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Arion Zandoná Filho Wesley Mauricio de Souza

INTRODUÇÃO: A contribuição do reino vegetal à saúde do homem acompanha e acompanhará sua existência. A mais elementar necessidade humana, a alimentação, está intimamente ligada aos vegetais. E não fica muito longe a questão dos medicamentos. O homem primitivo utilizava esse recurso terapêutico: a flora medicinal. O modo de tratá-la modificou-se com o passar do tempo, mas a fonte continua a mesma – a natureza (Maranho, 1994). Como método terapêutico, a fitoterapia faz parte dos recursos da medicina natural e está presente também na tradição da medicina popular e nos rituais de cura indígenas. Em sua forma mais rigorosa, abrange os princípios e as técnicas da botânica e da farmacologia. Embora muitas pessoas ignorem a importância das plantas medicinais, sabe-se que toda a farmacologia tem como base exatamente os princípios ativos das plantas. Na verdade, a farmacologia moderna não existiria sem a botânica, a toxicologia e a herança de conhecimentos adquiridos através de séculos de prática médica ligada ao emprego dos vegetais. Apesar do avanço da tecnologia, que diariamente cria novos compostos e substâncias sintéticas com poderes medicinais, mais de 40% de toda a matéria-prima dos remédios encontrados hoje nas farmácias continua sendo de origem vegetal. Foi na parte meridional do nosso continente que índios primitivos descobriram a erva mate Ilex paraguariensis, St. Hill, que pertence ao grupo das Aqüifoliácea. A Ilex paraguariensis é uma planta perene arbórea que cresce no Norte da Argentina, Paraguai, e Uruguai e região Centro-Oeste e Sul do Brasil. (Souza et al, 1991) No Brasil, a Ilex paraguariensis é popularmente conhecida como Erva-Mate e é distribuído amplamente na região sul do país; neste país o “mate” é consumido aproximadamente 1,2kg/por pessoa/ano (Fredholm et al, 1999). Esta espécie cresce naturalmente também no nordeste da Argentina no oeste da Paraguai, onde também existe o cultivo extensivo. (Gorzalczany et al, 2001) Popularmente é usado na forma de infusão de suas folhas e talos moídos, denominado “Chimarrão” usado basicamente como bebida estimulante. (Reginatto et al, 1999; Schinella et al, 2000) O hábito de tomar o mate ocorre há séculos no Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. As investigações

químicas relativas à erva-mate iniciaram-se em 1836, constatando a presença de diversas substâncias resinosas, matéria corante amarela, ácido tânico, etc. A identificação do principal alcalóide, a cafeína, ocorreu em 1843. Em 1848, foi descoberto o ácido do mate – o ácido café-tânico, já conhecido das sementes do café. A complexidade química e as propriedades fisiológicas do mate são discutidas cientificamente, desde 1954, por Paula D.G. que indica, como constituintes da erva mate os seguintes compostos: água, celulose, gomas, dextrina, mucilagem, glicose, pentose, substancias graxas, resina aromática, legumina, albumina, cafeína, teofilina, cafearina, cafamarina, ácido matetânico, ácido fólico, ácido caféico, ácido virídico, clorofila, colesterina, e óleo essencial. Nas cinzas, encontram- se grandes quantidades de potássio, lítio, ácidos fólicos, sulfúrico, carbônico, clorídrico e cítrico, além de magnésio, manganês, ferro, alumínio e traços de arsênico. A cafeína , teofilina e teobromina são três alcalóides, estreitamente relacionados, encontrados na erva mate e são os compostos mais interessantes sob o ponto de vista terapêutico (Souza, 1991). Seus efeitos estimulantes não podem ser atribuídos apenas aos alcalóides da cafeína e da teobromina, mas também das vitaminas, dos sais minerais e outras famílias de substâncias que formam a erva mate (Keys, 1993). Na medicina popular, o uso do mate é indicado para artrite, cefaléia constipação, reumatismo, hemorróidas, obesidade (Brasceco et al, 2003), fadiga, retenção

hídrica, hipertensão, baixa digestão e desordens hepáticas, propriedades antiinflamatórias e estimulantes (Cruz, 1982; Mazzafera, 1994; Gorzalczany et al, 2001) Farmacologicamente, estudos científicos demonstram que a erva mate possui efeito estimulante, diurético (Gonzalez et al, 1993), anti-reumático (Gosmann et al, 1989), antimutagênico (Candreva et al, 1993; Ramirez-Mares et al, 2004) Efeitos antioxidantes que podem ser devido a sua ação contra radicais livres (Gugliucci, 1996; Gugliucci e Menini, 2002) ou como demonstrado por Schinella et al, 2000, onde o extrato bruto reduziu os níveis de LDL no plasma humano. O extrato aquoso demonstrou também atividade vasorrelaxante endotélio dependente em mesentério de ratos, sugerindo um efeito dependente do oxido nítrico (NO). (Baisch et al, 1998) Em adição a estes dados Schinella et al, em 2005 demonstrou que o extrato bruto é capaz de atenuar as disfunções cardíacas provocadas por isquemia ou reperfusão em ratos, e que provavelmente este efeito cardioprotetor envolve redução do estresse oxidativo através de mecanismos oxido nítrico dependentes. A ingestão aguda ou crônica de extrato bruto de erva mate é capaz reduzir a hidrólise de nucleotídeos no soro de ratos, bem como desenvolve importante papel hipotensivo. (Gorgen et al, 2005) Em termos fitoquímicos, a infusão de mate contém cafeína, minerais (Fé, P a Ca++), flavonóides, bem como vitamina C e B2. (Graham,1984) Apresenta na sua composição química alcalóides como a teofilina,

