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Contexto de Educação Pré-Escolar 1 Espaços e Materiais

PRÁTICA PEDAGÓGICA SUPERVISIONADA

CAPÍTULO 1 – CARATERIZAÇÃO DOS CONTEXTOS DE ESTÁGIO

3. Caraterização da Sala de Atividades/Sala de Aula

3.1. Contexto de Educação Pré-Escolar 1 Espaços e Materiais

A sala onde trabalhámos no Centro Social e Paroquial de Mateus denominava-se de sala 10, sendo assim, identificada pelas crianças e educadoras de infância.

Esta sala relativamente ao seu espaço físico e tendo em conta o número de crianças constituintes do grupo, os cantinhos disponíveis e as atividades realizadas na mesma, era demasiado pequena. Em relação a isto, Lobo (1988:19) diz-nos que “[…] a criança precisa de espaço para se movimentar, construir, criar, experimentar, expressar-se, brincar, jogar e levar

a cabo os seus empreendimentos [pelo que] o espaço é fundamental para a aprendizagem activa [da criança] […]” (Lobo 1988:19) .

A sala permite o contacto visual com o exterior, visto ter três janelas ao nível das crianças e uma porta permitindo o acesso rápido ao exterior. A sala é bastante iluminada através da luz natural direta, possuindo, também, luz artificial. A sala de atividades suporta duas portas, sendo que uma dá acesso ao hall de entrada das salas, e a outra dá acesso ao exterior. A porta de acesso ao exterior só era utilizada nas saídas para o recreio ou para o parque de diversões. Só nestas situações é que a mesma era destrancada pela educadora cooperante ou pela ajudante de ação educativa, uma vez que, no restante tempo se encontrava fechada à chave para segurança das crianças. A sala é equipada com aparelhos de aquecimento.

Relativamente ao espaço em si, este era organizado de forma a que todas as crianças tivessem livre acesso a todos os materiais à sua disposição. O mobiliário e material existente era de boa qualidade e suficiente para o número de crianças constituintes do grupo.

De acordo com o Despacho Conjunto nº 258/97 de 21 de agosto, o mobiliário “[…] quer através da sua concepção, quer pela sua disposição nos diferentes espaços, […] deve respeitar critérios de qualidade […]” (Despacho Conjunto nº 258/97 de 21 de agosto), devendo ser móveis, polivalentes e compatíveis, e permitindo a diversificação de ambientes. Devem ser sólidos, estáveis e de fácil conservação e limpeza. O material da sala de atividades em questão obedecia a todos estes critérios, sendo, ainda, rico e variado, polivalente, resistente, estimulante, entre outros aspetos.

Desta forma, ao longo do período de Estágio I, a disposição da sala de atividades era a seguinte:

Figura 2 - Planta da sala de atividades 10.

Seguidamente, será apresentado mais pormenorizadamente cada espaço da sala em questão.

 Espaço Horizontal

Relativamente ao espaço horizontal, a mesa de grande grupo – área dos trabalhos – era a mesa principal da sala de atividades e o local mais importante. Era aqui que se planificavam os trabalhos, que se dividiam tarefas, que se decidiam assuntos relacionados com o grupo e, também, que se faziam algumas das atividades em grande grupo. De acordo com Lobo (1988:19) esta mesa “[…] deve ser o centro psicológico da vida colectiva, o lugar que favorece a coesão do grupo […]” (Lobo 1988:19). Era aqui que as crianças se sentavam para fazerem a maior parte das atividades, normalmente as atividades dirigidas.

Por atividades dirigidas ou orientadas entende-se “[…] as actividades de grupo, orientadas pelo educador ou por uma das crianças e que não estão directamente dependentes da organização do espaço-materiais […]” (Cardona 1992:10).

O armário com o material para as crianças encontrava-se num local onde todas pudessem ter acesso autónomo ao mesmo. Aqui encontrávamos os lápis de cor, colas,

tesouras, marcadores, lápis de carvão, folhas, entre outros materiais que as crianças podiam utilizar.

O armário grande do material destinava-se às atividades orientadas pela educadora de infância e/ou estagiária. Era aqui que encontrávamos os fantoches, os teatros de sombra, jogos, histórias, formas geométricas entre outros objetos. Aqui eram também guardados os portefólios das crianças, os pijamas e chinelos e uma pequena farmácia.

Os restantes espaços representam os cantinhos – atividades livres – que serão caraterizados posteriormente. As atividades livres “[…] são aquelas que se realizam informalmente a partir da organização do espaço-materiais e que não são directamente dirigidas pelo educador, podendo ser quotidianamente escolhidas pelas crianças […]” (Cardona 1992:10).

