• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO II Os Principais Conceitos da Investigação

2. Socialização Familiar e Socialização Escolar

O conceito de socialização presta um contributo teórico importante na compreensão dos processos de aprendizagem do ser humano, tanto no âmbito da família, como em contexto escolar. Segundo Rocher (1989:126-128), a socialização é um processo em que o ser humano desenvolve, desde a infância e ao longo da sua vida, uma aprendizagem, em que interioriza os elementos socioculturais do seu meio ou cultura, integra-os na estrutura da sua personalidade e sob a influência de experiências com as pessoas e entidades mais significativas na sua vivência, se adapta ao ambiente social. Neste âmbito, a socialização é um processo de aprendizagem do ser humano, em vários contextos sociais e que lhe permite ter uma identidade psicológica e sociológica.

Os dois contextos que exercem uma maior influência no desenvolvimento psicossocial do indivíduo, ao longo da vida são: em primeiro lugar a família; em segundo lugar, a escola. Relativamente à aprendizagem na família é denominada socialização primária, no sentido de que é neste grupo social que o ser humano desenvolve a principal aprendizagem, constituindo-se como um grupo de referência, desde a infância, até à idade adulta. No que respeita à escola, tem a designação de socialização secundária, considerando-se que a escola é, a seguir à família, o meio social de maior referência e influência para o ser humano, ao longo da vida.

Os seres humanos desenvolvem as suas características emocionais desde o nascimento, nomeadamente através das interações que estabelecem com os pais, sendo esta relação estimulante para o bebé. A relação entre os três é denominada “Unidade Originária”. No entanto, a relação do bebé é diferenciada com o pai e com a mãe, nomeadamente pelos cuidados que lhe prestam (Chbani & Pérez-Sanchez 1998:41). Segundo uma perspetiva psicanalítica, a “Unidade Originária” é uma comunicação que se perde ao longo da vida, mas é imprescindível à própria vida e ao pensamento” (op. cit: 45). A interiorização que o bebé faz dos seus pais permite-lhe ter uma identidade. Neste âmbito existe, em cada ser humano uma realidade interna e externa que se combinam ao longo da vida. Esta teoria, baseada na observação de bebés com os seus pais, nos primeiros meses de vida defende que a unidade só é possível quando existe respeito por cada um e pelo seu papel na relação.

Numa perspetiva sociológica, o conceito de socialização, também diz respeito a uma aprendizagem social dos filhos com os pais, na família através dos papéis que desempenham, na sua educação. A criança interioriza os valores e comportamentos através das relações afetivas com os pais que por sua vez interceptam os valores da sociedade a que pertencem transmitindo à criança esses padrões, normas e valores sociais. É na família que se dá o início do processo de socialização, sendo a perceção que as crianças têm, de si e do mundo que as rodeia influenciada pelas atitudes e crenças familiares (Patterson &Yonger 2002; Desforges &Abouchaar 2003).

Neste âmbito, as duas perspetivas, psicanalítica e sociológica sobre o processo de formação psicossocial do ser humano, no seu meio familiar utilizam conceitos específicos de cada uma das áreas, no entanto têm em comum a ideia de que a formação da personalidade tem por base as relações parentais.

A família como instituição social evoluiu ao longo da história. Segundo Leeder (2004), nos últimos 150 anos, numa perspetiva global, consideram-se três fases: a fase agrícola, a fase industrial e a fase pós-industrial. A teorização sobre a família ocidental, na atualidade tem acentuado uma certa “crise” da família nuclear, nomeadamente um crescente número de divórcios e a dissolução da estrutura familiar. Este fenómeno social tem várias implicações, nomeadamente ao nível individual, grupal e social. Ao nível individual, a “quebra dos laços familiares” traduz-se, muitas vezes em indícios preocupantes de stresse, perturbações de saúde mental e de solidão afetiva. No que respeita à estrutura do grupo familiar surgem novas formas de famílias, nomeadamente de educador único ou monoparental, em união de facto e reconstruídas. No plano social, o casamento deixa de ter um papel primordial na constituição do grupo familiar. Quando existe uma rutura conjugal numa família com filhos, estes sofrem uma desestabilização, com várias consequências no seu desenvolvimento psicossocial e relacional.

