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2.3 Características do envelhecer

O envelhecimento é no dizer de Spiruso (1996: 19) “():o:processo ou grupo de processos, que ocorrem nos organismos vivos e que a passagem do tempo leva a uma perda da adaptabilidade, danos funcionais e eventualmente à morte, sendo uma extensão lógica dos processos fisiológicos de crescimento e de desenvolvimento”:Trata-se de um processo natural aos seres vivos, e que principia a partir do nascimento, porém com o passar do tempo há o envelhecimento e que segundo Neri (2007: 13) se dão em três componentes, que são o envelhecimento biológico, o envelhecimento social, e o envelhecimento psicológico. Ou seja, é processo “dinâmico: e: progressivo: no: qual: há: modificações: morfológicas: fisiológicas: bioquímicas e psicológicas, que determinam perda progressiva da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos. Que terminam por levá-lo à morte”:(Netto e Borgonovi, 2002: 44). De facto, o envelhecimento efetua-se na componente biológica psicológica e social do indivíduo.

Ao longo do processo de envelhecimento, as capacidades de adaptação do ser humano vão diminuindo, tornando-o cada vez mais sensível ao meio ambiente que, consoante as restrições implícitas ao funcionamento do idoso, pode ser um elemento facilitador ou um obstáculo para a sua vida. Com o declínio progressivo das suas capacidades, principalmente a nível físico, e também devido ao impacto do envelhecimento, o idoso vai alterando os seus hábitos e rotinas diárias, substituindo-as por ocupações e atividades que exijam um menor grau de atividade (Netto & Borgonovi, 2002: 46-49). Esta diminuição da atividade, ou mesmo inatividade, pode acarretar sérias consequências, tais como redução da capacidade de concentração, coordenação e reação, que por sua vez levam ao surgimento de processos de autodesvalorização, diminuição da autoestima, apatia, desmotivação, solidão, isolamento social e depressão.

O processo de envelhecimento induz a uma diminuição dos níveis de habilidade funcional, a uma diminuição das capacidades físicas, tais como a força, o equilíbrio, a resistência e a velocidade de reação. A diminuição de atividade física agrava este processo, dificultando a realização das tarefas diárias, porque o indivíduo com o passar dos anos vai perdendo flexibilidade e mobilidade no corpo, tendo muitas vezes que pedir auxílio a alguém para o ajudar:nas:suas:tarefas:“Geralmente, o idoso apresenta rigidez torácica, maior acumulação de massa gorda, vícios posturais acentuados, problemas cardiovasculares e doenças resultantes do envelhecimento (hipertensão, arteriosclerose, diabetes, etc.) ”: (Llano: Manz: e: Oliveira: 2002: 20).

De facto, ao ser o envelhecimento um processo natural representa uma fase do desenvolvimento da vida de uma pessoa, que vivencia necessidades específicas. A fim de satisfazer estas necessidades, torna-se necessário o desenvolvimento de estratégias que

promovam uma boa qualidade de vida. Pelo que no processo de envelhecimento a alimentação desempenha um papel importante, de acordo com estudos, que evidenciam a relação da alimentação pouco saudável e o surgimento de doenças não transmissíveis, como as cardiovasculares, a diabetes tipo 2 e determinados tipos de neoplasias, e contribuem substancialmente para a carga mundial de morbidade, mortalidade e incapacidade (OMS, 2004). De acordo com Saldanha, citado por Correia (2003), a insuficiência de alimentos de alto valor biológico torna o envelhecimento patológico, além de representar um fator importante de morbilidade e mortalidade. Rowe e Kanh, citados por Correia (2003) referem três padrões de envelhecimento: bem-sucedidos – parâmetros avaliados são equivalentes aos mais elevados encontrados na população adulta não idosa; habituais – parâmetros são próximos aos valores médios, registados na população adulta não idosa; mal sucedido – parâmetros medidos são inferiores aos da faixa etária mais jovem, geralmente associados às doenças.

Ao capacitar cada pessoa com as competências e habilidades necessárias para que possam desempenhar um papel ativo no seu contexto deve-se ter em conta que há um número de caraterísticas ou fatores (cognitivos e não cognitivos) fundamentais a essa participação na comunidade (autonomia da pessoa em valer-se por si mesma).

A.) -Fatores cognitivos (memória e inteligência que mudam com a idade):

*-Memória. É definida como a capacidade cognitiva de reter ou produzir informações cadastrais e em seguida lembrar-se. A memória permite recordar quem nós somos, exceto as memórias e o conhecimento, manter relações com os outros, aprender coisas, ser parte de uma cultura, em suma, é a capacidade que nos permite ser inteligentes. O envelhecimento é acompanhado por mudanças na memória e alguns aspetos dificultam o processo de memória nas pessoas idosas como:

A recuperação de informações, uma vez que o processo de codificação ou registo de informações não foi feito corretamente. Os idosos lembram-se pior porque eles tendem a usar estratégias menos eficientes de aprendizagem ou não usá-las;

O que influencia a memória serão as questões afetivas, mais do que os fatores cognitivos, como a ansiedade, as ideias negativas sobre sua má memória, a imagem se negativa, a tendência à depressão, a infelicidade, etc.

