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PARTE I ENQUADRAMENTO TEÓRICO/REVISÃO DE LITERATURA 2 CAPÍTULO II SOCIEDADE EM REDE

4 CAPÍTULO IV INCLUSÃO DIGITAL NO BRASIL E O CASO DE BELO HORIZONTE

4.4 Breve análise da história da inclusão digital no Brasil

4.4.1 Emergência do Problema

No final do século XX consolida-se mundialmente o novo paradigma da sociedade da informação e do conhecimento, também conhecido como a era da informação. Essa nova organização social, também chamada de sociedade em rede, estrutura-se cada vez mais em torno de tais redes, constituindo-se sua nova morfologia social. Nesta era da informação, na virada do milênio (2000), organismos internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) entendem que é dever do Estado, e não do mercado, interferir nesse processo desigual de oportunidades advindas dessa nova sociedade em rede e criam agendas de conectividade, instrumentos e indicadores para os Estados alocarem prioridades nas políticas públicas nacionais com o objetivo de diminuição da brecha digital (acesso à internet) e redução das desigualdades sociais não só entre indivíduos, mas entre Estados também.

Ainda no ano 2000, em uma tentativa de participação internacional junto aos países em desenvolvimento, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) (Brasil) e o Institute for Global Communications, ONG americana dedicada à democratização do acesso às TIC, idealizaram a Associação para o Progresso das Comunicações (APC), consórcio internacional de organizações que procuram potencializar o uso das TIC junto às entidades civis, e iniciam os debates sobre inclusão digital aliados à elaboração das primeiras políticas públicas para o setor.

Na sequência desse debate, no ano de 2001 foi realizada a 1ª Oficina de Inclusão Digital (ID) do Brasil, que se tornou referência em todo o país. Esse evento trouxe para a agenda nacional a discussão com a sociedade, o governo e as empresas dos seguintes temas que emergiram de forma definitiva no país, quais sejam:

a) falta de infraestrutura tecnológica no Brasil para suportar o novo paradigma da sociedade da informação e do conhecimento;

b) elevado custo das telecomunicações para acesso das classes sociais de baixa renda (C e D) no Brasil;

c) necessária estrutura organizacional e políticas do governo federal, estadual e municipal (que inclui Belo Horizonte) para englobar as políticas e os programas de inclusão digital;

d) mecanismos legais de criação e regularização dos programas e os recursos financeiros necessários à institucionalização das políticas, dos programas e ações de ID no âmbito federal e municipal; e) formas de democratização do acesso à internet e de participação da sociedade civil organizada no processo de construção das políticas, dos programas e ações de ID;

f) convergência dos resultados avaliativos das políticas, dos programas e ações de ID condicionados por indicadores internacionais.

Tal emergência tentava responder as seguintes perguntas: em que medida as políticas, os programas e ações de ID contribuíram para a melhoria da qualidade de vida e a diminuição da brecha digital? Será

que as políticas, os programas e ações de ID se resumem ao acesso à internet? Por que os governos medem apenas o acesso nos programas e ações de ID se o objetivo final é o aumento da cidadania digital?

4.4.2 1ª Etapa - Agendamento21

No final dos anos 1980, surge em todo o mundo, em especial no Canadá, o conceito de Telecentros, também chamados de Infocentros, Cabines Públicas, Telecasitas, Telestugen, Espace Numérisés, Telecottages, Community Technology Centres, Digital Clubhouse – estes e outros nomes dados a locais onde seria possível ter acesso às Tecnologias de Comunicação e Informação (TIC). Nessa mesma década, em Velmdalen, Suécia, foi inaugurado o primeiro Telecentro, com características de ser um espaço aberto ao público, administrado por pessoas ou instituições variadas, no qual foi oferecido serviço de informática e comunicação de forma individual ou coletiva. Esse conceito de centro de acesso público chegou ao Brasil quando um diretor do IBASE trouxe do Canadá um microcomputador (e.g., Falavigna, 2011).

Criado em 1981, o IBASE tem um importantíssimo papel na história da democratização das TIC no Brasil, pois seu lema central definido à época era: “pela democratização da informação para democratizar a sociedade brasileira”, cujos desdobramentos veremos ao longo deste histórico.

