• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO III Prevenção e Intervenção nos Conflitos Sociais e Escolares

1. O Conceito de Conflito Social

O conflito faz parte da sociedade, é um elemento que está presente nas organizações, nas instituições e nos grupos sociais. Neste âmbito, a maneira como as situações de conflito são geridas e resolvidas tem uma importância e um impacto que é necessário avaliar.

O indivíduo em sociedade é pressionado por muitos grupos sociais, onde desempenha papéis sociais e consequentemente, muitas vezes experimenta situações de conflito. Mesmo o processo de socialização da criança tem sido visto como um conflito entre o individuo e a sociedade. Os conflitos acontecem, entre os indivíduos, entre os indivíduos e as organizações, entre diferentes organizações ou grupos e entre as diferentes partes de uma organização. Um conflito surge quando duas ou mais pessoas (ou grupos) buscam a possessão do mesmo objeto, ocupam o mesmo espaço ou a mesma posição exclusiva, praticam papéis sociais incompatíveis, têm objetivos diferentes ou empreendem mutuamente meios incompatíveis para atingir os seus propósitos.

O conceito de conflito pode ser analisado segundo várias perspetivas ou aspetos: psicológicos, políticos, sociais, antropológicos, entre outros. No âmbito psicológico, o conflito pode ter vários níveis de análise, nomeadamente, comportamental, verbal, simbólico e emocional. Quando se analisa um conflito, as motivações são importantes, razão pela qual se utiliza o

termo “motivational conflict”. No âmbito da psicologia há várias perspetivas sobre o conflito, nomeadamente de Sigmund Freud (1856-1939) que estabeleceu a teoria dos “instintos contrários”. Estes existem, lado a lado e ocorrem quando há respostas verbais, simbólicas ou emocionais evidentes, tendo uma incompatibilidade, no que respeita às motivações. Freud foi um pouco mais longe dizendo que a civilização é em si mesma um produto da colisão entre as “pulsões” individuais e a conformidade social (Freud cit in International Encyclopedia of Social Sciences, 1968, vol 3: p. 227). A perspetiva psicanalítica do conflito desenvolveu um campo de análise e explicação de vários sintomas, nomeadamente as neuroses. No entanto, posteriormente desenvolveram-se novas teorias que mudaram o conceito de conflito desenvolvido por Freud, entre as quais a perspetiva cultural psicanalítica (Horney, Fromm, Sullivan in op.cit.). Um modelo “conflict model” na análise das neuroses e psicoterapia (Dollard e Miller, 1950 cit in op.cit.) foi usado em observações sobre conflitos, nomeadamente no desenvolvimento psicossexual da criança. Neste âmbito salienta-se que alguns dos métodos parentais, quando são punitivos, nomeadamente na higiene, quando se vestem, no comportamento sexual e na agressividade, provocavam conflitos nas crianças. A motivação social de alguns conflitos poderia ser observada, em estádios posteriores de desenvolvimento do indivíduo.

A sociologia, também se tem debruçado sobre os conflitos, nomeadamente desde as primeiras análises sociológicas de Marx (1818-1883) e Engels (1820-1895), no século XIX, sobre os conflitos de classe. No entanto, foi Georg Simmel quem primeiro desenvolveu uma análise do conflito, quer do ponto de vista interno, quer externo, ou seja no indivíduo e no grupo. Esta análise foi criticada por Lewis Coser (1956) tendo realçado os processos de integração social, segundo dois processos nas relações humanas: o conflitual e o integrativo. Quando dois ou mais indivíduos estão em contacto numa interação social podem escolher o seu relacionamento, se é conflitual ou integrativo (i.e. cooperativo, de apoio, acordado). Os conflitos desaparecem, apenas quando as partes se retiram e a relação é completamente quebrada. Alguns cientistas sociais foram inspirados pelo Darwinismo social, como Herbert Spencer, Gustav Ratzenhofer, Ludwing Gumplowicz, e William Graham Sumner. Noutros como Pareto, Mosca, Michels e Sorel, o conflito surge associado à luta pelo poder e influência. Na sociologia germânica clássica, de Tonnies, Simmel e Weber, o conflito foi considerado um fenómeno social principal. Max Weber (1864-1920), por exemplo

considerava que o conflito não podia ser excluído da vida social e que a paz não é senão uma forma de conflito, dependendo do ponto de vista em que é observado (op. cit: 232).

