• Nenhum resultado encontrado

INTRODUÇÃO DA PARTE 1 EM BUSCA DA IDENTIDADE TEÓRICA

CAPÍTULO 1 – O JORNALISMO COMO NARRATIVA

1.3 NARRATOLOGIA JORNALÍSTICA

1.3.1. ELEMENTOS ESTRUTURANTES DA NARRATIVA JORNALÍSTICA

dados e números, referências geográficas, descrições e diálogos

São responsáveis por imprimir efeitos de sentido ao texto. O efeito hegemônico na narrativa jornalística é o de objetividade, também chamado de efeito de real, e para alcançá-lo o jornalista recorre a uma gama variada de recursos de linguagem. Há também os efeitos de subjetivação, também chamados de poéticos, e responsáveis por emocionar o leitor.

Antes de apresentar o detalhamento de cada um desses elementos, é importante reiterar a observação feita na introdução desta Tese de que nosso foco é a narrativa jornalística publicada na imprensa escrita. A ressalva é necessária, pois as estratégias narrativas usadas em outros mídia, como os eletrônicos, diferem substancialmente daqueles usados nos impressos.

1.3.1.ELEMENTOS ESTRUTURANTES DA NARRATIVA JORNALÍSTICA

1.3.1.1 O REAL

A musa do jornalismo é o real. Compreendê-lo, decifrá-lo, narrá-lo em detalhes,

iluminando suas sombras e anunciando seus segredos é o desejo de todo jornalista ao receber

uma pauta e partir para apurá-la. Em poucos anos de ofício e com alguma dose de humildade, o repórter percebe que sua musa se parece com todas as musas: é inatingível. A narrativa jornalística, por mais caprichoso que seja o repórter, por mais respeitoso que seja o editor, não será capaz de traduzir a realidade. Ela pode, no máximo, revelar algumas importantes brechas do real e para fazê-lo depende menos do beletrismo da escrita e mais, muito mais, do suor da apuração noticiosa.

Curiosamente, uma das melhores definições deste fugidio real de impossível captura e cuja “verdade” reside na busca por ele e não nele próprio, está na obra do romancista Guimarães Rosa na voz de Riobaldo em Grande Sertão:Veredas. “O real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia”.

No jornalismo, o meio da travessia ocorre no que as redações chamam de “rua”, etapa da apuração da informação, fase que consiste na coleta de provas, de evidências, que irão sustentar a veracidade da informação narrada. Nascedouro da notícia, é desde aí que a narrativa jornalística se distancia da literária.

O narrar jornalístico nasce antes da narrativa propriamente dita. Seu ponto de partida é a apuração. Aqui importa menos se a notícia é verdadeira ou falsa, mas sim se ela está sustentada numa argumentação coerente, consistente, feita na maioria das vezes com dados, informações e testemunhos.

Na ficção, isso não é necessário. Seu pilar é a imaginação do escritor. Sua verdade é a emoção do leitor. Basta que a criatividade do autor invente cenas, cenários e diálogos tão verossimilhantes que, traduzidos com as artimanhas da linguagem, provoquem profundos efeitos de sentido no leitor e conquistem seu coração.

No jornalismo, não basta que o acontecimento noticiado pareça real ou factível. O jornalista precisa mostrar que sua versão da história está amparada em fontes fidedignas e que

suas informações foram checadas e rechecadas dentro de toda uma disciplina de verificação,

como postulam Bill Kovach e Tom Rosentiel em Elementos do Jornalismo (2004).

Não significa que aquela a narrativa impressa seja a única possível nem que ela corresponda ao retrato exato do que se passou. Mas é fundamental que esteja argumentativamente construída e umbilicalmente entrelaçada ao seu processo de construção, à apuração que lhe deu origem.

O principal pilar deste processo é o acontecimento jornalístico. Ele é uma versão narrativa de um real que só “acontece” depois de noticiado. O real é o referente, a base, o porto de ancoragem. As âncoras são as provas do real. São elas que sustentam a factibilidade do acontecimento.

