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3.2 Contextualização do Estudo e Caracterização dos Participantes A investigação realizou-se numa escola EB 2,3, no concelho da Maia, distrito do Porto, não

constituindo local de trabalho (quadro de provimento) do investigador. A seleção desta escola deveu-se ao facto de esta ter implementado, desde o ano letivo de 2014-2015, a coadjuvação em sala de aula, assim como um processo de monitorização do trabalho dos docentes, fatores consentâneos com o tema e âmbito pretendidos pelo investigador.

3.2.1 - Participantes

O estudo teve como participantes duas professoras de matemática, identificadas neste trabalho como P1 e P2, por questões de anonimato, segurança e proteção dos seus dados pessoais.

P1 e P2 são da mesma faixa etária, apresentando na altura desta investigação 38 e 39 anos respetivamente. Têm um percurso profissional semelhante, sendo docentes de matemática do 3ºciclo e ensino secundário, com um tempo de serviço de, respetivamente, 16 e 15 anos. Não sendo professoras do quadro da escola visada, encontravam-se pelo primeiro ano a lecionar na mesma.

Inicialmente desconhecidas do investigador, as docentes mostraram interesse e total disponibilidade em integrar este projeto, tendo colaborado, em trabalho de coadjuvação em sala de aula, com uma mesma turma.

Assim, fez também parte dos participantes da investigação, uma turma do 7ºano, composta por vinte alunos, na qual P1 era a sua professora titular na disciplina de matemática e P2 a sua professora coadjuvante.

O trabalho de campo desta investigação recaiu, portanto, sobre a ação pedagógica das duas docentes no acompanhamento desta turma, cujas caraterísticas, descritas pelas mesmas e constantes no respetivo Plano de Turma (PT), a indicam como sendo constituída por um número significativo de alunos com dificuldades na disciplina de matemática (e, de um modo geral, às restantes), pouco empenhados e reveladores de falta de hábitos de estudo e de trabalho na sua generalidade e, ainda, por vários casos de alunos referenciados pelo seu recorrente e longo historial de mau comportamento e indisciplina.

Resumem-se, seguidamente, alguns dados sobre a turma, retirados do respetivo PT5:

5

Número de alunos: 20 (12 rapazes; 8 raparigas);

Média de idades: 12,4 anos;

Número de alunos com retenções: 8 (6 com uma retenção; 2 com 3 retenções);

Taxa de insucesso à disciplina de Matemática no final do ano transato: 55%

Número de alunos referenciados com dificuldades à disciplina de Matemática: 16;

Número de alunos propostos para aulas de Apoio Pedagógico Acrescido à disciplina de Matemática, no final do ano letivo transato: 16;

Número de alunos alvo de procedimento disciplinar (com suspensão) no ano letivo transato: 3

Número de alunos propostos para Plano de Ação Tutorial no início do ano letivo: 6.

Fonte: Projeto de Turma

O comportamento da turma era considerado pelos docentes do conselho de turma, como insatisfatório. Apresentam-se seguidamente extratos das atas dos conselhos de turma de Avaliação dos primeiro e segundo períodos, onde se faz referência ao comportamento da turma:

“Na globalidade, os docentes consideram que o comportamento da turma é insatisfatório, uma vez que revelam um comportamento muito irregular, por vezes turbulento. Alguns alunos adotam um comportamento perturbador que prejudica o decorrer normal das atividades letivas, destacando-se os alunos números 3, 8, 13, 17, 20, 23 e 27. Os restantes alunos revelam igualmente uma grande desconcentração durante as aulas ao estabelecer conversas paralelas com os colegas do lado e rindo das situações que entretanto ocorrem durante a aula. Estas situações forçam os professores a constantes interrupções para estabelecer a ordem e retomar um ritmo normal de trabalho.”

