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A propósito do termo que se quer analisar, impõem-se indagações iniciais: o que é Hermenêutica? Em que medida difere da interpretação? Ernildo Stein189

refere:

Quando não posso estabelecer empiricamente a verdade de uma preposição, utilizo a verdade absoluta. A minha proposição é verdadeira porque existe um fundamento último. Essas sempre foram as duas alternativas da filosofia: ou existe um fundamento empírico da verdade, ou existe um fundamento último da verdade. Se tenho um fundamento último, então algo é verdadeiro. A hermenêutica é esta incômoda verdade, que se assenta entre as duas cadeiras, quer dizer, não é nem uma verdade empírica, nem uma verdade absoluta – é uma verdade que se estabelece dentro das condições humanas do discurso e da linguagem.

Esse realce cabe desde logo, para que se deixe marcado que a hermenêutica jurídica, como parcela fundamental do estudo do direito, tem como função construir metodologias, estabelecendo instrumental para facilitar a aplicação normativa aos casos concretos, a partir do sistema jurídico de forma fundamentada, justificada por critérios metodologicamente aceitos. Em outros termos, a hermenêutica é uma estrutura de organização da interpretação, razão por que, como afirma Stein, mencionado acima, tem compromisso inarredável com a verdade, demonstrada formal e materialmente.

A hermenêutica lato sensu constitui um instrumental que deve orientar a aplicação das regras do pensamento crítico, e que não é diferente do fundamentalmente hermenêutico, inerente à aplicação das leis. Carlos Maximiliano190 diferencia a interpretação da hermenêutica afirmando:

(...) ressalta o erro dos que pretendem substituir uma palavra pela outra; almejam, ao invés de hermenêutica, - Interpretação. Esta é aplicação daquela; a primeira descobre e fixa os princípios que regem a segunda. A Hermenêutica é a teoria científica da arte de interpretar.

A não ser no fato de que a norma jurídica constitui os limites ônticos dos objetos normativos afastados da abstração, requer adequada metodologia de apreensão da respectiva realidade191, não se diferenciando da interpretação

genericamente considerada.

Por isso, a teoria que estrutura qualquer ciência aglutina duas espécies de regras: a) as que orientam a busca, o encontro, da verdade; e b) as que justificam, fundamentam a verdade.

A esse propósito, a estrutura da regra-matriz tributária constitui, historicamente, uma das estruturas fundamentais de estudo da Teoria do Direito Tributário, num importante legado do professor Paulo de Barros Carvalho. Em traços sucintos, pela regra-matriz de incidência, desdobram-se e identificam-se as diversas regiões ônticas que compõem o quadro da incidência tributária.

Compondo-se a regra-matriz de incidência do ICMS, a título de ilustração, ter-se-ia o esquema seguinte:

HIPÓTESE

? Critério material: prestação de serviço ou operações relativas à

circulação jurídica de mercadorias.

? Critério temporal: data da saída da mercadoria.

? Critério espacial: o Estado ou o Distrito Federal que o institui.

CONSEQÜÊNCIA

? Critério pessoal:

Sujeito ativo: Estado ou Distrito Federal.

190 MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. 6 ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1957, p. 14.

191 “Há um esforço que não é intencional, de um indivíduo, de um pensador, de criar um universo de análise que não seja mais dependente de um mundo teológico, principalmente, e, de outro lado, de um mundo ontológico. A hermenêutica procura libertar-se desses dois mundos – o universo teológico e o universo ontológico. Isto ocorre na medida em que o problema se apresenta em Dilthey e depois em Heidegger.” STEIN, Ernildo, op. cit., p. 39.

Sujeito passivo: o comerciante, o industrial e o produtor, ou a pessoa física que pratique, em caráter de habitualidade, operações mercantis, mesmo que de modo clandestino.

? Critério quantitativo:

Base de cálculo: é o valor da mercadoria para uma operação mercantil, ou preço do serviço.

Alíquota: seletiva.

