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COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DAS ALGAS VERDES DO GÊNERO CAULERPA: Caulerpa cupressóide e Caulerpa mexicana

José Gerardo Carneiro*; Antonio Belfort Dantas Cavalcante*; Mayra Cristina Freitas Barbosa*; Germana Conrado de Souza*; Neliane Pereira do Nascimento*

Instituto Federal do Ceará – Campus Limoeiro do Norte.

Rua Estevam Remígio, 1145 – Centro – Limoeiro do Norte – CE. CEP: 62930-000. gerardo@ifce.edu.br

* Instituto Federal do Ceará – Campus Limoeiro do Norte

Resumo

As algas são fontes alternativas de alimentos, principalmente proteínas, com baixo valor calórico e rico em fibras. O objetivo do presente estudo foi obter dados sobre a composição nutricional de algas verdes do gênero Caulerpa, Caulerpa cupressóides e

Caulerpa mexicana, ambas encontradas no litoral cearense, visando à avaliação do seu

potencial para uso como ingredientes alimentares. Os teores de umidade, cinza, proteína, lipídeos, carboidratos totais e valor energético para C. Cupressóide e C. Mexicana respectivamente, são: úmidade: 12,21% e 10,86%; cinzas: 11,28% e 7,79%; proteína: 20,79% e 18,05%; lipídeos: 2% e 1,5% e carboidratos totais: 53,72% e 61,8%. Ambas as algas verdes exibiram um amplo espectro de composições nutricionais que os tornam excelentes candidatos para uma alimentação saudável para a nutrição humana.

Palavras Chaves: composição nutricional; algas verdes; gênero Caulerpa. INTRODUÇÃO

As algas são fontes alternativas de alimentos, principalmente proteínas, com baixo valor calórico e rico em fibras. O crescimento no consumo de algas e suas caracteristicas nutricionais e nutracêuticas tem atraído a atenção de pesquisadores, resultando em um grande número de estudos que mostram os benefícios para a saúde associados ao consumo (Fleurence et al. 2012).

Estudos indicam que as algas têm sido consumidas desde tempos pré-históricos no leste da Ásia e seu uso na culinária data de 600 a.C, tendo sido utilizadas em saladas, sopas e como alimentos em dietas de baixa caloria (Fleurence et al. 2012). Atualmente cerca de 140 espécies de macroalgas são utilizadas no mundo inteiro como alimento. São tradicionalmente consumidos nos países asiáticos, com destaque para a culinária japonesa, rica em pratos de sabor específico e muito apreciados e tem ganhado adeptos pelo o mundo, principalmente no Brasil.

As algas foram identificadas e agrupadas em três diferentes classes: algas castanhas (Phaeophyta), algas vermelhas (Rhodophyta) e algas verdes (Chlorophyta), destacando-se alguns generos das Chlophytas utilizadas comumente na alimentação como o genero Ulvan e Monostroma.

Espécies de algas verdes que pertencem a Ulva são tradicionalmente consumidas como aonori, que é um produto misto, incluindo outras algas verdes tais como Monostroma latissimum e Enteromorpha prolifera. Na Europa, a Ulva lactuca tem sido muito utilizado para sopas ou preparações de saladas.

O gênero Caulerpa contêm algas com grandes facilidades de adaptação às variações ambientais e crescimento e propagação rápida, tida por muitos pesquisadores como sendo algas invasoras, provocando desequilibrio ecológico, principalmente na costa da àsia e mediterrâneo (Bulleri et al. 2010). No Brasil as Caulerpas são encontradas em todo o litoral. No Ceará, é facilmente encontrada, principalmente nas prais de Paracuru e Flexeiras.

Considerando que algumas algas verdes já são utilizadas na alimentação e que sua composição nutricional varia com a espécie, área geográfica, época do ano e temperatura da água (Denis et ai, 2010). Tendo em vista as caracteristicas das algas do gênero Caulerpa, surge o questionamento sobre o potencial dessas algas como fonte de alimentos. Poderá essas algas desempenhar um papel importante na agricultura, uma vez que têm potencial para contribuir para a produção mundial de alimentos devido à sua adaptação a condições ambientais adversas.

No entanto, o gênero caulerpa não têm sido bioquimica e nutricionalmente muito investigado. Assim, a falta de informação nutricional continua a limitar a sua utilização, razão pela qual é importante um estudo para avaliar o potencial dessas algas para fins de exploração.

Portanto, o objetivo do presente estudo foi obter dados sobre a composição nutricional de algas verdes do gênero Caulerpa, Caulerpa cupressóides e Caulerpa

mexicana, ambas encontradas no litoral cearense, visando à avaliação do seu potencial

para uso como ingredientes alimentares. MATERIAIS E MÉTODOS

Os experimentos foram realizados no Laboratório de química de alimentos do Instituto Federal do Ceará Campus de Limoeiro do Norte.

