesquisadores Johnson, Kast e Rosenzweig como os primeiros a defender que a integração da Teoria dos Sistemas à Teoria Administrativa levaria a um aprimoramento da administração.

A Teoria Geral dos Sistemas – TGS –, que deriva do pensamento sistêmico, deixa perceptível a importância deste para a psicologia, a sociologia, a econo- mia e muitas outras ciências. No entanto, sua denominação quando aplicada às organizações é Teoria dos Sistemas. Silva (2008) lembra que, na época do sur- gimento da TGS, logo após a Segunda Guerra Mundial, o mundo apresentava uma visão atomística, ou seja, para entender um problema bastava dividi-lo em partes distintas e analisar seus conteúdos separadamente. O mesmo autor com- plementa que os teóricos de sistemas buscavam explicar a organização como um todo, ou seja, apesar das diversas partes possíveis de serem divisíveis, era neces- sário entendê-las em conformidade com o todo. Desta forma, Maximiano (2009) define sistemas como um todo complexo ou organizado; um conjunto de partes ou elementos que formam um todo unitário ou complexo. Para o autor, qual- quer entendimento da ideia de sistemas compreende:

• Um conjunto de entidades chamadas partes, elementos ou com- ponentes.

• Alguma espécie de relação ou interação das partes.

• A visão de uma entidade nova e distinta, criada por essa relação, e que se revela quando se olha o conjunto (MAXIMIANO, 2009, p. 47).

Silva (2008, p. 320) define sistemas “como um conjunto de elementos interagen- tes e interdependentes relacionados cada um ao seu ambiente de modo a formar um todo organizado”.

Fica claro a partir de agora que o mundo começa a mudar sua concepção, deixando de lado uma visão atomística para uma visão holística como mostra a Figura 16.

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III

ConCepção Do MUnDo

Dimensão Atomística Holística

orientação uma entidade pode ser entendida somente em termos de suas partes

uma entidade pode ser completamente entendida somente em termos da organização de suas partes e das partes em si.

organização da ciência Crescente diferenciação unificação das disciplinas científicas altamente diferenciadas

orientação em direção à

causalidade Estrita causalidade: a entidade é passiva Admissão de comportamento emergente Relacionamento do

observador com o

fenômeno observado Independente

Não necessariamente independente Figura 16: Diferenças entre as concepções atomística e holística

Fonte: Silva (2008, p. 319)

A Teoria dos Sistemas procura, de certa maneira, responder todas as outras teo- rias, ou seja, sua ideia era tentar substituir as demais teorias de modo a facilitar o entendimento do mundo. Boulding (apud SILVA, 2008, p. 322) afirma que, mais do que essa ideia de tentar entender o mundo por meio de uma única teo- ria, a TGS tinha como propósito estabelecer um meio adequado e justo entre “o específico, que não tem significação, e o geral, que não tem conteúdo”. Para tanto, Boulding descreveu uma hierarquia de sistemas com nove níveis que pode ser visualizada por completo na Figura 17.

1. Sistemas de estrutura estática: os de níveis mais básicos, também chama-

dos de níveis de armação (estruturação), como a anatomia do universo;

2. Sistemas dinâmicos simples: aqueles que já incorporam necessariamente

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3. Sistemas cibernéticos: os que se caracterizam por mecanismos automáticos

de controle de feedback (como os termostatos);

4. Sistemas abertos: que são estruturas automantidas, nível em que começa a

diferenciação entre vida e não-vida (como as células orgânicas);

5. Sistemas genético-sociais: aqueles tipificados pelas plantas, que apresen-

tam divisão de trabalho entre as partes, células etc.;

6. Sistemas animais: caracterizados pelo aumento, pela mobilidade, pelo com-

portamento teleológico e pela autoconsciência;

7. Sistemas humanos: os indivíduos considerados sistemas, com autoconsci-

ência e habilidade para usar a linguagem e os simbolismos em seu processo de comunicação;

8. Sistemas sociais: também chamados sistemas de organizações humanas,

com a consideração do conteúdo e o significado das mensagens, a natureza e as dimensões dos sistemas de valores, a transcrição de imagens em registros históricos, as simbolizações da arte, música e poesia, e a complexa gama de emoções humanas;

9. Sistemas transcendentais: aqueles últimos absolutos, inevitáveis e irreco-

nhecíveis, que também apresentam estrutura e relacionamento sistemáticos. Figura 17: Níveis de sistemas por Boulding

Fonte: Silva (2008, p. 322)

Dos níveis de sistemas apresentados na Figura 17, o item 4 (sistemas abertos) é aquele que merece destaque quanto à correlação com organizações. Silva (2008, pp. 322-323) define como características dos sistemas abertos:

1. O ciclo de eventos: toda organização engaja-se em um ciclo de

eventos que envolve a ‘importação’, a transformação e a ‘exporta- ção’ de energia (entradas, transformação e saídas).

2. Entropia negativa: significa que um sistema aberto, para sobre-

viver ou crescer, deve absorver mais energia do que liberar, o que normalmente não ocorre nas organizações.

3. O processamento da informação: os sistemas devem ter processos

de codificação que selecionem as informações entrantes. As orga- nizações não podem processar todas as informações disponíveis em seu ambiente uma vez que a quantidade de processamento é limitada.

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4. O crescimento e a manutenção: o sistema aberto está em contí-

nua interação com seu ambiente e alcança um ‘estado estável’ ou ‘equilíbrio dinâmico’. O balanceamento ao longo do tempo das tendências de crescimento e de manutenção serve para manter o caráter básico do sistema.

5. Equifinalidade: é a característica que define que um sistema aber-

to pode alcançar o mesmo estado final a partir de diferentes condi- ções iniciais e por meio de uma variedade de caminhos.

O livro “A psicologia social das organizações”, escrito por Daniel Katz e Robert Kahn na década de 1960, segundo Silva (2008), defende a Teoria de Sistemas Abertos nos estudos organizacionais. Nesta obra, ainda segundo o autor, Katz e Kahn apresentaram uma primeira visão das organizações sobre uma perspectiva social, cuja abordagem enfatizava dois aspectos dos padrões de comportamento social: comportamento dependente de outras partes e abertura de insumos ambientais, de modo que as organizações estejam continuamente em um “estado de fluxo”. Esta ideia pode ser melhor visualizada na Figura 18.

Estágio de Produto

AMBIENTE

Vendas de produtos permitem que a organização obtenha novos

fornecedores de insumos Estágio de Insumo > Matérias-primas > Capital e recursos > Recursos humanos A organização obtém insumos do seu ambiente A organização transforma insumos e adiciona valores a eles

A organização libera produtos para o seu ambiente > Maquinários > Computadores > Habilidades humanas > Bens > Serviços Estágio de Conversão AMBIENTE AMBIENTE RETROALIMENTAÇÃO Estágio de Produto

Figura 18: A organização como um sistema aberto Fonte: Silva (2008, p. 326)

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