Dez anos depois da criação do IBASE, em junho de 1992, a rede internet no Brasil ganhou solidez e visibilidade internacional com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre ambiente e desenvolvimento no Rio de Janeiro (RJ), Brasil, a Eco-92 (Cúpula da Terra), que, por meio do IBASE, em colaboração com a ONU, disponibilizou para o evento e seus participantes uma rede de computadores conectada à internet em todos os espaços do evento. Essa iniciativa ficou registrada como um grande marco das TIC no Brasil (e.g., Falavigna, 2011).

Em 2 de outubro de 1992, o Brasil vivia um momento conturbado, após o impeachment do presidente do Brasil Fernando Collor de Mello, quando Itamar Franco assume a presidência. O presidente Itamar Franco realiza uma gestão transparente, buscando apoio dos partidos políticos e procurando atender às necessidades da sociedade brasileira, o que muito contribuiu para a formulação e a concretização das políticas de acesso à internet no país.

Em 1º de janeiro de 1995, foi empossado o presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), eleito pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Em 1998, FHC vence novamente a eleição presidencial, tornando-se o primeiro presidente, até então, a ser reeleito por eleições diretas no Brasil. Entre os anos de 1995-2002 o Brasil viveu a sua maior era de estabilidade econômica e democratização das políticas sociais. Sua política social, que nos interessa nesta análise histórica, foi baseada no documento "Uma estratégia de desenvolvimento social", lançado pela presidência da República em 1996. O documento apresentou propostas de atuação para "garantir o direito social, promover a igualdade de oportunidades e proteger os grupos vulneráveis". Nessa política social anunciada em 1996, estavam definidas como diretrizes: a reestruturação dos serviços sociais universais, a descentralização, a implantação da práticas da avaliação e a democratização da informação que

21“Esta etapa do processo político respeita a entrada dos problemas na agenda política, isto é, o processo que conduz ao reconhecimento de um problema político, passível de ser resolvido com a intervenção dos poderes políticos” (M. L. Rodrigues, 2014, p. 19).

efetivamente encabeçaram as alterações mais visíveis e sistemáticas aplicadas na área (e.g., Draibe, 2003).

É durante a gestão do presidente FHC, em continuidade com a gestão do presidente Itamar Franco, que importantes agendamentos nacionais, sob a influência de eventos internacionais, são pautados e se tornam a base para as políticas de inclusão digital e democratização de acesso à internet no Brasil. No ano de 2003, um evento histórico na política pública brasileira rompe vários ciclos de governos de centro-esquerda e dá-se início ao governo de esquerda do Partido dos Trabalhadores (PT) com o presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva, que governa até 2007. O que se constata nesses anos de governo Lula é a apropriação indevida da criação da política de inclusão digital no Brasil, mas com o mérito de sua continuidade, especialmente nas fases seguintes de formalização e concretização. A partir de 2005, dois anos após a eleição do presidente Lula, o Brasil vive uma aceleração expressiva da economia, propiciada, em parte, pelo momentâneo ingresso da classe social de baixa renda no universo do mercado, sobretudo da população com renda entre três e cinco salários mínimos.

Mas nesse mesmo ano de 2005, de euforia econômica no país, inicia-se no Brasil uma série de escândalos que vão gerar uma crise institucional e política que tem desdobramentos até os momentos atuais (2018): o chamado “mensalão” ou “esquema de compra de votos de parlamentares” que culminou nos anos seguintes na famosa operação Lava Jato. Tal crise política enfraquece o programa de inclusão digital, em especial o projeto Casa Brasil, conhecido como a “gênese de uma política de inclusão digital, devido à sua hierarquia dentro da presidência da República do Governo Lula, em especial com a prisão de José Dirceu (por corrupção passiva, recebimento de vantagem indevida e lavagem de dinheiro), presidente da casa civil e coordenador e defensor dos programas de inclusão digital junto à presidência da República (e.g., Falavigna, 2011).

Mesmo com toda a crise política, econômica, moral e ética pela qual o Brasil passou em 2007, com o apelo dos programas sociais, por muitos considerados assistencialistas, o PT reelege o presidente Lula para mais um mandato presidencial.

Em janeiro de 2011, em uma eleição cheia de promessas sociais, econômicas e políticas, que não se concretizaram ao longo dos próximos anos, o PT elege o sucessor do presidente Lula, tomando posse para seu primeiro mandato (2011-2014) a presidente Dilma Rousseff.

