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A coadjuvação, o trabalho colaborativo e a supervisão pedagógica tiveram impacto nas aprendizagens dos alunos.

C APÍTULO 5 – D ISCUSSÃO DOS D ADOS

9. A coadjuvação, o trabalho colaborativo e a supervisão pedagógica tiveram impacto nas aprendizagens dos alunos.

A análise efetuada permitiu constatar que a coadjuvação, o trabalho colaborativo e a supervisão pedagógica tiveram impacto sobre as aprendizagens dos alunos, com influência nos resultados escolares alcançados.

Embora pelo estudo realizado não se possa estabelecer uma relação direta entre a aplicação dos processos e os resultados escolares dos alunos, verifica-se, através de análise documental realizada sobre a avaliação feita aos alunos da turma interveniente, nomeadamente, às pautas e às atas de avaliação final respeitantes a cada período letivo, uma evolução no seu aproveitamento à disciplina de matemática, ao longo do ano letivo. Registou-se uma diminuição da taxa de insucesso dos alunos, do primeiro período (70% de insucesso à disciplina) para o terceiro período (45% de insucesso à disciplina).

Note-se que os efeitos produzidos pela coadjuvação em sala de aula sobre as aprendizagens dos alunos são mais percetíveis do que aqueles que advêm do trabalho colaborativo, ou da supervisão pedagógica, na medida em que o primeiro processo é mais incidente sobre o trabalho com os discentes.

Tal como já se explicitou anteriormente, a interação estabelecida entre as docentes pela coadjuvação proporcionou a observação, o contacto e a experimentação de diferentes metodologias e estratégias de ensino, outras formas de comunicação com os alunos, alargando a visão e a ação das professoras sobre a prática pedagógica, daí resultando impactos

positivos sobre as aprendizagens, que se manifestaram, genericamente, num maior comprometimento e envolvimento dos alunos nas atividades decorrentes em sala de aula. De acordo com a perceção dos alunos (entrevistados em focus group) e pelo que se pôde observar ao longo da investigação realizada, esta permitiu um acompanhamento direto sobre o trabalho dos discentes em sala de aula, com impactos positivos sobre as suas aprendizagens, dos quais salientamos, entre outros:

 um melhor esclarecimento dos alunos e consequente melhoria da sua compreensão sobre os temas em desenvolvimento;

 um melhor controlo dos comportamentos e atitudes dos alunos em sala de aula e consequente melhoria da sua atenção/concentração;

 o desenvolvimento/melhoria do trabalho individual e autónomo dos alunos;

 maior motivação pelos assuntos em abordagem e pela própria disciplina, por parte dos alunos;

 melhores prestações dos alunos nos momentos de avaliação.

Esta perceção vai ao encontro do que Aretxaga e Palacios (2011) descrevem, ao referir algumas das vantagens que decorrem da presença de mais do que um docente em sala de aula, aquando de um trabalho de coadjuvação. Os autores referem que contar com mais professores na aula permite colocar em prática metodologias de difícil implementação por um único professor. As aulas em que está presente mais do que um docente são propícias para o desenvolvimento de atividades de colaboração entre pares, proporcionando situações de maior interação entre os alunos, aumentando as suas possibilidades de aprendizagem e melhorando a convivência e o ambiente em sala de aula.

Aretxaga e Palacios enumeram, também, uma série de efeitos positivos que a coadjuvação pode proporcionar na gestão do trabalho dos professores e dos quais podem resultar impactos positivos relevantes sobre as aprendizagens dos alunos. Foi possível observar, nas aulas coadjuvadas de P1 e P2, alguns desses efeitos, nomeadamente:

 o desenvolvimento de um conhecimento mais profundo sobre o que acontece na aula por parte do professor, possibilitando uma melhor adequação do trabalho docente às necessidades dos alunos;

 a possibilidade de um ensino mais individualizado, permitindo um melhor e mais rápido esclarecimento dos alunos;

 a possibilidade de implementar medidas específicas, dirigidas a uma parte da turma, mais facilmente, como por exemplo: atividades de reforço, de enriquecimento, de acompanhamento específico, de adaptações curriculares, de necessidades educativas especiais, etc.;

 a participação mais ativa dos alunos, na medida em que contam com um acompanhamento mais contextualizado, sendo proporcionado no momento em que as atividades decorrem;

 a maior facilidade em uniformizar as aprendizagens que o currículo propõe;

 a possibilidade que se apresenta a todos os professores em aprender a lidar de forma mais eficiente com a diversidade dentro da sala de aula;

 a possibilidade de melhorar a convivência e o ambiente dentro da sala de aula;

 a facilidade em diversificar os modelos de acompanhamento dos alunos, evitando, deste modo, a transferência de responsabilidades sobre os alunos com maiores dificuldades de aprendizagem para outros especialistas.

