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As professoras participantes referem ter preferência pela coadjuvação e pelo trabalho colaborativo, como meios de promover o seu desenvolvimento pessoal e

C APÍTULO 5 – D ISCUSSÃO DOS D ADOS

11. As professoras participantes referem ter preferência pela coadjuvação e pelo trabalho colaborativo, como meios de promover o seu desenvolvimento pessoal e

profissional, sobre a supervisão pedagógica.

Tal como já foi referido anteriormente, verificou-se, no âmbito desta investigação, que P1 e P2 se servem da coadjuvação como espaço de diálogo e de partilha (de materiais, de estratégias, de experiências, de pontos de vista, etc.) no desenvolvimento das suas atividades, reconhecendo que a mesma possibilita, por outro lado, a observação e crítica sobre a atividade desenvolvida na aula e, consequentemente, proporcionando oportunidades de reflexão, aprendizagem e de estreitamento das relações pessoais e de desenvolvimento profissional, num trabalho de pares.

Por outro lado, como já referimos também, as docentes intervenientes assumem tanto o trabalho colaborativo como a supervisão pedagógica como processos enriquecedores da sua prática docente, que potenciam aprendizagem, desenvolvimento e o acompanhamento da sua atividade pedagógica.

Embora reconheçam importância e relevância na supervisão pedagógica, é notória a predileção de P1 e P2 pelo trabalho colaborativo e pela coadjuvação em sala de aula como estratégias de trabalho. As professoras consideram estas duas formas de trabalho mais aliciantes, positivas e interativas do que a supervisão pedagógica, considerando, ainda, que daqueles dois processos podem resultar mais facilmente impactos diretos sobre o seu trabalho e sobre as aprendizagens dos alunos, do que pela supervisão pedagógica. Tal foi, de um modo geral, por si referido quer nas entrevistas iniciais, quer no final desta investigação, aquando da entrevista final:

In: Uma pergunta final… Qual dos processos julgas ter mais impacto sobre o trabalho dos docentes e sobre as

aprendizagens dos alunos: A coadjuvação, o trabalho colaborativo ou a supervisão pedagógica?

P1: A coadjuvação em parceria com o trabalho colaborativo, pois isso implica o trabalho entre pares, e isso acaba

por ter mais impacto no desenvolvimento e nas aprendizagens dos alunos.

Extrato da Entrevista Inicial á docente P1 In: Qual dos processos é que tu julgas que poderá ter mais impacto sobre o trabalho dos docentes e sobre as

aprendizagens dos alunos: a coadjuvação, o trabalho colaborativo ou a supervisão pedagógica?

P2: Eu acho que a coadjuvação e o trabalho colaborativo estão relacionados um com o outro. Se houver uma

coadjuvação e não houver trabalho colaborativo, entre o professor e o coadjuvante, também não funciona.

In: Portanto consideras mais importante estes dois processos (coadjuvação e trabalho colaborativo)…

P2: Sim… sim… o outro (supervisão) vem por consequência (ou por acréscimo). Acho que se existir uma

coadjuvação funciona uma melhor supervisão. Acho é que funciona, se existir a coadjuvação, uma melhor supervisão. Isso sim.

Extrato da Entrevista Inicial á docente P2 In: … às vezes fico com a ideia de que vocês ficariam mais pela coadjuvação e pelo trabalho colaborativo do que com

a supervisão… a supervisão é tipo um acrescento para vocês… dá-me a sensação…

P2. É… é…

In: …o resto (coadjuvação e trabalho colaborativo) parece que, para vocês, chegava… pensam isso, dessa forma? P2: É… um bocadinho. (…) a coadjuvação e o trabalho colaborativo nunca se podem separar. A supervisão, também

não, mas… eu nunca vejo a supervisão…

In: Tu vês sempre a supervisão com caráter avaliativo …

P2: Não, não vejo com caráter avaliativo, mas vejo (o processo) de uma forma mais formal,… não consigo explicar-te

bem a diferença…

Extrato da Entrevista Final ás docentes P1 e P2 In: (…) Qual dos processos vocês julgam ter mais impacto sobre o vosso trabalho e sobre as aprendizagens? A

coadjuvação, o trabalho colaborativo ou a supervisão pedagógica?