As mudanças sociais, nomeadamente políticas, dos direitos individuais e sociais, também podem influenciar a maneira como as famílias se organizam, a conjugalidade, a dimensão, a natalidade, a parentalidade, a esperança média de vida, entre outros. Neste âmbito, uma compreensão sociológica sobre a família atual necessita de ter em conta alguns aspetos, tais

como: o sistema social constituído por vários subsistemas com os seus processos específicos; os processos de âmbito global, nomeadamente dos media, das migrações, de fenómenos de natureza multicultural que podem influenciar os hábitos e costumes das pessoas, bem como a constituição de famílias que integram pessoas de várias culturas.

O ambiente familiar é um aspeto fundamental para o desenvolvimento psicossocial das crianças e dos jovens e na educação escolar. As dificuldades de aprendizagem e o insucesso escolar dos alunos constituem um problema para o qual muitas famílias não têm capacidade de o resolver. Segundo Forquin (1982), alguns pais não têm as competências pessoais e sociais necessárias para o exercício da parentalidade, de modo a que possam ajudar os filhos a terem sucesso educativo, bem como a terem atitudes socialmente desejáveis, na relação com as pessoas. Neste âmbito, considera-se que as famílias das classes sociais mais desfavorecidas, não têm condições económicas, sociais e culturais que possam propiciar aos seus filhos a motivação na aprendizagem. A ausência de motivação dos alunos destas famílias, em particular para a aprendizagem e sucesso educativo está frequentemente associada à maneira como estas famílias valorizam a escola, tendo em conta as necessidades de subsistência que apresentam. São os filhos destas famílias que apresentam uma maior percentagem de abandono precoce da escolaridade e uma menor percentagem de qualificações do nível superior.

Por outro lado, as atitudes e estilos parentais, por exemplo no domínio da autoridade e da punição influenciam o desempenho escolar dos filhos. Num estudo (Gilly 1981:24) onde se procurou analisar os efeitos da permissividade no ambiente familiar e a relação com o desempenho escolar dos alunos verificou-se que o meio social, nomeadamente um clima educativo familiar de pior qualidade permite distinguir os alunos maus, onde se verificava este ambiente familiar, dos bons alunos, através de uma diferenciação negativa, nomeadamente a maneira como se comportam na escola.

As condições afetivas, emocionais e socioculturais, do meio familiar podem apresentar,

fatores de risco para a criança, quando os seus educadores têm características emocionais e/ou

de comportamento que potenciem problemas no desenvolvimento das crianças e dos jovens. Neste âmbito, Williams e Stelko-Pereira (2009 citando Maia e Williams 2005) analisaram a literatura existente referente a fatores de risco que potenciam o desenvolvimento infantil, bem

como os fatores de proteção, de forma a promover uma melhor compreensão do próprio desenvolvimento humano (op. cit:1). Referem-se como fatores de risco: “a) violência intrafamiliar; b) ter sido vítima de maus-tratos (violência física, sexual, psicológica e negligência); c) ter pais com deficiência mental; d) pais com baixa escolaridade; e) ter uma pequena rede de apoio; f) ter vivenciado a ausência de um dos pais; g) depressão materna; h) abuso de drogas dos pais; i) ter sido educado num estilo com pouco afeto e atenção ou disciplinado por meio do medo ou punição física, em que se alteravam as regras estabelecidas de acordo com o humor e se impunham regras excessivas, independentemente do seu comportamento; j) ter engravidado precocemente; l) abusar de drogas; m) ter um baixo rendimento escolar e n) evasão da escola” (op. cit: 3).

Como fatores de proteção referem-se os seguintes aspetos: ““a) família coesa e afetuosa, sem ocorrência de violência; b) ampla fonte de apoio à família, como por exemplo, ter amigos e assistência médica; c) ter sido educado em um estilo parental em que o amor é incondicional à criança, mas que há o estabelecimento claro do “certo” e do “errado” e se premiava e valorizava os comportamentos adequados, buscando o desenvolvimento da empatia perante os outros; d) oportunidade de relações adequadas com os pares, em que os direitos da criança são respeitados e em que se respeita os direitos dos outros”” (op. cit: 3). Esta conceptualização sobre os fatores de risco e os fatores de proteção que possam existir no ambiente familiar e as suas repercursões no desenvolvimento psicossocial das crianças e dos jovens é importante ser operacionalizada em estudos empíricos.

