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115hecimento institucional precoce A ação do capital econômico familiar no início de sua tra-

No documento As ambiguidades da doutrina (páginas 117-119)

MHWyULDSUR¿VVLRQDOUHVLGHQDYLDELOL]DomRGHVHXVHVWXGRVQXPDLQVWLWXLomRHXURSpLDGHJUDQGH prestígio, além de tê-lo munido, previamente, dos conhecimentos idiomáticos necessários à vivência em vários países.

-iDLQÀXrQFLDGHVXDRULJHPIDPLOLDUQDGH¿QLomRGRVXFHVVRGHVXDWUDMHWyULDSHVVRDO¿FD evidenciada quando de seu retorno ao Brasil, por ocasião, por exemplo, de sua participação QDHTXLSHGRSURMHWR5LR&LGDGHTXHUHGH¿QLXDXUEDQL]DomRGREDLUUR/HEORQSURMHWRTXH também recebeu prêmios internacionais. A constituição do grupo responsável pelo projeto in- GLFDRSHVRGRFDSLWDOVRFLDOQDGH¿QLomRGRVUXPRVGHVXDFDUUHLUDWUDWDYDVHGHXPDHTXLSH IRUPDGDSRUHOHHPDLVGRLVSUR¿VVLRQDLVHOLGHUDGDSRUVHXSDLRLPSRUWDQWHDUTXLWHWR/XLV Eduardo Índio da Costa, partícipe de vários episódios importantes do campo arquitetônico no 5LRGH-DQHLURHFRPTXHPR¿OKRYHLRDHVWDEHOHFHUVRFLHGDGH

No que diz respeito ao papel do capital cultural na trajetória de Guto, o próprio Luis Eduar- do Índio da Costa relata, em seu livro Cartas a um jovem arquiteto (2011), que a sua atuação FRPRDUTXLWHWRLQÀXHQFLRXYiULRVDVSHFWRVGDFDUUHLUDGR¿OKRHQWUHRVTXDLVDWUDQVPLVVmR lenta e precoce da intimidade com materiais e procedimentos típicos da atividade projetual, que certamente vieram a forjar as capacidades do renomado designer. Essas são capacidades SUpUHÀH[LYDVOLJDGDVDRhabitus deste designer, que não foram exatamente forjadas em um curso superior, mas muito antes, por meio de sua lenta e precoce socialização elementar, ainda no âmbito privado da família.

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ntagonismosestruturais

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Buscando fornecer uma explicação para o desconforto manifesto pelos integrantes do VLVWHPDGHHQVLQRGHGHVLJQRGRFXPHQWiULRHPTXHVWmRHQIDWL]RXGRLVWLSRVGHFRQÀLWRRV FRQÀLWRVJHUDFLRQDLVHQWUHRVMRYHQVSURIHVVRUHVHRVYHOKRVPHVWUHVRXHQWUHDOXQRVHSURIHV- VRUHVHRVFRQÀLWRVSROtWLFRVHQWUHEXURFUDWDVHDFDGrPLFRVRXHQWUHPLOLWDUHVHFLYLV7DLV FRQÀLWRVQRHQWDQWRVmRDSHQDVPDQLIHVWDo}HVSRQWXDLVGHXPDQWDJRQLVPRPXLWRPDLVDP- plo, responsável por organizar, em maior ou menor grau, todo e qualquer campo de produção simbólica. O mal-estar estar sentido pelos depoentes do documentário pode ser explicado, assim, pela força deste antagonismo estrutural, e pelo modo como ele incide sobre a realidade do campo do design.