P1 e P2: Eu acho que é a coadjuvação e o trabalho colaborativo… P2: … estão ligados entre eles.

In: Acham que a supervisão nem tanto? P2: Nem tanto.

In: Porque é uma coisa mais formal… P2: É.

Extrato da Entrevista Final ás docentes P1 e P2

Tal como Sá & Silva (2016, p. 515), P1 e P2 parecem, também, questionar-se sobre se “os objetivos de melhorar o ensino, a aprendizagem e a qualidade da própria organização escolar implicam (…) o recurso a procedimentos de supervisão”. P1 e P2 parecem convergir com a opinião das autoras supracitadas, quando estas afirmam que “a interação entre pares, da qual resulta uma partilha de saberes, sem hierarquias, e uma colaboração de esforços centrados na melhoria da prática letiva e no sucesso educativo dos alunos” (ibidem) seja uma estratégia de desenvolvimento profissional e de suporte à reflexão das práticas didáticas suficientemente eficaz.

Por outro lado, pelas entrevistas realizadas, detetou-se no discurso de P1 e P2 alguma reserva relativamente à supervisão pedagógica que, de um modo geral, supõem realizar-se na maioria das escolas. Neste contexto, é de salientar o olhar crítico e de rejeição manifestado pelas

comunidade docente, e enraizado até, no meio escolar – o de que se trata de um processo impositivo, de pendor fortemente avaliativo ou inspetivo, o que, de um modo geral, no subconsciente dos professores os leva a preferir outras formas de acompanhamento da sua atividade.

In: Bem… a ideia da supervisão (pelo menos desta supervisão que queremos desenvolver), não é esta, com este

caráter avaliativo… é mais com caráter de desenvolvimento…

P1: Mas a forma como ela vem, (…), a supervisão, eu pelo menos senti isso na escola onde estava na altura, vem

como avaliação. Foi a inspeção que diz que é um ponto fraco da escola e que um (desses pontos fracos) era a não existência de supervisão pedagógica, supervisão e observação de aulas… e então isso cai com caráter forte, de avaliação mesmo, não só no sentido de (desenvolvimento)…

Extrato da Entrevista Final ás docentes P1 e P2

Esta perceção enquadra-se com o que Vieira (1993, p. 28) manifesta a propósito do próprio termo – supervisão – que refere, se encontra associada a “chefia, dirigismo, imposição e autoritarismo”, contribuindo fortemente para esse sentimento de rejeição por parte dos professores.

Importa, assim, clarificar o modo como se objetivou o papel da avaliação dentro da supervisão no contexto deste trabalho, o qual parece desajustado da perspetiva que emerge do sentimento geral da comunidade docente. Neste âmbito, partilhámos da perspetiva de Galveias (2008, p. 14) que, de certo modo, foi dada a compreender aos participantes e que vai no sentido de amenizar o entendimento sobre o propósito da avaliação na supervisão:

“(…) no âmbito do processo de supervisão, a avaliação será perspetivada como atividade ao serviço da construção do conhecimento, com uma função formativa”.

Assim, na investigação realizada, procedeu-se ao acompanhamento do trabalho de P1 e P2 analisando as situações decorrentes no seu trabalho, com vista ao seu aperfeiçoamento e não à sua classificação ou avaliação da sua competência. Este aspeto ficou bem esclarecido no início dos trabalhos.

Em suma, neste campo, o procedimento adotado teve como referência o facto de que as atividades do supervisor (formativo) e do avaliador (sumativo) devem ter dimensões distintas, adotando a ideia de que

“a supervisão visa promover o desenvolvimento profissional do professor, enquanto que a avaliação procura formular juízos sobre a sua competência” (Moreira M. A., 2009, p. 252). Apesar de tudo isto, infere-se pelas perceções de P1 e de P2, que ambas interpretam os impactos e as vantagens que resultam do acompanhamento do trabalho docente pela supervisão pedagógica, como alcançáveis pelo trabalho colaborativo e pela coadjuvação, mas

neste caso, sem a pressão criada pelos aspetos formais que a supervisão pode acarretar, ou a carga negativa que tradicionalmente se lhe associa.

12. O desenvolvimento de uma cultura de colegialidade e de trabalho colaborativo é

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