• Nenhum resultado encontrado

4.3.2 Perceção dos participantes sobre os impactos no desenvolvimento pessoal e profissional dos professores

iv. Impactos resultantes da coadjuvação em sala de aula

A tabela 19 resume as principais verbalizações que permitem interpretar as perceções dos intervenientes sobre os impactos gerados pela coadjuvação no desenvolvimento pessoal e profissional dos professores.

QI 3 Categoria: Impactos da coadjuvação no desenvolvimento pessoal e profissional dos professores Unidades de Registo Verbalizações EiP + EfP + EDir

- A coadjuvação contribui para o desenvolvimento pessoal e profissional dos professores

P1 (Ei 2.7):

In: Sente que o facto de participar neste tipo de projeto (coadjuvação) contribui para o seu desenvolvimento pessoal e profissional?

P1: Sim.

P2 (Ei 2.7):

In: Sente que o facto de participar neste tipo de projeto (coadjuvação) contribui para o seu desenvolvimento pessoal e profissional?

P2: Sim. Sim.

Dir (2.6):

In: Na sua perceção, é observável algum tipo de impacto, resultante da coadjuvação em sala de aula, no desenvolvimento profissional e pessoal dos docentes?

Dir: É, é. É de uma forma positiva e de uma forma negativa.

- A coadjuvação contribui para o enriquecimento da prática pedagógica resultante de maior interação entre os docentes e de aprendizagem nessa interação profissional

P1 (Ei 2.7):

In: Sente que o facto de participar neste tipo de projeto (coadjuvação) contribui para o seu desenvolvimento pessoal e profissional? Em que medida? P1: Sim. Tal como disse, na visão e assimilação de novas práticas, partilha de novas práticas, na partilha de materiais… nós temos um banco de materiais, mas às vezes há situações novas que surgem…

P2 (Ei 2.3): (…) eu sinto que todos os anos quando tenho coadjuvações aprendo imenso a todos os níveis. E nesta escola, tenho sentido muito isso, porque tenho colegas mais novos, outros mais velhos, eu estou ali mais ou menos no meio, e aprendo com todos, com os mais novos e com os mais velhos, por isso, eu acho que é uma mais- valia positiva e para manter, porque acho que ajuda a todos. Todos nós aprendemos.

P1 e P2 (Ef 1.1):

In: Que balanço faz sobre o processo de coadjuvação em sala de aula? Contribuiu para o seu desenvolvimento profissional e pessoal? Porquê?

P2:Estamos a aprender constantemente, outras estratégias novas, outros processos, outras formas de colmatar as dificuldades que eles (alunos) colocam… às vezes eu tenho uma forma de explicar a dúvida e a colega tem outra… resulta melhor, ou não resulta melhor e eu vou manter a minha… funciona!

In: Também achas isso P1? P1: Sim.

Dir (2.6): (…) Na parte dos professores, sim… houve mudanças de atitude, houve professores que olharam para os outros e começaram a ver… até porque, por exemplo, não era obrigatoriamente o professor titular que dava a aula, podia ser o outro colega, e ele foi adaptando-se… e depois, como quase todos andavam nas salas a fazer coadjuvação a outros colegas, começaram a ver coisas boas nos outros e foram mudando.

Dir (2.8): (…) tem o aspeto positivo e o aspeto negativo. O aspeto positivo é mesmo gente que se abriu, gente que aprendeu, gente que modificou…

- A coadjuvação incentiva a partilha e a colaboração entre os docentes

P1 e P2 (Ef 1.1):

In: Incentivou a partilha e a colaboração entre os docentes? P1: Sim. P2: Sim. Embora já existisse (…)

- A coadjuvação contribui para o desenvolvimento de laços de confiança entre docentes

P1 (Ei 2.3): Eu acho que em termos de amizade… às vezes poderá não ser. Mas eu acho que tem que haver confiança porque a partir do momento em que eu posso estar, não é a criticar, mas a apresentar alguma situação que não esteja a correr tão bem, a outra pessoa também tem que ser recetiva a isso. (…) mas no sentido de ajudar em termos dos alunos. Acho que tem que haver esse elo de ligação entre os dois (titular e coadjuvante). (…) Amizade sim… aqui sim, embora às vezes nem sempre…

P2 (Ei 2.3):

In:O relacionamento é de confiança?

P2: Sim. (…) não nos sentimos minimamente avaliadas uma pela outra e temos confiança uma na outra. In: Mas achas que é necessária essa confiança?

P2: Fundamental. (…)Eu acho que é uma mais-valia quando as coisas funcionam da forma correta. Acho que ficámos todos muito mais próximos uns dos outros, temos muito mais confiança uns com os outros… é uma partilha de ideias, de conhecimentos, de saberes, fantástica, e eu sinto que todos os anos quando tenho coadjuvações aprendo imenso a todos os níveis.