“Não se pode esquecer que o discurso jornalístico está subordinado a seu objetivo primordial – a informação – e que embora possa haver variedade nos enunciados, os dados referenciais ligados a fatos e pessoas assumem proeminência” (SODRÉ; FERRARI, 1986, p.17). Ter o real como referente distancia substancialmente a narrativa jornalística da literária. No texto de ficção, o referente é o imaginário do escritor. Já o texto noticioso é “regido pela realidade factual do dia-a-dia, pelos pontos rítmicos do cotidiano que, discursivamente trabalhados tornam-se reportagem (SODRÉ; FERRARI, 1986, p.17).

Antes de prosseguir, no entanto, é necessário uma pausa para situar estes dois conceitos básicos: o real e o acontecimento jornalístico, sem os quais o debate sobre a narrativa noticiosa ficará fragilizado. Ressalva-se, porém, que não há a pretensão de fazer aqui uma revisão filosófica da noção de real, tema largamente estudado pelos mais importantes filósofos desde a Grécia Antiga.

Compreendemos o real como “parte de uma dinâmica de ordens sociais gerais e, portanto, históricas” (SATO, 2002, p.31). Ele é mutável e sujeito ao jogo de relações sociais

que, dialeticamente, transforma tanto a realidade quanto sua representação simbólica, a linguagem. Nesse permanente bate-bola entre mutáveis, mudam os sujeitos da história, a própria história e seus símbolos linguísticos, cujo principal papel é mediar essa delicada e mutante relação entre o Homem e o Mundo.

De acordo com Noemi Sato, a realidade carrega o princípio de sua própria contradição, desencadeando a transformação constante da História. “A linguagem ao tentar representar o real, funciona como mediadora da relação dialética entre sujeito e mundo real em contínua mudança” (SATO, 2002, p.31).

Essa mudança permanente que caracteriza o real demonstra, de um lado o quão inatingível é o desejo do jornalista de retratá-lo, por outro evidencia o papel limitado da linguagem como representação fragmentada de um pedaço da realidade. Uma dessas limitações deriva do próprio jornalista como sujeito narrador da matéria e que tem seus “implícitos de autor” – visões de mundo que interferem na interpretação sobre o acontecimento noticioso, concebido aqui como um fragmento narrativo do real, cuja existência é posterior ao fato em si e só ocorre depois da publicação.

Na prática, significa que publicar ou não determinada informação, definir o tamanho e o formato do que será publicado, depende de uma série de circunstâncias interiores e exteriores às matérias que estão essencialmente relacionadas aos critérios de noticiabilidade.

Em seu livro A Narração do Fato, Muniz Sodré (2009, p.59) detalha as peculiaridades do acontecimento noticioso e sinaliza que a principal diferença entre o “fato bruto, objeto da realidade histórica indeterminada, e o acontecimento jornalístico” é que a notícia ocorre sempre depois dos fatos. “Isto é, quando se produz o trabalho logotécnico de determinação das circunstâncias – apuração dos detalhes, realização de entrevistas, portanto, mobilização de parcelas do público, que são também ‘atores’ do acontecimento” (SODRÉ, 2009, p.59).

1.3.1.2 O CONFLITO

Após a emergência da ocorrência bruta do fato, o jornalismo passa a buscar seu sentido social para, assim, transformá-lo num acontecimento noticioso. A primeira busca do

jornalista é a identificação do conflito. Para a Narratologia, não há acontecimento jornalístico4

4

Há outras abordagens teóricas sobre acontecimento jornalístico, como a Análise do Discurso de tradição francesa. Márcia Benetti (2009) assevera que a construção dos sentidos se materializa no discurso jornalístico e que o acontecimento noticioso é o produto final de longo processo iniciado com a ocorrência dos fatos brutos. “O acontecimento jornalístico está inserido em uma ordem hermenêutica, ou ordem dos sentidos, de grande complexidade – não apenas pelos procedimentos exigidos para que um fenômeno se transforme em acontecimento, mas também pelos quadros de referência que ajuda a legitimar” (BENETTI, 2009, p.4). O

sem conflito. É o conflito que muda o estado normal das coisas. Ele é fundamental para que qualquer narrativa noticiosa se estruture. É nele que o jornalista foca ao observar o real- referente. Não se trata de uma observação passiva, como alerta Traquina (2001, p. 122): “Os jornalistas não são simples observadores passivos, mas participantes ativos na construção da realidade”.