Em 14 de março de 2014 a operação “Lava Jato” da Polícia Federal do Brasil tem importante apoio da opinião pública e consegue avançar com suas investigações e encarcerar no Brasil, pela primeira vez, poderosos políticos de diversos partidos, em especial a cúpula central do PT, incluindo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, José Dirceu de Oliveira e Silva (Ministro-Chefe da Casa Civil da Presidência da República), Delúbio Soares e João Vaccari Neto (ex-tesoureiros do PT), André Vargas (ex-deputado federal do PT-PR) e outros políticos influentes como Eduardo Cunha (ex-deputado federal pelo PMDB e ex-presidente da Câmara dos Deputados) e muitos empresários e funcionários públicos envolvidos no esquema de corrupção passiva e lavagem de dinheiro como: doleiros Alberto Youssef e André Catão de Miranda (sócio-proprietário e operador de câmbio da GFD Investimentos), Dalton dos Santos Avancini e Eduardo Hermelino Leite (sócio-proprietário e ex-presidente da construtora Camargo Corrêa), dentre muitos outros.

Influenciada pelos primeiros escândalos revelados pela operação Lava Jato, em 2015, a população brasileira se divide na eleição presidencial, com disputadíssima campanha política entre o PT, com a reeleição da então presidente Dilma Rousseff, e o PSBD, com o Senador Aécio Neves, ambos apoiados por partidos coligados. A presidente Dilma Rousseff sai vencedora com estreitíssima margem de vantagem de votos, mas questionada a legalidade dos resultados das urnas eletrônicas. Mesmo assim, “assume-se” que o processo foi democrático e Dilma Rousseff inicia segundo mandato presidenciável, com promessas de campanha que dificilmente serão cumpridas, em especial no que se refere aos programas sociais, em função da enorme crise econômica e fiscal do Estado Brasileiro, gerada pela falta de transparência pública e por desvios das finanças públicas dos governos anteriores do PT. Com um governo impopular e sem apoio político do congresso nacional em função da incapacidade gestora de articulação governamental da base aliada, faz uma gestão pública desastrosa do ponto de vista econômico e das reformas estruturantes para o desenvolvimento do Brasil, e segundo pesquisas oficiais, tem índices de rejeição popular de mais de 70% de desaprovação de seu governo. Em 2015 ocorre o processo político de impeachment da presidenta Dilma, dividindo novamente a população brasileira. Michel Temer, seu vice-presidente, assume a presidência da República do Brasil até as eleições de outubro de 2018, por meio de um processo legalmente ancorado na Constituição brasileira, mas sob protesto de “um golpe político” pelos políticos e militantes do PT.

Os eventos internacionais que tiveram uma forte correlação com a política nacional de inclusão digital durante todas as gestões em pauta são citados a seguir, em ordem cronológica:

• Ano 1996 - surgem as primeiras experiências-piloto de Telecentros comunitários, chamadas de primeira onda, na América Latina e no Caribe. O caráter inovador e experimental dos Telecentros comunitários transformou o cenário da inclusão digital com a chegada de novos atores que ofereceram acesso público onde o mercado podia pagar, inundando as cidades de cybercafés com oferta de conectividade. Por outro lado, os governos iniciaram programas nacionais de conectividade que incluíam algum tipo de acesso público a computadores e internet como parte de suas políticas de acesso universal às Tecnologias de Informação.

• Ano1998 - Nos EUA, o Departamento de Comércio, órgão público responsável pelo empreendimento de uma política de universalização do acesso às TIC, cria um programa chamado Falling Through the Net: Toward Digital Inclusion, que “previa convênios, parcerias e aplicação de verbas para a conexão de minorias, áreas rurais, população de baixa renda, pequenas empresas, incentivo à criação de Telecentros denominados Community Technology Centers (CTC), reciclagem de professores para aprenderem a utilizar a internet e assistência tecnológica para deficientes.

Nesse mesmo ano, outro exemplo de ação internacional foi a força tarefa Digital Opportunity (DOT - Digital Opportunity Task Force), criada pelo grupo das sete nações mais ricas do mundo, que reuniu interesses governamentais, empresariais, de ONGs e de instituições internacionais em torno do objetivo comum de identificar formas pelas quais a revolução digital poderia beneficiar toda a população mundial, especialmente os grupos mais pobres e marginalizados.