teobromida e cafeína.(Kraemer et al, 1996; Ito et al, 1997; Mucilo et al, 1998; Athayde et al, 2000). A espécie Ilex paraguariensis é a que possui altas concentrações de cafeína e teobromida quando comparado com outras espécies deste gênero. (Filip et al, 1998) Filip et al, em 2001 demonstrou que a erva mate possui altas concentrações de derivados cafeólicos bem como flavonóides. Os flavonóides são descritos como contendo propriedades biológicas de inibir os sistemas de iniciação e manutenção da inflamação e da resposta imune (Ferriola et al, 1989; Havsteen, 1983). Os flavonóides também são caracterizados como seqüestradores de radicais livres e inibidores da peroxidação lipídica (Baumann et al, 1980) O extrato aquoso também inibiu os produtos finais da glicolação (ação antioxidante inibindo a formação de radicais livres) (Lucenford e Gugliucci, 2005) Existem vários estudos que demonstram a atividade antioxidante do mate, sugerindo que a sua ingestão pode contribuir para o aumento da defesa do organismo, principalmente contra os radicais livres. Os polifenóis presentes nas folhas da erva-mate são os principais responsáveis por essa propriedade antioxidante (Filip et al., 2001; Gorzalczany et al., 2001; Gugliucci, 1996). Por causa do uso extensivo do mate e de seus efeitos sobre o sistema nervoso central estes geralmente são relacionados com as concentrações de cafeína e teobromida (Filip et al, 1983; Alikaridis, 1987) as investigações fitoquímicas (Alikaridis, 1987) demonstraram que esta possui muitos

constituintes, tais como: flavonóides (quercitina e rutina) (Roberts, 1956); terpenóides (ácido ursólico) (Nooyen, 1920; Hauschild, 1935; Mendive, 1940); aminoácidos (alanina, arginina, asparagina, ácido aspártico, cisteína, cistina, ácido glutâmico, glicina, histidina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, triptofano, tirosina e valina) (Cascon, 1995); ácidos graxos (láurico, palmitoléico, óleo linoléico) (Cattaneo et al, 1952); carboidratos, vitaminas e carotenóides. (Chlamtac et al, 1952; Vilela, 1938) Tem sido de interesse do laboratório de Farmacologia da UTP procurar desenvolver um plano de pesquisa, visando um screening de extratos de plantas brasileiras, a fim de descobrir aquelas que pudessem possuir atividade farmacológica de interesse. De um modo geral, consta de três fases: a) teste geral de atividades do extrato bruto aquoso; b) no caso de atividade presente, fracionamento do extrato bruto, e c) realização de testes subseqüentes mais específicos. Nossos resultados obtidos ao longo destes 4 anos de estudo demonstraram que o mate verde e o tostado solúvel apresentam em extrações aquosas ação antiedematogênica, antiinflamatória e analgésica. Porém, não sabemos ainda qual o componente fitoterápico da planta responsável por estas ações. Necessitando, nesta fase do estudo, um fracionamento dos extratos brutos obtendo frações mais puras a fim de determinar quais compostos químicos são responsáveis por qual ação, dando assim um grande passo rumo a produção de patente. Nosso grupo de pesquisadores

optou por iniciar o fracionamento do mate isolando dois compostos. Os Polifenóis – Flavonóides que em geral constituem 20% - 30% da composição da erva-mate, são solúveis em água, incolores e conferem o gosto adstringente ao mate. Sabe-se que a qualidade da erva-mate beneficiada é positivamente correlacionada com a concentração de flavonóides. A alta concentração de materiais polifenólicos confere excelentes características químicas à erva-mate. Os principais flavonóides encontrados na erva-mate são: a rutina, a quercetina-3-glicosídeo e canferol- 3-rutinosídeo. E os Alcalóides: a cafeína, teofilina e teobromina que são três alcalóides, estreitamente relacionados, encontrados na erva mate e são os compostos mais interessantes sob o ponto de vista terapêutico. A riqueza em alcalóides varia com a idade da planta, diminuindo com aumento desta.

OBJETIVOS: - Objetivos geral: Avaliar as frações do extrato bruto de erva mate tostada e solúvel, padrão comercial da Leão Jr/SA.

- Objetivo específicos: 1- Elaborar duas frações a partir do mate tostado: (1) fração alcalóide e (2) fração de polifenóis. 2- Realizar um teste geral de atividades em camundongos com as frações para determinar

a DL50 e a toxicidade de cada fração. 3- Realizar testes em camundongos para verificar em qual fração encontra-se a atividade analgésica e antiinflamatória, que já determinamos no extrato bruto aquoso. 4- Realizar testes de avaliação psicoativa das frações em camundongos tais como teste de sono barbitúrico e movimentação espontânea também no intuito de buscar onde estão os ativos para a psicoestimulação já encontrada no extrato bruto.

- Atividades Gerais Desenvolvidas, resultados esperados e alcançados. Ate o presente momento conseguimos realizar fracionamentos com diferentes solventes com níveis de polaridades diferentes na busca dos alcalóides e polifenóis. Trabalhamos também em conjunto com professores de UFPR e LACTEC para caracterização destes compostos através de diferentes técnicas de cromatografia. Os testes biológicos terão início assim que obtivermos frações padronizadas, reproduzíveis e estáveis, bem como determinado os compostos bioativos presentes nas frações. Estes testes estão previstos para início do ano de 2010.

Palavras-chave: Ilex paraguariensis; alcalóides; polifenois.

AVALIAÇÃO DO PADRÃO DE DURAÇÃO EM INDIVÍDUOS SUBMETIDOS A TESTE