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A coadjuvação, o trabalho colaborativo e a supervisão pedagógica tiveram impacto e impulsionaram mudanças na prática letiva das professoras participantes.

C APÍTULO 5 – D ISCUSSÃO DOS D ADOS

8. A coadjuvação, o trabalho colaborativo e a supervisão pedagógica tiveram impacto e impulsionaram mudanças na prática letiva das professoras participantes.

Ficou patente, neste estudo, que a coadjuvação, o trabalho colaborativo e a supervisão pedagógica protagonizados no trabalho das docentes P1 e P2, geraram impactos, essencialmente ao nível das suas práticas letivas, tal como era esperado.

Este constituiu o âmago da sub-questão de investigação QI3, a qual implicou uma análise que permitiu conhecer:

1. as perceções dos participantes sobre possíveis impactos que decorrem da ação dos três processos em estudo, sobre a prática letiva e sobre o desenvolvimento pessoal e profissional dos professores;

2. impactos que, efetivamente, se observaram aquando do acompanhamento da prática pedagógica das docentes P1 e P2 por parte do investigador, resultantes da ação dos três processos em estudo e que conduziram a mudanças nessa prática.

Começando pelo ponto 1., pode afirmar-se que, de um modo geral, os participantes consideram os três processos em estudo geradores de impactos ao nível da sua prática letiva,

na medida em que podem suscitar mudanças na mesma, por serem potenciadores de maior interação entre os docentes, de reflexão e aprendizagem na interação profissional, de melhores desempenhos na sua ação pedagógica e, consequentemente, por favorecer as aprendizagens dos alunos.

Tal como já foi referido anteriormente, para P1, P2 e para o diretor da escola, a coadjuvação cria na rotina de trabalho dos professores o hábito de ter a presença de outro professor na sala de aula, o que potencia uma interação de natureza colaborativa entre os mesmos, promovendo abertura para a partilha na atividade pedagógica, a observação sobre o trabalho realizado e a reflexão sobre o mesmo. Tal prática, perspetiva um trabalho de planificação, preparação, execução e de avaliação conjunto entre os professores.

O trabalho colaborativo, por sua vez, é, segundo os intervenientes (P1, P2 e diretor), gerador de corresponsabilização na condução da atividade pedagógica, facilitador de uma gestão e uniformização do trabalho docente, sendo, no entanto, necessária e fundamental a existência de um saudável ambiente de confiança e de empenhamento coletivo.

Tal como Alarcão e Canha (2013, p. 48) os intervenientes parecem compreender a colaboração como “um entendimento negociado, do qual se espera que resultem benefícios para cada um e para todos os participantes, para as instituições profissionais em que se enquadram (…), na sua relação com a atividade desenvolvida e com as pessoas nela implicadas.”

Em suma, para os intervenientes, a oportunidade de partilhar ideias, materiais, experiências pedagógicas, de advir aprendizagem na interação profissional, de melhorar o ensino ministrado e consequentemente as aprendizagens dos alunos, surge, para si, com o trabalho colaborativo emergindo, como impacto direto, a melhoria das práticas dos docentes. Tais fatores representam, para os intervenientes, um ganho individual e comum assinaláveis. Relativamente à supervisão pedagógica, faça-se referência a Formosinho (2002), para quem esta detém três funções principais – a melhoria das práticas pedagógicas, o desenvolvimento do potencial individual para a aprendizagem e a promoção da capacidade de auto-renovação da organização.

No que às perceções de P1 e P2 concerne, a supervisão pedagógica surge mais ligada às duas primeiras funções propostas por Formosinho e, no contexto desta investigação, como processo aglutinador, que vem conferir robustez à ação do trabalho colaborativo e valor acrescentado à prática pedagógica, na medida em que faculta um acompanhamento mais próximo da atividade docente, com vista ao seu aperfeiçoamento.

Nesta perspetiva, a supervisão é, segundo P1, P2 e o diretor, geradora de impactos na prática letiva, nomeadamente, impelindo os docentes a realizar um trabalho de planificação e de execução mais cuidados, contribuindo para a reflexão sobre as práticas pedagógicas e, tal como para a coadjuvação e para o trabalho colaborativo, incentivando para a partilha e colaboração, gerando, neste âmbito, mais confiança para a atividade docente – aspetos que P1 e P2 reconhecem ter vivenciado nesta investigação.