Áreas

A sala de atividades em questão contava com seis áreas – a área do quarto, a área da cozinha, a área dos jogos, a área da garagem, a área da biblioteca e a área dos animais da quinta. Estas áreas eram separadas por divisórias de madeira ou por objetos constituintes dos cantinhos, como armários ou estantes, e estavam dispostos de forma organizada. Também Lobo (1988) concordava com esta ideia ao dizer que “[…] a sala de atividades deve criar um ambiente de vida […] deve estar organizada em áreas bem definidas e delimitadas no espaço e o material em cada uma deverá estar disposto de modo a transmitir à criança o seu modo de utilização, o que lhe favorece a autonomia […]” (Lobo 1988:19). Diz ainda que esta mesma delimitação poderá ser feita com móveis e estantes, plantas, caixotes de frutas, entre outros (Lobo 1988).

A maior parte das áreas existentes na sala de atividades, proporcionava às crianças a dramatização e o «faz de conta», favorecendo o jogo simbólico. Nestes cantinhos as crianças podem “[…] brincar aos pais, às mães, aos filhos, […] telefonar […] cozinhar, engomar, […] brincar umas com as outras ou individualmente, exprimir sentimentos e desenvolver a comunicação […]” (Lobo 1988:20), uma vez que lhes permite “[…] representar tudo aquilo que conhecem das pessoas e da vida do dia a dia, o que viram, o que experimentaram, o que viveram […]” (Lobo 1988:20).

 Área do Quarto

O quarto era constituído por material adequado para as crianças com tamanho reduzido, sendo que maioritariamente, os objetos eram ficcionais – a cama, a cómoda, a mesinha de cabeceira, as bonecas e os carrinhos de passeio, a mala, os perfumes. Mas, existiam objetos que não o eram, como as roupas, os telemóveis, os óculos de sol, alguns perfumes, as malas de senhora e os sapatos. Neste espaço só era autorizada a permanência de seis crianças em simultâneo.

 Área da Cozinha

A cozinha era, à semelhança do quarto, mobilada com materiais adequados às crianças e no geral, eram de madeira ou de plástico. Neste espaço, encontrávamos uma mesa, um fogão, uma banca, prateleiras, um louceiro, bancos e cadeiras, uma balança, pratos, copos, talheres, chávenas, bules, panelas, frutas de plástico, entre muitos outros utensílios. Neste espaço era permitido brincarem quatro crianças simultaneamente. É importante mencionar que estes utensílios eram lavados e desinfetados frequentemente permitindo uma higiene adequada para todas as crianças.

 Área da Garagem

Na área da garagem eram permitidas seis crianças. Este espaço era composto por um tapete de atividades reproduzindo a estrada e sinais de trânsito e por uma grande quantidade de carros, camiões, motas, helicópteros, aviões, ambulâncias, barcos entre outros veículos. O jardim de infância tinha adquirido mais recentemente uma garagem de madeira para juntar ao material já existente. Estes brinquedos também eram lavados regularmente por questões de higiene.

 Área dos Animais da Quinta

A área dos animais da quinta era um cantinho composto por uma prateleira que comtinha miniaturas de animais da quinta como porcos, vacas, cães, gatos, galinhas, galos, cabras, cavalos, ovelhas, patos, coelhos entre muitos, muitos outros. No entanto, incorporava ainda animais da selva como elefantes, lobos, girafas, leões, aves, raposas, búfalos, etc. Neste espaço eram permitidas quatro crianças.

 Área dos Jogos

O cantinho dos jogos era composto por uma enorme quantidade e diversidade de jogos de associação de cores, formas, objetos, dimensões, puzzle’s, lego´s, montagens, entre muitos outros. Estava localizado junto de uma das janelas da sala para que houvesse a presença de luz natural e, assim, motivasse as crianças e lhes permitisse uma melhor visualização do trabalho realizado. Nesta áres eram permitidas nove crianças, no entanto, a educadora cooperante costumava alargar este limite dada a importância que este tipo de jogos tem para as crianças. Spodeck e Saracho (1998) referem que as autoras

[…] DeVries e Kamii argumentam que os jogos em grupo podem ajudar as crianças a atingirem as metas da educação para a primeira infância, incluindo tornarem-se mais autónomas, desenvolverem a capacidade de descentrarem-se e coordenarem diferentes pontos de vista, expressarem ideias, problemas e questões interessantes e fazerem relações entre as coisas […] (Spodeck e Saracho 1998:223).

Assim, são considerados uma componente importante para o desenvolvimento das crianças. Nestes casos, as crianças eram dispersas por toda a sala para que houvesse mais espaço, permitindo às crianças brincarem não somente nas mesas, como também no chão.

