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2 O ‘design’ da investigação e a metodologia

Nesta fase a metodologia a utilizar, caracteriza-se pelo tipo de estudo qualitativo, uma vez que o objetivo do estudo se pretende com o interesse em conhecer e descrever práticas e conceções (Figueira, 2001: 44), ou seja, especificar os métodos e técnicas a serem adotados que garantam objetividade e precisão a este estudo.

O tipo de estudo a investigar, depende das necessidades específicas dos sujeitos de estudo e dos objetivos. Trata-se de uma investigação qualitativa, visto esta metodologia permitir recolher e refletir os aspetos e os hábitos dos sujeitos idosos, as instituições em análise (centros de dia), de modo a sustentar, e fundamentar a observação, a respetiva inferência ou interpretação dos seus hábitos (Santos, 2006).

A:estrutura:do:nosso:‘Design’ nas suas fases/etapas, indicadas no ANEXO 1, contempla as metodologias, técnicas e instrumentos de recolha de dados, o tratamento e análise de dados e os procedimentos (legais, éticos e de aplicação), levados a cabo por nós no transcurso do processo de investigação, seguindo os princípios e normas exigidas para qualquer trabalho científico. Optámos, assim, por uma abordagem qualitativa, recorrendo ao modelo de investigação exploratória, que nos permitiu manusear um conjunto de dados (triangulação) provenientes dos instrumentos aplicados, das notas de campo e diário, das observações naturais e participantes, no seguimento de Bogdan & Biklen (1994), quanto ao caráter descritivo dos estudos qualitativos, obtidos por aquelas técnicas e procedimentos de recolha de dados.

Para uma melhor aplicação de um Programa de Intervenção em Animação Sociocultural (PIAS) e valorizar a sua eficácia e promoção da participação dos idosos, através de sessões de atividades diversas, considerámos que a investigação-ação (IA) aparece não só como o método de investigação mais adequado aos nossos propósitos, mas também como um modo de intervenção social e cultural, aproximando-se: da: ‘teoria: crítica’: de: Carr: &: Kemmis: (Martins, 2013: 282-286). O duplo objetivo é, por um lado, obter melhores resultados no desenvolvimento da prática do Programa de Intervenção em Animação Sociocultural (PIAS) e, por outro lado, facilitar o aperfeiçoamento, a participação, a satisfação dos idosos envolvidos e das instituições que frequentam.

Para Oliveira-Formosinho (2007) a Investigação-ação exige um profissional reflexivo, como neste caso específico do animador gerontólogo, que consiga incrementar as práticas com as teorias e com os valores, antes, durante e depois da ação (programa de atividades). Ou seja, exige um profissional competente e capaz de refletir e levantar questões sobre a sua prática, de modo a selecionar e a alterar estratégias de ação e a adaptar metodologias criativas:de:intervenção:junto:da:comunidade:“É neste vaivém contínuo entre ação e reflexão que reside o potencial da Investigação-ação enquanto estratégia de formação reflexiva”: (Sanchez Martín, 2003: 129). Assim, a Investigação-ação: surge: desta: “triangulação: praxiológica entre teorias, valores e práticas.

De facto, a Investigação-ação (IA) é uma forma diferente de trabalho científico tradicional pois, atreve-se a inserir a ação no âmbito das competências dos teóricos (marco concetual

referência) e, ao responder às necessidades dos práticos (idosos). O que diferencia os diversos modelos de investigação-ação (Investigação-ação Técnica; a Investigação-ação Prática; a Investigação-ação participativa, emancipadora ou crítica) são os objetivos do estudo, o envolvimento do investigador com os sujeitos, o tipo de conhecimento que gera e as formas de ação/intervenção, assim como o nível de participação dos destinatários. No caso específico da Investigação-ação participativa o investigador desempenha um papel ativo no equacionar dos problemas encontrados e no desenrolar de ações que deverá avaliar em conjunto com o público-alvo e seus parceiros. Pérez Serrano (1993) menciona como necessário para se concretizar um processo de IA. Composto por quatro fases: (a) Diagnosticar: ou: descobrir: uma: preocupação: temática: ou: “problema‟ ; (b) Construção do plano de ação; (c) Proposta prática do plano e observação de como funciona; (d) Reflexão, interpretação e integração de resultados (reformular a planificação). Tal processo desenvolve-se assim numa espiral de ciclos de planificação, ação, observação e reflexão, desencadeando novas espirais de experiências de ação reflexiva que levam a mudanças nas práticas de modo a obter melhores resultados. É este conceito de colaboração, junto com a necessidade de mudança das instituições e idosos, através da animação, que leva a uma “criação coletiva‟ de inovação sociopedagógica e de aquisição de conhecimentos, caraterística essencial dos projetos de investigação – ação. McNiff & Whitehead (2005) apresentam a IA como uma metodologia que, em todas as circunstâncias, faz com que os professores investiguem e avaliem o seu trabalho em parceria com outro colega, colaborando na ação, avaliando a prática de uma sessão, de modo a requererem uma nova abordagem numa próxima etapa deste ciclo, denominando-se ação-reflexão. Ou seja, no dizer de Kemmis & McTaggart (1988: 5):