No estudo empírico sobre as perceções dos alunos e professores analisam-se, algumas variáveis familiares, nomeadamente o nível de instrução dos pais, a classe social dos pais e a parentalidade, em relação ao desempenho escolar dos alunos e aos comportamentos de indisciplina e bullying, em contexto escolar. Estas análises visam uma compreensão da influência das características das famílias dos alunos, na educação dos jovens.

Num estudo (Beaver et al. 2012) na área da saúde refere-se, uma influência genética dos pais, em sintomas de ADHD dos filhos, quando apresentam comportamentos anti-sociais (criminalidade e alcoolismo). O conceito de “fatores de risco”, nomeadamente de uma influência negativa do ambiente familiar no desenvolvimento psicossocial das crianças e dos jovens constitui uma forma de se operacionalizarem algumas variáveis, em estudos empíricos,

nomeadamente a violência contra as crianças e as mulheres, negligência parental, entre outros (Dias 2004; William & StelkoPereira 2010).

A análise “dos fatores de risco ou fatores de vulnerabilidade” das famílias, também é um tipo de abordagem utilizada, na violência escolar (Farrington 2003). Segundo Hayden & Blaya (2002) um ambiente familiar “difícil” ou “perturbado” onde as crianças são submetidas a violência doméstica pode estar associado a comportamentos de bullying em contexto escolar.

No que respeita à atuação dos professores nos comportamentos indisciplinados e de bullying dos alunos defende-se uma aproximação na base do diálogo, discussão, reconhecimento, responsabilização, dar instruções úteis, em vez da punição (Ramon et al. 2007). A aquisição de competências sociais pelas crianças e jovens, graças às famílias e às escolas, quando são estimuladas positivamente promovem um desenvolvimento psicossocial adequado, o que permite resistir às influências nocivas de um meio exterior adverso (Patterson &Yonger 2002).

Uma teorização sociológica desenvolvida nos anos sessenta, sobre as classes sociais (Bourdieu 1966:325) contribuiu para um conhecimento sobre a socialização familiar e escolar. Neste âmbito, a transmissão do “capital económico” e “capital cultural” de pais para filhos, nomeadamente o nível de instrução dos pais, o nível socioeconómico e os valores, são variáveis que se relacionam com o sucesso escolar dos filhos.

No âmbito da psicologia, também se considera haver uma influência do nível sociocultural e socioeconómico dos pais, no sucesso educativo dos filhos e nos comportamentos (Fonseca 2003). Nalguns países, nomeadamente nos Estados Unidos da América, Japão e Austrália, onde os sistemas escolares são diferentes considera-se que as características familiares dos alunos têm um papel importante na carreira escolar. A operacionalização da variável profissão dos pais em estudos empíricos é feita, frequentemente através de se agruparem as categorias profissionais em três níveis ou classes sociais: classe baixa, classe média e classe alta. Na apresentação dos resultados do estudo empírico desenvolver-se-á, com um maior detalhe, a maneira como se estabelecem estes níveis profissionais.

A educação dos jovens em contexto escolar tem processos específicos e diferenciados da educação familiar. Os processos de aprendizagem desenvolvidos pelos professores, no âmbito das várias disciplinas têm uma natureza essencialmente formal, com regras próprias,

nomeadamente de direitos e deveres dos alunos e dos professores que fazem parte do Regulamento Interno de cada escola. Alguns professores têm dificuldades, nomeadamente em conseguir que os alunos tenham sucesso nas aprendizagens, manter um ambiente adequado na sala de aula, nas relações interpessoais com alguns alunos, resolver conflitos entre pares, entre outros aspetos.

