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4.2.1 Tratamento e análise dos dados relativos à Q

QI 2 Categoria: Fundamentos referidos pelos participantes Unidades de Registo Verbalizações EiP + EfP + EDir

- Trabalho colaborativo facilita o processo de supervisão pedagógica

P1 (Ei 4.11):

In: Tu achas que o facto de vocês já terem dinâmica de trabalho colaborativo (...) depois facilita que vocês… estejam diante de um supervisor ou estarem perante um processo de supervisão?

P1: Facilita. In: Porquê?

P1: É uma prática comum para nós… acaba por ser uma prática comum, estar alguém na sala… é normal para nós.

In: E esta colaboração (existente entre vocês) gera um bocadinho mais de confiança… P1: Sim…

In: Vocês estão mais preparados para ter alguém que tenha uma visão sobre aspetos pedagógicos e até da metodologia que vocês utilizam…

P1: Mesmo em relação a este projeto que estamos a fazer, a ajudar, quando o nosso representante nos falou sobre ele, não vimos qualquer problema em ter alguém na sala de aula… sem problema nenhum.

In: Vocês estão habituados a ter sempre alguém dentro da sala de aula… estão habituados a trabalhar desta forma, aberta, não é? Lidar com a matemática em conjunto…

P1: Sim. Sem problema nenhum! Estamos habituados… exatamente. Vir mais alguém não provoca nenhum stress. (risos)

P2 (Ei 4.11):

In: Esta também é uma pergunta muito importante. Consideras o trabalho colaborativo entre os docentes um processo que pode ser indutor, ou facilitador de supervisão pedagógica?

P2: É um bocadinho isso… eu acho que o facto de as aulas serem coadjuvadas e de existir uma confiança e um trabalho colaborativo entre os colegas, facilita a supervisão pedagógica. Sem dúvida.

P1 e P2 (Ef 3.6):

In: Consideram que a coadjuvação e o trabalho colaborativo entre docentes facilitam a implementação de uma supervisão pedagógica entre pares? Porquê?

P2: Sim. P1: Sim.

P2: Facilita muito. O à vontade, o estar habituado a ter alguém na sala… isso facilita muito.

Dir (4.9):

In: Considera o trabalho colaborativo facilitador de um processo de supervisão pedagógica? Porquê?

Dir: Sim. É evidente que… até pode já nem ser necessário o «Não faças isso,…» se a aula for preparada por todos.

- A coadjuvação facilita o processo de supervisão pedagógica

P2 (Ei 4.11): (…) eu acho que o facto de as aulas serem coadjuvadas e de existir uma confiança e um trabalho colaborativo entre os colegas, facilita a supervisão pedagógica. Sem dúvida.

(…) Por isso eu acho que o facto de a aula ser coadjuvada e ser supervisionada por um colega que faz coadjuvação que já conhece como as coisas funcionam, consegue ter uma perceção mais correta do trabalho do professor. Dir (4.8):

In: Considera a coadjuvação em sala de aula um processo facilitador de uma supervisão pedagógica?

Dir: Facilita… facilita. Quanto mais não seja, facilita, porque o professor vai habituar-se a ter gente lá dentro (da sala de aula). E depois, gente lá dentro que pode e deve ter um olhar crítico. E se tiver um olhar crítico… na

primeira aula pode-se não dizer nada, mas na segunda e na terceira se as coisas começarem a correr mal, eu posso dizer - «olha, não estás as conseguir». Eu tenho que por de lado um bocadinho a amizade e por em discussão o aspeto profissional e dizer (por exemplo) - «Tu não estás a conseguir fazer isso… não faças isso… queres ver, na próxima aula eu até vou dar essa matéria…» - essa é que é a ideia.

- A presença habitual de outro docente em sala de aula, no âmbito do trabalho de coadjuvação, facilita a supervisão pedagógica

P2 (Ei 4.6):

In: De acordo com a sua perceção, como reagem, de um modo geral, os professores à ideia da implementação do processo de supervisão pedagógica na escola?

