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2. PRIMEIRA PARTE: ENQUADRAMENTO TEÓRICO

2.7. C ONSIDERAÇÕES INTERMÉDIAS

Na presente abordagem ao conceito de “artifício” – e atendendo ao leque das suas possíveis evoluções de significado e aplicação –, a noção de “meios com que se obtém um artefacto” é, no contexto do presente trabalho, substituída pela noção de “meios com que se obtém o artificial”. E essa concepção é aqui proposta considerando quer o universo de transformação e de manipulação da matéria (dos artefactos, dos bioartefactos e dos artefactos manipulados geneticamente), quer o universo dos símbolos (lúdicos, informativos ou persuasivos) e o da virtualidade (em processos de trabalho ou lúdicos). Confrontando qualquer um dos âmbitos evocados com os tradicionais e com os novos significados e aplicações do conceito, apropriamo-nos de uma noção que, não sendo novidade, representa um valor crucial no âmbito desta investigação: Os “artifícios” humanos desenvolvidos nos últimos cem anos da espécie superam, em muito – numa escala simbólica, quantitativa, qualitativa e prestativa – todos os resultados artificiosos desenvolvidos pelo Homem ao longo de um período de cerca de 2,5 milhões de anos.

Esse factor tem, por sua vez, a si associada uma série de implicações colaterais que se registam de diferentes modos ao nível ético, ecológico, social ou económico.

Actualmente, a automatização e a autonomação dos processos que geram o artifício – na perspectiva da produção de artefactos – sob pressupostos de produtividade e lucro (o que acontece sempre), são um factor indissociável do aumento do desemprego e, por consequência irónica, da gradual redução dos próprios índices de consumo. A substituição do homem pela máquina não é, de todo, um tema recente473. Contudo, a proliferação e a diversidade aplicativa desse mecanismo,

quando associadas à produção de objectos em massa, reflectem-se em consequências globais preocupantes que, tudo indica, tendem a aumentar. E é nesse contexto – da aceleração repentina de um mundo artificial cada vez mais complexo – que no âmbito do presente tema são suscitadas, incontornavelmente, novas questões:

473 Segundo Aristóteles: “Existe apenas uma condição na qual é possível imaginar os chefes não precisando de subordinados e

os mestres não precisando de escravos. Essa condição seria a de que cada instrumento pudesse fazer o seu próprio trabalho, numa espécie de mote perpétuo” (Robet Anton Wilson, O Livro dos Illuminati, Lisboa, Via Óptima, 1985, 69)

O que acontecerá aos biliões de produtos produzidos diariamente pelo Homem se a capacidade de produção mundial se tornar, em larga escala, superior ao poder de compra dos, em cada vez maior número, indivíduos desempregados do mundo?

Para uma empresa, e consequentemente para um país, os produtos não vendidos, ou seja, retidos em stock, são sinónimo de prejuízo (perda de capital investido). Se (ou quando) o índice de produção exceder o índice de procura de produtos, aos problemas sociais das populações – nível e qualidade de vida dos indivíduos –, acrescerá, tendencialmente, o colapso económico das próprias empresas e, por consequência, dos países.

E o que acontecerá ao excedente não consumido, ou pós-consumido, desses artefactos? Terão os nossos processos de deposição, reciclagem e reutilização capacidade para responder à quantidade maioritária dos objectos produzidos?

Talvez no futuro, mas actualmente ainda não.

Por outro lado, quais as implicações, a médio-longo prazo, da evolução cientifica e

aplicativa das engenharias biomédicas e biotecnológicas?

Provavelmente, a esperança média de vida do Homem aumentará ainda mais; a sua capacidade de adaptação ao meio superará as necessidades tradicionais; a nanotecnologia levará à crescente desmultiplicação de objectos através da nano incorporação de componentes diferentes num só elemento capaz de satisfazer um número cada vez mais elevado de funções; e a nanotecnologia associada à biologia permitirá a incorporação desses mesmos elementos no próprio organismo biológico, Homem.

Mas quem usufruirá dessas evoluções?

Em primeira instância, os indivíduos cuja capacidade de compra não seja afectada pelos factores socioeconómicos atrás referidos, e sobretudo, os indivíduos cujo poder de compra permita a aquisição just in time das mais recentes novidades tecnológicas.

