• Nenhum resultado encontrado

Organização e Gestão do Tempos e das Atividades

Habilitações Literárias dos Pais

CAPÍTULO 2 – A ATIVIDADE EDUCATIVA NOS CONTEXTOS DE ESTÁGIO

3. Desenvolvimento da Atividade Educativa

3.1.1. Organização e Gestão do Tempos e das Atividades

No jardim de infância não se verifica uma obrigatoriedade temporal fixa onde há um plano diário/semanal a seguir. Neste contexto há apenas a necessidade de seguir uma sequência ao longo do dia, alternando os diferentes tipos de atividades. De acordo com Cardona (1992), estas atividades devem ser variadas ao longo do dia, intercalando por exemplo, atividades que requerem mais movimento com atividades mais calmas, momentos de trabalho de grande grupo com atividades em pequeno grupo ou até mesmo individuais, etc..

No entanto, acontecem momentos de rotina que são intencionalmente planeados pelo educador mas que, como qualquer planificação podem sofrer alterações quer por intuito do educador, quer por intuito das crianças.

No pré-escolar, as atividades desenvolvidas podem ser livres, de rotina, orientadas ou de projeto.

 Atividades de Rotina

As atividades de rotina são aquelas que se realizam todos os dias e em horários estipulados previamente. Estas são atividades importantes para as crianças, uma vez que as ajudam a situar-se no tempo e que “[…] aprendem a antecipar eventos futuros através da regularidade das ocorrências diárias […]” (Spodeck e Saracho 1998:136).

Ao longo do nosso período de estágio na sala 10 do Centro Paroquial e Social de Mateus, as crianças contavam com algumas atividades de rotina que raramente eram alteradas, como era o caso do visionamento de desenhos animados no hall de entrada para as salas juntamente com as crianças das outras salas, a marcação das presenças, a distribuição das tarefas, o acolhimento/diálogo sobre as novidades, o canto da canção dos bons dias, rezar a Jesus e a explicitação do plano do dia por parte da educadora/estagiária. Existiam ainda as atividades de rotina de manutenção que eram o reforço do pequeno-almoço, a higiene pessoal, o almoço e vestir o pijama.

Muitas das vezes, estas são atividades que parecem não estar associadas a objetivos educativos, sendo muitas vezes reduzidas à mera execução das tarefas. No entanto, ao longo

da nossa experiência de estágio, foi possível observar a evolução de muitas das crianças ao desenvolver, principalmente, muitos objetivos relacionados com o saber fazer, como é o caso de saberem lavar-se, alimentar-se saudavelmente e com uma postura correta, etc..

As planificações das atividades de rotina e de rotina de manutenção elaboradas em contexto de estágio no Centro Social e Paroquial de Mateus encontram-se em anexo, como anexo 1 e anexo 2, correspondentemente.

 Atividades Livres

As atividades livres são atividades “[…] que se realizam informalmente a partir da organização do espaço-materiais e que não são directamente dirigidas pelo educador […]” (Cardona 1992:10).

No geral, e tendo em conta, não só a minha experiência de estágio como principal orientadora da atividade educativas, mas também como observadora da planificação e atividade educativa da Educadora Cooperante, estas atividades devem ter a duração suficiente para que as crianças tenham tempo de construir as suas brincadeiras e desenvolvê-las (Barbosa e Horn 2001). De acordo com Cardona (1992),

[…] as actividades livres para além do seu grande potencial educativo, podem ter um papel fundamental no estimular da participação das crianças, permitindo-lhes integrarem-se gradualmente no trabalho da sala, conhecer os colegas, elaborarem pequenos projectos em pequenos grupos […] proporcionando o início da organização cooperativa do grupo […] (Cardona 1992:11).

Nestas atividades as crianças têm uma maior liberdade em escolher o que querem fazer, de acordo com os espaços e materiais disponíveis na sala de atividades. Na sala onde tive a oportunidade de usufruir da minha experiência de estágio, as áreas disponíveis para o desenvolvimento das atividades livres eram a área da biblioteca, a área da cozinha, a área do quarto, a área da garagem, a área dos animais da quinta, a área dos jogos, o recreio e o parque de diversões. Regra geral, ao longo da minha prática de estágio, as atividades livres eram desenvolvidas dentro da sala de atividades, onde encontramos a maioria das áreas. Aqui, as crianças podiam-se dispersar por todas elas, tendo a liberdade de brincar naquela que lhes despertava mais interesse. No entanto, quando as condições meteorológicas o permitiam ou fosse conveniente, as crianças eram aconselhadas a escolheram o recreio ou o parque de diversões. Nestes casos, todas as crianças tinham de frequentar o mesmo espaço, por uma questão de melhor observação por parte da educadora/estagiária/ajudante de ação educativa.