As algas marinhas Caulerpa cupressóide e Caulerpa mexicana foram coletadas na praia de Flecheiras, município de Traíri – Ce, em maré baixa (-0,2 a 0,3 m). Após a coleta, foram acondicionadas em sacos plásticos e transportadas ao laboratório em recipiente isotérmico, onde as epífitas foram removidas e as algas foram lavadas com água destilada corrente, depois foram secas e trituradas.

Para obtenção dos resultados foram realizadas as seguintes análises em triplicata e calculada a média: Umidade, Cinzas (Resíduo mineral fixo), Proteínas pelo método de Kjeldahl e Lipídeos pelo método de Bling Day (IAL, 2005). Os carboidratos totais foram calculados por diferença.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados da composição centesimal e análise do valor de energia estão na Tabela 1. No presente estudo os resultados no teor de nutrientes foram expressos por 100 g de peso seco para ser possível comparar a composição de nutrientes.

Os teores de umidade foram de 12,21% e de 10,86% para C. Cupressóide e C.

Mexicana, respectivamente.

Os valores de cinzas variaram de 11,28% em C. Cupressóide a 7,79% em C.

Mexicana, sendo estes maiores dos que os observados para algumas leguminosas

utilizadas na alimentação como a soja (5,3%) e o feijoeiro (4,6%) (Vasconcelos et al. 2010). Algumas algas possuem níveis elevados de elementos minerais que têm valor nutricional, tais como cálcio, iodo e magnésio. Isto é verdade para algas verdes do gênero

Ulva, na qual já foram encontrados até 3,25 g de cálcio por kg de peso seco (MacArtain et

al. 2007).

Em estudos anteriores, tem sido mostrado que algas têm quantidades apreciáveis de K, Ca, Na e Fe mais elevados do que os valores reportados para alguns vegetais terrestres, tais como couve, alface, cenouras e brócoles, bem como espinafres (Tabarsa et

al. 2012). Estes dados confirmam a possibilidade de que algas podem ser utilizadas como

uma fonte de suplementos minerais, em comparação com os vegetais terrestres, em que as composições podem interferir com a absorção pelo sangue (Ruperez et al. 2002).

Foram encontrados valores de proteína de 18,05% para C. Mexicana e de 20,79% para C. Cupressóide, comparável ou maior do que os relatados por algumas sementes de leguminosas comestíveis no Brasil, como cultivares de feijão-caupi com 19,5% (Vasconcelos et al. 2010) e feijão preto com 23,2% (Vasconcelos et al. 2010). Esses valores de proteína são semelhantes aos descritos para algas verdes do gênero Ulvan que variam de 10 a 25% (Fleurence, 2004).

O teor de lipídeos de 2% e 1,5% para C. Cupressóide e C. Mexicana, respectivamente, condiz com os dados encontrados em algas de um modo geral que varia entre 1,5 e 3,3% (Fleurence et al. 1994).

Já está estabelecido na literatura, que os teores de lipídeos encontrados em algas são geralmente inferiores a 4%, no entanto é rico em ácidos graxos insaturados e poli- insaturados que apresentam vários efeitos biológicos benéficos em seres humanos, como ácido palmítico, ácido mirístico, ácido oléico, ácido palmitoleico, e ômega três (ω3) (Tabarsa et al. 2012). Tem sido relatado que o consumo de algas pode contribuir para a melhoria do fornecimento de ω3, o que poderia ter uma influência positiva sobre a composição dos lipídeos no sangue e podem ser usados para a prevenção de arteriosclerosis (Erkkila et al 2003).

A analise de carboidrato total apresentaram valores de 53,72 e 61,80 para C.

Cupressóide e C. Mexicana, respectivamente, semelhantes aos encontrados para outras

algas verdes, cerca de 60% (MacArtain et al., 2007). No entanto, tem sido mostrado que algas são boas fontes de fibra dietética relacionadas a vários efeitos de promoção da saúde, tais como o crescimento e a proteção da microbiota intestinal, redução da resposta glicêmica, aumento do volume das fezes e redução do risco de câncer de cólon (MacArtain

et al. 2007; Tabarsa et al. 2012).

CONCLUSÃO

As algas C. Cupressóide e C. Mexicana apresentaram teores de cinzas elevados, quantidades apreciáveis de fibra e de proteína bruta, bem como uma baixa concentração de lipídios. Foi demonstrado que ambas as algas verdes exibiram um amplo espectro de composições nutricionais que os tornam excelentes candidatos para uma alimentação saudável para a nutrição humana.

Tabela 1. Análise centesimal das algas do gênero Caulerpa: C. Cupressóide e

C. mexicana. Limoeiro do Norte, março/ 2012.

Componentes C. cupressóide C. mexicana

Umidade (%) 12,21 10,86

Cinzas (%) 11,28 7,79

Proteínas (%) 20,79 18,05

Lipídeos (%) 2,00 1,50

AGRADECIMENTOS

Ao Dr. José Ariévilo Gurgel Rodrigues e a Prof.ª. Dra. Norma Maia Barros Benevides, ambos do Laboratório de Carboidratos e Lectinas de Algas – CARBOLEC do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade Federal do Ceará, DBBM – UFC por terem cedido às algas para análise.

REFERÊNCIAS

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