É a partir de desse duplo pilar, referenciada no real e mobilizada pelo conflito, que a estrutura narrativa se adensa e que transforma fatos brutos em acontecimentos jornalísticos. A notícia publicada é, portanto, texto e contexto, é criadora e criatura, ela é criada pelo acontecimento e cria acontecimento. “Enquanto o acontecimento cria a notícia - porque as notícias estão centradas no referente - a notícia também cria o acontecimento - porque é produto elaborado que não pode deixar de refletir diversos aspectos do próprio processo de produção”. (TRAQUINA, 2001, p.122).

L.G Motta (2013) sintetiza esta natureza transformadora do acontecimento jornalístico dizendo que ele rompe o estado normal das coisas e que isso não deriva exclusivamente da grandiosidade ou da gravidade do fato – mas de uma série de circunstâncias aparentemente invisíveis nas narrativas e que por isso cabe ao analista encontrá-las. “A lógica do acontecimento é dupla: surge pela ruptura e pelo conhecimento, necessita tanto da diferença quanto do barulho que faz” (MOTTA,2013, p.105).

Para ilustrar essa dupla lógica do acontecimento, vale citar a clássica cobertura jornalística do caso Watergate. Ela tanto rompeu o “estado das coisas” na América como também ofereceu a seus leitores um conhecimento sobre o que corria longe de seus olhos. Mais ainda, Watergate, caso clássico do moderno jornalismo investigativo, como disseca o professor Solano Nascimento em sua premiada tese (2008), desnuda o conflito como elemento estruturante da narrativa jornalística que traduz a intriga básica da história.

1.3.1.3 A INTRIGA

Não existe narrativa sem conflito. O conflito traduz a intriga. Ele é parente. A intriga é o coração da história, invisível e entranhada nas entrelinhas, ela está intimamente ligada aos

iminente linguista francês Patrick Charaudeau, um dos autores contemporâneos mais importantes da Análise de Discurso considera (2004) que esses quadros de referência podem ser compreendidos como contrato de comunicação, o que supõe a identificação de cinco elementos: quem diz e para quem; para quê se diz; o que se diz; em que condições se diz; como se diz. Charaudeau chama o movimento de construção do acontecimento de processo evenemencial. Para ser acontecimento três etapas seriam necessárias: que algo aconteça e modifique o “estado normal” das coisas no mundo; que um sujeito dotado de sensibilidade perceba tal mudança; que este mesmo sujeito confira significação a esta mudança.

valores arquetípicos fundamentais que desde sempre movem nossas narrativas humanas. Por isso, vale a ressalva de que intriga não é fofoca nem sensacionalismo. Ao contrário. Ela mora nas profundezas do texto. É um conceito sofisticado e antigo, data da Poética de Aristóteles, como recupera Paul Ricoeur no primeiro dos três volumes de Tempo e Narrativa (2012a). A intriga, explica o filósofo francês, configura os acontecimentos da narrativa. É ela quem alimenta o ritmo da narrativa, criando rupturas, descontinuidades e anormalidades.

Há singularidades importantes do conflito e da intriga na narrativa jornalística. O jornalismo parte do conflito. A pauta é o conflito. O conflito centraliza a narrativa. Em torno dele, tudo o mais gravita. Os embates abrem espaços para os episódios que estendem a vida da narrativa. É justamente a expectativa, a ansiedade em descobrir o desenlace das tramas, que mantém um determinado tema nos jornais durante dias.