Segundo Paulo de B. Carvalho 192:

O critério material da hipótese contém, por isso, um verbo indicador de ação futura (“se alguém industrializar produtos”), ao passo que o elemento material do fato trará uma ação concreta, já consolidada (“fulano de tal industrializou o produto P”). O critério espacial alude genericamente, a um ponto do espaço (“em qualquer lugar do território nacional”) e o elemento espacial do fato aponta para uma localidade determinada (“rua x, número y, no Município C”). O critério temporal opera com referência também genérica de tempo, ou mencionando outra ação-tipo que, uma vez certificada, vai marcar o instante da realização do fato (“considera-se ocorrida a industrialização quando se promover a saída física dos produtos industrializados do estabelecimento industrial”). Sempre, contudo, o elemento temporal do fato estará assinalado por uma referência necessariamente fixa (“15 horas, 23 minutos e 10 segundos, do dia 12 de março de 1996”).

Desdobra-se, portanto, em seus elementos, a totalidade do conjunto que compõe a incidência da norma tributária, dando ensejo ao surgimento da obrigação de pagar tributo. Separam-se os elementos essenciais do núcleo normativo que rege a incidência, mostrando-se em detalhes as diversas regiões ônticas envolvidas. Dessa forma, impõe-se que o tratamento de cada um desses objetos ou situações seja feito a partir de uma contextualização específica e adequada.

Alexandre Pasqualini193 leciona:

A ordem jurídica, enquanto ordem jurídica, só se põe presente e atual no mundo da vida, através da luz temporalizada da hermenêutica. São os intérpretes que fazem o sistema sistematizar e, por conseguinte, o significado significar.

Cabe abrir um parêntese na argumentação encaminhada para anotar que a hermenêutica é combatida pela visão do Estado totalitário, constituindo, assim, um fundamento do Estado Democrático.

192 CARVALHO, Paulo de Barros, op. cit., p. 109-110.

193 PASQUALINI, Alexandre. Hermenêutica e sistema jurídico. Porto Alegre: Livraria do advogado, 1999, p. 23.

Em Estados totalitários, o estudo da hermenêutica jurídica é, de certa forma, proibido, porque neles se institui uma interpretação formal e arbitrariamente estabelecida194. Assim, a hermenêutica, com seu compromisso com a verdade,

antepõe-se aos paradigmas de racionalidade adotados pelos Estados totalitários, que buscam seus fundamentos ideológicos notadamente em Hobbes, que é aqui adotado como um dos mais importantes filósofos e estruturadores políticos das ideologias dos Estados totalitários, seguido por Hegel.

A atividade hermenêutica, inicia a discussão desde a palavra isolada, que necessita de outras palavras para que transmita um conteúdo semântico, necessita- se da presença de uma frase, para poder identificar uma mensagem, que é transmitida quer por via oral, quer por via de um texto.

Dito de outra forma, a compreensão de uma mensagem sempre depende de um conjunto específico, que estrutura um sistema lingüístico particular que, por sua vez, constitui uma determinada linguagem; esta tem de próprio e particular um sistema de relações internas de seus signos Paulo de Barros Carvalho195 leciona:

Tendo o signo o status lógico de uma relação que se estabelece entre o suporte físico, a significação e o significado, para utilizar a terminologia de E. Husserl, pode dizer-se que toda linguagem, como conjunto sígnico que também oferece esses três ângulos de análise, isto é, compõe-se de um substrato material, de natureza física, que lhe sirva de suporte, uma dimensão ideal na representação que se forma na mente dos falantes (plano da significação) e o campo dos significados, vale dizer, dos objetos referidos pelos signos e com os quais mantêm relação semântica.