Dir (2.6): (…) a grande maioria dos professores de português, de matemática e físico-química, gostaram de ter lá alguém. Ao princípio é sempre alguém estranho, mas depois vão criando laços de alguma amizade, e gostaram e mudaram algumas aulas. Mudaram… mudaram no sentido de dizer assim, «olha… ou vais apoiar um grupo de alunos, daquilo que eu estou a dizer-te, e estes alunos têm mais dificuldades»… ou então «vais-me ajudar…» … aí sentiu-se.

Quer as professoras participantes quer o diretor da escola, consideram que o trabalho de coadjuvação em sala de aula contribui para o desenvolvimento pessoal e profissional dos docentes.

Através da análise de conteúdo às entrevistas dos participantes, é possível referir como impactos da coadjuvação sobre o desenvolvimento profissional, os seguintes:

 incentivo à partilha e à colaboração e consequente desenvolvimento da capacidade de interação entre os docentes;

 enriquecimento da prática pedagógica resultante de maior interação entre os docentes e de aprendizagem nessa interação profissional;

De acordo com a perceção dos intervenientes, a coadjuvação gera contacto direto e interação entre os professores quer na prática pedagógica, em sala de aula, quer nos momentos de preparação da mesma. Neste âmbito, a coadjuvação promove a aprendizagem pela observação e o contacto com diferentes abordagens e formas de ensinar, diferentes formas de lidar com os alunos e com as suas dificuldades, motivando para a aplicação de novas estratégias em sala de aula. Propicia, por outro lado, um ambiente de colaboração entre os docentes, na medida em que há maior estímulo para a partilha de experiências, de ideias, de materiais pedagógicos, etc.

No que ao desenvolvimento pessoal respeita, as docentes destacam que o trabalho de coadjuvação suscita (e deve suscitar) a criação de laços de confiança entre professores titular e coadjuvante. A confiança é, para ambas, decisiva para que o trabalho se desenvolva sem constrangimentos dentro da sala de aula e para que haja uma maior abertura e entreajuda. Para tal é importante a troca de sugestões ou a existência de feedbacks, sem pendor avaliativo ou de crítica depreciativa sobre o desempenho de cada um.

Por vezes as relações pessoais são tomadas de forma secundária. Destaque-se, neste âmbito, a opinião da docente P1, que refere que as relações de amizade nem sempre se desenvolvem de forma salutar, devendo, por outro lado, desenvolver-se boas relações profissionais entre os professores.

Para o Diretor da escola, a coadjuvação tem claramente impacto no desenvolvimento pessoal e profissional dos docentes, traduzindo-se essencialmente:

 na interação desenvolvida entre os mesmos, geradora de mudança nas suas práticas letivas;

 no estreitamento dos laços de amizade entre os professores que colaboram no processo.

v. Impactos resultantes do trabalho colaborativo entre os docentes

A tabela 20 resume as principais verbalizações que permitem interpretar as perceções dos intervenientes sobre os impactos gerados pelo trabalho colaborativo no desenvolvimento pessoal e profissional dos professores.

QI 3 Categoria: Impactos do trabalho colaborativo no desenvolvimento pessoal e profissional dos professores Unidades de Registo Verbalizações EiP + EfP + Edir

- O trabalho colaborativo contribui para o

desenvolvimento pessoal e profissional dos docentes

P1 (Ei 3.9):

In: Considera que o trabalho colaborativo contribui para o seu desenvolvimento profissional? E pessoal? P1: Sim, sim.

P2 (Ei 3.9):

In: Este tipo de trabalho colaborativo, consideras que é algo que contribui para o desenvolvimento profissional dos professores?

P2: Sim, Sim, Sim…

P2 (Ei 3.9):

In: Achas que tem impacto sobre o trabalho dos professores? P2: Acho, acho…

P1 e P2 (Ef 3.9):

In: Que balanço faz sobre o trabalho colaborativo que se estabeleceu? - Contribuiu para o seu desenvolvimento profissional e pessoal?

P2: Também. P1: Sim.

In: Pelos mesmos motivos (que os enunciados para a coadjuvação)?

P2: Exatamente. Nós aprendemos sempre. E vamos sempre usar depois, no futuro. P1: Sim.