Na sociologia americana, o conflito era visto como um componente inerente às estruturas sociais. Muitos concordavam com Robert Park quando defendia que “apenas onde existe o conflito o comportamento toma consciência de si; apenas assim há condições para uma conduta racional” (op.cit: 232). O conflito sugere uma situação de competição, em que ambos os atores sociais estão conscientes da incompatibilidade das posições em que estão empenhados e interessados em ocupar no futuro.

Os estudos antropológicos, sobre o conflito englobam uma visão multidimensional dos processos sociais que operam em muitos e diferentes contextos e que resultam numa variedade de consequências. Do mais simples, ao mais elaborado comportamento de conflito, este é definido pela sua função, pela parte que desempenha dentro de um sistema de atividades humanas e pelas ideias e valores que lhe estão associados. Nos estudos desenvolvidos sobre os conflitos clarificou-se que o conflito não pode ser equiparado a comportamento agressivo, logo não é um tipo de comportamento, mas sim uma situação que resulta de interesses ou valores incompatíveis. Estes estudos não desprezaram a dimensão biológica do homem, nomeadamente recorrendo ao estudo dos primatas, no entanto estabeleceram uma ênfase nos aspetos culturais, analisando o conflito no contexto cultural. Neste âmbito, o comportamento humano tem, igualmente que ser explicado como um processo que evoluiu ao longo da história da humanidade, nomeadamente na relação dos seres humanos com os artefactos físicos que foi manuseando e construindo ao longo do tempo. A

primatologia, ciência que estuda os comportamentos dos primatas e analisa a sua evolução ao

longo do tempo, tem contribuído para a compreensão de alguns dos processos de adaptação biológica e comportamental desta espécie.

Segundo Quivy & Campenhoudt (1992:118) numa relação de cooperação há sempre uma dimensão conflitual que advém da desigualdade de posições entre as partes. A conduta conflitual é uma conduta de pressão sobre o outro ator social, quaisquer que sejam os meios usados e que se destina a modificar a situação, de forma a torná-la satisfatória. No entanto, para que funcione a cooperação, a relação deve ter uma participação necessária. Quando os atores deixam de cooperar deixa de haver uma relação de troca e a relação entra em rutura.

Numa relação de cooperação podem ser mobilizados recursos de ambas as partes, de forma a se obter vantagens, tendo em conta as relações de força e as regras a cumprir. As regras não são neutras e são estabelecidas, tendo em conta a relação em causa, sendo por isso geradoras de conflito.

Em muitas sociedades ocidentais, onde se partilha uma conceção legalista de regulação das relações humanas, nomeadamente entre as pessoas, nos grupos sociais e nas organizações, recorre-se, muitas vezes à justiça para se resolverem os conflitos. No entanto, a conceção moderna sobre a administração da justiça tem mudado ao longo da história, tendo sofrido uma “viragem ideológica” quando se passou de uma conceção liberal (século XVIII) para uma conceção social do processo (fins do século XIX e princípios do século XX). A primeira conceção assenta no pensamento básico do liberalismo político e económico desenvolvido na revolução francesa (1789-1799), com a expressão paradigmática “laisser faire, laisser

passer”. A segunda é caracterizada por uma conceção social do processo e surgiu em

numerosos países europeus, americanos e de outras latitudes (Vaz & Relvas 2002:314).

A conceção da administração da justiça, enquanto instituição política foi inicialmente desenvolvida pelos cientistas políticos que viram nos tribunais um subsistema do sistema político global. Esta abordagem teve a influência do modelo cibernético e da Teoria Geral dos

Sistemas. Segundo esta perspetiva, o sistema político recebe do “exterior do sistema” uma

série de inputs sob a forma de “exigências”, “pressões”, “reivindicações” sociais que são convertidas, no interior do sistema político, através dos “mecanismos de conversão interna” e segundo processos interativos, onde se produzem os outputs sob a forma de “decisões”, nomeadamente decisões legislativas. Esta visão trouxe consequências importantes para a administração da justiça, na medida em que se passou a considerar os juízes no centro de análise e as sentenças proferidas como dependentes de inúmeros fatores correlacionados, nomeadamente com a origem de classe, a formação profissional, a idade, a ideologia política e social dos juízes. Neste âmbito, a ideia convencional de que o juiz e a administração da justiça têm uma função neutra foi posta em causa (Santos 1991). As investigações realizadas no âmbito da sociologia e da sociologia do direito, sobre a função e formação dos juízes, sobre as dinâmicas sociais nas sociedades modernas, sobre a conflitualidade social e os seus mecanismos de resolução têm contribuído para uma melhor compreensão de alguns processos sociais de grande complexidade.