Assim, a linguagem constitui-se a partir de dois elementos essenciais: o signo (a palavra) e a frase. É onde inicia a interpretação dos códigos, no signo que transmite mensagens (signo-significante) e o signo captado (signo-significado) e se fundam em duas ciências: uma que tem como objeto o signo, a outra que tem como

194 Wofgang Kersting, comentando Hobbes afirma: A prudência estatal do Leviatã consiste em evitar a guerra civil. E a guerra civil confessional ensinou a Hobbes que dotar a prudência estatal do monopólio do poder não é suficiente para cumprir a finalidade da pacificação. Ela necessita, além disso, do monopólio da interpretação e definição. Precisa fixar qual é o significado das palavras e definir o que é tido como verdade e o que não pode ser admitido como verdade, pois a guerra civil confessional foi uma guerra de ideologias, uma luta de verdades concorrentes pelo poder absoluto, uma luta de interpretações e significados. Por isso, uma estratégia que vise evitar a guerra civil precisa conter a disposição sobre o significado de conceitos normativos e religiosos relevantes para a ação. Entretanto, como mostra a citação acima, o argumento da necessidade de uma fixação autoritativa última das interpretações e palavras vai muito além disso, pois não quer apenas mostrar a imprescindibilidade de submeter a religião, filosofia e literatura às definições estatais da verdade, mas também fundamentar a impossibilidade prática de um condicionamento constitucional, qualquer que seja concretamente, do domínio estatal. Comunicação obtida em aula proferida na Faculdade de Filosofia da PUCRS, no segundo semestre de 2005.

objeto as frases, dando origem a expressão de que “a linguagem é a casa do ser”. Lúcia Santaella196 referindo-se ao signo leciona:

É toda coisa que substitui outra, representando-a para alguém, sob certos aspectos e em certa medida. 197 Convém ainda reter da definição a noção do interpretante. Não se refere ao intérprete ou usuário do signo, mas a um processo relacional que se cria na mente do usuário. A partir da relação de representação do signo com seu objeto, produz-se na mente interpretadora um outro signo que traduz o significado do primeiro (é o interpretante do primeiro).

Para melhor explicitar, menciona-se o que leciona Raimundo Bezerra Falcão198:

Tem-se aqui duas referências ao ser: a) ser numa visão específica, um tipo de ser, na parte em que é feita menção a casa; b) e ser entendido como gênero, isto é, o ser, do qual são espécies todos os seres, inclusive casa. Resulta muito clara a existência de dois seres: a casa e o ser que nela se abriga e se revela. Em resumo, a linguagem não é o ser, mas é ser. Não é o ser, mas o torna possível para o homem. Inclusive torna a si mesma, enquanto uma espécie de ser, também possível para o homem. No entanto, não o esqueçamos, tudo isso ocorre porque há o espírito, dotado de razão.

Reputa-se sumamente feliz a afirmação de que a linguagem é a “casa do ser”. Isso, além de realçar convenientemente o poder revelador – velador da linguagem – põe em relevo a pluralidade ôntica entre casa e ser.

Portanto, o objeto, para ser conhecido, depende da linguagem, um instrumento com o qual se expressam tanto objetos empíricos, por via de conceitos construídos descritiva ou narrativamente por proposições em linguagem, quanto o sentido dos valores culturais. Em outros termos, o objeto é posto em linguagem.

O processo de conhecimento sempre decorre de uma seleção de elementos, constitutivos do objeto, que postos em forma de linguagem conceitual formam a imagem. O isolamento da linguagem, do objeto cujo sentido ela transmite, permite que se centre atenção no objeto em si, que deve ser descrito para que possa ter seu sentido captado199. Descrição é então uma apreensão qualitativa do objeto por via

de signo.

196 SANTAELLA, Lúcia, op. cit., p. 187.

197 PIGNATARI, D. Informação linguagem comunicação, São Paulo: Perspectiva, 1970, p. 27. 198 FALCÃO, Raimundo Bezerra. Hermenêutica. São Paulo: Malheiros, 1997, p. 68.

199 Gadamer fundamenta o ser na linguagem: “(...) do sentido que vem-à-fala, aponta a uma estrutura universal-ontológica, à Constituição fundamental de tudo aquilo a que a compreensão pode se voltar. O ser que pode ser compreendido é linguagem.” GADAMER, Hans-Georg. Verdade e método. 3 ed. Trad. Flávio Paulo Meurer Petrópolis: Vozes, 1999, p. 687.