E qual será a resposta das sociedades a essa desigualdade usufrutuária, em que o que está em causa é uma noção super-humana de poder, a gradual capacidade adaptativa do Homem ao meio e a própria sobrevivência dos indivíduos? Que alternativas se desenvolverão para dar resposta àqueles cujo nível de vida não permitirá a aquisição dos novos artefactos?

Provavelmente desenvolver-se-ão, como já hoje acontece em alguns casos – nomeadamente no que respeita ao negócio do transplante de órgãos – mercados paralelos e piratas, criminosos mesmo, de fornecimento desse género de serviços.

Com que consequências?

Quando a noção de “Qualidade” se aplica à Saúde e ao lucro a qualquer custo, as implicações dos negócios pirata são imprevisíveis.

E no que toca à Realidade Virtual, irá realmente o Homem passar de “faber” e

“ludens” a “virtus”?

O Homem é matéria (faber) e alma (ludens). Como tal – graças à sua natureza genética, biológica e existencial – para que se reconheça a si próprio no mundo, necessitará sempre de recorrer a relações físicas, psíquicas e afectivas, com o meio circundante e com o Outro.

Mas e se o mundo virtual evoluir de tal forma que substitua, na perfeição, as sensações matéricas e as relações com o Outro? E se, nessa altura, e à imagem do que poderá acontecer com os artefactos biotecnológicos e biológicos, forem desenvolvidos meios e processos que proporcionem a virtualidade a uma maioria de indivíduos?

Independentemente do grau de dependência tecnológica do homo virtus, para a sobrevivência da espécie enquanto tal, o Homem terá sempre de procriar, de satisfazer as suas necessidades fisiológicas, de ingerir alimentos (mesmo que sob a forma de pílulas) e de dormir. Por outro lado, qualquer um dos últimos três actos obriga à antecipada actuação do Homem enquanto faber (processo de fabricação – mesmo que automatizado – dos artefactos necessários à consumação das acções). Paralelamente, a noção de procriação da espécie (isolando a ideia da procriação artificial) implica sempre o contacto íntimo com o Outro e quase sempre a afectividade. Contudo, os riscos inerentes à Realidade Virtual, quando contextualizados neste campo, prendem-se sobretudo com a já evocada possibilidade de alienação do indivíduo em relação ao mundo real. E essa alienação pode conduzi-lo à impossibilidade de – mesmo desejando – procurar e descobrir, no mundo das “coisas” palpáveis, o Outro a quem amar ou com quem se relacionar afectivamente. Mas a predisposição (genética e exterior) para esse tipo de alienação não é característica de todos os indivíduos. E nessa medida, podemos esperar que o Homem, independentemente dos “artifícios” colocados ao seu alcance, seja sempre

faber e ludens, mesmo que em graus e concepções diferentes das já existentes.

E se todos os Homens fossem virtus, quem desenvolveria, conceberia e fabricaria os

artefactos que possibilitam o usufruto da virtualidade? As máquinas?

Só se fosse no que respeita à última fase do processo evocado. A instituição de um mundo maioritariamente virtual só seria possível se o Homem não precisasse de trabalhar, e se existissem forças políticas organizadas com base num poderio mundial

manipulador que objectivasse esse fenómeno. Ou seja, isso só tenderia a acontecer na altura em que as minorias que manipulam a economia e a informação global antevissem lucros pessoais compensatórios associados a essa alteração massificada

de comportamento e se, recorrendo a acções persuasivas do colectivo474,

construíssem um contexto socioeconómico e cultural favorável à implementação alienante da virtualidade. O que, nesse contexto de contornos ditatoriais, seria o mesmo que dizer: recorrer à implementação alienante de informações virtuais intencionalmente seleccionadas e manipuladas para um fim específico. E nesse momento o Homem colectivo passaria de virtus a sine voluntate (sem vontade própria). E, como nos ensina a História das civilizações humanas, essa também não é uma predisposição passível de ser impressa, mesmo por recurso à força, a todos os indivíduos. Mas é-o, com certeza, a alguns.

O aprofundamento de respostas para as hipóteses e cenários levantados não é do âmbito específico desta dissertação; a sua enunciação pretende, no entanto, e sobretudo, sublinhar duas questões fundamentais: Centrar-se-á a evolução dos

“artifícios” Humanos em objectivos que visam realmente melhorar a qualidade de vida do Homem? E se assim for: Serão os meios e os processos adoptados previamente equacionados em termos de possíveis consequências colaterais?

