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Ana Luisa Palhano Silva Luiza Prado dos Santos

Ana Paula Cerdeiro

Rosemeire Oberle

A formação e manutenção de sistemas de pastagens produtivos e sustentáveis têm sido alvo constante de estudo uma vez que podem tornar viáveis economicamente a produção animal, além da agregação de valor dos produtos oriundos de sistemas mais naturais. O crescimento das plantas forrageiras, bem como o da produção animal a pasto são, freqüenttemente, limitados pela deficiência de nitrogênio do solo, e se sabe que a fixação bioloógica do nitrogênio e sua reciclagem (Barcelos e Vilela, 1994) podem constituir-se em uma via biológica e economicamente viável para intensificar esses parâmetros. Além disso, dados têm apontado que os fertilizantes inorgânicos dão mais efeito na produção animal por área, devido ao aumento na disponibilidade da forragem, pouco efeito apresentando sobre a qualidade da mesma (EMBRAPA, 1978). As leguminosas forrageiras têm sido amplamente estudadas por sua possibilidade de inserir nitrogênio em sistemas de pastagens, via fixação biológica, em substituição aos fertilizantes inorgânicos, os quais oneram os sistemas produtivos e, em níveis mais intensivos, podem levar à contaminação ambiental. Porém, para que a simbiose seja instalada satisfatoriamente, é necessário que boas condições de desenvolvimento inicial sejam permitidas às leguminosas, tais como pH e níveis adequados de nutrientes. A presença de leguminosas em sistemas de pastagens pode gerar condições favoráveis à elevação da produtividade das gramíneas associadas, à elevação dos níveis de matéria orgânica dos solos, além de melhorar a qualidade das dietas dos animais em pastejo (PERIN et al., 2006). O nitrogênio (N) é um elemento essencial para as plantas e limitante à produtividade agrícola. O grande reservatório de nitrogênio é representado pelo gás atmosférico (cerca de 80%). Entretanto, as plantas não possuem aparato enzimático para quebrar a tripla ligação da molécula e utilizá-la como fonte de proteína. A fixação biológica do nitrogênio (FBN) é um processo biológico de quebra da tripla ligação do N2 através de um complexo enzimático, denominado nitrogenase. Este processo ocorre no interior de estruturas específicas, denominadas de nódulos, onde bactérias do gênero Rhizobium, Bradyrhizobium e Azorhizobium (geralmente conhecidas por rizóbios) convertem o N2 atmosférico em amônia, que é incorporada em diversas formas de N orgânico para a utilização

por plantas da família das leguminosas. A principal vantagem observada nessas condições é do ponto de vista econômico. No caso da soja, a inoculação das sementes com a bactéria específica substitui totalmente a adubação nitrogenada,proporcionando uma economia para o país de três bilhões de dólares. Outra vantagem é o total aproveitamento do nitrogênio fixado, não existindo perdas como podem ocorrer quando se empregam fertilizantes. Portanto, a FBN é um processo que não polui o ambiente, enriquece o solo em nitrogênio e, geralmente, promove um maior crescimento e desenvolvimento das plantas. Em condições de campo, a formação de nódulos poderá ser visualizada a partir da emergência (VE); entretanto, somente nos estádios de desenvolvimento V2 e V3 é que a fixação de nitrogênio torna-se mais ativa. Após isso, o número de nódulos formados e a quantidade de nitrogênio fixada aumentam aproximadamente até o estádio R5.5, quando, então, diminui bruscamente. Para verificação da atividade dos nódulos, estão fixando nitrogênio ativamente para a planta; deve-se observar se internamente os mesmos apresentam coloração rosa ou vermelha, porém, quando se encontram brancos, marrons ou verdes, provavelmente a fixação de nitrogênio não está ocorrendo (POTAFOS, 2006). A aplicação de nitrogênio, concomitantemente com a inoculação, pode diminuir a eficiência da inoculação, pois a planta responde ao estímulo da absorção, limitando o processo simbiótico, o que poderá resultar na diminuição dos benefícios posteriores ao processo. Porém, dados de campo indicam que níveis moderados