(Nota: os motivos enunciados para a coadjuvação foram os seguintes: Enriquecimento da prática pedagógica resultante de maior interação entre os docentes e de aprendizagem nessa interação profissional; Incentivo à partilha e à colaboração entre os docentes; e o desenvolvimento de laços de confiança entre os docentes)

Dir (3.3):

In: Isto (trabalho colaborativo) em termos de desenvolvimento profissional, achas que é bom? Diretor:

Dir: É bom. Sim. A ideia é mesmo essa… acho que o ministério falhou ou está a falhar na parte da formação profissional, porque as ações de formação, a formação teria que ser obrigatoriamente dada pelo ministério. Não dá… porque os centros de formação… os formadores não ganham dinheiro… não dá… então temos que tentar, entre nós, arranjar uma forma mais simplista de inovar e desenvolver profissionalmente cada um dos colegas. In: Isso também pode ter as suas vantagens, porque dentro do terreno a gente sabe quais são as principais…(o investigador queria completar a frase com necessidades de formação).

Dir: Exato. Agora, há formações que são feitas lá pelos letrados que não dizem nada…

- Trabalho colaborativo promove a aprendizagem pela interação entre os docentes

P1 (Ei 3.9): P2 (Ei 3.9):

In: Este tipo de trabalho colaborativo, consideras que é algo que contribui para o desenvolvimento profissional dos professores?

P2: Sim, Sim, Sim… aprendemos tanta coisa nova trocando ideias uns com os outros…

P2 (Ei 3.9):

In: Achas que tem impacto sobre o trabalho dos professores? P2: Acho, acho…

In: Forte?

P2: Forte não sei se será. Nuns se calhar sim, pois já davam as aulas há muitos anos e sempre da mesma maneira e o facto de terem a colaboração de outros colegas agora faz com que consigam abrir de outra forma, utilizam outra forma de transmitir diferente… se calhar os colegas que já estão a dar aulas há muitos anos estavam naquela rotina – eu acho que aí tem um impacto forte.

- Trabalho colaborativo promove a criação de laços de confiança entre os docentes e a melhoria das relações interpessoais

P2 (Ei 3.9):

In: Por exemplo, neste caso, no vosso trabalho colaborativo, vocês partilham mais do que as coisas relacionadas com a escola e com os conteúdos? Por exemplo, angústias, preocupações, …?

P2: Sim, sim… ficamos mais próximos. Sei lá… às vezes vamos com os nossos filhos, combinamos coisas… depois partimos para outras coisas não é… os lanches, os jantares quando são os jantares de convívio… e depois há situações em que fica mesmo uma amizade para muitos anos. Por exemplo, tenho colegas de outras escolas que ainda hoje me encontro com elas com alguma regularidade, nas interrupções letivas pelo menos... vamos lanchar, vamos tomar café…

P1 e P2 (Ef 2.2)

P1: Aqui temos um grupo de trabalho muito bom.

trabalho colaborativo… P1: Sim, sim, sim.

P2: Sim, sim… e porque todos estão abertos ao trabalho colaborativo. Porque podia haver (um ou outro elemento que tivesse uma postura do tipo: ) «não, eu faço o meu trabalho e não tenho que partilhar aquilo que tenho…»…

In: Isso acontece muitas vezes… P2: Acontece, claro!

In: Vocês são um bocadinho diferentes (nesse aspeto), eu acho… P1: Nesta escola sim. Eu já passei por várias e nota-se uma diferença.

- O trabalho colaborativo contribui para aumentar a capacidade de responder a novos desafios

P1 e P2 (Ef 2.6)

In: Considera que o trabalho colaborativo contribuiu para aumentar a capacidade de responder a novos desafios?

P2: Acho que sim… depende dos desafios, mas… pelo menos já temos mais um bocadinho de bagagem do que aquilo que tínhamos.

P1: (A professora assentiu, concordando).

Tabela 20 - Impactos do trabalho colaborativo no desenvolvimento pessoal e profissional dos professores.

Os participantes no estudo consideram que o trabalho colaborativo contribui para o desenvolvimento pessoal e profissional dos docentes.

P1 e P2 referem como impactos os mesmos que foram mencionados no âmbito da coadjuvação, já que consideram a coadjuvação uma forma de trabalho colaborativo.

Assim, o enriquecimento da prática pedagógica resultante de maior interação entre os docentes, a aprendizagem nessa interação profissional e o desenvolvimento de laços de confiança entre os docentes são, predominantemente, os impactos considerados pelos intervenientes.

As professoras admitem, também, que o trabalho colaborativo pode contribuir para aumentar a sua capacidade de resposta a novos desafios.

Em suma, os intervenientes consideram que a aprendizagem e partilha que as dinâmicas de trabalho colaborativo propiciam, geram mudanças no trabalho dos professores, sobretudo, ao nível da sua prática letiva, com consequente ganho sobre o seu desenvolvimento profissional. No que às relações pessoais concerne, os intervenientes têm a perceção de que o impacto gerado pelo trabalho colaborativo se relaciona com a oportunidade de se estreitarem relações entre docentes, com a aproximação das pessoas para além do relacionamento profissional podendo dar lugar a abertura, criação de confiança e, inclusive, a laços de amizade, tal como é mencionado por uma das professoras (P2), ao referir-se ao seu caso pessoal.

vi. Impactos resultantes da supervisão pedagógica

A tabela 21 resume as principais verbalizações que permitem interpretar as perceções dos intervenientes sobre os impactos gerados pela supervisão pedagógica no desenvolvimento pessoal e profissional dos professores.