A conceção moderna de uma igualdade de direitos surgiu, na europa, com os ideais da revolução francesa Rousseau (1712-1778). No entanto, esta conceção tem sido ampliada e aprofundada pelas ciências sociais, nomeadamente a sociologia, onde se salientam os ideais de igualdade de oportunidades dos cidadãos, da cidadania, bem como das desigualdades entre as pessoas e do desenvolvimento desigual dos países.

Depois da década de 60-70, ocorreram um grande número de mudanças, nas políticas públicas e sociais, entre as quais: o direito foi-se especializando e desenvolvendo no seio de muitos países europeus, americanos e outros; o regime democrático instalou-se em muitos países, nomeadamente em Portugal, no dia 25 de Abril de 1974; as lutas por direitos sociais foram ganhando um espaço cada vez maior, nas sociedades desenvolvidas e em vias de desenvolvimento, nomeadamente os direitos da criança, da mulher e dos trabalhadores; algumas sociedades europeias e americanas procuraram garantir um bem-estar social para os cidadãos, nomeadamente o direito à saúde, educação e trabalho; o Estado de Direito e o Estado Social, baseados nos valores europeus (cidadania, solidariedade, coesão social) tornaram possível uma realização e a felicidade a muitos cidadãos europeus.

No entanto, a evolução da relação entre o bem-estar social e a felicidade, nem sempre se apresentou da mesma forma, nomeadamente quando se compara o Pib per capita e a felicidade. Neste âmbito, numa análise no período (1990-1999) não se verificou uma correlação entre a distribuição da riqueza e a felicidade nos países 32. Este tema foi analisado, segundo vários aspetos e variáveis, sendo que uma das explicações para este resultado consiste na cultura diferenciada dos vários países e na maneira como as pessoas consideram a felicidade. Algumas culturas valorizam mais os aspetos de saúde, educação e capacidades sociais “life skills”, do que outros. Neste âmbito, os estudos sobre a satisfação em geral, nas organizações e particularmente nas instituições escolares, nomeadamente dos alunos e dos professores são de grande importância.

Os direitos sociais, desde os anos 70 a 90 e até aos nossos dias tiveram uma contrapartida contributiva dos cidadãos e da sociedade (sistema de solidariedade de obrigações). O Estado Social contempla um contrato social entre o Estado e os cidadãos. Este contrato está

dependente, em grande medida dos recursos económicos existentes nas sociedades, em cada momento.

Os estudos desenvolvidos pela antropologia e a etnologia social Pritchard (1969), Gulliver (1963) e Moore (1970) tiveram, também um papel importante no tema da resolução informal dos conflitos, uma vez que em muitas sociedades que analisaram existiam várias formas de

resolução alternativa de conflitos coexistindo, com outros modos de jurisdição. Algumas das

características da resolução alternativa dos conflitos nessas sociedades são, entre outras: possuir pouca especialização em relação às demais atividades sociais, informalidade, rapidez, participação ativa da comunidade, uso da mediação e conciliação entre as partes, através de um discurso retórico persuasivo baseado na linguagem ordinária e existência, na mesma sociedade de uma pluralidade de direitos que convivem e interagem de diferentes formas (Santos 1991).

Algumas das reformas que têm sido levadas a cabo na administração da justiça, nos últimos anos, em diversos países europeus, na América Latina, nomeadamente no Brasil, na América do Norte, nomeadamente nos Estados Unidos da América e Canadá e noutras regiões foram influenciadas pela reflexão teórica e epistemológica das ciências sociais, em particular da sociologia do direito. Os meios alternativos de resolução dos conflitos são uma resposta do sistema político, jurídico e das organizações da sociedade civil, tendo em conta vários aspetos: no sentido de responder aos vários problemas sociais que as sociedades modernas apresentam, com uma diversidade de conflitos sociais; na incapacidade dos tribunais resolverem, em tempo útil os litígios; na sobrecarga de trabalho dos juízes; no volume crescente de processos nos tribunais; na eficácia do sistema de justiça; na diminuição dos encargos económicos do Estado com a justiça, entre outros aspetos.