 Área da Biblioteca

De acordo com Lobo (1988), a biblioteca deve estar localizada numa área exposta à luz solar, deve ter assentos confortáveis e tapetes para que as crianças possam ver os livros no chão. No entanto, não necessita de ser um local excessivamente amplo, uma vez que suporta grupos reduzidos de crianças. Como a citação anterior refere, a biblioteca não tem de ser, obrigatoriamente, um local amplo e, neste caso, a área da biblioteca era, somente, constituída por uma estante – composta pelos livros – e por dois sofás. Por consequência do espaço reduzido, as crianças utilizavam também uma mesa e duas cadeiras não pertencentes a este espaço. Neste cantinho eram permitidas quatro crianças.

 Espaço Vertical

Em relação ao espaço vertical, logo que se entrava na sala de atividades, encontrávamos o painel de afixação dos trabalhos realizados no Projeto de Turma do Grupo. Este projeto realizado ao longo da nossa prática supervisionada no Estágio I tinha por tema «Os animais da quinta». No entanto, a educadora cooperante referiu que um só tema era pouco para um ano letivo completo, e, assim, foi trabalhado por subtemas. Desta forma, trabalhávamos um animal por quinzena, como a galinha, a vaca, entre outros. O painel destinado a este efeito

encontrava-se na parede frontal da sala de atividades, virado para a porta principal. Tendo em conta as suas cores vibrantes e diversidade de material era um painel bastante apelativo. Foi elaborado pelas crianças trazendo de casa o material de pesquisa e complementado pela educadora cooperante. Possuía canções, poemas, imagens, textos, lengalengas, entre outros materiais.

O mapa dos aniversário encontrava-se na mesma parede que o painel de afixação dos trabalhos realizados no Projeto de Turma do Grupo e era, igualmente, bastante atraente. Segundo a Educadora Cooperante, nesse ano letivo, as crianças pediam para que o mapa dos aniversários fosse composto por «casinhas e uma gaivota». Assim, a Educadora Cooperante e as crianças começaram a construir as casinhas. Cada casinha representava um mês e nessa casinha estavam representadas as crianças que festejavam o aniversário nesse mesmo mês.

No painel de afixação dos trabalhos encontravam-se os trabalhos elaborados pelas crianças ao longo da semana. Eram colocados os trabalhos de todas as crianças ao longo de todo o ano letivo. Depois de retirados deste local eram anexados nos portefólios, para que fosse possível apreciar o desenvolvimento feito ao longo do ano.

Instrumentos de Pilotagem  Mapa de Presenças

O mapa de presenças consiste num instrumento de pilotagem destinado a registar a presença das crianças ao longo do ano letivo. Neste grupo, o mesmo era constituído por uma tabela de dupla entrada, onde de um lado continha o nome e fotografia do aluno e, no outro, os dias da semana.

Aqui, as crianças eram desafiadas a fazerem tentativas de escrita do seu próprio nome, dia após dia, reproduzindo-o num pedaço de papel, tendo por base um cartão que possuía o mesmo. Este tipo de marcação da presença permitia às crianças terem contacto com o código escrito. Como referem as OCEPE (1997) as “[…] imitações que a criança faz do código escrito vão-se tornando progressivamente mais próximas do modelo […]” (Silva e Núcleo de Educação Pré-Escolar 1997:69), o que leva a que as crianças comecem a tomar conhecimento das normas de codificação escrita. Posteriormente, o mesmo pedaço de papel era colado no mapa de presença. No final da semana a Ajudante de Ação Educativa da sala recolhia os pequenos papéis e anexava-os no portefólio das crianças, de forma a ser possível a visualização do progresso de cada criança na escrita do seu próprio nome.

O mapa de presenças era ainda utilizado para realizar outra tarefa diária – marcar o tempo.

Nas imagens seguintes é possível visualizar com mais pormenor, não só o mapa de presenças em si, como as tentativas de escrita realizadas pelas crianças.

Figura 3 - Mapa de presenças.

Figura 4 - Tentativas de escrita no mapa de presenças.

 Mapa de Tarefas

O mapa de tarefas era preenchido diariamente, logo após o preenchimento do mapa de presenças. As tarefas descritas neste mapa consistiam na marcação do tempo, fazer o comboio, dar os chapéus, arrumar a sala/ser o chefe do dia e, por último, regar as plantas. Das tarefas mencionadas no mapa, só três eram realizadas diariamente – marcar o tempo, fazer o comboio e arrumar a sala. A tarefa de dar os chapéus só era distribuída a uma das crianças quando a educadora cooperante previa a saída para o recreio ou para o parque de diversões. A tarefa de regar as plantas também só era realizada à sexta-feira, uma vez que só neste dia da semana as plantas da sala de atividades eram regadas. Esta última atividade contava com a ajuda da ajudante de ação educativa.

3.2. Contexto de 1.º Ciclo do Ensino Básico