• Ano 2000 - A CEPAL reconhece que deixar que a evolução da sociedade da informação seja conduzida pelo mercado pode levar a aumentar ainda mais o gap social não só entre os indivíduos, mas entre Estados.

No final desse ano, iniciativas governamentais de oferecer acesso às TIC aconteciam em diversos governos da América Latina e do Caribe, como: no México, o programa E-México; na Venezuela e El Salvador, os Infocentros; na Colômbia, o Compartel; no Peru, o Huascarán; na Costa Rica, o Costaricense.com; na Argentina, os Centros Tecnológicos; Telecentros polivalentes no Equador; criando, assim, a segunda onda da inclusão digital.

• Ano 2001 - Em Quebec, no Canadá, durante a Cúpula das Américas, os chefes de Estado e do Governo das Américas declararam o estabelecimento de uma Agenda de Conectividade para as Américas e, da mesma forma, na XV Cúpula do Grupo do Rio (em Santiago do Chile, agosto de 2001), um dos principais temas de discussão foi a Sociedade da Informação.

Nesse contexto internacional, ainda em 2001, o Brasil passa a integrar um grupo político de cooperação entre países membros de economia mundial emergente chamado BRICS (formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e atua na discussão de políticas com temas comuns para o desenvolvimento econômico e social, fortalecendo, assim, a discussão e a implementação de soluções comuns sobre a superação das desigualdades sociais, entre elas as advindas da era da informação. • Ano 2003 - A reunião da Cúpula Mundial da Sociedade da Informação (CMSI), realizada em Genebra, Suíça, tem como objetivo implementar um plano de ação destinado a universalizar, no âmbito mundial, o acesso à informação.

E nesse mesmo ano, em Bávaro, na República Dominicana, na Conferência Ministerial Regional Preparatória da América Latina e do Caribe, os países acordaram que a temática com maior prioridade para atingir a sociedade da informação na região era promover e fortalecer programas nacionais de fomento baseados em uma estratégia nacional proativa, definindo claramente o papel, as responsabilidades e as metas com o respaldo das instâncias políticas, mas buscando a participação das organizações não governamentais e privadas, além da sociedade civil e das instituições acadêmicas.

Ainda em 2003, a ONU estabelece um indicador para a sociedade da informação que é “no de usuários da internet por 100 habitantes”, que permanece, ainda no ano de 2015, como uma das métricas mais importantes estabelecidas para mensuração dos programas de inclusão digital no Brasil.

• Ano 2005 - Cúpula Mundial da Sociedade da Informação (CMSI), realizada na Tunísia, teve como objetivo central implementar um plano de ação destinado a universalizar, no âmbito mundial, o acesso à informação.

Para finalizar a narrativa das influências internacionais, 2015 é o ano final do compromisso do milênio fixado pela ONU, e volta-se à discussão sobre as novas metas a serem perseguidas em um novo compromisso, envolvendo 12 novas metas e, entre elas, a meta 8, que é centrada no tema conectividade.

No âmbito nacional brasileiro, os principais agendamentos que influenciaram a política nacional de inclusão digital, de forma resumida e cronológica foram:

• Ano 2000 - Sob influência das experiências internacionais, começam a ser discutidos com o governo e a sociedade dois projetos pioneiros de Telecentros comunitários que foram o Sampa.Org, em São Paulo, e Telecentros comunitários em Porto Alegre.

• Ano 2001 - Em maio desse ano, em uma ação conjunta do Governo Federal, envolvendo o Ministério do Planejamento, a Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI) do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e as organizações não governamentais Sampa.org e Rede de Informações para o terceiro setor – Rits, organizou-se, em Brasília, um seminário sobre Inclusão Digital chamado - 1ª Oficina para Inclusão Digital. Além dos cerca de 500 participantes, reuniram-se mais de uma centena de especialistas para discutir o tema e elaborar um documento com diretrizes gerais, incluindo as dimensões educacionais, de controle social, de coordenação e de infraestrutura de acesso à internet que servissem como referência para a discussão e a implantação de ações de Inclusão Digital no país. Tal evento tornou-se referência para a discussão das políticas públicas de inclusão e se repetiu nos anos de 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012 e 2013, ampliando e discutindo os temas emergentes desta política.