P2: Mal… de uma forma geral não gostam. Primeiro porque a maior parte não está habituada a ter alguém na sala de aula que não seja o próprio professor. Nós estamos (os profs de Matemática) - para nós é o habitual, do dia-a-dia. (…)

In: Mas por exemplo no vosso caso, esse desconforto praticamente não existe…

P2: Porque estamos habituados a essa presença de outro colega na sala de aula, com regularidade, enquanto que na maior parte dos grupos isso não acontece…

P1 e P2 (Ef 3.1):

P2: (…) acho que nos grupos que não estão habituados a ter coadjuvação isso ainda cai menos bem. Porque eles sentem-se completamente a ser avaliados. Não estão habituados a ter outro colega dentro da sala de aula. Nós como já estamos habituados a ser dois, apesar de ser diferente (coadjuvação e supervisão), já não notamos muito (…)

P1 (Ei 4.11):

P1: Mesmo em relação a este projeto que estamos a fazer (a ajudar), quando o nosso representante nos falou sobre ele, não vimos qualquer problema em ter alguém na sala de aula…

Sem problema nenhum! Estamos habituados a trabalhar desta forma aberta. Vir mais alguém não provoca nenhum stress. (risos).

P2 (Ei 4.11): (…) eu acho que o facto de as aulas serem coadjuvadas e de existir uma confiança e um trabalho colaborativo entre os colegas, facilita a supervisão pedagógica. Sem dúvida.

(…)Por isso eu acho que o facto de a aula ser coadjuvada e ser supervisionada por um colega que faz coadjuvação que já conhece como as coisas funcionam, consegue ter uma perceção mais correta do trabalho do professor. P1 e P2 (Ef 3.6):

In: Considera que a coadjuvação e o trabalho colaborativo entre docentes facilita a implementação de uma supervisão pedagógica entre pares? Porquê?

P2: Facilita muito. O à vontade, o estar habituado a ter alguém na sala… isso facilita muito.

P1 e P2 (Ef 3.7):

In: Que sugestões apresenta para que a supervisão pedagógica possa ser uma realidade dentro da escola? P2: (…) ser o mesmo colega a fazer a supervisão, isto é, o colega que vai coadjuvar ser (o que vai fazer a supervisão)… isso facilita, porque já conhece a turma, já conhece os alunos, já conhece o colega que está a dar (aula como titular)… isso facilita.

Dir (4.8):

In: Considera a coadjuvação em sala de aula um processo facilitador de uma supervisão pedagógica?

Dir: Facilita… facilita. Quanto mais não seja, facilita, porque o professor vai habituar-se a ter gente lá dentro (da sala de aula). E depois, gente lá dentro que pode e deve ter um olhar crítico.

- Preferência por uma supervisão entre pares

P1 e P2 (Ef 3.8):

In: Na sua opinião, a quem deveria ser atribuído o papel de supervisor?

P2: Depende de quem for. Porque é diferente… Ir fazer a supervisão de alguém que não seja da nossa área, de alguém de quem nós estejamos habituados a trabalhar a fazer uma coadjuvação semanal, digamos… É diferente ir a P1, ou o B1, ou a C1 (todos professores de Matemática), do que ir a C2, que é a coordenadora do

departamento. Não tem nada a ver… não sei como é o trabalho dela, não sei quais são os limites dela, não sei o que é que ela permite numa sala de aula… quer dizer, é muito diferente ir uma pessoa que tu não conheces de lado nenhum, tu não sabes como é que ela reage, como é que ela é, assistir a uma aula de colegas de grupo que tu já sabes como é que as coisas funcionam. É diferente. Aí estou a sentir-me avaliada. Eu própria, se for ela a assistir (a C2 – coordenadora de departamento), estou a sentir-me avaliada… porque ela não está lá para outra coisa.

P1: Exatamente.

