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135emocional daqueles que se dizem adeptos de modali-dades de consumo tidas como ambien-

No documento As ambiguidades da doutrina (páginas 137-139)

talmente corretas, o que confere o estatuto triplo de valor de uso, valor de consumo e valor agregado ao interesse ambiental e aos produtos projetados com esta ênfase. Os resumos co- mentados abaixo evidenciam essas valorizações:

4.1. “(&235,0SURSRVLomRGHHTXLSDPHQWRVXVWHQWiYHOSDUDVXSRUWHHPiUHDVGHFDPSLQJ”,

artigo que propõe a inclusão da sustentabilidade entre os critérios a serem atendidos num projeto de equipamento para camping;

4.2. “Resíduo de madeira: limites e possibilidades de seu uso como matéria-prima alternativa”, artigo que busca a “valorização do uso do resíduo de eucalipto produzido em diversas fases do

ciclo de vida da atividade madeireira, incluindo o desdobro da madeira, a fabricação dos produ- tos e seu pós-uso”;

4.3. “(PEDODJHQVSDUDSURGXWRVGDIUXWLFXOWXUDXPDUHÀH[mRDFHUFDGDUHGHHPTXHHVWmRLQ- seridas”, “pesquisa [que] YLVDFRQWULEXLUFRPUHÀH[}HVTXHDX[LOLHPQRGLDJQyVWLFRGRSUREOHPD em sua complexidade e na rede interconectada de fatores, de modo a facilitar um melhor plane- jamento de embalagens para produtos da numa futura sociedade sustentável.”

No que diz respeito aos resultados propriamente materiais dos projetos de design, o con- MXQWRGHVVHVDUWLJRVSHUPLWHFRQFOXLUTXHDUDULGDGHGHVWDSUiWLFDWDOFRPRHODYHPVHFRQ¿JX- UDQGRpFDGDYH]PHQRVOLJDGDDXPDHVSHFL¿FLGDGHPDWHULDOSURGXWLYDWDOFRPRRFRUULDQRV primórdios da organização institucional do campo, quando a prática do design girava em torno da projetação de artefatos para viabilizar sua reprodução no sistema de fábrica, e tal como RFRUUHQRFDPSRGDDUTXLWHWXUDQRTXDODUDULGDGHHVSHFt¿FDGDDWLYLGDGHpOLJDGDDDOJXPDV noções indeléveis, tais como “espaço” e “edifício”.

Em lugar disso, as práticas do designer vêm sendo cada vez mais associadas à manipu- ODomRGHWRGRHTXDOTXHUDVSHFWROLJDGRWDQWRjFRQ¿JXUDomRGHVLVWHPDVGLYHUVRVTXDQWRjGD produção de bens materiais, bem como de sua circulação, de seu uso/consumo e das possibi- lidades de simbolização desses bens por parte de seus usuários, consumidores, das empresas concorrentes e da sociedade em geral.

7DPDQKDDPSOLWXGHTXHVXJHUHXPDEUXWDOIDOWDGHHVSHFL¿FLGDGHOHYDDFUHUTXHQR universo da produção/troca/uso/consumo/simbolização/descarte/desmontagem/reciclagem de bens, o trabalho do designer diz respeito a um “fazer bem feito”, fazer este que pode incidir VREUHTXDOTXHUXPDGDVIDVHVWDUHIDVRXHVSHFL¿FDo}HVHPMRJRTXHUWDLVHWDSDVHVWHMDPOLJD- das à diagramação de um jornal, ao projeto de um brinquedo, de um automóvel, de um equi- SDPHQWRKRVSLWDODUGHXPDQRYDIRQWHWLSRJUi¿FDGHXPDHPEDODJHPGHELVFRLWRVVDEmR ou remédio, de um móvel, de um livro infantil, de equipamentos tecnológicos ou urbanos, de

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esquadrias pré-fabricadas, de sapatos, roupas e/ou jóias, de uma interface de atendimento eletrônico bancário, da iluminação de um ambiente e até mesmo de armas e equipamentos de WRUWXUDRXFRP¿QDOLGDGHVSULVLRQDLV

s

obreaheteronomia

estruturaldoCampododesign

Em sua obra Razões práticas sobre a teoria da ação (1996) Bourdieu discute o funciona- mento das economias de bens simbólicos, argumentando que elas são movidas duplamente, por interesses de natureza econômica e, ao mesmo tempo, pela circulação de interesses e lu- cros de natureza não-econômica, cujos termos são formulados no âmbito dos diversos campos de produção simbólica.

Ele argumenta que, no entanto, ao contrário do que ocorre na economia vul-gar, nas eco- QRPLDVGHEHQVVLPEyOLFRVDH[SOLFLWDomRGRVLQWHUHVVHV¿QDQFHLURVSRUSDUWHGHVHXVDJHQ- tes, bem como a explicitação do valor econômico dos bens simbólicos produzidos num campo qualquer, são capazes de vulgarizar – e mesmo de anular – a raridade tanto do trabalho dos produtores quanto das obras, ao reduzir a um valor venal o valor de coisas que são tão raras TXHQmRSRGHULDPVHUSUHFL¿FDGDV3RULVVRHPWDLVHFRQRPLDVVLPEyOLFDVRVVHXVDJHQWHVWHQ- dem a não se apresentar (nem mesmo a si próprios) movidos pelo interesse declarado nos lu- cros econômicos advindos de suas práticas, mas sim em nome dos princípios do campo ao qual estão vinculados, e que são supostamente mais nobres que os interesses econômicos, sendo esses princípios de natureza cultural/artística (caso dos campos das artes plásticas, da música, GDGDQoDGRWHDWURHWF FLHQWt¿FD FDVRJHUDOGDXQLYHUVLGDGHLQFOXtGRDtRFDPSRDFDGrPLFR do design) ou espiritual (caso do campo religioso).

Este é um funcionamento geral das economias de bens simbólicos que não se dá, no en- WDQWRGHPDQHLUDLGrQWLFDHPWRGRVRVFDPSRVHVSHFt¿FRVQRFDPSRGDDUWHSRUH[HPSORp possível aos seus agentes que atuem apenas “em nome da arte”, sem a obrigação compulsória de atender a demandas explicitadas por uma clientela. Isto não é possível no campo do de- sign, antes de mais nada, porque ele foi sendo instituído justamente na medida em que foi se descolando do próprio campo artístico, ao assumir que uma de suas razões de ser era dotar os bens produzidos industrialmente de um valor estético mais elevado, visando a conquista de um PHUFDGRFRQVXPLGRUTXHYLQKDVHDPSOLDQGRHGLYHUVL¿FDQGRHPIXQomRGDSUySULDH[SDQVmR da produção industrial (Cardoso: 1999).

,VVRVLJQL¿FDTXHDHPHUJrQFLDKLVWyULFDGRFDPSRGRGHVLJQWHPFRPRXPGHVHXVIXQ- damentos mais importantes a sua própria instrumentalidade e, assim, a impossibilidade es-

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