*-Inteligência. Sabemos que a inteligência geral é composta de dois tipos:

Inteligência fluida - a base dos processos cognitivos, relacionado com as estruturas do sistema nervoso. Refere-se às relações percebidas de processamento, capacidade de realizar correlações, raciocínio espacial, abstração, formação de conceito e resolução de problemas de forma divergente, etc. São, portanto, de baixa importância e influenciam tarefas culturais e educacionais.

Inteligência cristalizada - definida como o conhecimento da própria cultura, habilidades de inteligência coletiva, ou seja, reflete o grau ao qual uma pessoa absorveu o conteúdo da cultura, o que indica que é determinada por fatores sociais e educacionais.

*-Do ponto de vista educacional destacou duas questões fundamentais:

Com o decorrer dos anos produzem-se uma deterioração dos processos cognitivos. Aqueles que conferem à inteligência fluida o declínio, ou seja, aqueles recursos que são influenciados diretamente pelo biológico e a velocidade de execução. Enquanto os que correspondem à inteligência cristalizada são altamente influenciados por condições culturais, pela recusa da idade muito avançada ou nunca fazer;

Entre as pessoas mais velhas ou idosas, há diferenças no comprometimento cognitivo, que são determinadas, tanto por condições pessoais como culturais.

B.) -Fatores não Cognitivos. Nestes enfatizamos a motivação, a saúde, a perda de velocidade, a educação e as diferentes estratégias que afetam o:‘aprender’.

*-Motivação. A maior parte das investigações identificam as motivações dos idosos para participar em atividades (socio) educacionais, mencionando especialmente o estudo feito por Morstain e Smart (1974), que se baseia nas tricotomias de Houle (1961) que identificam seis razões para que os idosos estejam envolvidos em tarefas ou atividades de índole educativas, tais como: as relações sociais, as expectativas externas, o bem-estar social, a promoção profissional, a evasão ou estimulação e os interesses cognitivos.

*-Saúde. Sabemos que a doença é uma variável importante na idade, que pode justificar que os idosos tenham diminuído as suas habilidades mentais/cognitivas (incapacidades, limitações) e, portanto, o desempenho e o desejo de aprender são menores do que nas idades anteriores. Não só os idosos podem apresentar pior rendimento, por terem mais anos, mas porque são mais propensos a sofrer de algum tipo de doença. Quanto aos problemas de saúde:Hart:citado:por:Cabete:(2005:12):estes:são:crónicos:em:que:“a maioria das pessoas com mais de 65 anos tem pelo menos uma doença crónica, sendo frequente que tenha duas ou mais”: Também: Correia: (2003): descreve: que: essas: alterações: associadas ao processo de envelhecimento estão na origem de deficiências nutricionais nos idosos, entre as quais a diminuição do paladar e do olfato, problemas de dentição, diminuição da visão, problemas socioecónomicos e depressão. As doenças crónicas (demência) e a medicação que realizam podem contribuir para a perda do apetite.

As alterações inerentes ao envelhecimento, associadas a doenças, favorecem à incapacidade, limitando a funcionalidade do idoso, isto é, a capacidade de manter-se autónomo e ativo no seu meio. A indicação do estado funcional, de acordo com Lawton e Brody, citados por Cabete (2005), dá-se pela interação de um conjunto de duas variáveis, as individuais (competências) e as ambientais (pressão exercida pelo meio envolvente).

*-Perda de velocidade. É sabido que uma maior velocidade exige um maior trabalho de aprendizagem, é a maior diferença entre o desempenho de uma pessoa mais velha e o de um jovem. A diminuição da velocidade afeta especialmente a evocação dos dados gravados na memória e a capacidade psicomotora.

*-Educação (‘aprender:a:aprender’). A aprendizagem é um dos índices que influenciam o estado cognitivo dos idosos nesta fase da vida: a aprender servindo-se das experiencias e vivências acumuladas em anos transatos (Delors, 2005). As pessoas idosas que tenham menos anos de educação formal, não são tão preparadas para realizar exames e testes que medem o conhecimento sobre o assunto. Situações que geram muita ansiedade e medo, e que influenciam diretamente o seu desempenho.

*-Estratégias para ‘aprender’. Este aspeto refere-se às caraterísticas dos idosos perante as tarefas de aprendizagem ou atividades. Os idosos ansiosos com os testes apresentam piores resultados, em testes que medem o nível de inteligência ou geração de memória, acrescenta- se uma prudência excessiva dessas pessoas fazendo com que se acredite que eles não sabem responder ao exercício, levando-os à fadiga ou cansaço, além disso podemos somar a falta de familiaridade com o teste.

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