- O supervisor deve ser conhecedor do ambiente que se vive em sala de aula

P2 (Ei 4.11): (…) Porque se a pessoa que assume o papel de supervisor for desconhecida, se não estiver habituada à turma, pode achar muito anormal uma determinada reação de um aluno… e o modo como a professora reagiu àquilo (à reação do aluno) até era ótima para aquilo que ele habitualmente costuma ser… Por isso eu acho que o facto de a aula ser coadjuvada e ser supervisionada por um colega que faz coadjuvação, que já conhece como as coisas funcionam, consegue ter uma perceção mais correta do trabalho do professor.

P1 e P2 (Ef 3.7):

In: Que sugestões apresenta para que a supervisão pedagógica possa ser uma realidade dentro da escola? P2: (…) ser o mesmo colega a fazer a supervisão, isto é, o colega que vai coadjuvar ser (o que vai fazer a supervisão)… isso facilita, porque já conhece a turma, já conhece os alunos, já conhece o colega que está a dar (aula como titular)… isso facilita.

P1: E se não for (o colega coadjuvante), se calhar (quem desempenhar a função de supervisor deverá) assistir a algumas aulas, antes dessa parte de preenchimento (de observação tão focada), de modo a conhecer um bocadinho a turma (e o modo como a interação professor e alunos se processa).

- A coadjuvação

permite/potencia a observação num processo de supervisão

P1 e P2 (Ef 3.1):

In: Na sua perceção, a coadjuvação em sala de aula permite/potencia a observação de aulas? Porquê?

P2: Sim. Agora, depende do objetivo. Uma coisa é estar a observar a aula como tu estiveste, em que dás conta de tudo… mas se eu estiver a fazer a coadjuvação é diferente de eu estar ali sentadinha a fazer só a observação de

coisas que me passam um bocadinho ao lado. É diferente uma coisa da outra.

In: Tens razão e eu concordo com isso que estás a dizer. Mas achas que pode ajudar numa supervisão? P1: Eu acho que estes dois papéis – coadjuvação e observação de aulas… pode potenciar, mas acho que deveriam ser separados, porque a coadjuvação é … eu entendo assim, é uma ajuda. Por exemplo, «eu vi que alguma coisa correu mal… e eu ajudo a colega… a colega ajuda-me a mim… o colega que está à frente pode intervir, ou o contrário…». A observação de aulas… acho que vendo também como as pessoas reagem, entende-se mais como uma avaliação… tem uma conotação um bocadinho mais forte do que a coadjuvação. A coadjuvação parece-me uma partilha…

P2: É, é, é verdade…

P1: …a minha falha como coadjuvante é a falha do professor também, ou o contrário. Se alguma coisa correu mal, corre mal com os dois… para mim. Potencia a observação de aula, mas não potencia uma avaliação.

- Chegar à supervisão pelo trabalho colaborativo e pela coadjuvação

Dir (4.7):

In: Tu estás a tentar chegar à supervisão pela coadjuvação e pelo trabalho colaborativo… Dir: É um bocadinho isso…

In: Estás a fazer isso… de propósito?

Dir: Eu tenho… nós temos que seguir as recomendações da inspeção. Nós temos que chegar à supervisão, portanto, se eu conseguir gradualmente fazer isso… pensando que o meu objetivo principal não é a supervisão… eu quero resultados. Só quero isso.

In: É os objetivos da escola concretizados…

Dir: O objetivo da escola, que é o objetivo do projeto educativo, é melhorar a qualidade do sucesso. Se para isso eu resolver os problemas que a administração me pede, tudo bem. Se a inspeção me diz assim - «olha, o sr. tem que fazer a supervisão.» Eu na altura disse assim - «Supervisão não faço, vou fazer monitorização…» - a monitorização resolve-me um problema – de tentar ver o que é que pode, eventualmente, correr mal em alguns professores, para alertar os professores, não era para eu conseguir o meu objetivo, era para alertar os

professores. Se eu alertar os professores e lhes der depois mais meios, que são os professores coadjuvantes, e dar- lhes o trabalho colaborativo, eu vou ter, de certeza, melhores resultados, acho eu…

Tabela 15 - Perceção das docentes e do diretor da escola sobre a influência do trabalho colaborativo entre os docentes como facilitador de supervisão pedagógica.

