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7.3 Atividades gerontológicas para idosos

Haverá:no:dizer:de:J:Trilla:(1998:128):que:“detetar as suas necessidades e de encontrar soluções para os problemas”:dos:idosos:Larrazábal:citado:por:J:Trilla:(1998:131):considera: que:“o:animador:deve:ser:um:especialista:em:questões:gerais”:mas:sobretudo:alguém:“capaz:de: estabelecer relações positivas entre as pessoas, os grupos e os coletivos”: mais: do: que:

conhecimentos, atitudes e capacidades. Porém, e a título de exemplo, é preciso adquirir alguns conhecimentos, tais como: conhecimento sobre as práticas de animação sociocultural (atividades) e as funções do animador; conhecimento de psicologia que ajude a entender e a melhorar os fenómenos das relações interpessoais e grupais; conhecimento de pedagogia, para saber adaptar os métodos às práticas de animação e ao público-alvo; conhecimento de planificação, conceção, organização, execução e avaliação de programas socioculturais.

O animador dum projeto ou programa de animação deve ser capaz de organizar o seu roteiro de atividades práticas ligadas à animação; promover e orientar os grupos a partir da ação e da reflexão (investigação-ação); suscitar e propor iniciativas que possam transformar a situação social e cultural; programar atividades e elaborar planos globais; assegurar o relacionamento dinâmico entre as pessoas e os grupos, entre outros. Para além destas funções, deve saber elaborar, estabelecer objetivos, detetar as necessidades, estruturar o plano de atividades com as respetivas estratégias definir a forma de as executar (metodologias), colaboração com outros profissionais, cálculo dos materiais e recursos (computadores, internet), gerir o tempo de duração e o projeto, redigir notas de campo (observação participante), promover os instrumentos de avaliação do projeto e das atividades (mecanismos de avaliação) e sempre interagir com as pessoas dos idosos e na dinamização do projeto. Assim, compreende-se que o animador tenha de realizar com frequência diferentes tarefas.

Uma das estratégias que podemos observar para melhorar a autonomia das pessoas idosas é tal e como afirmado por mãos denominada de animação estimulativa baseia-se no fato do usuário poder participar na tomada de decisões que fazem seu próprio processo. Decide voluntariamente gerenciar o seu tempo, o como irá usá-lo, lhe dando um sentido relacional. Tem um impacto sobre a socialização e integração social da pessoa. A animação estimulativa é complementar a outras intervenções de natureza da saúde e tecnocrática. Neste caso a reabilitação e animação não têm os mesmos objetivos, entretanto um sem o outro não irá fornecer uma intervenção global à pessoa.

Animação estimulativa deve ser entendida a partir de duas perspetivas:

Como uma filosofia que é inserida em um projeto educacional ou de intervenção, trabalhando em equipa interdisciplinar ou como uma maneira de fazer que envolva todos os profissionais;

Como um conjunto de técnicas e atividades que são realizadas em relação a alguns usuários/idosos, a fim de melhorar os processos de normalização das atividades em seu cotidiano, causar o desenvolvimento de capacidades que ainda detém, bem como aumentar a criatividade, a liberdade de decisão da pessoa.

A animação estimulativa procura a continuidade e o sentido relacional para a reabilitação, melhorando a dinâmica e a filosofia de intervenção que permita globalizar a proposta de intervenção socioeducativa. As estratégias deste tipo de Animação são importantes para melhorar os processos de autoajuda na pessoa. Muitos idosos, nesta fase da vida, dizem que querem descansar. Isto, não deixa de ser um direito mas não é uma atitude saudável, pois é um período da vida em que o indivíduo adquiriu toda uma experiência, uma vivência; tem muito para dar e receber, precisa de continuar a viver, acreditar, lutar e crescer. Fonseca (2005) refere que há necessidade de ocupar o tempo, mas de uma forma comprometida, ou seja, com objetivos, promover a ligação entre tempos livres e aprendizagem /formação, dos quais surgem frutos positivos. O autor também refere que não há atividades e formulação de projetos consoante as idades, mas sim conforme os interesses de cada indivíduo. Num lar ou centro de dia ou de convívio, como em qualquer instituição dinâmica, o que não é desenvolvimento converte-se em deterioro. Por isso uma das dinâmicas a incorporar no quotidiano dos idosos nessas instituições é a animação sociocultural e/ou socioeducativa,

considerando-a como o processo de um grupo ou coletivo que numa situação concreta gera convivência e participação nos seus membros.

