• Nenhum resultado encontrado

São muitas as referências na literatura que se reportam às vantagens que o trabalho colaborativo oferece aos professores, aos alunos e, consequentemente, à escola.

Para Hargreaves (1998, p. 277), “um dos paradigmas mais promissores que surgiram na idade pós-moderna é o da colaboração, enquanto princípio articulador e integrador da ação, da planificação, da cultura, do desenvolvimento, da organização e da investigação”.

O trabalho colaborativo é apontado por muitos autores, de entre eles Hernández (2007), como potenciador de desenvolvimento pessoal e profissional dos docentes, gerador de um ambiente propício à experimentação de novos modelos de ensino e inovação, de uma melhor socialização dos docentes, em especial daqueles em início de carreira, e potenciador de melhores aprendizagens por parte dos alunos.

Segundo Hernández (2007) a atitude colaborativa difunde-se como um processo em cadeia, estimulando práticas colegiais que proporcionam múltiplas vantagens ao trabalho docente, convertendo-nos em melhores profissionais.

Tal ideia é, também, defendida por Hargreaves (1998, p. 209), ao referir que colaboração e colegialidade constituem “estratégias particularmente frutuosas de fomento do desenvolvimento profissional dos professores”, sublinhando que os professores aprendem uns com os outros, partilhando e desenvolvendo em conjunto as suas competências.

Segundo o mesmo autor, “a confiança que decorre da partilha e do apoio colegial conduz a uma maior disponibilidade para fazer experiências e para correr riscos e, com estes, a um empenhamento dos docentes num aperfeiçoamento contínuo (…)”.(ibidem)

Também Clemente Linuesa (1999) refere que as culturas colaborativas conduzem a processos de desenvolvimento profissional, facilitados pelo diálogo, pelo debate e até pelo confronto e a

discussão (de onde provêm, talvez, os seus principais constrangimentos, que são, sem dúvida, menores do que as vantagens que lhe advêm). O autor refere ainda que o trabalho colaborativo cria condições aos docentes para manifestarem mais facilmente as incertezas e dúvidas que o processo educativo lhes suscita.

Para Linuesa (1999), o medo de falhar é, muitas vezes, fruto do isolamento que se vive na profissão docente e, nesse âmbito, a partilha e procura de respostas aos problemas que se vivenciam no seio do grupo de trabalho constitui uma forma de aprender a resolvê-los, sendo a colaboração geradora de um clima de confiança e de abertura às experiências uns dos outros, o que propicia confiança ao professor.

Considerando o trabalho colaborativo como um “processo de trabalho articulado e pensado em conjunto”, Roldão (2006, p. 23) refere que este “permite alcançar melhor os resultados visados, com base no enriquecimento trazido pela interação dinâmica de vários saberes específicos e de vários processos cognitivos em colaboração”. Implica, no entanto, “conceber estrategicamente a finalidade que orienta as tarefas (de ensino) e organizar adequadamente todos os dispositivos dentro do grupo que permitam:

1) alcançar com mais sucesso o que se pretende (as aprendizagens pretendidas);

2) ativar o mais possível as diferentes potencialidades de todos os participantes (no âmbito do grupo-disciplina, do grupo-turma, ou outros) de modo a envolvê-los e a garantir que a atividade produtiva não se limita a alguns; e ainda

3) ampliar o conhecimento construído por cada um pela introdução de elementos resultantes da interação com todos os outros.” (ibidem, p. 27)

Montoya et al. (2007) referem que o trabalho colaborativo não se afigura de fácil implementação, pois exige numerosos requisitos que o ambiente escolar nem sempre proporciona, tratando-se, no entanto, de uma forma de exercício da profissão que vale a pena. Os autores enunciam como principais vantagens do trabalho colaborativo, as seguintes:

 Oferece apoio moral e segurança aos membros do grupo, aumentando a possibilidade de levar a cabo tarefas como a investigação, a inovação e a concretização de projetos;

 Permite uma melhor coordenação do trabalho dos professores e fomenta o seu compromisso pelo grupo e pela escola;

 Reduz o excesso de trabalho, atendendo a que se partilha a pressão e o trabalho;

 Aumenta a capacidade de reflexão e facilita o acesso a novas ideias e à criatividade;

Montoya (2007) refere ainda que através do trabalho colaborativo os aspetos mais vulneráveis do trabalho docente são partilhados, o que contribui para reduzir a insegurança na atividade desenvolvida e superar fracassos e frustrações que poderiam colocar em causa o desempenho dos professores. Este aspeto é mencionado como potenciador do desenvolvimento e enriquecimento pessoal dos docentes. Por outro lado, o trabalho colaborativo é referido como ampliador das oportunidades que os professores têm para aprender uns com os outros, já que colaborando procuram soluções para os problemas, o que conduz ao aperfeiçoamento da sua atividade pedagógica. Assim, a aprendizagem e o aperfeiçoamento, no trabalho docente, baseiam-se, segundo este autor, nas relações colaborativas.

Segundo Johnson et al. (1999, apud Montoya, 2007), a interação colaborativa entre docentes, proporciona condições para o seu desenvolvimento quer a nível pessoal, quer ao nível da ação pedagógica e didática, quer, ainda, ao nível da organização e coordenação da aprendizagem dos seus alunos. Os mesmos autores aludem à possibilidade de uma maior uniformização do trabalho desenvolvido pelos professores, com as diferentes turmas, na medida em que mais organização e melhor coordenação permitem:

 multiplicar a eficácia dos professores, os quais trabalham todos para os mesmos objetivos, atitudes e ideias;

 dar maior destaque ao que é importante e deixar de lado o que não é, sem que se criem incoerências ou contradições;

 ajudar a eliminar repetições desnecessárias e evitar omissões de aspetos importantes;

 aumentar a coesão da equipa docente, ao atuar na mesma linha de trabalho;

 desenvolver atitudes que não seriam possíveis de empreender por meio do trabalho isolado dos professores.

Em suma, o trabalho em equipa aumenta a coordenação entre os professores e fomenta o compromisso com as estruturas de liderança, potenciando, por seu turno, melhores aprendizagens por parte dos alunos, uma vez que facilita a partilha de responsabilidades entre os docentes, o assumir de riscos e a adoção de novas e diversas estratégias na ação pedagógica.

De acordo com Hernández (2007), a colaboração entre docentes é, também, um dos elementos caraterísticos de algumas escolas, que, como se tem referido, têm como elemento central as relações baseadas na entreajuda, no apoio, na confiança e na abertura que se estabelecem entre os professores.

Para esta autora, a colaboração e a cultura de escola em que esta se desenvolve devem ser entendidos como uma experiência de solidariedade e de compromisso entre os colegas, podendo afirmar-se que o trabalho colaborativo nas escolas, contribui, igualmente, para a melhoria da própria escola e da sua capacidade para encarar os problemas que sempre vão surgindo.

Também segundo Bastos (2015, p. 66) “(…) torna-se mais fácil ultrapassar incertezas com a união e a responsabilização de todos, valorizando as diferentes vozes e as diferentes perspetivas que o todo traz para a resolução das dificuldades que vão ocorrendo.”

Colaborar é, assim, um “instrumento que serve o desenvolvimento das pessoas e das atividades em que elas se envolvem e, presumivelmente, também das instituições em que se inserem.” (Alarcão & Canha, 2013, p. 46)

Outline

Documentos relacionados