A planificação das atividades livres da sala 10 do Centro Social e Paroquial de Mateus encontra-se em anexo, como anexo 3.

 Atividades Orientadas

As atividades orientadas são, comummente falando, as mais importantes da prática educativa. Estas são planeadas de acordo com as necessidades do grupo, e normalmente são orientadas pelo educador. Estas atividades não estão dependentes de um certo espaço e de determinados materiais, podendo ser realizadas dentro ou fora da sala de atividades, em grande, pequeno grupo ou até individualmente (Barbosa e Horn 2001).

As atividades orientadas devem ser diversificadas e tendo por base as indicações propostas nas OCEPE (1997), recorrendo a diferentes materiais e permitindo que as crianças desenvolvam a compreensão e as habilidades necessárias (Spodeck e Saracho 1998).

Ao longo da minha experiência de estágio tive a oportunidade de planificar várias atividades orientadas, estando uma em anexo – anexo 4. A planificação apresentada corresponde à segunda semana de prática educativa orientada por mim, no entanto, a sua escolha recai por causa da existência de uma atividade orientada relacionada fundamentalmente com os domínios da linguagem oral e da abordagem à escrita, onde as crianças eram incentivadas a procurar as letras constituintes do seu nome numa sopa de letras, a escrever o mesmo nome e a dividi-lo por sílabas. No anexo 5 estão expostas as previsões diárias, relativas à mesma planificação. Mais adiante explicitarei o que é uma previsão diária e qual a sua funcionalidade.

 Atividades de Projeto

Katz e Chard (2009) definem o termo projeto como sendo um “[…] estudo aprofundado de um determinado tema realizado normalmente por uma turma inteira e dividido em subtemas por grupos mais pequenos […]” (Katz e Chard 2009:3). Referem ainda que um projeto deve ser, essencialmente, uma investigação onde o próprio grupo de crianças procura as respostas para as suas dúvidas (Katz e Chard 2009). Também sobre isto, Silva afirma que as atividades de projeto devem partir da “[…] iniciativa das crianças, tendo como ponto de partida os seus interesses ou decorrendo de uma situação imprevista que desperte a sua curiosidade […]” (Silva 1998:102). O papel do educador passa por alargar as propostas das crianças ou apresentar novas propostas para além das apresentadas pelas crianças (Silva 1998).

Ferreira (2009:144) refere que os projetos

[…] iniciam-se com temas ou problemas/questões dos alunos e/ou sociais, que constituem as intenções dos referidos projectos, que são explorados através de actividades previamente planeadas com os alunos e das quais resultam produtos finais que demonstram as respostas desejadas pelos alunos e, consequentemente, materializem-se as mudanças neles conseguidas […] (Ferreira 2009:144).

Rangel (2003) afirma que um projeto pode ter uma duração variável, uma vez que está dependente “[…] não só da idade dos alunos nele envolvidos, como de vários outros factores: […] o número de alunos que o estão a estudar e o âmbito em que é trabalhado (grupo, turma, grupo de turmas, escola, etc.); o interesse verificado ao longo da sua abordagem; os recursos existentes… […]” (Rangel 2003:13).

Ferreira (2009) diz-nos que o trabalho de projeto permite que os alunos trabalhem através de uma participação cooperada, de consensos e de negociação, responsabilizando-se pelas decisões, pelos objetivos, pelas atividades a realizar e pela forma como as realizar, gerindo e avaliando o processo e os resultados. O mesmo autor termina esta ideia afirmando que o trabalho de projeto tem uma importância acrescida para as crianças, dado resultarem em aprendizagens mais significativas e que lhes permitem adquirir competências necessárias que as levem ao sucesso e que as integrem ativamente na sociedade com as atuais caraterísticas (Ferreira 2009).

No caso da sala 10 do Centro Social e Paroquial de Mateus, o projeto anual tinha por nome «Os animais da quinta» e ao longo do ano letivo foram trabalhados vários animais escolhidos pelo grupo de crianças. Desta forma, várias foram as semanas de estágio em que todas as atividades orientadas se executavam em função deste tema.