QI 3 Categoria: Impactos da supervisão pedagógica no desenvolvimento pessoal e profissional dos professores

Unidades de Registo Verbalizações EiP + EfP + EDir

- A SP contribui para o desenvolvimento pessoal e profissional dos docentes

P1 (Ei 4.9):

In: Na sua perceção, em que medida a supervisão pedagógica contribui (ou pode contribuir) para o seu desenvolvimento profissional? E pessoal?

P1: Contribui sim. (…)

P2 (Ei 4.9):

In: Na sua perceção, em que medida a supervisão pedagógica contribui ( ou pode contribuir) para o seu desenvolvimento profissional? E pessoal?

P2: Eu acho que é aquilo para o qual nos chamam a atenção para melhorar… tentar mudar e melhorar aquilo que fazíamos menos bem e que não nos tínhamos apercebido disso.

P1 e P2 (Ef 3.3):

In: Considera que o processo de supervisão pedagógica implementado: - Contribuiu para o seu desenvolvimento pessoal e profissional? Se sim, em que medida? Se não, porquê?

P2: Sim. É aquilo que já falámos anteriormente. P1: Sim. (…)

Dir (4.7):

In: Considera que a implementação da supervisão pedagógica tem/ poderá ter algum impacto sobre: - o desenvolvimento pessoal e profissional dos docentes?

Dir: Sim, sim.

- A SP promove maior reflexão sobre a prática pedagógica

P1 (Ei 4.9): (…) O facto de saberem (os docentes) que alguém vai à aula leva a que naturalmente a pessoa acabe por pensar, refletir sobre o que vai fazer, como vai fazer, de que forma vai implementar determinada estratégia ou determinada aula… pensar… que não é nada que não façamos antes, mas eu acho que o facto de ir alguém (assistir à aula) reforça ainda mais. E acho que isso acaba por ter impacto no nosso desenvolvimento profissional.

P1 e P2 (Ef 3.3):

P1: Sim. E mesmo as sugestões que foste enviando e a reflexão que fizeste sobre as aulas, acaba por nos ajudar a pensar (refletir) na aula que vamos fazer… na forma como vamos aplicar determinada estratégia,

determinada tarefa…

- A SP estimula a mudança e uma melhor preparação do professor para a prática letiva

P2 (Ei 4.9):

In: Na sua perceção, em que medida a supervisão pedagógica contribui ( ou pode contribuir) para o seu desenvolvimento profissional? E pessoal?

P2: Eu acho que é aquilo para o qual nos chamam a atenção para melhorar… tentar mudar e melhorar aquilo que fazíamos menos bem e que não nos tínhamos apercebido disso.

Dir (4.7): (…) se o professor reconhecer que falhou, é mais fácil. Ou que está a falhar, ou que pode falhar, ou que tem mais dificuldades… de certeza que se prepara para… quanto mais não seja que se prepara para a outra aula observada.

- A SP gera os impactos que foram mencionados para a coadjuvação e para o trabalho colaborativo

P1 e P2 (Ef):

In: Considera que o processo de supervisão pedagógica implementado: - Contribuiu para o seu desenvolvimento pessoal e profissional? Se sim, em que medida? Se não, porquê?

P2: Sim. É aquilo que já falámos anteriormente.

Nota: Com “anteriormente” a professora referia-se aos impactos mencionados quer para a coadjuvação, quer

para o trabalho colaborativo, isto é, gera: - aprendizagem no âmbito da prática letiva; - maior interação entre os docentes; - enriquecimento das práticas pedagógicas;

- laços de confiança entre os docentes e melhoria das relações interpessoais; - capacidade de responder a novos desafios;

Tabela 21 - Impactos da supervisão pedagógica no desenvolvimento pessoal e profissional dos professores.

Também neste ponto os intervenientes são da opinião de que a supervisão pedagógica contribui para o desenvolvimento pessoal e profissional dos professores.

Consideram que, de um modo geral, os impactos mencionados anteriormente, que resultam da coadjuvação e do trabalho colaborativo sobre o desenvolvimento pessoal e profissional, advêm também de um processo de supervisão, acrescentando, ainda, que este último:

 promove de forma mais acentuada a reflexão sobre a prática pedagógica;

 impele os docentes para a mudança e preparação de uma melhor prática letiva.

4.3.3 - Impactos observados pelo investigador no acompanhamento da prática

Outline

Documentos relacionados