Uma das causas que prejudica o quotidiano das pessoas neste período é a falta de preparação para esta fase da vida aliada muitas vezes à perda de estatuto e, consequentemente, à desvalorização social. Muitas vezes, esta fase da vida torna-se num período indesejável, carregado de tédio, de preocupação financeira, quando deveria ser encarado como uma fase de conquista, um benefício, uma possibilidade de realizar sonhos. Consideramos que o ser humano tem necessidade de realizar atividades que vão desde os cuidados pessoais e higiénicos, às atividades básicas e instrumentais de vida diária, do trabalho (doméstico ou económico/produtivo), ao lazer, à manutenção dos direitos e papéis sociais. Contudo, com a passagem do indivíduo à reforma existe uma redução dessas atividades, sendo substituídas por outras ou pelo comodismo ou inatividade. Assim sendo, torna-se conveniente preparar, pensar e agilizar essas atividades previamente (planificação, ‘design’)

Quando falamos de ASC referimo-nos a uma metodologia de intervenção social e de trabalho profissional com o objetivo de agir (ação) nas relações humanas, criando redes sociais de relação, consolidando os grupos pelo diálogo e potencializando a solidariedade e a participação comunitária, entre outros valores humanos. Naquelas instituições para idosos a animação surge como um programa ou plano, mais de intervenção psicossocial e socioeducativo, onde se insere a cultura organizacional da instituição, a qual lhes gera qualidade de vida. A ASC é um género de intervenção que surte efeitos muito positivos nos idosos. Segundo Osório Requejo (1997: 261) tem como missão converter as pessoas ou grupos em agentes ou protagonistas do seu próprio desenvolvimento:

“Os processos de animação são de participação criando espaços para a comunicação dos grupos e das pessoas, para estimular os diferentes coletivos a empreender processos de desenvolvimento social (resposta às suas necessidades num espaço, tempo: situações: determinadas: e cultural (construindo a sua própria identidade coletiva, gerando e participando nos diferentes projetos e atividades culturais)”

Existe um grande leque de oferta de atividades para as pessoas idosas ou da terceira idade proporcionadas pelos vários recursos locais desde autarquias, instituições públicas, empresas privadas, entre outros, dinamizadas por profissionais especialistas na área de gerontologia. Mas, só fazem sentido, se forem de encontro às necessidades e desejos da população alvo. As atividades de que os idosos podem usufruir são várias, desde atividades lúdicas (jogos tradicionais), atividades físicas (ginástica, piscina), manuais (modelagem, costura, pintura, etc.), intelectuais (universidades seniores, dinâmicas de grupos.), artísticas (teatro, grupo de cantares...), associativismo (voluntários, clubes...), convívios intergeracionais, passeios, atividades que impliquem novos conhecimentos e contacto com novas realidades, com as novas tecnologias, entre outras. Ou seja, essas atividades agrupam- se nas seguintes modalidades adaptadas aos idosos em regime institucional (centros de dia, lares):

*-Animação formativa/educativa: que engloba atividades que favorecem a aquisição de conhecimentos e o uso crítico da razão.

*-Animação de difusão cultural: que engloba atividades que favorecem o acesso a determinados bens culturais.

*-Animação artística (não profissional): que engloba atividades que favorecem a expressão e constitui uma forma de iniciativa, de inovação e diversificação de formas de expressão.

*-Animação lúdica: que engloba atividades ao ar livre, que favorecem a atividade física e desportiva.

*-Animação social: que engloba atividades que favorecem a vida associativa, a atenção às necessidades grupais e a solução de problemas coletivos

Portanto, todas as várias atividades da animação sociocultural possuem relação direta com o trabalho na comunidade. Visando inclusive oferecer, enquanto instrumento, educacional e recreativo, inúmeras vias de admissão ao universo da cultura e do conhecimento, seja através de manifestações expressivas naturais ou estruturadas. A animação cultural possui um instrumental de natureza pedagógica enorme, colocando-se apta, como instrumento, para intervir nas mais distintas circunstâncias e esferas sociais. Além disso, proporciona e tem como fim realizar as necessárias mudanças no âmbito da realidade, por vezes atuando como um árbitro cultural, com o objetivo de gerar uma sociedade melhor e mais solidária, na qual todos os direitos individuais são amplamente respeitados. Para tal deve-se promover uma atitude participativa no processo de desenvolvimento do próprio eu das pessoas, criando nelas uma auto-consciencialização. Assim as pessoas são capazes de gerar uma:responsabilidade:perante:si:(“conhece-te:a:ti:mesmo”):e:aos:‘outros’