O objeto, então, não se manifesta com sentido sem a linguagem: ser e linguagem constituem um só núcleo. Mesmo a linguagem sendo singular, os objetos que podem ser expressos, em forma de sentido, têm ontologias diversas, uma vez que cada um requer variantes metodológicas específicas. Paulo de Barros Carvalho200 não pensa diferente ao se referir à linguagem jurídica:

Mister se faz que possamos contá-lo em linguagem jurídica, isto é, que venhamos a descrevê-lo consoante as provas em direito admitidas. Se não pudermos fazê-lo, por mais evidente que tenha sido o acontecimento, não desencadeará os efeitos jurídicos a ele atribuídos. E, nessa linha de pensamento, sendo suficiente para o reconhecimento jurídico a linguagem que certifica o evento, pode dar-se, também, que não tenha acontecido o crime, isto é, em termos de verdade material, não tenha ocorrido.

Essas variantes metodológicas determinam a adequação do meio “linguagem” à expressão de cada região ôntica. Portanto, se a linguagem serve de veículo de expressão de conteúdo, captado por caminhos metodológicos diferentes, sua estrut ura deverá se adequar à matriz de inteligibilidade adotada para promover a captação de sentido. Tugendhat201 dá importante contribuição ao esclarecimento do

tema ao afirmar que:

A frase predicativa singular consiste de dois membros, um termo singular (ou, mais de um, no caso dos enunciados relacionais) e um termo geral; e, enquanto que no caso do termo singular estar claro no lugar de quem ele está, a saber: no lugar de um objeto (geralmente) concreto, isso não é tão claro no caso do termo geral. Diferenciam-se objetos concretos e objetos abstratos. Objeto é tudo o que é algo (fala-se também de “entidades”). Objetos concretos são aqueles que podem ser identificados, no espaço e no tempo, como objetos materiais ou acontecimentos. Objetos abstratos (ou também chamados ‘ideais’) são aqueles que não são identificáveis deste modo.

Cada estrutura de linguagem – seja ela predicativa, assertatória, relativa a objetos empíricos; seja na narrativa, ou dissertativa; seja, ainda, formada no plano racional, formal; seja especulativa de razões metafísicas – obedece a formas específicas de captação de sentido, por via conceitual e de sintaxe combinatória entre seus elementos, no plano profundo da linguagem, onde os conteúdos expressados pelas frases, se harmonizam formando o conteúdo e gerando idéias que irão compor o conhecimento.

200 CARVALHO, Paulo de Barros, op. cit., p. 11. 201 TUGENDHAT, Ernst; WOLF, Ursula, op. cit., p. 102.

A este propósito Paulo de Barros Carvalho202 resume:

Em resumo, no fenômeno da atuação do direito, defrontamo-nos com três dimensões de linguagem: a) o domínio da linguagem do direito positivo; b) o plano da linguagem da realidade social; e c) a plataforma da linguagem da facticidade jurídica. Da projeção da linguagem do direito positivo sobre o plano da realidade social, surge o domínio da facticidade jurídica.

Fácil verificar, também, que a região da facticidade jurídica está contida, ao mesmo tempo, na linguagem do direito positivo e na linguagem da realidade social, como zona de intersecção, área de cruzamento, onde s e encontram e se cortam aquelas duas camadas lingüísticas.

5.2 Matrizes de racionalidade

Os efeitos explicativos decorrem do desdobramento dos elementos que compõem a regra-matriz de incidência, acima referida, em que numa matriz se tem elementos e domínios, cada um ocupando um dos quadrantes da incidência normativa.

Nos casos em que o sujeito se depara com um evento similar a outro já conhecido, ele passa a trabalhar duas hipóteses: a) adota a posição de que a situação é igual a que já conhece, adotando-a de pronto como a imagem do objeto com a qual se deparou; ou, b) parte dessa pré-compreensão inicial como sendo uma pré-compreensão de elementos contidos num determinado gênero do ser, que manifesta uma pré-idéia genérica, relativa a cada ser singular,e constrói o significado do caso singular.