A instituição escolar tem subjacente uma determinada organização que pressupõe um funcionamento próprio e objetivos programáticos, nomeadamente de aprendizagem dos alunos, num contexto da sua progressão em níveis de escolaridade. No entanto, as organizações escolares têm, também uma filosofia e valores. Deste modo, ao se ensinar e formar as crianças e os jovens, num contexto de aprendizagem ao longo da vida, a escola é um dos principais mecanismos na sua socialização.

Os valores e regras de conduta social são uma parte fundamental da aprendizagem escolar e da convivência na comunidade escolar. Deste modo, a educação familiar e a educação escolar são complementares, no desenvolvimento psicossocial das crianças e dos jovens e moldam a sua personalidade e o seu percurso ao longo da vida. Quando se analisam os dois tipos de socialização, num determinado estudo existe uma “tentação” por parte do investigador de se comparar, relacionar e concluir qual das duas é mais importante, mais influente na educação dos jovens. No entanto, os objetivos do estudo, sendo os principais guias de análise empírica introduzem aspetos que nem sempre possibilitam essa comparação. No presente estudo, embora se considerem algumas variáveis familiares, nomeadamente que possibilitam uma compreensão da influência da socialização familiar na educação dos jovens, tendo em conta o seu desempenho escolar e os comportamentos, não se estabeleceu como objetivo saber qual dos dois tipos de socialização é mais importante.

As sociedades ocidentais têm passado por muitas e variadas mudanças ao longo do tempo. No domínio da educação, também existe uma longa história que remonta a épocas mais antigas, sendo que numa época mais recente, no século XVIII se assistiu a uma revolução pedagógica. O discurso de Rousseau (1712-1778) sobre a criança e a sua educação na esfera pública é um exemplo paradigmático de uma modernidade que se avizinha. Doravante as famílias e as escolas assumem novos papéis na educação das crianças dando-se continuidade a uma

filosofia de separação entre a esfera pública (Estado) e privada (Família) iniciada nas sociedades europeias burguesas, no século XVII.

A valorização dos direitos da família e das crianças são aspetos essenciais na mudança dos processos de socialização familiar e escolar adquirindo-se novos padrões comportamentais. No entanto, durante três séculos, até ao momento presente são muitas as transformações sociais, económicas, familiares e educativas. Os processos de socialização familiar e escolar são, também diferentes em cada cultura, onde se define o que é normal e aceitável nos comportamentos familiares e nas escolas.

Um exemplo de mudança, no âmbito da socialização familiar e escolar, em Portugal, nas últimas quatro décadas, diz respeito à gestão do tempo familiar e escolar das crianças e dos jovens, na medida em que permanecem mais tempo nas escolas e menos tempo nas famílias. Neste âmbito, os papéis sociais que os pais e os professores assumiam na educação das crianças e dos jovens modificaram-se. Estas alterações têm suscitado uma reflexão, por parte da sociologia da educação, nomeadamente no que respeita à temática da relação escola- família.

Segundo Silva (2010:447), o papel da família e da escola na educação das crianças e jovens tem-se alterado nas últimas décadas. Neste âmbito existe, até uma certa tensão sobre as funções da família e da escola na sua educação. Por um lado, assiste-se a um processo de “parentização docente” ou seja, os professores têm assumido, cada vez mais, um papel formativo, para além de educativo. Por outro lado, verifica-se uma “crescente dificuldade da escola em assumir sozinha e em plenitude o seu projeto educativo (incluindo a componente instrucional)”, tendo necessidade de uma maior mobilização das famílias dos alunos (Silva 2010:447).

A relação entre as famílias dos alunos, nomeadamente os seus educadores e as escolas, sobretudo com os professores (Diretores de Turma) é uma matéria de grande importância na educação das crianças e dos jovens. Este relacionamento tem evoluído ao longo do tempo, de acordo com a maneira como a educação das crianças e dos jovens era concebida em cada época e sociedade. Nas sociedades europeias assistiu-se a uma “reconfiguração da relação família-escola”. Considera-se que as mudanças sociais, neste domínio podem ser

perspetivadas, segundo algumas características epistemológicas da “modernidade e pós- modernidade” (op.cit.).