Este caminho passa necessariamente pela aceitação das diferenças e neste particular a animação cultural firma-se nas experiências históricas, culturais e académicas, para oferecer possibilidades mais amplas de conhecimento aos grupos abordados, mostrando que eles devem ter consciência da manutenção dos bens culturais inerentes a cada cultura como elemento de preservação da história da civilização humana. A animação cultural também suscita a condição do despertar do potencial criativo humano, propiciando a condição de implantação de projetos de autogestão na esfera social, sustentando assim as manifestações expressivas que brotam naturalmente das comunidades.

No entanto, surgem algumas barreiras à realização destas atividades por parte dos idosos, como as capacidades físicas (problemas de visão, de locomoção, doenças cardiovasculares frequentes nesta faixa etária), falta de segurança e dificuldades económicas. A falta de integração social e, consequentemente, a menor participação ativa, deve-se essencialmente à falta de poder económico. A reforma nestas classes tende a produzir objetivamente a desocupação: vivida: sob: a: forma: de: “tédio”: ou: de: “sentimento de inutilidade”: já: que: não: detiveram os meios (financeiros e culturais) para se apropriarem dos instrumentos que lhes permitissem:“ocupar o seu tempo”:Não:dispõem:assim:do:“capital social”:que:acompanha:nas: classes superiores, a posse das diferentes espécies de capital (económico, social e cultural) (Santos e Encarnação, 1998: 139-140).

Os idosos com um poder económico mais reduzido circunscrevem-se ao seu espaço, não tendo oportunidade de usufruir de atividades sociais e culturais, com a sua rede social, família e amigos. Os que possuem um rendimento económico mais estável conseguem manter e efetuar os seus interesses sociais e culturais. Mas, há um conjunto de caminhos e alternativas possíveis a percorrer e que ajudam a ultrapassar algumas destas dificuldades, basta a força de vontade e viver bem cada fase da vida. O importante, é manter-se sempre ativo, interessado e em contacto com os outros. Cada idoso deve incutir em si comportamentos saudáveis, que permitam um envelhecimento normal e saudável tais como:

o- querer aprender e evoluir, adaptar-se e modificar-se a novas situações;

o- apelar à criatividade e invenção; -criar novas e significativas relações de amizade; Para que o ser humano obtenha uma velhice bem-sucedida, é necessário todos os responsáveis (sociedade) apoiarem, ou seja, facilitar o acesso dos idosos a atividades culturais e fomentar, entre eles, o emprego criativo do tempo livre através de uma educação para o ócio, melhorando a sua qualidade de vida e a capacidade de se sentirem úteis. Ao mesmo tempo, devem promover uma cultura de participação e de solidariedade (Levet,1995).

Os objetivos de um programa de animação sociocultural nos lares ou residências resumem-se ao propósito de que o ócio e/ou o tempo livre não seja uma inatividade vazia, mas sim uma fonte de satisfação, de prazer e convivência e de realização da pessoa do idoso. Neste sentido os animadores socioculturais desenvolvem um trabalho de intervenção a nível

comunitário para analisar e diagnosticar o ambiente em que vivem os idosos (técnicas qualitativas); planificar projetos, programas e atividades em sintonia com os destinatários (atores); utilizar recursos formativos (institucional ou extrainstitucional) na área da educação não formal/informal; avaliar, incluindo a autoavaliação, do trabalho de intervenção realizado. Desta forma materializam-se os dois grandes objetivos do animador: trabalhar para o conhecimento da realidade em todas as suas manifestações (informar, motivar, comunicar, sentido crítico, poder de iniciativa) e dinamizar os diferentes grupos comunitários para articular com eles projetos/programas de autodesenvolvimento comunitário.

Pelo exposto, o animador e a animação não são os protagonistas da ação socioeducativa ou sociocultural, pois os únicos atores dos processos de animação são o coletivo de idosos. Cabe ao animador ser o agente de apoio e de motivação à iniciativa grupal, uma pessoa que sintoniza com os idosos e o seu ambiente e promove atividades diversas tendentes a resolver problemas socioculturais e de grupo e, simultaneamente possibilitar a participação para uma melhor qualidade de vida.

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