Atendendo ao facto de se estar perante um estudo de natureza qualitativa, utilizou-se a análise de conteúdo como técnica de tratamento dos dados recolhidos através dos diferentes instrumentos aplicados – entrevistas, dados decorrentes da observação de aulas e documentação.
Deste modo, de acordo com Bardin (2011, p. 95), o tratamento dos dados foi realizado atendendo às três fases fundamentais em análise de conteúdo:
1. a fase de pré-análise;
2. a fase de exploração do material; 3. a fase do tratamento dos resultados.
Na fase de pré-análise procedeu-se à organização dos dados obtidos a partir dos diversos instrumentos de recolha: (i) entrevistas (inicial e final) às docentes participantes, (ii) entrevista ao diretor da escola, (iii) focus-group realizado aos alunos da turma participante, (iv) dados resultantes da observação de oito aulas e documentos da escola.
Foi possível, nesta fase, estabelecer a relação entre as sub-questões de investigação e os dados extraídos dos diferentes instrumentos de recolha, como consta da tabela 3.
Sub-questões de Investigação
Instrumentos de Recolha de Dados Entrevistas Focus group Observação
de 8 aulas Documentos Inicial às docentes Final às docentes Ao diretor da escola aos alunos Professoras titular e coadjuvante
Projeto Educativo; Projeto de Turma; Pautas de
avaliação; Relatório da IGE (2013-14)
1. Poderá a coadjuvação em sala de aula funcionar como processo
impulsionador de trabalho colaborativo entre os docentes?
X X X X
2. Poderá o trabalho colaborativo entre docentes funcionar como facilitador de um processo de supervisão pedagógica?
X X X X
3. Que impactos, resultantes da coadjuvação, do trabalho colaborativo e da implementação de um processo de supervisão pedagógica, se poderão identificar na prática pedagógica dos docentes e no seu desenvolvimento pessoal e profissional?
X X X X X
4. Que impactos, resultantes da coadjuvação, do trabalho colaborativo e da implementação de um processo de supervisão pedagógica, se poderão identificar sobre as aprendizagens dos alunos?
X X X X X
Tabela 3 - Instrumentos de recolha de dados utilizados para dar resposta às sub-questões de investigação.
Após a leitura “flutuante” dos documentos recolhidos, procedeu-se à definição das categorias relevantes para a orientação e interpretação dos dados, atendendo aos objetivos e questões de investigação propostos.
A tabela 4 indica o sistema de categorias adotado na análise de cada sub-questão de investigação.
Sub-questões de Investigação Categorias
QI1 Poderá a coadjuvação em sala de aula funcionar como
processo impulsionador de trabalho colaborativo entre os docentes?
1-Conceito de coadjuvação
2-Conceito de trabalho colaborativo 3-Práticas de coadjuvação
4-Práticas de trabalho colaborativo
5-Fundamentos referidos pelos participantes
QI2
Poderá o trabalho colaborativo entre docentes funcionar como facilitador de um processo de supervisão pedagógica?
1-Conceito de supervisão pedagógica 2-Práticas de supervisão pedagógica
QI3
Que impactos, resultantes da coadjuvação, do trabalho colaborativo e da implementação de um processo de supervisão pedagógica, se poderão identificar na prática pedagógica dos docentes e no seu desenvolvimento pessoal e profissional?
1-Impactos na prática letiva
2-Impactos no desenvolvimento pessoal e profissional
QI4
Que impactos, resultantes da coadjuvação, do trabalho colaborativo e da implementação de um processo de supervisão pedagógica, se poderão identificar sobre as aprendizagens dos alunos?
1-Impactos sobre as aprendizagens dos alunos
Tabela 4 – Definição de categorias, de acordo com as sub-questões de investigação.
Na fase de exploração do material procedeu-se à codificação dos dados, organizando a informação recolhida com base nas categorias definidas.
Refira-se que na análise às entrevistas foram definidas unidades de registo, como indicadores das categorias, e identificadas as verbalizações dos intervenientes que contextualizavam cada unidade de registo no decurso da entrevista. Esta informação encontra-se sistematizada em tabelas ao longo do capítulo 4 – Tratamento, análise e discussão dos dados. A figura seguinte é um exemplo ilustrativo:
Figura 5 – Categorias, unidades de registo e verbalizações, na análise às entrevistas.
Fonte: elaboração própria Para facilitar o tratamento dos dados, as entrevistas foram codificadas do seguinte modo:
- P1 – Professora 1 - P2 – Professora 2 - Dir – Diretor da escola
- EiP – Entrevista inicial às professoras; - EfP – Entrevista final às professoras; - EDir – Entrevista ao diretor da escola;
- FG – Focus Group aos alunos;
- QI número – sub-questão de investigação (Ex: QI1 – significado: sub-questão de investigação 1);
- Q seguido de número – questão feita em entrevista (Ex: Q 2.1 – significado: questão 2.1 da entrevista).
Também, de modo a facilitar o tratamento dos dados recolhidos nas grelhas de observação, utilizou-se a seguinte codificação:
- AOnúmero – Aula observada (Ex.: AO1 – 1ª aula observada); - BE – Bem evidente;
- AE – Algo evidente; - NE – Não evidente.
Na fase de tratamento dos resultados, procedeu-se a uma descrição e interpretação dos dados, que permitiram a inferência de conhecimentos e de significados sobre a informação recolhida.
Deste modo, na procura de uma análise sustentada e de uma recolha de dados credível, e o mais coerente possível, procedeu-se:
à análise das entrevistas – entrevistas inicial e final às docentes, entrevista ao diretor da escola e focus group de alunos - através das quais foi possível, entre outros aspetos relevantes, conhecer opiniões e perceções dos intervenientes sobre os processos em estudo – coadjuvação, trabalho colaborativo e supervisão pedagógica.
à análise de dados decorrentes da observação de aulas – pelos quais foi possível conhecer o comportamento e reação das docentes intervenientes (P1 e P2) quer na prática coadjuvada, quer relativamente ao processo de supervisão pedagógica implementado na fase de investigação.
Neste ponto a análise envolveu, essencialmente, os dados recolhidos: (1) nas grelhas de observação de aulas; (2) nas notas de campo; (3) nos planos de aula.
A análise dos dados decorrentes da observação de aulas constituiu, deste modo, um suporte de validação para a interpretação das entrevistas.
à análise de documentos – pela qual foi possível confirmar e dar consistência a alguns dos dados analisados, resultantes das entrevistas e das observações realizadas.
De acordo com Aires (2015), a triangulação é uma das técnicas mais comuns da metodologia qualitativa. O seu princípio consiste em recolher e analisar os dados a partir de diferentes perspetivas para os contrastar e interpretar.
As entrevistas, a observação participante e a análise documental utilizadas, constituíram um conjunto de estratégias que consideramos diversificadas, visando a triangulação dos dados, com o objetivo de garantir a fiabilidade e credibilidade ao estudo e encontrar respostas às sub- questões e respetiva questão de investigação.
No capítulo quatro, apresentamos o tratamento e análise de dados, por sub-questão de investigação.