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Muitas vezes, as respostas dadas aos atuais desafios do envelhecimento não correspondem ao grau de desenvolvimento social e tecnológico dos finais do século XX Isso

acontece devido à falta de perspetiva gerontológica interdisciplinar. É neste sentido que a gerontologia social aborda o envelhecimento da pessoa do idoso, proporcionando-lhe a ele, à família/familiares e aos profissionais e/ou cuidadores (formais, informais) respostas que permitem melhorar a sua qualidade de vida.

O estudo dos idosos, pertencente ao âmbito de abordagem da Gerontologia Social, é relativamente recente. No âmbito das publicações gerontológicas específicas observamos uma preocupação pelo coletivo de idosos e dos seus problemas na velhice e, ainda pesquisas de:‘estudos:de:população’:ou:de:‘envelhecimento:demográfico’:que:têm:a:sua:tradição:já:de: há muitas décadas anteriores. Este aspeto relaciona-se com a terceira geração das teorias de Gerontologia Social europeia e dos Estados Unidos, de acordo com os critérios taxonómicos estabelecidos por V. Marshall, Hendricks, Gognalons, Binstock e George e Bengtson e Schaie, entre outros (Martins, 2013: 63). A abordagem sociodemográfica tem servido como segmento relacional das tradições de investigação e de abordagem académica, nomeadamente, por um lado, os estudos de população ou estudos demográficos e, por outro lado, a terceira geração de teorias de Gerontologia Social, desde essa referida abordagem sociodemográfica, que pertence a essa terceira geração de teorias.

Embora as primeiras teorias de Gerontologia social foram as teorias individualistas, muito antes de a Gerontologia ser reconhecida como uma área científica, os fundadores da pesquisa social ponderaram a conexão entre a idade e a estrutura social. Assim, por exemplo, A. Comte viu a ligação entre o progresso e a sucessão de gerações e a longevidade; Marx e Engels consideraram que a industrialização poderia afetar o significado da idade e do sexo; Durkheim explorou a relação entre a idade e a integração social (Binstock, 2001). Quando surgiu a Gerontologia, devidamente estruturada a meados do século XX deu-se mudanças dramáticas na estrutura das sociedades com grandes consequências, entre elas o envelhecimento das populações. A análise a esta situação apontava para a urgência de se considerar as alterações de composição na estrutura etária das populações e a sua possível relação com a estrutura social. Estas preocupações foram refletidas no primeiro Manual de Gerontologia Social compilado por Tibbits em 1961 (Martins, 2013: 63-64).

Na verdade, as teorias de Gerontologia social foram criadas inicialmente para estudar o envelhecimento do ponto de vista da psicologia social, com base no envelhecimento individual. Esta primeira fase foi amplamente influenciada pelo foco estruturalista, culminando numa terceira geração de teorias que apontaram para as perspetivas estruturalistas, no âmbito micro, macro ou individualista, na linha da teoria sociológica europeia e americana, das décadas de 80 e 90, as quais procuravam a integração. Posteriormente, fez-se uma revisão dessa evolução da Gerontologia Social, o que originou uma pulverização de investigações e publicações, que seguiram, com maior ou menor exatidão, as abordagens das teorias. A primeira geração de teorias de Gerontologia social emerge da interação da gerontologia e da psicologia social, razão que tem um âmbito micro ou individualista. Pretendeu-se explicar a adaptação ou a inadequação do idoso pelas suas condições ou declínio, na perspetiva da psicologia social. A questão essencial era a capacidade de interação do indivíduo com o seu ambiente social, de maneira a estudá-lo em toda a sua extensão, desde fatores de nível micro como grupos de referência, normas e funções. Em 1961, Cumming e Henry afirmaram que a velhice era um período em que o envelhecimento individual e a sociedade estavam separados. Mais recentemente, a teoria do envelhecimento produtivo e do envelhecimento bem-sucedido, na sequência da expansão das teorias de atividade e da continuidade, estabeleceu as componentes fundamentais: baixa probabilidade de doença e deficiência relacionada com a doença, alta habilidade física e cognitiva funcional e compromisso com a vida. Estes três componentes são mutuamente fortalecidos e contribuam para a criação de uma imagem positiva sobre os idosos, mas têm como base a produtividade a longo prazo.

De facto, a gerontologia social é um domínio científico da gerontologia, que estuda e analisa o processo de envelhecimento do ser humano e a atuação política (Sánchez Salgado, 2000). Trata-se duma especialidade gerontológica que ao abarcar bases biológicas, psicológicas e sociais da velhice e do idoso, centraliza-se no impacto das condições socioculturais e ambientais desse processo de envelhecimento, das suas consequências sociais, das suas ações impeditivas á melhoria da qualidade de vida dos idosos e aos

processos de envelhecimento. Ou seja, focaliza o percurso para uma velhice bem-sucedida (Fernandez-Ballesteros, 2000; Moragas Moragas, 1992: 57-58). Ao abordar o envelhecimento em todas as suas dimensões desde uma perspetiva multidimensional inclui esse leque de áreas científicas e a formação dos seus profissionais implica o domínio de conteúdos heterogéneos que lhes permite ter competências para intervir e contribuir para o bem-estar físico, psíquico e social das pessoas idosas (Moragas, 1991).

Por conseguinte, os conhecimentos gerais da gerontologia social incorporam os estudos científicos relacionados com o comportamento sociológico e demográfico da população idosa, a ecologia e geografia humana, a sociologia do corpo, etc.; as diferenças sociais, culturais, económicas e ambientais, relacionadas com a velhice e envelhecimento; as condições éticas, políticas, jurídicas, educativas, económicas (remunerações de reforma ou de aposentação), ambientais e sociais facilitadoras da qualidade e o bem-estar dos cidadãos idosos; e a aplicação prática dos conhecimentos oriundos daquelas áreas científicas no benefício e satisfação das pessoas idosas (Martins, 2013: 64). Os gerontólogos sociais possuem uma formação em competências e em capacidades de intervenção mais abrangentes, de planificação social, ao nível bio-psíquico-social do idoso, abrangendo os fenómenos do envelhecimento e do estado dos idosos, aplicando metodologias de intervenção adequadas e beneficiosas para esses coletivos (Fernández-Ballesteros, 2000: 37-38). A intervenção social daqueles profissionais, no espaço das políticas sociais (públicas e privadas) pretende a análise dos processos biológicos, psicológicos e sociais do envelhecimento, do percurso de vida ou modos de vida e formas de envelhecimento da população. Promovem programas e projetos dirigidos às pessoas idosas, utilizando metodologias e técnicas de intervenção adequadas a esses sujeitos e ao seu contexto, gerindo e organizando o tempo livre dos idosos ao nível institucional ou domiciliário (Jacob, 2007).

1.3.- Gerontologia e educação: gerontologia educacional e/ou

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