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Habilitações Literárias dos Pais

CAPÍTULO 2 – A ATIVIDADE EDUCATIVA NOS CONTEXTOS DE ESTÁGIO

2. A Importância de Planificar e de Avaliar

Ao longo da nossa prática de estágio, tanto no Pré-Escolar como no 1.º CEB, foi necessário organizar a atividade educativa elaborando planos que se adequassem às necessidades da turma, tendo por base as OCEPE (1997) e os programas do 1.º CEB definidos para cada área disciplinar. Estes planos são elaborados pelo educador/professor responsável do grupo/turma de crianças e podem contar com a colaboração de outros intervenientes como as próprias crianças, encarregados de educação, etc..

Assim, importa-nos falar da noção de planificação. De acordo com Vasconcelos (1991), “[…] em termos gerais, planear é coordenar um conjunto de acções entre si, em ordem a obter um determinado resultado […]” (Vasconcelos 1991:44). No entanto, a mesma autora alerta- nos para a “[…] flexibilidade e multiplicidade de possibilidades […]” (Vasconcelos 1991:44), fazendo ver que a planificação é flexível e passível de ser alterada em qualquer altura do processo de ensino-aprendizagem. A mesma autora (1991), tendo por base as palavras de Parra (1972) diz-nos que planear implica tomar decisões sobre o que se pretende realizar, o que se vai fazer, como se vai fazer e o quê e como se vai avaliar e se foi, ou não, atingido aquilo que se pretendia. Desta forma, planear permite ao docente pensar e repensar as atividades a realizar, de acordo com os conteúdos e os objetivos a atingir, tendo sempre em conta o grupo de crianças.

As OCEPE (1997) acentua a importância de uma pedagogia estruturada afirmando que planear o processo educativo “[…] é condição para que a educação pré-escolar proporcione um ambiente estimulante de desenvolvimento e promova aprendizagens significativas e diversificadas […]” (Silva e Núcleo de Educação Pré-Escolar 1997:26). Desta forma, planear implica que o educador reflita sobre quais as intenções educativas e as formas de as adequar ao grupo. Deve organizar os recursos humanos e materiais e prever as situações e experiências de aprendizagem planeando situações de aprendizagem suficientemente desafiadoras (Silva e Núcleo de Educação Pré-Escolar 1997).

O planeamento das atividades pode ser feito a curto prazo – como é o caso das planificações diárias, semanais ou mensais –, ou a longo prazo – como é o caso das planificações anuais. O planeamento a curto prazo apresenta o ensino do dia-a-dia mais detalhado, sendo os objetivos mencionados antecipações dos resultados de atividades. Por outro lado, o planeamento a longo prazo ajuda o docente a visualizar as atividades do ano

inteiro, permitindo a construção de novas atividades a partir das experiências prévias das crianças, e desta forma é mais flexível (Spodeck e Saracho 1998).

A par da importância da noção de planificação, encontramos a noção de avaliação, e para melhor percebermos esta segunda, achamos igualmente importante, falar da noção de observação, uma vez que constituiu uma forte forma de avaliação no pré-escolar.

“[…] A observação especializa-se na obtenção de informação sobre as condutas e os eventos «normais» da aula […]” (Zabalza 1998:251), entendendo-se por «conduta» o conjunto de “[…] manifestações, actividade, situações plurifacetadas que reflictam a forma de ser e de actuar dos sujeitos e que não possam ser avaliados através de provas estandardizadas[…]” (Zabalza 1998:251). Uma vez que a observação é realizada em “[…] situações normais […]” (Zabalza 1998:251) permite que o professor recolha informação mais fiel sobre os seus alunos.

De acordo com a Circular n.º 4/DGIDC/DSDC/2001, a avaliação em educação é um elemento integrado na prática educativa e deve funcionar como um regulador dessa própria prática educativa. A avaliação está presente em todos os níveis de ensino e implica princípios e procedimentos adequados a cada situação (Circular n.º 4/DGIDC/DSDC/2001).

A avaliação das aprendizagens pode ser feita de três tipos diferentes – através da avaliação diagnóstica, da avaliação formativa e da avaliação sumativa.

No pré-escolar, existe apenas e avaliação diagnóstica e formativa ao que o educador deve iniciar o ano fazendo uma avaliação diagnóstica às crianças. Esta avaliação diagnóstica deve dar a conhecer ao educador o grupo e cada criança, o que já são capazes de fazer, os seus interesses e necessidades e também, um pouco do seu contexto familiar, permitindo que este possa refletir sobre a planificação da sua prática educativa (Circular n.º 4/DGIDC/2011).

Para além deste tipo de avaliação encontramos também a avaliação sumativa, sendo um “[…] processo contínuo e interpretativo que procura tornar a criança protagonista da sua aprendizagem […] [permitindo que] vá tomando consciência do que já conseguiu, das dificuldades que vai tendo e como as vai ultrapassando […]”(Circular n.º 4/DGIDC/2011). Esta é vista como um “[…] instrumento de apoio e suporte da intervenção educativa, ao nível do planeamento e da tomada de decisões do educador […]” (Circular n.º 4/DGIDC/2011).

Este tipo de avaliação no pré-escolar não tem como objetivo atribuir uma classificação à criança sendo usada unicamente para planear o currículo, identificar as crianças com necessidades educativas especiais e avaliar o próprio programa (Vasconcelos 1990).

No 1.º CEB, encontramos os três tipos de avaliação – diagnóstica, formativa e sumativa. No entanto, falaremos apenas das duas primeiras, uma vez que não houve a nossa intervenção na avaliação sumativa ao longo da nossa experiência de estágio.

A avaliação diagnóstica “[…] tem como função principal a localização dos alunos, isto é, tenta focalizar a instrução, através da localização do ponto de partida mais adequado […]” (Bloom, Hastings e Madaus 1983:97, cit. por Ferreira 2007:24). Assim sendo, neste tipo de avaliação, o professor recolhe e analisa os pré-requisitos dos alunos sobre um dado tópico, para que possa tomar uma melhor decisão sobre como dar início ao processo de ensino aprendizagem (Ferreira 2009). A avaliação diagnóstica traz algumas vantagens dado que permite que o docente perceba quais os conhecimentos prévios dos alunos e as ideias que eles possuem sobre o tema a lecionar (Ferreira 2007).

No que diz respeito à avaliação formativa, o professor diagnostica quais são as dificuldades que os alunos vão sentindo no processo de ensino e aprendizagem, aplicando estratégias que colmatam essas dificuldades (Ferreira 2009). Esta pode ser de dois tipos: de processo ou contínua e de resultados ou pontual.

A avaliação formativa de processo, tem por base a avaliação do aluno continuamente. À medida que os alunos vão realizando as suas atividades, o professor vai observando e avaliando as dificuldades de aprendizagem que os alunos vão sentindo. A avaliação formativa de resultados é realizada no final das aprendizagens (Ferreira 2007).

As técnicas e os instrumentos de avaliação que mais se utilizam aquando da avaliação formativa é a observação (técnicas) com base em listas ou em grelhas de observação (instrumentos) – técnicas de avaliação não convencionais ou alternativas. Estas técnicas e instrumentos permitem avaliar o processo de aprendizagens dos alunos, bem como as suas atitudes e competências. Na avaliação formativa de resultados, o professor vai «controlando» as aprendizagens dos seus alunos através de fichas formativas, trabalhos escritos ou exercícios (Ferreira 2009).