A Resolução Alternativa de Conflitos (Alternative Dispute Resolution - ADR) pressupõe uma filosofia e uma atuação baseada no diálogo, cooperação, pacificação, consenso e celeridade. É uma proposta que visa a humanização da justiça e das relações interpessoais, valorizando os aspetos positivos das relações humanas e uma gestão positiva dos conflitos. As principais formas de Alternative Dispute Resolution (ADR) são: a mediação, a conciliação e a arbitragem. A resolução do Conselho de Ministros nº 175/2001, de 28 de Dezembro refere ser inadiável a construção de um sistema, em que a administração da justiça seja caracterizada

por uma maior “acessibilidade, proximidade, celeridade, economia, inteligibilidade, equidade, participação, legitimidade, responsabilidade e reparação efetiva”, sendo que no (artigo 1) estabelece a mediação e a arbitragem “enquanto formas céleres, informais, económicas e justas de administração e realização da justiça”33.

Em Portugal, o Gabinete de Resolução Alternativa de Conflitos (GRAL), do Ministério da Justiça surgiu no seguimento da publicação do Decreto-Lei nº 123/2011, de 29 de Dezembro, que aprova a nova lei orgânica do Ministério da Justiça e posteriormente, o decreto-Lei nº 163/2012, de 31 de Julho da Direção - Geral de Política da Justiça (DGPJ). Assim, desde 1 de Agosto de 2012, a (DGPJ) tem um Gabinete de Resolução Alternativa de Litígios (GRAL). Este Gabinete tem por objetivo, a implementação de medidas de acesso ao direito e à

resolução alternativa de litígios tais como: o desenvolvimento e promoção de “mecanismos

que assegurem o acesso ao direito e aos tribunais designadamente, nos domínios da informação, consulta jurídica e apoio judiciário; a criação, divulgação e funcionamento dos meios extrajudiciais de composição de litígios, designadamente a mediação, conciliação e a arbitragem, o funcionamento dos julgados de paz; prestar apoio às entidades que intervenham nas áreas do acesso ao direito e aos tribunais e na resolução extrajudicial de litígios”34. A criação deste organismo do Ministério da Justiça constitui um passo importante na implementação da resolução alternativa de litígios defendida, ao longo das últimas décadas por investigadores, juristas, advogados e outros agentes da justiça. No portal do cidadão,

online é possível obter informações sobre os serviços existentes em várias regiões de

Portugal, sobre os requisitos necessários para que o cidadão português lhes possa aceder, bem como sobre outros assuntos relacionados 35.

Uma das vantagens da resolução alternativa de conflitos consiste, na possibilidade das partes envolvidas no conflito terem acesso a uma informação, conhecimento e esclarecimento privilegiado sobre os seus conflitos. Apesar de alguns progressos na implementação destas medidas em Portugal, alguns profissionais que trabalham nesta área ou que querem vir a

33 Disponível em:http://www.conselhodosjulgadosdepaz.com.pt/Legislação/ResoluçãoCM 75-2001pdf.

(Consultado: 27/11/2012).

34Disponível em: http://www.dgpj.mj.pt/sections/DestBanner/novas-atribuições-da. (Consultado: 27/11/2012).

35Disponível em:

trabalhar mencionam diversas dificuldades no terreno, quer nos concursos, nas vagas, bem como na lentidão com que estes processos são implementados em território nacional.

Na conciliação, as partes negoceiam com a intervenção imparcial e direta de uma “terceira pessoa” que pode apresentar uma solução para o caso. Na mediação a intervenção de uma “terceira pessoa” (Mediador), também existe com o objetivo de promover um acordo entre as partes, sem impor soluções. Na arbitragem, a “terceira pessoa” tem o poder de decidir o conflito entre as partes. Enquanto na conciliação e mediação, as partes têm que expressar a sua vontade para tornar o acordo efetivo, na arbitragem as partes ficam vinculadas ao acordo. Em todas estas formas alternativas de resolução dos conflitos é necessário uma negociação entre as partes conduzida por uma “terceira pessoa” 36

Um outro aspeto comum, nas várias modalidades de resolução alternativa dos conflitos é a

neutralidade, como um requisito necessário dos técnicos, nos processos de negociação entre

as partes. No entanto, poder-se-á questionar se existe realmente imparcialidade nestes processos, uma vez que há um conjunto de questões que são colocadas às partes envolvidas numa negociação, tendo algumas um carácter subjetivo dependendo, em grande medida da maneira como o técnico interpreta e analisa o caso.

