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Janete Maria da Silva Batista Faculdade Evangelica do Paraná

O ato, através do qual o indivíduo tenta contra a própria vida, com o objetivo de finitude da mesma é denominado de tentativa de suicídio, representando desta forma um sinal de alarme ou a agudez do sofrimento. Entretanto, esta ação integra uma seqüência de comportamento suicida a partir de pensamentos de autodestruição, seguidas por ameaças, gestos, a tentativa de suicídio e finalmente o suicídio (WERLANG e BOTEGA, 2004). Para Botega, et al (2004), a tentativa de suicídio esta intimamente relacionada a transtornos de personalidade, condições de vida problemas interpessoais. Ao contextualizar o suicídio de forma global, observamos um fenômeno crescente. Em 2003, foram registradas 900 mil mortes por suicídio no mundo inteiro. Na população jovem está entre as três maiores causas de morte, estima-se que o número de tentativas de suicídio supere o número de suicídios em pelo menos dez vezes (BRASIL, 2006). Estudos revelam que 30% a 60% dos suicídios exitosos ocorrem após uma série de tentativas (CORRÊA e BARRERO, 2006). A cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo, o que o coloca entre as três maiores causas de morte nas pessoas com idade entre 15 e 35 anos causando sérios impactos do ponto de vista psicológico, social e financeiro tanto para a família quanto para a comunidade (O.M.S. 2000). Portanto, os dados expressam a pertinência do tema e a necessidade de compreensão da complexidade e da magnitude deste fenômeno. E contextualizando a temática para o campo da saúde pública, é de extrema importância conhecer a magnitude do problema, a fim de planejar políticas públicas e a ação política pode significar a execução de ações preventivas para as pessoas com potencial suicida. Este estudo surge, a partir da vivência na vigilância epidemiológica, mais especificamente, a vigilância das notificações por intoxicação exógena, principalmente àquelas indicando como motivo da ingestão de produtos, a tentativa de suicídio, e a freqüência com que se repetia entre mulheres é considerável ou suficiente para chamar a atenção. Fator instigador e motivador para realizar um estudo epidemiológico no sentido de estimar a prevalência das tentativas de suicídio entre mulheres, por intoxicação exógena, bem como conhecer as variáveis relacionadas. Os aspectos observados envolvem questões de gênero: mulheres, isto é, a freqüência com que aparece a tentativa de suicídio é superior em relação aos homens. Possibilidades de prevenção: tentativas de suicídio. Por se tratar de uma das fases do comportamento suicida e possível de intervenção de maneira a prevenir o suicido destas mulheres e a magnitude

como fator de representação do fenômeno, se expressa na freqüência de repetição do mesmo, demonstrando a necessidade de compreender melhor o fenômeno. A prevenção do suicídio deve priorizar ações que possam evitar amenizar ou interromper os fatores de riscos, considerando a singularidade, a especificidade e a subjetividade da pessoa com risco para o suicídio (WERLANG E BOTEGA, 2004). Trata-se de um estudo descritivo de cunho epidemiológico, por meio de coleta de dados secundários, com base em uma série histórica das notificações exógenas. Os estudos descritivos permitem descrever epidemiologicamente a freqüência e a distribuição de um evento, demonstrando as variações com que os agravos se encontram na população e epidemiológico, porque o objetivo é conhecer a distribuição de em evento em termos quantitativos, estimando a prevalência. (PEREIRA, 2004, p.4 e p. 271). No presente estudo será realizada a análise de dados registrados no Sistema Nacional de Notificações (SINAN), da base de dados do Centro Epidemiológico de Curitiba, das tentativas de suicídio entre mulheres, por intoxicação exógena, ocorridas em Curitiba - Paraná, no período de 2004 a 2007. Quanto aos preceitos éticos, esta pesquisa segue as normas estabelecidas na Resolução 196/96 Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos. Por se tratar de um estudo epidemiológico, tendo como informações o banco de dados do SINAN, da Secretaria Municipal