A evolução do Design Industrial enquanto disciplina tem, em diferentes momentos – e à imagem das demais áreas de conhecimento –, um objectivo central comum: suprir

as necessidades do Homem e melhorar a sua qualidade de vida. E no caso do Design

Industrial esse objectivo é perseguido pela concepção, pelo desenvolvimento e pela disponibilização, ao público, de objectos industriais.

Mas que necessidades (didácticas, sociais, económicas, culturais, ambientais, etc.) se escondem por detrás do reconhecimento efectivo das reais necessidades do Homem (qualidade de vida)?

No decurso da questão levantada surge uma outra de si indissociável: nos diferentes

momentos da evolução do Design Industrial terão sido, quer os meios quer os processos adoptados para a concepção dos artefactos, previamente equacionados em termos de possíveis consequências colaterais?

A resposta a estas duas questões exige a visitação sumária, e individual, das principais épocas que constituem a evolução do Design Industrial e da afirmação do lema

“suprimento de necessidades para uma melhor qualidade de vida”. Nessa perspectiva, tendo em conta que só é possível suprir necessidades cuja existência foi anteriormente identificada e que quem determina o objectivo de suprimento de um produto é, para além do designer que o concebe, a entidade que o produz, torna-se fundamental que se delimite a diferença que existe entre: “necessidades identificadas pelo designer” e “necessidades identificadas pela entidade que encomenda e/ou produz o projecto”.

Habitualmente, o designer que inicia a sua colaboração com a indústria tem presente uma noção de valores deontológicos que lhe foram, mesmo que pontualmente, transmitidos durante o período de formação académica. A máxima “Melhorar a qualidade de vida das pessoas” encontra-se intimamente ligada, durante o processo projectual, à equação de preocupações éticas/culturais/sociais e económicas (e mais recentemente também ambientais). Assim, a noção “suprimento de necessidades” na visão do designer está comummente relacionada com a consideração, no projecto, desses mesmos valores.

A indústria, por seu lado, seja qual for a época da sua acção, tem como primeiro objectivo o suprimento das suas próprias necessidades, ou seja, a garantia da sua sustentabilidade e prosperidade económica; mesmo quando o factor “consumidor” aparece no topo das prioridades estratégicas da empresa.

As possíveis dificuldades de conciliação entre os dois tipos de objectivos (do designer e da indústria) prendem-se com a barreira que separa os interesses de cada entidade no que respeita ao factor “identificação de necessidades”. É certo que, em alguns casos de sucesso – e como vimos anteriormente – se verifica uma mediação positiva

dos interesses de ambas as partes475. Mas isso depende, sobretudo, quer da

capacidade do designer para desenvolver uma proposta projectual consensual, quer do grau de especificidade das necessidades identificadas pela entidade produtora (Lucro?; Lucro + Qualidade?; Lucro + Qualidade + Inovação?, etc.) . É que, independentemente das variantes intrínsecas a essa problemática conciliatória, para que determinado projecto passe de “proposta” a “produto” tem sempre que, em última instância, significar uma solução vantajosa que supra as necessidades da empresa, as quais, sejam quais forem os valores éticos, funcionais ou conceptuais

475 O dilema “conciliação dos diferentes interesses” só se aplica aos designers industriais que para além de “vestirem a

camisola” da marca empresarial para a qual trabalham, conseguem manter uma atitude crítica e responsável face aos pressupostos inerentes à sua actividade profissional.

inerentes ao produto, ambicionam sempre, e em primeira mão, garantias efectivas de lucro.

Delimitada a principal diferença entre “possíveis necessidades identificadas pelo designer”476 e “necessidades reais de uma empresa”, resta acrescentar que o que

avaliaremos de seguida se baseia na questão Evolução Tecnológica do Design

Industrial; sendo que o termo “tecnologia” assume o sentido de aplicação prática de

determinada ciência477.

Sendo o objecto aqui considerada o Design Industrial, os temas desenvolvidos no quadro seguinte (Quadro 1) foram elaborados pela autora mediante a sistematização

dos conteúdos abordados ao longo do presente capítulo, e circunscrevendo-se a sua interpretação à aplicação prática da disciplina no universo específico da produção industrial. Como tal, serão enunciados os principais factores didácticos, sociais, económicos e ambientais que viabilizaram essa evolução disciplinar na indústria e, com base nos principais momentos históricos, identificar-se-ão quer as “necessidades colectivas” (entidade produtora, consumidor e/ou país) das sociedades em causa, quer as respostas desenvolvidas por designers, empresas e escolas, no decurso de soluções aplicáveis à actividade do Design Industrial.