A narrativa jornalística começa com o conflito. Ele aparece desde a sugestão de pauta e, mesmo nesse mundo profano chamado jornalismo, ele tem uma dimensão implícita e profunda que contrapõe opostos fundamentais arquetípicos – o bem e o mal, o certo e o errado, o honesto e o desonesto. Na superfície, o conflito rompe com o aparente equilíbrio de uma determinada situação. “Ele é um fato de conotações dramáticas imediatas e negativas, que irrompe, desorganiza e transtorna (…). Ele desestabiliza e traz ambiguidades” (MOTTA, 2005, p.5).

A Teoria da Notícia, como desenhada por Traquina (2008), enxerga o conflito como um elemento essencial, como o motor da notícia e que confere condição de noticiabilidade a um determinado assunto. Segundo Traquina (2008, p.63), noticiabilidade é um “conjunto de critérios e operações que fornecem a aptidão de merecer um tratamento jornalístico, isto é, possuir valor notícia”.

Os critérios de noticiabilidade são o conjunto de valores-notícia que determinam se um acontecimento ou assunto, é susceptível de se tornar notícia, isto é de ser julgado como merecedor de ser transformado em matéria noticiável, e por isso, possuindo valor-notícia (newswhortiness) (TRAQUINA, 2008, p.63)

A ruptura alimenta os mais diversos “compartimentos” de um jornal – está na matéria de Internacional sobre um crime terrível numa cidade pacata dos Estados Unidos, ou numa notícia de Política sobre uma crise na base do governo ou numa reportagem especial produzida pela equipe de Esportes sobre corrupção na organização de um campeonato mundial.

Em todas as páginas, o cotidiano do mundo é traduzido em seus duelos, desde as notas sobre mudanças climáticas às series de reportagens sobre novos indicadores econômicos. Em

todas, há informações sobre a falta ou excesso de algo, sobre uma inversão ou uma transgressão. Em todas, sempre um embate, com no mínimo dois lados.

Na ficção, a história também se alimenta de embates entre o protagonista e seu antagonista. A diferença é que nos duelos do jornalismo os vilões e os heróis existem – ainda que apareçam ocultos, invisíveis nas fontes em off ou nos sutis interesses não declarados de grupos e mesmo de empresas jornalísticas. No fundo, todos são confrontos entre tradutores de certos e de errados que se enfrentam na polifonia da vida.

Motta e Guazina (2010) consideram que o conflito é uma metacategoria dramática estruturante da narrativa e que a riqueza do texto noticioso será tão maior quanto menos fizer da informação um redutor maniqueísta do mundo. Ao jornalista – aqui englobando toda a teia redacional - cabe decidir se vai enquadrar esse turbilhão de versões e de embates que emocionam homens e mulheres, que animam a rua e fertilizam a humanidade, numa realidade bipolar ou tentar alcançar a riqueza narrativa das nuances.

Ao analista, por outro lado, cabe identificar os conflitos estruturantes da notícia, encontrando seus antecedentes, identificando e reposicionando as personagens, seus papéis e funções no desenrolar dos episódios; enfim realizando a difícil tarefa de “domar pela força da ordem narrativa o selvagem tempo jornalístico” (MOTTA, 2013, p.98).

É uma missão tão árdua e fundamental, que Ricoeur a considera com poderes mágicos: a magia de reconfigurar o acontecimento-intriga para tecer a totalidade da estória. “É como se essa recapitulação invertesse a ordem dita natural do tempo. O tecer da intriga combina uma dimensão cronológica (episódica) com uma dimensão configurante, o agenciamento dos fatos que constitui a unidade ou sistema, a síntese do heterogêneo” (RICOUER, 2012a, p.118).

1.3.1.4 O LEITOR

Esse movimento intenso que integra os acontecimentos e tece uma teia de intrigas não ocorre integralmente dentro da narrativa jornalística. Essa síntese, tão propalada por Ricoeur, ocorre na mente do leitor. E é justo aí, nesta relação entre o texto e o leitor, que reside a terceira particularidade estruturante da narrativa noticiosa.