de Saúde (SMS) de Curitiba, não envolvendo pesquisa diretamente com seres humanos e na busca dos dados não serão identificados nomes nem endereços dos usuários, todavia, o estudo necessita da autorização do Centro de Epidemiologia do Município do SMS de Curitiba e da avaliação do Comitê de Ética da Faculdade Evangélica do Paraná. Este estudo epidemiológico está baseado nos pressupostos de Rouquayrol (2003), que aborda a epidemiologia como um eixo da saúde pública capaz de fornecer bases para avaliar as medidas de profilaxia, fornece pistas para diagnose de doenças transmissíveis e não transmissíveis e estimula a verificação da consistência de hipóteses e causalidades. Estuda a distribuição da morbidade e da mortalidade a fim de traçar o perfil de saúde-doença nas coletividades humanas. Para complementar, será utilizado os estudos de Pereira (2004), o qual afirma que Epidemiologia é um ramo das ciências da saúde que estuda, na população, a ocorrência, a distribuição e os fatores dos eventos relacionados com a saúde. É entendido em sentido amplo, como o estudo do comportamento coletivo da saúde e da doença. As considerações de Botega e Werland (2004), Corrêa e Barrero (2006), servirão como base às questões da tentativa e do suicídio, bem como serão consideradas outras visões expostas em artigos, por autores que abordam o tema. O presente estudo teve início em julho de 2009 e encontra-se na fase de análise dos dados, entretanto são dados parciais sem uma análise mais conclusiva acerca dos achados

encontrados, porém dados preliminares mostram que as tentativas de suicídio representam 51% das notificações exógenas notificadas em Curitiba no período de 2004 a 2007 e que em média 71% são entre mulheres, sendo o medicamento o meio mais utilizado seguido dos pesticidas domésticos. Observa-se um aumento de tentativa de suicídio entre as faixas etárias de 25 a 44 anos, com maior concentração entre 15 a 39 anos, 74,61%. Até o momento os dados obtidos convergem para os achados disponíveis na literatura, segundo Correa e Barrero (2006) afirmam que as tentativas de suicídios são em média três vezes mais freqüente entre as mulheres ao passo que o suicídio se apresenta em torno de três a quatro vezes mais entre o sexo masculino. Na série histórica apresentada no Boletim Epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde Curitiba, entre 1996 e 2006, observou-se que 50% das ocorrências toxicológicas notificadas no município têm relação com tentativa de suicídio e com tendência

de crescimento, sendo que a maior concentração das pessoas que recorrem à auto-intoxicação nas tentativas de suicídios está entre o sexo feminino, mais de 70%. Nesta série histórica, os medicamentos também se apresentam de maneira convergente com os dados parciais até agora encontrados, respondem por cerca de 70% das substancias utilizadas na auto-intoxicação, seguidos dos pesticidas domésticos que representam 20% dos casos. Mesmos que os dados sejam parciais, já incitam a necessidade de explorar a temática de maneira mais minuciosa, a fim de contribuir na implementação de políticas que visem trabalhar a prevenção do suicídio. Para Correa e Barrero (2006), algumas respostas fundamentais às questões que envolvem esta temática podem ser dadas por meio da epidemiologia, como subsídios para planejamento de políticas públicas. Palavras-chave: estudo descritivo; tentativa de suicídio; envenenamento.

REFÊRENCIAS

BOTEGA, N. J.; WERLANG, B. G. Comportamento Suicida. Porto Alegre: Artmed, 2004. CORRÊA, H.; BARRERO, S. P. Suicídio: uma morte evitável. São Paulo: Atheneu, 2006.

DESCRITORES EM CIENCIA DA SAÚDE. Disponível em: http://www.bireme.br/php/index.php. Acesso em 15/08/2008, ás 21:00 hrs.

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde Mental. Estratégia Nacional de Prevenção do Suicídio: Manual dirigido a profissionais das equipes de saúde mental, 2006.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Prevenção do Suicídio: Um Manual para Profissionais da Saúde e Atenção Primária. GENEBRA, 2000.

PEREIRA, M. G. Epidemiologia e Prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.