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ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO: CLASSIFICAÇÕES E O PAPEL DO GESTOR DE RECURSOS HUMANOS NA SUA PREVENÇÃO

Ana Conceição Tavares¹, Hendyel Ângelo Thomaz da Silva¹, Júlio Cesar da Silva¹ e Laise Navarro Jardim²

¹Discente do Curso de Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos do Centro Universitário de Valença (UNIFAA)

²Coordenadora do Curso de Psicologia e Docente dos Cursos de Medicina e Psicologia do Centro Universitário de Valença (UNIFAA)

INTRODUÇÃO

Dados do Tribunal Superior do Trabalho (TST) apontam que, em março de 2019, registrou-se, em varas de todo o país, 4.962 casos de assédio moral, o

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que representa 5,8% dos processos formalizados relativos a todas as categorias (BATISTA, 2019). No entanto, segundo a autora, o quantitativo pode ser maior, isso porque muitos casos não são registrados devido ao constrangimento, ao medo de represálias ou ao receio de arcar com o ônus das ações trabalhistas perdidas, medida implantada pela reforma trabalhista de 2017.

De acordo com o Guia Trabalhista (2019, online), o assédio moral no trabalho: É a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e sem simetrias, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-a a desistir do emprego.

Para Andrade e Assis (2018), o assédio moral é uma violência perversa que reúne o isolamento, a delegação de tarefas de menor valor, indução ao erro, o isolamento e a exclusão, alterações de horários e atividades sem comunicação prévia, abusos de poder, dentre outros.

Um dos maiores fatores que contribui para que a vítima tolere a situação de sofrimento é o medo de perder o emprego (AZEVEDO, 2017). Entretanto, a exposição ao assédio moral no trabalho produz consequências graves, que afetam o indivíduo assediado, o ambiente de trabalho e a sociedade, conforme apresenta a Cartilha de Prevenção ao Assédio Moral (2019, online), elaborada pelo TST e pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT). Dentre as consequências para o indivíduo, destacam-se dores generalizadas, hipertensão arterial, alterações do sono, depressão, esgotamento físico e emocional, suicídio, isolamento etc. Para as organizações, evidenciam-se redução da produtividade, absenteísmo, licenças médicas, demissões, aumento da rotatividade, elevação de erros e acidentes etc. Já para a sociedade, as consequências refletem nos custos com tratamento médico e reabilitações, despesas com benefícios sociais e custos dos processos administrativos e judiciais.

Diante das inúmeras consequências negativas, é necessário que as empresas (CRISTINA, 2015) saibam identificar e controlar as práticas de assédio moral, reconhecendo a complexidade do assunto e a importância da prevenção nos diversos

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níveis organizacionais. É importante que todas as instituições adotem essa postura, pois o assédio moral, segundo Martiningo Filho e Siqueira (2008, p. 31), “não escolhe pessoas ou organizações específicas”.

Considerando a gravidade da temática abordada, este estudo teve como objetivo classificar o assédio moral no trabalho quanto à abrangência e ao tipo, bem como identificar o papel que o gestor de recursos humanos deve desempenhar dentro das organizações para prevenir tal prática.

MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um levantamento bibliográfico, de abordagem qualitativa. Os dados apresentados foram coletados em livros, web sites e artigos que abordavam a temática explorada.

RESULTADOS

Quanto à abrangência, o assédio moral no trabalho pode ser classificado como assédio moral interpessoal e assédio moral institucional, de acordo com a Cartilha de Prevenção ao Assédio Moral (2019, online), desenvolvida pelo TST e pelo CSJT. O assédio moral interpessoal é uma atitude constante, que ocorre de maneira individual, direta e pessoal, tendo como finalidade prejudicar ou eliminar o profissional na relação com a equipe, prejudicando sua integridade emocional e física. Por outro lado, o assédio moral institucional acontece quando a própria empresa incentiva ou tolera atos de assédio. São ocorrências contínuas de provocações, insultos e humilhações disfarçadas de atitudes corporativas que buscam potencializar a mão de obra, garantir a ordem e a disciplina ou reduzir as despesas de um grupo ou equipe. Este tipo de assédio cria uma cultura de humilhação e controle.

