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i. A Observação Participante

A observação participante foi uma das principais estratégias utilizadas pelo investigador. Segundo Latorre (2004, p. 57), a observação participante pode ser considerada como um método interativo que requer o envolvimento do observador nos acontecimentos ou fenómenos em estudo, possibilitando ao investigador aproximar-se de uma forma mais intensa das pessoas, das comunidades em estudo e dos problemas que o preocupam.

Deste modo, a escolha por este tipo de observação teve como propósitos não só a observação direta e a consequente descrição dos fenómenos em estudo - a coadjuvação, o trabalho colaborativo e a supervisão - mas também o envolvimento e intervenção do investigador, numa ação colaborativa com as docentes participantes, aquando da execução prática dos mesmos, com o objetivo de:

 gerar conhecimento, pela observação das práticas pedagógicas e pela interação colaborativa entre docentes e entre investigador e docentes;

 conduzir a melhorias quer na ação pedagógica das docentes, quer nas aprendizagens dos alunos; e

 suscitar a reflexão sobre o modo como os fenómenos em estudo (coadjuvação, trabalho colaborativo e supervisão) se podem inter-relacionar e ser geradores de

melhorias na qualidade do ensino ministrado e de desenvolvimento profissional dos docentes.

ii. As Notas de Campo

Segundo Latorre (Latorre, 2004, p. 58), para registar a informação, os observadores participantes utilizam registos abertos, de tipo narrativo descritivo, que contêm descrições detalhadas e amplas sobre os fenómenos observados, com o propósito de explicar os processos em desenvolvimento. Aquele autor considera que, nestes registos, o observador passa a ser o protagonista direto, uma vez que observa e regista durante e depois da observação.

De acordo com diversos autores, as notas de campo são, atualmente, um dos tipos de registo mais utilizados na metodologia qualitativa. Ainda Latorre (2004, p.58) refere que a IA é, por natureza, naturalista, no sentido de que proporciona a investigação dos fenómenos educativos dentro dos/em relação com os contextos em que têm lugar. Baseia-se no estudo de campo e faz um uso ótimo do mesmo, através das notas de campo.

Esta técnica de registo foi, por isso, utilizada neste estudo. Deste modo, cada sessão de observação sobre as aulas das docentes intervenientes foi alvo de um registo descritivo e simultaneamente reflexivo por parte do investigador, o qual fez nota de algumas reflexões, sob a forma de inferências, que decorriam das suas interpretações sobre os aspetos observados (vide apêndice 4).

iii. As Grelhas de Observação Focadas

Segundo Reis (2011, p. 29) “a observação deve ser dirigida a dimensões específicas da aula. As observações livres devem ser evitadas”.

Tendo por base este princípio, foram utilizadas grelhas de observação focadas, com o propósito de observar comportamentos e acontecimentos em áreas específicas, tendo os focos de observação sido previamente estabelecidos, em consenso, entre investigador e professoras participantes. Os focos de observação incidiram, essencialmente, sobre aspetos específicos decorrentes da prática pedagógica das professoras participantes, recorrendo-se, como auxílio nessa observação, a um conjunto de indicadores sobre os comportamentos observáveis relativos a esses aspetos. Os focos foram os seguintes:

A – Organização – no qual se pretendeu conhecer o grau de organização das docentes na gestão e planificação da aula. Neste foco foram realizados registos sobre os seguintes indicadores, considerados relevantes:

 Pontualidade das docentes;

 Início da aula com breve sumário sobre o ponto de chegada da aula anterior;

 Identificação dos principais objetivos da aula;

 Relacionamento entre tópicos da aula e os tópicos da(s) aula(s) anterior(es);

 Organização da aula no que concerne à relação entre objetivos e atividades;

 Uso adequado do tempo de aula;

 Término da aula com a discussão do trabalho realizado e/ou futuro.

B – Condução das atividades pedagógicas – no qual se procurou analisar a ação das professoras na condução das suas atividades pedagógicas. Os registos efetuados incidiram sobre os seguintes indicadores relativos à professora titular da turma:

 Fala de forma percetível, com volume suficiente e velocidade adequada;

 Expõe os conteúdos com clareza;

 Mantém contacto visual com os alunos ao longo da sala;

 Move-se pela sala acompanhando os alunos no trabalho de aula;

 Pergunta, ou usa outras estratégias, para confirmar a compreensão dos alunos;

 Muda de estratégias de ensino se os alunos não mostram a compreensão esperada pelo assunto em abordagem;

 Usa de forma adequada o quadro, o projetor, material de apoio, audiovisuais, ...;

 A professora resume, no final da aula, os principais aspetos estudados (ou pede aos alunos que o façam).

C – Clima gerado com a turma/ Gestão da indisciplina/ Autonomia – No qual se procurou conhecer e analisar, respetivamente:

- as opções das professoras na gestão do clima de sala de aula;

- a gestão dos aspetos relacionados com o comportamento e disciplina dos alunos; - as opções de ensino das professoras no que respeita: às metodologias e estratégias adotadas em sala de aula; ao envolvimento e comportamento dos alunos na construção do seu próprio conhecimento. Ainda no âmbito da autonomia, procurou-se analisar a adequação dos ritmos de aula ao nível de desenvolvimento dos alunos, assim como

D – Coadjuvação – no qual se procurou apreciar a atividade das docentes no seu trabalho de coadjuvação em sala de aula, nomeadamente, no que alude a aspetos como os seguintes:

 A estratégia de trabalho da professora coadjuvante é planeada com a professora titular;

 A professora titular e coadjuvante mostram bom entendimento e boa dinâmica de trabalho em sala de aula;

 A estratégia de trabalho da professora coadjuvante é ajustada às necessidades dos alunos na aula;

 A professora coadjuvante mostra boa disponibilidade no auxílio aos alunos;

 A professora coadjuvante foca a sua ação num grupo específico de alunos;

 A professora coadjuvante auxilia todos os alunos que solicitam a sua ajuda;

 A professora coadjuvante colabora com a professora titular na exposição de conteúdos.

Os comportamentos observados foram classificados como Nada Evidentes, Algo Evidentes ou Bem Evidentes, durante/posteriormente a cada aula observada. As grelhas continham, ainda, espaços para comentários ou reflexões que, em alguns casos, foram preenchidos.

O conteúdo das grelhas foi, posteriormente, alvo de análise e reflexão e revelou-se de importância essencial no tratamento de dados (vide apêndice 3).

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