Ao escrever uma matéria, o jornalista não faz a menor ideia qual informação cada leitor tem do caso contado e como este leitor relacionará a notícia publicada com outros dados já adquiridos. É um preencher interpretativo de lacunas totalmente diverso do que ocorre durante a leitura de um romance, onde todo o universo contado está ali naquelas páginas.

Não sabemos nada sobre Branca de Neve até que ela nos é apresentada como uma linda princesa órfã e atormentada por uma perversa e invejosa madrasta. Claro que, de alguma forma, a história irá se relacionar com a história do leitor, sua visão de mundo, seu consciente e inconsciente, mas é uma interação complemente diference da que ocorre com o leitor de uma notícia.

Ao ler uma matéria sobre a reeleição da presidente Dilma, por exemplo, cada leitor irá relacionar os dados com a Dilma que ele já conhece. Com a Dilma que ele acha boa ou má presidente – consideração que ele formou também pela leitura de outras matérias no mesmo e em outros veículos, tecendo assim o enredado novelo narrativo das histórias de nosso tempo.

Esta complexa relação entre invisíveis – um repórter invisível que escreve para seu invisível leitor – tem como objetivo a construção de uma narrativa coerente, cujo novelo de significados informativos é desenrolado pelo leitor. Ele procura ligações entre os fatos relatados com a sua própria existência. Para fazer essa ligações, ordenar e conectar as informações, o leitor recorre à sua própria memória imediata, mas também a uma memória mais antiga, mais consolidada em sua mente, que lhe dá os modelos e molduras necessários para associar o que está lendo com sua visão de mundo.

Modelos e molduras são os enquadramentos que, de um lado, o próprio rio de informações midiáticas constrói culturalmente ao longo do tempo no universo de seus leitores, oferecendo enquadramentos do real e agendando temas e ângulos, mas também modelos e enquadramentos daquilo que o leitor traz de sua própria experiência vivida. A soma de todos esses elementos faz da construção narrativa jornalística um mosaico rico, dialético e que ultrapassa em milhões de camadas as duas ideias simplistas que rondam o jornalismo: a de que ele é uma narrativa reducionista do complexo real e a de que o jornalista apenas informa o leitor sobre o que se passa na realidade.

O linguista holandês Teun Van Dijik, professor da Universidade de Fabra e um dos intelectuais mais presentes no campo da Analise Crítica do Discurso, dedica-se a entender estas sucessivas composições que o leitor vai construindo a partir do relato jornalístico com sua própria interpretação da trama, da intriga. Para ele (1992, p.133), o tema e a interpretação jamais são únicos. Eles são processos de construção permanente de sentidos.

Em outras palavras, os leitores usam macroestratégias adequadas para a derivação dos tópicos de um texto. Para o discurso da notícia, essas estratégias tem importantes mecanismos textuais para ajudar a construir a estrutura temática, a saber manchetes e lead (...) As manchetes e o lead podem assim ser usados como sinais adequados para fazer previsões eficazes sobre a informação mais importante do texto (DIJIK, 1992, p.133).

Ao organizar o que lê na página, das manchetes às legendas, dos quadros ao texto da matéria, o leitor conclui a obra jornalista. Assim, diz Motta em seu artigo Análise Pragmática

da Narrativa Jornalística, “não é o caráter mais ou menos narrativo que vai revelar a

narratividade do texto jornalístico. É o leitor ou o ouvinte, no ato de recepção das notícias, que conclui a obra, que recompõe a tessitura da intriga” (MOTTA, 2007, p.10).

1.3.1.5 O TEMPO

O derradeiro elemento estruturante da narrativa jornalística é o tempo. Deixamos para analisá-lo por último, graças à sua complexidade conceitual, uma vez que no jornalismo o tempo está longe de ser apenas um item cronológico e pode ser abordado sob três perspectivas complementares: prática, teórica e metodológica. O tempo prático é o da rotina jornalística. O tempo teórico, aquele que estrutura a narrativa. O tempo metodológico é o substantivo, é aquele que aproxima o jornalismo da historiografia.