A oposição em questão diz respeito ao choque entre os interesses e valores materiais, PXQGDQRVHRX¿QDQFHLURVGHXPODGRHRVLQWHUHVVHVVLPEyOLFRVGLYHUVRV±FXOWXUDLVHVSLU- ituais, humanísticos, ambientais, artísticos etc. – de outro, que são professados por diversos

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agrupamentos e instituições do campo, estruturando assim o espaço social em geral, a exemplo das conhecidas diferenças entre as razões de ser das instituições bancárias e do mundo empre- VDULDOHPJHUDOHGDVLQVWLWXLo}HVFLHQWt¿FDVDUWtVWLFDVUHOLJLRVDVHGXFDFLRQDLVKXPDQLWiULDV DPELHQWDLVHRXWUDVGLWDV³VHP¿QVOXFUDWLYRV´ bourdieu: 1996b).

Esta oposição de base, que estrutura o espaço social e o funcionamento das instituições, se manifesta nos campos de produção simbólica por meio do antagonismo entre os valores e critérios da indústria cultural, de um lado, e da produção erudita de outro (bourdieu: 2001), opondo os criadores movidos pela lógica da concorrência (dedicados a atingir o maior público possível com suas criações) aos criadores empenhados em produzir para os seus pares/concor- UHQWHVRXSDUDXP³S~EOLFRFXOWLYDGR´GHDFRUGRFRPDVQRUPDVGHDSUHHQVmRFXOWXUDOGH¿- nidas no interior de um campo qualquer. Os primeiros seriam, assim, movidos pelo interesse QRVOXFURVSURSULDPHQWH¿QDQFHLURVDGYLQGRVGRVVXFHVVRVGHYHQGDVGHVXDVFULDo}HVMiRV segundos seriam movidos pela defesa de outros tipos de interesse e valor, forjados no interior do campo pelos seus próprios agentes.

A formulação dos critérios propriamente eruditos de apreensão e julgamento dos bens simbólicos (quer sejam peças musicais, obras de arte ou artefatos utilitários), se dá na e pela atuação de instituições que são reconhecidas socialmente para tanto; este é o caso, por exem- SORGD$VVRFLDomRGRV'HVLJQHUV*Ui¿FRV TXHSURPRYHDVELHQDLVEUDVLOHLUDVGRVHWRU GR Museu da Casa Brasileira (que promove o Prêmio Design mCb) ou de diversas revistas espe- cializadas.

No entanto, no caso do campo do design, o trabalho social de elaboração das regras cultas de produção, apreensão e valorização dos bens produzidos em seu seio – bem como daqueles produzidos no contexto da indústria cultural – vem sendo realizado principalmente, e com intensidade cada vez maior, pelas instituições universitárias, especialmente a partir da consti- tuição de suas frações intelectualizadas, ligadas à emergência das atividades de pesquisa e pós- JUDGXDomRHGDLQVWDODomRGHIyUXQVHDVVRFLDo}HVFLHQWt¿FDVTXHSDVVDUDPDDWXDUGHPDQHLUD mais intensa nos anos 90. Uma das mais importantes expressões deste processo é a realização dos Congressos P&D (Congressos de Pesquisa e Desenvolvimento em Design), que ocorrem bienalmente desde 1994, e cuja organização temática exprime as diversas direções dos esforços de seus agentes (os professores e pesquisadores do campo) no sentido de elaborar visões da SUiWLFDGRGHVLJQGRWDGDVGHFLHQWL¿FLGDGHHOHJLWLPLGDGH

A organização temática dos dez Congressos P&D já realizados até então, apresentada no Anexo, demonstra os esforços da fração universitária do campo para negar o antiintelectua- OLVPRGDVSUiWLFDVGRGHVLJQEHPFRPRSDUDD¿UPDUOKHVRFDUiWHUFRPSOH[RFLHQWt¿FRFXO- WXUDOHKXPDQtVWLFRTXDOL¿FDQGRSRVLWLYDPHQWHRVSURFHGLPHQWRVGHVHXVSUDWLFDQWHVHDV- sociando seu engajamento a questões de interesse supra-econômico, tais como a emancipação e valorização dos indivíduos ou da coletividade, a proteção ambiental e o desenvolvimento/

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