Independentemente do modelo ou contexto a Investigação-ação constitui uma forma de questionamento reflexivo e coletivo de situações sociais, realizado pelos participantes, com vista a melhorar a racionalidade e a justiça das suas próprias práticas sociais ou educacionais, bem como a compreensão dessas práticas e as situações nas quais são desenvolvidas; trata-se de Investigação-ação quando a investigação é colaborativa, por isso é importante reconhecer que a Investigação-ação é desenvolvida através da ação, analisada criticamente, dos membros do grupo.”

A investigação-ação: é: uma: investigação: ‘comprometida’: e: reativa: com: enunciados: ‘naturalistas: (sucessão: de: contingências: mutuamente: independentes): A: investigação-ação, no dizer de Ketele e Roegiers (1999: 114-117):‘interpreta:o:que:acontece:a:partir:do:ponto: de vista dos atores na situação-problema:(dos:‘interatores’):baseando-se nas representações que têm esses atores (idosos) da situação, nas intenções e finalidades, na tomada de decisão, no reconhecimento de certas normas, princípios e valores que fundamentam essas representações. A investigação-ação permitiu-nos analisar uma situação concreta dos centros de dia a partir do ponto de vista dos idosos participantes implicados no programa (descrição e explicação), com a sua própria linguagem quotidiana.

É óbvio que a IA-investigação-ação recorre a um conjunto de técnicas e de instrumentos de recolha de dados, de acordo com os objetivos do projeto. É, sem dúvida, importante interpretar os dados e validar o processo de investigação. Para isso, a IA recorre preferencialmente a metodologias qualitativas, utilizando uma variedade de estratégias e de instrumentos. As técnicas mais utilizadas na IA são a Observação, através da observação participante, as Notas de Campo, os Diários de Bordo, os memorandos analíticos; a Conversação, através de entrevistas, escalas de questionários e entrevistas em grupo (grupos de discussão); a análise de dados, através da observação documental institucionais e pessoais; e os meios áudio visuais, através de vídeos, fotografias e gravações áudio. Para interpretar os dados e validar todo o processo, é necessário distinguir os processos de conhecimento mais utilizados numa investigação qualitativa: a condensação, que procura sintetizar os significados dos instrumentos de observação, onde é feita uma análise, procurando unidades de significado; a categorização, que codifica o texto em categorias e faz a identificação e a codificação das unidades de análise existentes no texto; e a estruturação narrativa, em que o material em análise é tratado como uma narrativa forma.

Independentemente dos instrumentos ou das técnicas que se selecionem, o importante é que a IA contribua para a melhoria das práticas, devido ao seu caráter reflexivo que aproxima as partes envolvidas na investigação, e, centrada na resolução de problemas sociais, incite à ação e gere inevitavelmente mudança nas atitudes e nos comportamentos de todos os intervenientes no processo. Do mesmo modo na IA, o investigador desempenha um papel ativo no equacionar dos problemas encontrados e no desenrolar de ações que deverá avaliar em conjunto com o público-alvo e os seus parceiros. Segundo, Falls-Borda (1992), citado por Sanchéz Martín (2003), a IA participativa é a forma mais eficaz de explicar a realidade, de a transformar, e de envolver os sujeitos de forma democrática. Para este autor a IA não se limita a uma descrição da realidade, mas atua na procura para que os indivíduos e os grupos tomem consciência da realidade para a poderem alterar.

O cruzamento do perfil do mediador do animador, da ASC e do indivíduo idoso participativo leva-nos, mais uma vez, a afirmar que todas as competências estão relacionadas com um trabalho transformador e de mudança, em que a sua interligação com a metodologia de IA participativa nos conduz a um trabalho inédito e inovador. Desta forma, os modelos de mediação e de IA, as teorias e paradigmas de animação e/ou animação sociocultural, as teorias do envelhecimento e da velhice, fundem-se e cruzam-se numa perspetiva de melhoramento da qualidade de vida, de resolução de problemas, de participação social, de transformação, de mudança pessoal e social, de cooperação e interação de grupo, de reflexão crítica e de valorização interpessoal, em que os protagonistas construtores de intercâmbios e de cooperações crescem emocional e socialmente num processo de (re) encontro, de reconhecimento, de maior autoestima e autonomia.

3. Os sujeitos participantes e o seu contexto

O estudo comporta, uma amostra de 68 idosos frequentadores assíduos de cinco Centros de Dia do concelho de Castelo Branco. A população a investigar são idosos com idades compreendidas entre os 65 anos e os 96 de idade, a maioria autónomos e semiautónomo, alguns com alguns mínimos de dependência, com as suas faculdades cognitivas minimamente ativas.

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