de nitrogênio na semeadura podem intensificar o crescimento inicial da leguminosa, potencializando a subseqüente fixação biológica de nitrogênio pelas bactérias. Assim, o presente experimento teve como principal objetivo verificar os efeitos da presença de nitrogênio na formação inicial de plantas de amendoim forrageiro (Arachis pintoi), sob os pontos de vista de estrutura aérea e radicular das plantas, além das características gerais dos nódulos das bactérias fixadoras de nitrogênio. O presente experimento foi desenvolvido em casa de vegetação instalada no Campus Schaeffer da Universidade Tuiuti do Paraná, situada no município de Curitiba, PR. O clima da região é classificado como temperado tipo Cfb, com a temperatura do mês mais frio menor que 18°C, mesotérmico. Caracteriza-se por verões amenos, com temperatura média do mês mais quente menor que 22°C, sem estação seca definida, com geadas noturnas freqüentes no inverno, cerca de dez por mês, o que totaliza 200 horas de frio, com temperaturas menores que 7°C de maio a agosto. A precipitação média anual varia de 1400 a 1500 mm, sendo os meses de abril e maio os mais secos, apresentando cerca 75 a 100 mm de chuva. A umidade relativa do ar varia de 80 a 85% e a insolação totaliza, em média, 1800 horas por ano. O experimento foi estabelecido com a espécie forrageira amendoim forrageiro (Arachis pintoi), em vasos de 35X35X50 cm, após calagem e adubação de base com fósforo e potássio, baseadas em análise do solo. Inicialmente, foram semeadas seis sementes por vaso e, posteriormente, foi feito desbaste, deixando as cinco

plantas que apresentaram melhor desenvolvimento. A implantação das plantas foi atrasada devido às condições climáticas inadequadas ao plantio do amendoim forrageiro, espécie tropical que exige elevadas temperaturas para seu estabelecimento e desenvolvimento. Quanto à adubação nitrogenada, a mesma foi conduzida apenas na semeadura nos níveis 0, 50 e 100 kg N/ha na forma de uréia, constituindo-se dos tratamentos. Durante o desenvolvimento das plantas foi conduzida irrigação dos vasos, visando manter o solo à capacidade de campo, procedimento que foi influenciado pela temperatura e umidade relativa do ar. Plantas invasoras e eventuais pragas foram combatidas por meio de arranque manual. A fase experimental foi atrasada devido às baixas temperaturas observadas no início da estação de crescimento, iniciando quando as plantas atingiram, em média, 8 cm de altura. As avaliações de altura de plantas foram feitas ainda com as plantas nos vasos e, para avaliação das raízes e nódulos, as mesmas foram lavadas sobre duas peneiras, com o cuidado para que não fossem perdidas partes dos nódulos e das raízes. Para avaliação das dimensões das folhas, as mesmas foram coletadas e medidas em laboratório com uso de uma régua. Para avaliação dos nódulos, estes foram classificados subjetivamente mediante padrões pré- estabelecidos. O material coletado foi pesado ainda verde e, posteriormente, realizada secagem em estufa de circulação forçada para verificação do teor de matéria seca de cada fração. O delineamento experimental proposto foi o inteiramente ao acaso,

com três tratamentos (níveis de N) e sete repetições (vasos). As médias obtidas foram testadas por meio do aplicativo ASSISTAT, pelo teste de Duncan, a 5% de significância. Quando as plantas atingiram a altura proposta inicialmente, iniciou-se o período de avaliações. A nodulação das raízes foi afetada negativamente (P<0,01) pela presença de nitrogênio mineral no solo, uma vez que, como relatado anteriormente, a maior disponibilidade desse elemento induziu as plantas à absorção em detrimento do estabelecimento do processo simbiótico. Porém, a alturas das plantas e as produções de massa aérea e de raízes não foram afetadas pela presença do nitrogênio mineral (P<0,05), devido provavelmente ao fato da fixação biológica presente em condições de menor disponibilidade mineral ter compensado a menor absorção do elemento. O comprimento de raízes permaneceu constante (P<0,05), em diferentes níveis de nitrogênio mineral, acompanhando o comportamento observado para a massa de raízes.

CONCLUSÕES: A aplicação de nitrogênio mineral, em níveis reduzidos, não induziu à melhor formação inicial do amendoim forrageiro, uma vez que limitou o processo simbiótico sem implicar em incremento na produção forrageira. Além disso, a aplicação de nitrogênio mineral comparado à fixação de nitrogênio atmosférico pode significar maiores custos financeiros com a formação da cultura.

Palavras-chave: adubação mineral; amendoim forrageiro; fixação biológica de nitrogênio.

REFERÊNCIAS

BARCELOS, A.O.; VILELA, L. Leguminosas Forrageiras Tropicais: Estado da Arte e Perspectivas Futuras. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE FORRAGICULTURA, 1994, Maringá, Anais...Maringá, UEM/SBZ, jul, 1994, 1-56.

EMBRAPA, Centro de Pesquisa Agropecuária dos Cerrados (Planaltina,DF), Relatório Técnico Anual. 1976-1997, Planaltina, 1978, 74 p.

PERIN, A. GUERRA, J.G.M.; TEIXEIRA, M.G. Cobertura de Solo e Acumulação de Nutrientes pelo Amendoim Forrageiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.38, p.791-796, 2003.

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