Para além disso, tendo em conta que a coadjuvação em sala de aula tem como potencialidade o desenvolvimento de trabalho colaborativo entre docentes, é pertinente considerá-la como um “espaço” privilegiado para a melhoria da qualidade do ensino ministrado e, consequentemente, para a melhoria das aprendizagens dos alunos.

No que ao trabalho colaborativo concerne, Hernandez (2007) afirma que o desenvolvimento profissional e a formação permanente que este propicia, têm influência sobre a melhoria do ensino que se pratica, na formação de melhores profissionais e, consequentemente, na promoção de melhores aprendizagens por parte dos alunos.

Esta noção tem lugar de destaque no âmbito deste projeto, uma vez que é assumido pelos próprios participantes que os alunos aprendem mais e melhor com melhores práticas, ao estarem em contacto com professores melhor preparados, motivados e abertos a novas experiências e iniciativas (vide tabelas 31, 32 e 33, páginas 140, 144 e 146, respetivamente). Parece, pois, importante que os professores se afastem de uma cultura de trabalho solitário, em isolamento e de sala de aula à porta fechada, quer por meio de experiências de trabalho colaborativo, quer de outras ações nas quais se assumam compromissos de trabalho em colaboração e de reflexividade profissional, evitando, deste modo, a rotina, a cristalização ou, mesmo, a falta de inspiração e ambição no seu trabalho.

Nesta investigação, a partilha, a interação entre pares e o acompanhamento da atividade pedagógica, pela supervisão, pareceu, no caso de P1 e P2, ter tido, globalmente, um efeito

positivo sobre a sua motivação e dinâmica em sala de aula, o que, de algum modo, julgamos ter sido benéfico para as aprendizagens dos alunos.

De um modo geral, segundo a conceção das professoras participantes e do diretor da escola, o trabalho colaborativo e a supervisão pedagógica devem orientar-se, de forma conexa, para o desenvolvimento profissional dos professores, posicionando-os como agentes de mudança educativa e, consequentemente, para a promoção de um ensino-aprendizagem de qualidade e o sucesso dos alunos.

No que à supervisão pedagógica concerne e, particularmente, aos seus impactos sobre as aprendizagens dos alunos, partilhamos do entendimento de Trindade (2007, p. 33), quando o autor se refere à supervisão como “(…) um fator importante de inovação e, consequentemente, de mudança (…) no contexto escolar, produzindo pequenas mudanças que, sendo praticamente invisíveis num curto período de tempo, por exemplo, um ano letivo – acabam por ser visíveis em períodos mais alongados”.

Neste domínio, não nos foi possível, no curto período em que se desenvolveu esta investigação, perceber, particularmente, o impacto do processo supervisivo implementado sobre as aprendizagens dos alunos visados.

Partilhamos, porém, do ponto de vista de Vieira e Moreira (2011, p. 14) quando referem que, atualmente, todas as propostas teóricas e metodológicas para a supervisão “supõem, de um modo ou de outro, uma preocupação comum – o desenvolvimento da reflexividade profissional dos professores para a melhoria da qualidade das aprendizagens dos alunos (…)”. Julgamos, assim, que a longo prazo, possam ser percetíveis impactos resultantes de um processo de supervisão pedagógica sobre as aprendizagens dos alunos, desde que, implementado de forma bem estruturada, continuada, colaborativa e, como é referido por Formosinho (2002, p. 34), estabeleça “(…) o elo entre as necessidades individuais do professor e os objetivos escolares (…).”

10. A coadjuvação, o trabalho colaborativo e a supervisão pedagógica contribuíram para

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