Pelas entrevistas, verifica-se que quer as docentes, quer o diretor da escola, consideram que o trabalho colaborativo facilita a implementação do processo de supervisão pedagógica.

Consideram, de igual modo, a coadjuvação um processo facilitador de supervisão, uma vez que para si esta é uma forma de trabalho colaborativo.

Para as professoras, o facto de trabalharem de forma colaborativa e de terem na sua sala de aula a presença habitual de outro docente, nomeadamente em trabalho de coadjuvação, proporciona uma postura de maior abertura e descontração, podendo gerar confiança e à vontade acrescidos em situações de observação ou visão focada, decorrentes de uma supervisão.

P1 e P2 destacam o forte pendor avaliativo que é habitualmente associado, pela maioria dos professores, à supervisão e à observação de aulas, referindo este aspeto como gerador de ansiedade. Tal sentimento contrasta com aquele que percecionam no trabalho de parceria e colaboração que desenvolvem no âmbito da coadjuvação, em que se manifesta um clima de interajuda e de partilha de responsabilidades que se estabelece entre os docentes.

Assim, pelo discurso das professoras, numa atmosfera de trabalho colaborativo entre professores a supervisão deixa de ser um processo gerador de tanto receio e ansiedade, em especial se for realizada entre pares e ao longo do tempo, ou se quem assume o papel de

supervisor é alguém “de dentro”, conhecedor do ambiente que se vive em sala de aula, dos alunos, do colega supervisionado e da dinâmica vivida dentro da própria disciplina.

Neste âmbito, P1 e P2 consideram que o papel de supervisor pode caber a um colega do seu grupo disciplinar, que poderá ser o docente que habitualmente realiza consigo a coadjuvação, num processo de acompanhamento da prática pedagógica que não seja pontual e, sobretudo, que não seja realizado por alguém “de fora”.

Quando questionadas sobre se consideram a coadjuvação um processo que permite/potencia a observação de aulas, constituindo, deste modo, uma ajuda no desenvolvimento de um processo de supervisão pedagógica, responderam afirmativamente.

Referiram, no entanto, que embora a coadjuvação propicie a observação e apreciação do trabalho que se desenvolve na aula, a profundidade e abrangência destes procedimentos é maior quando num contexto de supervisão, atendendo à diferença de objetivos associados a cada um dos processos (coadjuvação e supervisão). Assim, para as docentes, não é possível ao professor coadjuvante, na realização do trabalho de coadjuvação em sala de aula, proceder a uma observação tão atenta e profunda quanto à protagonizada por um supervisor. Segundo P1 e P2, supervisão e coadjuvação não se devem, pois, confundir.

Tal como as professoras, o diretor da escola considera que quer o trabalho colaborativo, quer a coadjuvação, podem funcionar como facilitadores de um processo de supervisão pedagógica, na medida em que:

 a análise e reflexão realizadas no âmbito destes processos não recai apenas sobre o desempenho individual, mas sim sobre um trabalho que é desenvolvido, de forma colaborativa, por todos os professores do grupo, o que se supõe proporcionar uma segurança maior sobre o trabalho que é realizado;

 no âmbito da coadjuvação, o professor está habituado à presença de outro docente a assistir às suas aulas e, idealmente, este último pode e deve assumir um olhar crítico em relação ao modo como o primeiro desenvolve o seu trabalho em sala de aula, numa postura de interajuda e de enriquecimento da prática pedagógica.

O diretor da escola, por outro lado, refere o sucesso dos alunos como a grande prioridade da escola, sendo este o objetivo principal do projeto educativo, secundarizando, de certo modo, os aspetos que envolvem diretamente o professor. Para o diretor, coadjuvação, trabalho colaborativo ou supervisão pedagógica constituem, antes de mais, instrumentos para alcançar esse objetivo.

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