Excerto da ata de 21 de dezembro de 2015 “Na globalidade, os docentes consideram que o comportamento da turma é insatisfatório uma vez que foram alvo da medida corretiva de ordem de saída da sala de aula, com respetiva marcação de falta disciplinar os alunos números: 2, no dia 29 de janeiro à disciplina de educação visual; 3, no dia 12 de fevereiro à disciplina de educação visual e no dia 25 de fevereiro à disciplina de ciências físico-químicas; 13, no dia 19 de fevereiro à disciplina de geografia; 15, no dia 16 de março à disciplina de espanhol; e 20, no dia 17 de março à disciplina de educação física. Foi ainda apresentada uma comunicação interna por parte de uma auxiliar educativa relativamente ao aluno nº 13.

Os alunos nº 17 e 27 foram alvo de procedimentos disciplinares devido ao incumprimento sistemático do Regulamento Interno e da acumulação de medidas disciplinares corretivas de ordem de saída da sala de aula.”

Excerto da ata de 21 de março de 2015

O aproveitamento da turma era, também, considerado pelos docentes do conselho de turma, como insatisfatório, conforme se documentava, nas atas dos conselhos de turma. Os extratos seguintes, dizem respeito aos conselhos de turma de avaliação dos primeiro e segundo períodos:

“Na globalidade, os docentes consideram que o aproveitamento da turma foi insatisfatório, uma vez que apenas três alunos não obtiveram níveis inferiores a três, o que representa apenas 13% da turma. Com três ou mais níveis inferiores a três existem 15 alunos, o que corresponde a 65% da turma e desses 15, 10 têm nível inferior a três a Português e Matemática simultaneamente. A avaliação insatisfatória é comum às diversas disciplinas, mas salientem-se as disciplinas de Português, Inglês, História, Geografia e Matemática que ultrapassaram mais de 40% em níveis inferiores a três. As respetivas justificações estão expostas mais à frente nesta ata.

A turma, de uma forma global, apresenta muitas dificuldades na aquisição e aplicação dos conhecimentos e esta situação tem sido difícil de reverter, porque, para além das graves lacunas ao nível dos pré-requisitos, os alunos demonstram muita passividade no processo de superação das dificuldades reveladas. Os alunos não se envolvem na superação das suas dificuldades ao não realizar as tarefas propostas, ao não se fazer acompanhar de todo o material necessário à realização de todas as atividades letivas e ao adotar em contexto de aula uma postura de pouco interesse e desconcentração, sendo poucos os alunos que são ativos na consecução das atividades e na participação em contexto de aula.”

“O conselho de turma considerou que o aproveitamento da turma foi insatisfatório uma vez que apenas três alunos (15%) não obtiveram níveis inferiores a três: nº10, nº 19 e nº 25. Dos restantes, doze alunos obtiveram três ou mais níveis inferiores a três, o que representa 60% da turma, e deste grupo sete obtiveram simultaneamente nível inferior a três a matemática e a português, ou seja 35%. Considerando a avaliação por disciplina, verifica-se que quatro disciplinas apresentam 40% ou mais de níveis inferiores a três: em português 50%, em inglês 45%, em matemática 55% e em geografia 65%.

Para além das dificuldades de aprendizagem evidenciadas por estes alunos, da ausência de conhecimentos básicos imprescindíveis para o acompanhamento e domínio das matérias lecionadas e do contexto familiar pouco favorável em que alguns dos alunos da turma vivem, estes resultados justificam-se também, nalguns casos, pela postura pouco responsável face à escola, pela falta de empenho e de interesse pelo estudo e, sobretudo, pela notória desvalorização da escola.”

Excerto da ata de 21 de março de 2015

Considerou-se, também, participante neste estudo, a figura central no processo de liderança da escola, o seu Diretor, tendo sido entrevistado na fase final da investigação, com o objetivo fundamental de dar a conhecer as suas perceções e posicionamento face a processos potenciadores de mudança e sua implementação, quer nas práticas dos professores, quer nas dinâmicas da própria escola, nomeadamente, a coadjuvação em sala de aula o trabalho colaborativo e a supervisão pedagógica.

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