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1.3 Gerontologia e educação: gerontologia educacional e/ou gerontagogia

Na perspetiva da educação, entendida esta como otimização das capacidades e habilidades favorecedoras do desenvolvimento pessoal e social da pessoa, implica uma relação: entre: ‘educação: – vida – ambiente’: constituindo: um: dos: princípios: teóricos: fundamentais da educação permanente e gerontologia (educativa, educacional). Neste argumento:da:‘educação:ao:longo:da:vida’, a pessoa e a sua aprendizagem na sociedade, tal como nos propôs o Relatório de J. Delors (2005):beneficia:dum:‘imperativo:democrático’ ao proporcionar a cada pessoa as oportunidades educativas flexíveis e adaptadas às suas necessidades. Estes pilares, propostos naquele: relatório: da: UNESCO: constituem: o: ‘eixo de envolvimento’ do indivíduo, ao implicar educativamente a família, a comunidade, as instituições sociais e de acolhimento, o tempo livre, o tecido empresarial, os meios de comunicação, intergeracionalidade, etc. Neste contexto de aprender continuamente começou a surgir designações como gerontologia educativa, gerontologia educacional, gerontagogia, geragogia, etc. (Martins, 2013: 78-79).

Caberá a David Peterson (1976: 61-62):definir:‘gerontologia:educacional’ como sendo o estudo e a prática das tarefas de ensino orientadas às pessoas em processo de envelhecimento (terceira idade, idosos em geral). Nesta definição destacamos três aspetos diferentes interrelacionados: as tarefas educativas ou ensino educacional para pessoas adultas e/ou idosas; a educação do público em geral ou a educação específica para as pessoas idosas ou na fase do envelhecimento; e a preparação ou elaboração de atividades educativas para aquelas pessoas. Posteriormente, aquela definição, foi remodelada e considerada como sendo uma educação para idosos, com programas educativos orientados ao atendimento e/ou às necessidades daquela população, tendo em conta as suas características (projetos educacionais) (Martins, 2013: 79-81). Por isso, a gerontologia educativa tem o objetivo de

possibilitar um envelhecimento ativo, acentuando as potencialidades do ser humano, dando enfase:à:aprendizagem:ao:longo:da:vida:(‘aprender:a:aprender’) (Delors, 2005).

De facto, a gerontologia educacional ou a gerontologia educativa são denominações habituais na atualidade quando nos referimos à educação das pessoas idosas. A sua finalidade é o de contribuir para o reajustamento da velhice e proporcionar uma melhor qualidade de vida do indivíduo, baseando-se em três bases: atenção (socio) educativa com os idosos; orientar os seus esforços educativos para a sociedade ou comunidade para um melhor conhecimento da velhice; e uma melhor capacitação técnica dos profissionais no seu contato direto com os idosos (institucionalizados ou não institucionalizados). Em gerontologia, a gerontologia educacional específica os processos relativos à educação, numa tentativa de aumentar e aplicar o que sabe sobre educação e envelhecimento, de modo a ampliar e melhorar a vida das pessoas mais velhas, sem ignorar os fatores biológicos, psicológicos e sociais (Peterson, 1980). Quer Glendenning (1987) como Peterson (1980) defendem que a gerontologia educacional é uma especialidade da gerontologia, o escopo de disciplinar mais adequado para lidar com tudo relacionado à educação destinada a idosos. No entanto, esta posição foi alterada. F. Glendenning & D. Battersby (1990: 220-222), numa nova abordagem, substituem: o: termo: Gerontologia: Educacional: por: ‘geragogia: crítica’, uma tentativa de emancipação para os idosos e contra o conservadorismo e a domesticação, que prevalecem em paradigmas tradicionais (Martins, 2013: 80-82). Glendenning reconhece que é de um quadro: teórico: e: prático: da: ‘educação: de: adultos’: ou: educação: de: idosos (andragogia, geragogia). Martha Tayler, em 1983, usa o termo geragogia como educação de pessoas idosas com a mesma idade. André Lemieux (1997) corrige a proposta de geragogia (também denominada Geriagogia), de acordo com a etimologia grega, em que esta deve lidar com a educação de pessoas idosas que apresentem algum deficit. Lemieux (1997) propõe assim o termo:‘gerontagogia’:como:o:termo:mais:adequado:constituindo-se numa ciência educacional interdisciplinar, cujo objeto de estudo é a situação pedagógica na pessoa (da terceira idade). Este autor argumenta que como a pedagogia tem como base teórica a psicologia educacional, a:‘gerontagogia’:tem:a:‘gerontologia:educacional’:como:a:sua:base:Etimologicamente:o:termo: vem do grego "geron" (maior idade) e "atrás" como verbo ou "agogia" como um substantivo (conduzir / dirigir), vem a significar "dirigindo um velho". Assim, o critério de idade é o que diferencia a gerontagogia da pedagogia.

Por: conseguinte: a: ‘gerontagogia’: é: de: acordo: com: Lemieux: (1997): uma: disciplina: das: ciências da educação, que parte de diferentes áreas científicas relacionadas com a educação ao longo da vida. Ou seja, parte da gerontologia educacional ao exigir a existência de uma disciplina, que tenha como objeto de estudo os idosos e os fatores relacionadas ao envelhecimento, preocupando-se principalmente com o processo de aprendizagem das pessoas idosas. A gerontagogia surge como uma alternativa diferente à gerontologia educacional tendo um conjunto de métodos e técnicas selecionadas e agrupadas num corpus de conhecimento orientado de acordo com o desenvolvimento do aluno idoso (Lemieux, 1986). Neste sentido esta ciência cai no âmbito do social ao ter em conta a necessidade de considerar os processos educativos nos seus diversos contextos, circunstâncias sociais, históricas, culturais e evolutivos. A novidade da gerontagogia é a referência à natureza educacional da pessoa idosa, como um outro aspeto da pessoa, alegando às suas necessidades socioeducativas, que devem ser interpretadas de seu ponto de vista pessoal e social, no contexto dos seus interesses e habilidades e no seu modelo de ser e agir (Martins, 2013: 81- 83). Constitui-se numa ferramenta de trabalho, mais ou menos inovadora, mas sempre adequada ao nosso escopo, permitindo, pois capacitar e equipar cada pessoa com as habilidades necessárias para que possam desempenhar um papel ativo e participativo no seu contexto, que, em muitos casos, tem que ser crítico e transformador (emancipador) e outras vezes ajuda a pessoa na sua adaptação ao ambiente, segundo as diferentes condições em que se encontra.

Na gerontagogia, o interventor/mediador é chamado de animador sociocultural ou educador social, um agente de apoio que estimula a iniciativa grupal; comenta os indivíduos com o seu ambiente/comunidade; promove atividades lúdicas/ócio-lazer, de pesquisa, de análise, criatividade, reflexão e organização social; incentiva o afloramento de conflitos e de soluções informadas e críticas; promove a participação cidadã; coordena a produção social comunitária. Este profissional é um educador social, que na vertente de ação como animador gerontólogo sociocultural, investe na indagação, no ação e na reflexão das causas das desigualdades individuais e sociais (Quintana, 1986, citado por Cachioni & Néri, 2004).

2.-O processo de envelhecimento e a velhice no ciclo de

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