476 Dizemos “hipotéticas” pois as “necessidades identificadas” pelos designers dependem sempre de factores de índole pessoal,

nomeadamente no que respeita às diferentes possibilidades de interpretações das teorias desenvolvidas em torno do tema “Design Industrial”.

477 “A palavra tecnologia, tendo sido empregue pela primeira vez nos finais do séc. XVIII, tem-se prestado a várias significações.

Chegou a ser considerada como uma nova ciência criada pela indústria. Porém a perspectiva actual, na infra-estrutura tácita do saber, pode ser resumida na ideia de ciência na prática com uma função utilitária: uma «intromissão da ciência na vida das pessoas a nível prático e não intelectual»” (Manuel Secca Ruivo, 1990, 77).

Quadro 1 – Evolução Tecnológica do Design Industrial. Relação entre: Momento histórico, Necessidades identificadas e Respostas projectuais às necessidades identificadas considerando a evolução do Design Industrial enquanto prática profissional desenvolvida, especificamente, no âmbito da indústria. (Fonte: autora)

Década Momento histórico Necessidades identificadas Respostas projectuais (a nível

profissional e didáctico)

10 - 20 A Alemanha de Muthesius e de Behrens

Conquistar a competitividade tecnológica e económica da Alemanha.

Renovação total da imagem e dos produtos das empresas.

Estabelecimento de parcerias de trabalho entre indústria e associações de artistas. Salto qualitativo ao nível da concepção estética e funcional do objecto industrial e da própria imagem corporativa das empresas (caso da AEG).

20 – 30

A Bauhaus enquanto primeira escola de Design de Equipamento e a delimitação de preocupações sociais e económicas aplicáveis à actuação do “design industrial”

Criar nos alunos uma base de conhecimento multidisciplinar, teórica e prática, que lhes permitisse construir uma atitude crítica multifacetada face ao projecto e às artes (época de Gropius).

Preparar os estudantes para darem resposta ao objectivo de suprimento das necessidades - utilitárias e práticas - do maior número possível de indivíduos (sobretudo na época de Meyer. Desenvolver a relação negocial entre a Escola e Indústria (tempo de van der Rohe)

Desenvolvimento e introdução de oficinas dedicadas a diferentes técnicas de produção (metais, madeiras e cerâmica) e de disciplinas teóricas até então pouco exploradas em cursos

antecedentes (teoria da Forma e da Cor).

Preparação dos projectistas (designers), na teoria e na prática, para uma aproximação entre o raciocínio metodológico projectual e a realidade dos processos produtivos industriais (estandardização).

Estabelecimento de protocolos e contratos de produção com a indústria (venda de direitos de autor).

30 Os EUA e o Styling

Combater a baixa moral dos americanos face à depressão e impulsionar a produção e o comércio nacionais e, por consequência, a economia do país.

Renovação da imagem dos produtos por recurso a símbolos colectivos que comunicassem a noção de dinamismo e progresso, ou seja, de alcance de “um futuro melhor” (aerodinamismo)

O pós-guerra e a injecção de dinheiro norte-americano na Europa e no Japão (Plano Marshall)

Retomar a economia e a moral dos países mais devastados pela II Guerra.

Investimento e potencialização das tecnologias desenvolvidas durante a guerra através da sua aplicação a diversos produtos de consumo comum. Contratação, em número crescente, de consultores de design para o cumprimento dessa missão.

40 – 50

A Escola de Ulm e o conceito de Gute Form.

Fazer frente à concepção mercantilista do Styling por recurso ao conceito de Gute Form e disseminação desses pressupostos e dos novos produtos junto da indústria e, consequentemente, dos consumidores (tempo de Max Bill.

Recuperação do valor funcional e racional dos objectos industriais.

Desenvolvimento de trabalhos para a Braun (criação da noção “unidade na unidade”).

Década Momento histórico Necessidades identificadas Respostas projectuais (a nível profissional e didáctico)

A Escola de Ulm e as novas didácticas

Ampliar o nível e as áreas de conhecimento dos futuros designers (tempo de Maldonado)

Introdução de disciplinas de psicologia, sociologia,

semiótica, etc, na formação dos alunos, cujo valor é assumido como equivalente às demais disciplinas tradicionais (desenho, projecto, etc.).