Quanto ao tipo, Bruginski (2013) classifica o assédio moral no trabalho em assédio moral vertical e assédio moral horizontal. O assédio moral vertical é o que ocorre entre indivíduos de nível hierárquico diferente (chefe e subordinado). Este tipo se subdivide em duas espécies: assédio moral vertical descendente (o praticado pelo chefe em relação aos subordinados) e assédio moral vertical ascendente (o praticado pelo subordinado ou grupo de subordinados contra o

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superior). Quando o assédio ocorre entre pessoas que pertence ao mesmo nível hierárquico, sem que haja relação de subordinação entre elas, verifica-se o assédio moral horizontal. Para o TST e o CSJT (2019, online), há um terceiro tipo de assédio moral, classificado como assédio moral misto. Este tipo caracteriza-se por acumular o assédio moral vertical e o horizontal, ou seja, a pessoa é assediada por superiores hierárquicos e colegas de trabalho.

Em relação ao papel do gestor de recursos humanos na prevenção do assédio moral no trabalho, o quadro 1 apresenta algumas atitudes identificadas no levantamento bibliográfico que devem ser praticadas por este profissional.

Quadro 1. Atitudes do gestor de RH para prevenir o assédio moral no trabalho

Fonte: Elaborado pelos autores a partir do levantamento bibliográfico

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O assédio moral no trabalho constitui uma prática que fere os princípios constitucionais, pois atenta contra a dignidade humana e o valor social do trabalho. No entanto, existem diferentes formas de prevenir essa prática, sendo a informação a principal delas. Conhecer os diferentes tipos de assédio permite aos indivíduos e às organizações assumirem uma postura ativa para o seu enfrentamento. Além disso, é preciso que o gestor de recursos humanos se conscientize da importância de seu protagonismo na prevenção do assédio moral, contribuindo para a construção de um ambiente laboral que respeite os colaboradores e incentive a diversidade.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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poder: revisão de literatura. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, v. 43, n. 11, 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0303-

76572018000100402& script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 13 jul. 2019. AZEVEDO, W. M. Assédio moral no trabalho: causas, consequências

e transtornos ao trabalhador. Jus.com.br, 2017. Disponível em:

https://jus.com.br/ artigos/59993/assedio-moral-no-trabalho-causas-consequencias- e-transtornos-ao trabalhador. Acesso em: 27 jul. 2019.

BATISTA, V. Assédio: queixas aumentam, mas processos diminuem. Correio Brasiliense, 2019. Disponível em:

https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ brasil/2019/05/06/interna-

brasil,753261/casos-de-assedio-moral-crescem-no brasil.shtml. Acesso em: 23 jul. 2019.

BRUGINSKI, M. K. Assédio Moral no Trabalho: Espécies e

Requisitos Caracterizadores. Revista Eletrônica do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, v. 2, n. 16, p. 29-41, 2013. Disponível

em: https://juslaboris.tst.jus.br/handle/20.500.12178/95627. Acesso em 29 jul. 2019.

CRISTINA, F. Os impactos do assédio moral para as organizações e suas ferramentas de controle. RH Portal, 2015. Disponível

em: https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/os-impactos-do-assedio-moral-para-as organizaes-e-suas-ferramentas-de-controle/. Acesso em: 15 jul. 2019.

GUIA TRABALHISTA. Assédio moral no trabalho. Guia Trabalhista, 2019. Disponível em:

http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/assediomoral.htm. Acesso em: 16 jul. 2019.

MARTININGO FILHO, A.; SIQUEIRA, M. V. S. Assédio moral e gestão de pessoas: uma análise do assédio moral nas organizações e o papel da área de gestão de pessoas. Revista de Administração Mackenzie, v. 9, n. 5, p. 11-34, 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1678-

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TST; CSJT. Cartilha de prevenção ao assédio moral. TST, 2019. Disponível em: http://www.tst.jus.br/documents/10157/55951/Cartilha+ass%C3%A9dio+moral/5 7349 0e3-a2dd-a598-d2a7-6d492e4b2457. Acesso em: 27 jun. 2019.

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