2. A Mediação

As relações entre os professores e alunos nas escolas pressupõem relações desiguais, em poder, hierarquia e mecanismos de troca específicos. Os atores sociais têm que aprender as regras do jogo, quer estejam escritas ou não, sendo que cada um tem uma interpretação diferente das regras e normas, prescrições e diretivas, segundo as quais se baseia o funcionamento da organização escolar. Trata-se de esclarecer quais são os princípios, valores, microculturas e ideologias que servem de justificação e, muitas vezes ocultam as relações de conflitualidade social. Conforme salienta (Villas-Boas et al. 2000) os professores, de uma

36Disponível em:

www.contratosonline.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=15068:qalternative-dispute- resolutionq-adr-as-formas-alternativas-de-sol (Consultado: 28/11/2012).

forma geral têm dificuldades em lidar com os conflitos dos seus alunos, na medida em que não têm formação para resolver um conjunto diversificado de situações de conflito, no dia-a- dia das escolas. Neste âmbito, torna-se necessário, não só a formação de professores, para que aprendam estratégias de relacionamento com os seus alunos, na atualidade, mas também promover uma mudança cultural nas relações entre os professores e os alunos.

A mediação é um tema que se considera pertinente na investigação e intervenção dos conflitos escolares. Há vários tipos de mediação, nomeadamente mediação familiar, escolar, de consumo, laboral e internacional. Neste âmbito, não existe apenas uma definição de mediação, embora alguns aspetos sejam comuns, nos vários domínios da sua aplicação. A

mediação é um processo voluntário, confidencial e flexível, onde um mediador assiste as

partes em conflito, de uma forma neutral trabalhando uma negociação, de forma a conseguir um acordo entre as partes.

O recurso à mediação, bem como a outras formas alternativas de resolução de conflitos tem aumentado nos últimos anos, em vários países europeus, nomeadamente Portugal, Noruega, Suécia e americanos, nomeadamente Estados Unidos da América e Canadá. Segundo a Lei nº 21/2007, Art.º 4º.1, “A mediação é considerada uma abordagem informal”, na medida em que é uma abordagem construtiva das relações sociais que tem vindo a ser adotada nos conflitos das organizações, das empresas, nas escolas e em vários outros domínios. Nas organizações há vários processos que podem ser conflituosos, nomeadamente a comunicação entre as pessoas e as interações sociais. Os indivíduos têm diferentes perceções sobre os valores e atitudes que se devem adotar, pelo que têm diferentes maneiras de lidar com as situações.

As sociedades, em geral têm evoluído no sentido de uma complexificação crescente dos processos organizacionais. Tem-se desenvolvido um conhecimento, cada vez mais especializado sobre os processos de gestão e comunicação das organizações. A competição económica que as sociedades atualmente enfrentam, ao nível mundial é geradora de conflitos entre as nações. Os conflitos nas sociedades contemporâneas, sendo de natureza muito diversa, necessitam de novos mecanismos de resolução recorrendo-se à mediação e à

Em Portugal, várias organizações prestam serviços aos cidadãos, nomeadamente o Instituto de

Mediação e Arbitragem de Portugal (IMAP) sendo uma organização que possibilita um

esclarecimento básico aos cidadãos, sobre as principais características da mediação, conciliação, arbitragem e julgados de paz37. A Federação Nacional de Mediação de Conflitos é uma organização portuguesa recente, que tem como missão representar as associações que mais se evidenciam no panorama da mediação38.

Nalguns países, nomeadamente no Reino Unido e nos Estados Unidos da América, a mediação está mais instituída, sendo que muitos conflitos são resolvidos, antes de serem constituídos processos jurídicos, diminuindo-se o volume processual nos tribunais. Neste