50 - 60

A afirmação das novas tecnologias e dos novos materiais e a

implementação da Ergonomia e da Antropometria no processo projectivo

Recurso, em larga escala, a designers industriais para o desenvolvimento de produtos inovadores que dignifiquem e potenciem o investimento efectuado pela indústria no desenvolvimento de novos materiais e de novas tecnologias (exemplo dos plásticos).

Exploração, por parte dos designers, das características diferenciadoras dos novos materiais e tecnologias. Lançamento no mercado de produtos, formal, funcional, estrutural e esteticamente diferentes de tudo o que até então existiara (aplicação dos plásticos ao mobiliário,

iluminação, household, objectos técnicos …).

Disseminação da aplicação de noções ergonómicas e antropométricas no projecto de design industrial (publicação, em 1955, do livro de Dreyfuss, Designing for people)

60 - 70 O Maio de 68 e a oposição pública ao aumento do consumo

Alertar para as consequências sociais e ambientais

provocadas pelo excesso da produção industrial.

Delimitação das primeiras propostas projectivas em que o factor ecologia é uma das preocupações a considerar no projecto de design.

70 As crises petrolíferas de setenta

Reequacionar, por parte da indústria, o desperdício energético (económico) inerente aos até então praticados processos de produção.

Criar alternativas de substituição de produtos inteiramente produzidos em plástico (derivado do petróleo).

Desenvolvimento de estudos de análise de consumos matéricos e energéticos envolvidos nos processos de produção tradicionais (princípio do desenvolvimento do conceito de Ciclo-de-vida-do-produto). Abrandamento da produção industrial e, consequentemente, da aplicação prática do Design Industrial.

80 A evolução do Marketing e a disseminação no Ocidente da noção de Qualidade Total

Responder ao crescimento da competitividade entre os países através, também, da

integração do designer nas equipas de desenvolvimento de produto desde o início do processo de concepção (nomeadamente pela consideração das análises de mercado, feitas pelo marketing, cujo reflexo passa a constituir parte integrante do produto desenvolvido).

Desenvolvimento de produtos de maior qualidade, com maior índice de inovação, e

cirurgicamente direccionados para mercados específicos; consequentemente, mais competitivos. Promoção agressiva desses produtos por recurso à sua identificação intencional com símbolos colectivos previamente estudados.

Maior reconhecimento, por parte de outras empresas, da importância do Design Industrial e do seu papel nas equipas de desenvolvimento de produto.

Década Momento histórico Necessidades identificadas Respostas projectuais (a nível profissional e didáctico)

Fundação e disseminação, a nível global, de Cursos Superiores de Design Industrial

Fomentar a importância do Design Industrial enquanto área decisiva para o

desenvolvimento de produtos competitivos, em países até então alheados das novas regras do mercado mundial.

Fundação de cursos Superiores de Design Industrial num número crescente de países.

Gradual divulgação

internacional dos pressupostos da disciplina.

Globalização versus Diferenciação e Identidade dos produtos industriais

Contrariar a uniformização global dos produtos industriais por recurso a características de identidade diferenciadora.

Enaltecimento, por parte do designer, de factores associados à potencialização do valor “emocional” dos objectos

(quer por motivações sociais e lúdicas, quer por motivações competitivas/económicas).

Disseminação de programas CAD/CAM e de Prototipagem Rápida

Diminuir e rentabilizar os tempos e custos implicados no

desenvolvimento, teste e produção de novos produtos.

Maior liberdade exploratória das características

volumétricas, comportamentais e de resistência dos futuros produtos, sem a implicação dos custos e tempo

tradicionalmente dispendidos nessas etapas.

90

Disseminação e aplicação industrial das noções de Ecodesign e de Ciclo-de-Vida dos Produtos e delimitação da noção de Design para a Sustentabilidade

Reduzir os desequilíbrios ambientais provocados pela produção industrial. Aplicar a noção de

“Sustentabilidade” ao âmbito específico do design.

Implementação de medidas de redução do impacto ambiental inerente aos processos de extracção, produção, transporte e deposição dos produtos industriais, mediante processos que não penalizam economicamente, a médio- longo prazo, a entidade produtora.

Desenvolvimento de

metodologias de projecto que consideram em igualdade a relação entre os factores sociais, económicos e ambientais inerentes ao desenvolvimento de novos produtos.

Face aos conteúdos do Quadro 1 – por intermédio da interpretação das dinâmicas implicadas na relação “necessidades identificadas” ao longo do tempo “respostas desenvolvidas” –, podemos determinar quatro fases de charneira no que respeita à

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