Nos Estados Unidos da América, nos anos 30, surgiu uma das primeiras reflexões da sociologia da educação sobre este tema “The Sociology of Teaching” (op. cit.). Apesar de se reconhecerem interesses comuns aos dois grupos (pais e professores) encara-se esta relação como conflitual. Desde essa época, até à atualidade o interesse sobre esta problemática no âmbito da investigação evoluiu de acordo com as mudanças sociais e económicas na europa. Nalguns países europeus, a conjuntura política e económica no período pós-guerra, desencadeou um investimento na investigação, educação e qualificação das pessoas, de forma a se promover a reconstrução dos países.

Segundo Silva (2010:449) a relação entre a escola e a família tem assistido a uma problematização que sofreu uma influência de três condições epistemológicas: a) da perspetiva da Sociologia de Pierre Bourdieu; da “viragem” que a Sociologia sofreu nos anos 80, nomeadamente de uma sensibilização para a necessidade de uma articulação entre os níveis de análise macrossociológico, meso e microssociológico, bem como entre os estudos quantitativos e qualitativos; c) da emergência, no campo da Sociologia da Educação, da Teoria da Resistência, reconhecida a partir dos anos 90 como Pedagogia Crítica da Escola de Frankfurt e da obra de Paulo Freire, Pedagogia do Oprimido. Deste modo, a sociologia da relação escola-família é uma área de estudo recente, sendo que surgiram várias obras no âmbito internacional, antes da década de oitenta e, a partir desta década desenvolveram-se mais estudos.

Em Portugal verifica-se a mesma tendência, sendo que são escassas as obras, antes da década de oitenta. A maneira como se considera o relacionamento entre as escolas e as famílias não tem sido consensual, tanto em termos teóricos, como na prática. No entanto, atualmente defende-se, em vários estudos uma maior aproximação, diálogo e colaboração entre as duas entidades (Villas-Boas 1996, 2000; Sarmento 2005; Silva 2010). A instauração do regime democrático, na década de 70 promoveu um novo paradigma da relação entre as famílias e as escolas suportado pela legislação. O Decreto-Lei n.º 735-A/74, o Decreto-Lei n.º 769-A/76, primeira Lei das Associações de Pais, a Lei n.º 7/77 e o Despacho Normativo 122/79, destacam a importância das associações de pais e da inclusão de representantes parentais, em diversos órgãos da escola. No entanto, a participação dos pais nas escolas, em vários domínios nem sempre é fácil. Por um lado verifica-se que alguns pais têm pouca disponibilidade para se

deslocarem às escolas dos filhos, em virtude dos horários de trabalho. Por outro lado, os horários de atendimento das escolas, nem sempre são flexíveis, nomeadamente em virtude da reduzida disponibilidade que os horários de trabalho dos professores apresentam e da rigidez dos horários de atendimento. Um outro aspeto diz respeito às dificuldades ou “desarticulação” na comunicação estabelecida, entre os professores e os pais, normalmente com os Diretores de Turma. Referem-se, algumas dificuldades nestas relações, tendo em conta certas atitudes dos professores, para com os pais, nomeadamente nos pedidos que fazem aos pais, não se considerar a classe social a que pertencem e terem um discurso ambivalente que consiste, por um lado num apelo à participação dos pais e, por outro uma certa orientação do professor como sendo o especialista na relação (Villas-Boas 1996:5). Neste âmbito torna-se difícil estabelecer uma relação de confiança, absolutamente necessária para se estreitar uma colaboração entre os professores e os pais dos estudantes. Refere-se, ainda que apesar da legislação atual favorecer o envolvimento parental, as dificuldades de aplicação da legislação são muitas, parecendo a escola manter padrões de interação tradicionais com as famílias. Por outro lado, a ausência de uma participação dos pais na vida escolar dos filhos, nomeadamente na relação com os professores, tem vindo a ser apontada como um fator relevante do insucesso escolar. Neste âmbito citando Coleman e Tabin (1992) referem-se algumas

estratégias facilitadoras da colaboração entre os professores ou outros educadores, os pais e

os alunos, tais como: a) Convite dos professores aos pais, para que se envolvam no processo