Por outro lado, P1 e P2 fazem referência ao aumento do caráter formal que a supervisão imprime sobre a rotina de trabalho docente, implicando um registo mais cuidado de documentos e procedimentos, o que retira algum tempo para a realização de outras tarefas. Referem, também, em seu desfavor, embora não experienciado nesta investigação, a ansiedade e receio que a supervisão pode gerar, nomeadamente, quando é levada a cabo, ou encarada, como processo inspetivo, que visa essencialmente o controlo ou a avaliação do desempenho dos professores (vide tabela 18, página 109; vide apêndice 2-C - Entrevista final a P1 e P2, Questão 3.5).

Relativamente ao ponto 2., foi possível identificar, aquando do acompanhamento da prática pedagógica das docentes P1 e P2 por parte do investigador, alguns impactos sobre a sua prática letiva, os quais se traduziram, essencialmente, em mudanças ao nível:

 da organização;

 da condução das atividades pedagógicas;

 do clima gerado com a turma e na gestão da indisciplina; e

 no desenvolvimento de trabalho autónomo dos alunos.

As mudanças observadas foram importantes, embora não se tenham verificado em número significativo, resultando, também, de uma boa dinâmica de preparação das atividades letivas e de trabalho colaborativo que já existia antes deste projeto.

Impactos Mudanças observadas

ao nível:

Passou a ser levado em linha de conta/ foi alvo de aperfeiçoamento:

da organização - a divulgação dos objetivos da aula aos alunos, no início da mesma;

- a gestão do tempo de aula;

- a consciencialização para a importância de terminar a aula com a discussão do trabalho realizado e/ou futuro;

- a consciencialização para a importância de verificar o cumprimento dos objetivos propostos, no final da aula. da condução das

atividades pedagógicas

- o resumo dos principais aspetos estudados, durante, ou no final da aula.

do clima gerado com a turma e na gestão da indisciplina

- a disposição estratégica dos alunos em sala de aula, de modo a minimizar interações indesejáveis;

- a ação estratégica definida entre professora titular e coadjuvante no controlo do trabalho de aula e dos comportamentos dos alunos.

no desenvolvimento de trabalho autónomo dos alunos

- a utilização de estratégias diversificadas;

- a disponibilização regular de feedback aos alunos sobre a sua aprendizagem;

- a ligação dos conteúdos lecionados à sua aplicabilidade ou importância no dia-a-dia;

- a aferição das aprendizagens dos alunos, colocando-os perante situações de resolução de pequenos problemas de forma individual, mediante a realização de fichas ou questões de aula com regularidade, com vista ao estímulo do trabalho individual e ao estudo e preparação sistemáticos dos conteúdos.

Tabela 34 – Mudanças observadas na prática letivas de P1 e P2, resultantes do acompanhamento pelo processo de supervisão pedagógica desenvolvido.

Pode considerar-se que houve uma planificação e condução das práticas letivas eficaz por parte das professoras, verificando-se que os parâmetros em análise na grelha de observação utilizada no decurso das sessões de observação de aulas foram, na sua maioria, classificados como bem evidentes (BE) (vide apêndice 3 - grelhas de observação).

Destaque-se, uma vez mais, o papel central que o trabalho colaborativo representou, quer ao nível da planificação, quer, posteriormente, no desenvolvimento das atividades em sala de aula, criando condições para uma gestão mais segura e eficaz das atividades realizadas e, por outro lado, facilitando a integração da supervisão como processo de acompanhamento e de aperfeiçoamento da prática pedagógica.

Da observação realizada ao longo do processo de supervisão implementado, foi possível, ainda, constatar:

- melhorias ao nível do trabalho de planificação conjunta entre titular e coadjuvante – o qual se foi desenvolvendo de forma mais cuidada com o evoluir do processo;

- uma melhoria ao nível da colaboração em aula entre professora titular e coadjuvante; - abertura crescente relativamente à análise crítica e feedback às sessões;

- abertura e confiança na implementação de novas estratégias em sala de aula.

- uma postura de à vontade e confiança crescentes das docentes, quer relativamente ao processo de supervisão, quer relativamente à presença e relação com o investigador na sala de aula;

- um acompanhamento mais efetivo dos alunos e registo das suas evoluções; - melhoria notória da qualidade das práticas ministradas.

9. A coadjuvação, o trabalho colaborativo e a supervisão pedagógica tiveram impacto

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