Intuitivo é o conhecimento “em virtude do qual se pode saber se uma coisa existe ou não. Se existe, imediatamente o intelecto julga que existe. Além disso, intuitivo é o conhecimento mediante o qual se sabe que uma coisa inere em outra, que um lugar dista de outro, que uma coisa tem certa relação com a outra ou, em geral, uma verdade contingente qualquer, especialmente a respeito do que está presente”.203

No primeiro caso, substitui o evento singular pelo significado abstrato (conceito universal), já formado anteriormente, o que implica a existência de um conceito entificado; no segundo caso, busca a construção de uma imagem do objeto

202 CARVALHO, Paulo de Barros, op. cit., p. 12. 203 ABBAGNANO, Nicola, op. cit., p. 408.

em si, a partir de uma pré-idéia traduzida pelo conceito universal e constrói o conceito singular.

Num enfoque mais amplo sobre a teoria do conhecimento, cabe referir a inafastável presença de três elementos, postos em planos essenciais na atividade cognoscente: 1) pessoa que busca conhecer; 2) o objeto ao qual se dirige a atividade de conhecer e; 3) a própria atividade, que consiste no processo técnico que a pessoa desenvolve para conhecer. 204

Esse é o caminho seqüencial: o sujeito identifica o sentido, obtendo o significado e culmina na significação. Para obter o trânsito de um significado sobre determinado objeto real, entre o que ele expressa e o que recebe, é necessário que – por um signo-significante – a idéia, o sentido, na mente de quem transmite, seja igual ou semelhante – signo-significado – na mente de quem a recebe. Santaella205

refere a este propósito:

É algo que, sob certo aspecto ou de algum modo, representa alguma coisa para alguém. Dirige-se a alguém, isto é, cria na mente dessa pessoa um signo equivalente ou talvez um signo melhor desenvolvido. Ao Signo assim criado, denomino interpretante do primeiro Signo. O Signo representa alguma coisa, seu objeto. Coloca-se no lugar desse objeto, não sob todos os aspectos, mas com referência a um tipo de idéia que tenho por vezes denominado o fundamento do Signo.

Somente assim o objeto se faz pensamento posto em linguagem e, como tal, é recebido e reconstruído por quem o recebe. A comunicação requer, portanto, que se faça uma imagem, um conceito, do objeto por via da linguagem. Evidentemente, então, se houver uma referência a um gênero de objeto, os conceitos sobre esse gênero devem ser formulados a partir de elementos essenciais que formam sua matriz ôntica. Esses elementos caracterizam o objeto visto sob seu aspecto universal; por isso a imagem deve ser universal – daí decorre um conceito universal. De outro modo, em caso de se ter que produzir em linguagem uma imagem de um objeto específico, singular, terão que ser formulados em linguagem seus elementos singulares, e por isso a imagem que será transmitida é a de um determinado objeto; daí o conceito é singular. Essa imagem pode ser formada por três vertentes: 1) por via empírica, que através de descrição sempre se terá um conceito singular; 2) por

204 FALCÃO, Raimundo Bezerra, op. cit., p. 13: “Sempre que se tem um ato de conhecimento, é inafastável a presença de três elementos necessários: o eu que conhece, a atividade que o eu cognoscente desenvolve e o objeto a que se dirige a atividade desenvolvida pelo eu”.

via das idéias, em forma estritamente racional, em que se elabora uma descrição que se presta para significar o gênero dos objetos conceito universal; ou 3) por via da Fenomenologia hermenêutica, que consiste, em amplos traços, numa combinação das duas primeiras vertentes, em que se forma uma significação genérica a partir dos elementos ônticos fundamentais do objeto – que lhe dão uma pré-significação relativamente abstrata – voltada à captação do ser singular por via de inferência.

Toda a proposta de captação de realidade há que ser refeita, por isso é necessária a identificação e a justificação do método, posto em harmonia com a matriz de inteligibilidade aplicável, porque, de alguma forma e em algum lugar, deixa componentes de fora, por vezes, os essenciais. Por isso não se pode representar detalhadamente um objeto singular, adotando um mero conceito universal; como não se pode falar de um gênero de objetos promovendo a descrição de um objeto específico.