Em junho desse mesmo ano, logo após a 1ª oficina de inclusão digital promoveu-se o I Encontro Nacional de Telecentros, em São Paulo, com outras iniciativas de discussão com a sociedade civil, governo e entidades privadas que surgem no Brasil, como, por exemplo, em Capão Redondo, a ONG Sampa.Org.

Além das oficinas de inclusão digital que permaneceram no agendamento político e social, como relatado anteriormente, outras iniciativas foram de grande importância para a capilaridade e o sucesso dos programas de inclusão digital, dentre as quais, citam-se:

a) No ano de 2004, agregados à 3ª oficina para a Inclusão Digital aconteceram o 2º Encontro Nacional de Telecentros, o 3º Encontro Latino-americano de Telecentros e o IV Fórum e-Gov.

A Fundação do Banco do Brasil e o Banco fizeram uma grande conferência sobre inclusão digital, trazendo gente do Brasil inteiro e de fora do país para ver o que estava sendo feito nesta área e qual era a sua contribuição neste tema. O projeto de Telecentros do Banco do Brasil implanta Telecentros em diversas partes do país e aposta na apropriação dos equipamentos pela comunidade;

b) No ano de 2006, o programa de Cultura Digital do Ministério da Cultura realizou encontros regionais em várias cidades do país - os chamados “Encontros de conhecimentos livres com o uso das TICs para a transformação social”, disseminando a produção de conteúdo como uma meta que norteou a maior parte dos projetos de Inclusão Digital;

c) No ano de 2008, um importante agendamento ocorreu em 25 de setembro de 2008, quando representantes de instituições não governamentais (Instituto de Pesquisas e Projetos Sociais e Tecnológicos-IPSO, Sampa.Org, Rede de Informações Para o Terceiro Setor- Rits, Saúde e Alegria, Cidadania Digital e Coletivo Digital) foram convocados para conversar com o presidente Lula, sua assessoria, a SLTI e representantes de diversos projetos do setor público para que pudessem explanar ao próprio presidente o movimento de Inclusão Digital e o papel dos Telecentros. Os resultados dessa audiência foram extremamente produtivos para a consolidação da política de inclusão digital nos anos seguintes (Falavigna, 2011).

d) No ano de 2012, um impacto imediato da mudança de governo de Lula para Dilma ocorreu na agenda da política de inclusão digital, quando houve a descontinuidade da organização das oficinas de Inclusão Digital pelo Governo Federal. Nesse ano, a 11ª Oficina para Inclusão Digital e Participação Social foi

realizada sob a coordenação da Associação Software Livre.Org, instituição organizadora do FISL (Fórum Internacional Software Livre), em Porto Alegre, Brasil.

e) Em 2013, ocorreu a 12ª Oficina de Inclusão Digital e Participação Social organizada por um grupo de empresas privadas, em Brasília, de 11 a 13 de dezembro, com o objetivo de reunir agentes públicos e aqueles atuantes em espaços que oferecem acesso às TIC para o debate da configuração e de propostas futuras para a política de inclusão digital no país22.

f) Três anos se passaram e, em 2016, volta a ocorrer a 13ª Oficina para Inclusão Digital e Participação Social, em Fortaleza, no período de 28 a 30 de novembro, durante a semana da consciência negra. A programação da 13º OID contou com mesas plenárias, palestras, oficinas, debates, exposições, Telecentro e outras atividades que possibilitaram intercâmbio entre pessoas sobre os temas “cidades inteligentes, cidades digitais; lixo eletrônico; o futuro da política de inclusão digital; formação dos educadores sociais; reciclagem de eletrônicos; e celebração dos 10 anos dos Centros de Recondicionamentos de Computadores (CRC)23”.

Não se tem registros a partir do ano de 2016 (13ª oficina) sobre outras Oficina para Inclusão Digital e Participação Social.

4.4.3 2ª Etapa – Formulação das medidas de política e legitimação da decisão24

Em 1984, o IBASE, em uma iniciativa pioneira e que marcou a história da democratização do acesso às TIC no Brasil, participava da implantação de uma rede mundial de correio eletrônico de entidades