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119notassobreumarelaçãotensa:

No documento As ambiguidades da doutrina (páginas 121-123)

oCampoaCadêmiCoeomerCado

A variedade temática dos Congressos P&D indica não somente a enorme abrangência que DQRPHQFODWXUD³GHVLJQ´HQVHMDHTXHSRUVLVyMXVWL¿FDDDQVLHGDGHGRVMRYHQVLQJUHVVDQWHV do campo, devido à sua necessidade de estabelecimento de vínculos com tradições estáveis, ca- pazes de apresentar garantias mínimas de sucesso futuro. Além disso, tal diversidade permite compreender como o antagonismo estrutural entre os interesses econômicos e os interesses FXOWXUDLVFLHQWt¿FRVWHQVLRQDRFDPSRGRGHVLJQ

Uma das características gerais dos campos de bens simbólicos é a dupla verdade de suas SUiWLFDVHGRVEHQVFXOWXUDLVSURGX]LGRVHPVHXVGRPtQLRV,VVRVLJQL¿FDTXHFDGDFDPSR DU- tes, design, música, ciência, jornalismo etc.) produz bens dotados, ao mesmo tempo, de um YDORUTXHpSURSULDPHQWHFXOWXUDO±FXMRVWHUPRVVmRGH¿QLGRVHUHGH¿QLGRVFRQWLQXDPHQWH SRUVHXVHVSHFLDOLVWDV±HGHXPYDORUHFRQ{PLFRTXHYDULDGHDFRUGRFRPDLQÀXrQFLDGR campo em questão junto aos poderes econômico e político, e também de acordo com o prestí- gio de seus criadores num determinado momento (bourdieu: 1996a). No campo do design, um exemplo muito conhecido da dupla verdade dos bens simbólicos e de sua variabilidade são os artefatos projetados no contexto da escola alemã Bauhaus (1919-1933), que atualmente são comercializados no circuito de móveis de luxo (e mesmo nas lojas de museus especializados, como o MoMA-NY), muito embora tenham sido concebidos de acordo com as possibilidades técnicas oferecidas pela lógica industrial (produção em série a baixos custos) e com o propósito utópico de atender as demandas da classe trabalhadora internacional, conciliando os domínios da arte e da vida cotidiana.

A dupla valorização dos bens simbólicos também está na base da valorização social das SUiWLFDV FRUUHODWDV H SRU ¿P GD UHPXQHUDomR GRV SURGXWRUHV GH FDGD XP GHVVHV FDPSRV Este é um problema que diz respeito à relação estabelecida, a cada momento, e por cada um dos campos (e por cada um de seus partícipes, individualmente) com as pressões da economia GHPHUFDGRHFRPDVSRVVLELOLGDGHVGHREWHQomRGHOXFUR¿QDQFHLURHRXGHOXFURVLPEyOLFR (prestígio, fama ou reconhecimento acadêmico), possibilidades tais que, por sua vez, estão ins- critas em cada uma das diferentes práticas e em cada uma das posições ocupadas pelos seus praticantes.

,VVRVLJQL¿FDTXHDVSUHVV}HVTXHVmRLPSLQJLGDVSHODHFRQRPLDGHPHUFDGRDRFDPSRGR GHVLJQLQÀXHQFLDPQmRVRPHQWHRVHQWLGRGDVSUiWLFDVSUR¿VVLRQDLVLQGLYLGXDLVPDVWRGRVRV HVIRUoRVUHDOL]DGRVQRLQWHULRUGRFDPSR QDVHVFRODVQDVDVVRFLDo}HVSUR¿VVLRQDLVQRVSUR- gramas de fomento e de pós-graduação, nas revistas especializadas etc.) E as diferentes respos- tas institucionais a tais pressões podem ser percebidas em toda e qualquer tomada de posição GHQWURGRFDPSRTXHUVHMDXPDDERUGDJHPWHyULFDXPDHQWUHYLVWDFRQFHGLGDSRUXPSUR¿V-

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sional, uma crítica desferida por um jornalista contra um designer, uma aula de projeto numa faculdade, ou mesmo o projeto de um artefato, que pode ser destinado tanto ao atendimento de uma necessidade humana substantiva (uma cadeira ou uma embalagem mais ergonômicas) ou de uma necessidade de mercado (uma cadeira com desenho “inovador” ou uma embalagem que aumente as vendas de um determinado produto, superando a concorrência).

A diversidade e a qualidade das reações do campo do design às pressões da economia pode ser apreendida por meio da investigação de inúmeras fontes documentais que registram toma- das de posição (individuais ou institucionais), tais como as revistas especializadas. No presente FDStWXORDUHÀH[mRLQFLGHVREUHDVWRPDGDVGHSRVLomRIRUPXODGDVQRVHJPHQWRDFDGrPLFR do campo do design, por meio da análise da organização temática dos Congressos P&D, bem FRPRGDSURGXomRFLHQWt¿FDDFHLWDHWRUQDGDS~EOLFDQXPDGHVXDVHGLo}HV  FRPYLVWDV DLGHQWL¿FDUHGLVFXWLURVJUDXVGHDGHVmRSURSRVWRVSDUDRGHVLJQHUjVSUHVV}HVGRPHUFDGR bem como os modos de explicitação desta relação, tais como elaborados pelos cientistas do campo. Na sequência deste texto, serão apresentadas algumas conclusões sobre as propostas para relação design-mercado, tais como elaboradas dentro do campo acadêmico do design, sendo essas conclusões obtidas por meio da análise de duas dimensões dos Congressos P&D: (1). a organização temática de cada uma das dez edições do congresso e, em particular, a varia- ção entre elas e; (2) os diferentes modos de adesão ao mercado, tais como propostos no âmbito acadêmico do campo, apreendidos pela análise dos 123 resumos de artigos apresentados na categoria “Projetos” por ocasião da 9a edição do Congresso P&D (realizada no ano de 2010,

cujos anais já se encontravam publicados quando da realização desta pequisa).

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iferenteslugaresparaointeresse eConômiConos

C

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p&d

As diferenças evidentes na organização temática das várias edições do Congresso P&D (ver Anexo) sugerem que o caráter instrumental do design em relação ao funcionamento do mercado foi explicitamente assumido nesse meio acadêmico entre a segunda e a sétima edições do evento (1994 a 2006), entrando em declínio a partir de sua oitava edição (2008). Nas seis HGLo}HVQDVTXDLVRWHPDIRLH[SOLFLWDGRRVSHVTXLVDGRUHVD¿QVSXGHUDPVXEPHWHUVHXVDUWLJRV às categorias “Design e estratégia”, “Gestão em design” e assemelhadas.

Os títulos dos artigos publicados até 2006 sob essas categorias sugerem que as aborda- gens em questão propõem um ajustamento entre a instância empresarial (geral) e a instância SUR¿VVLRQDOGRGHVLJQ HVSHFt¿FD GHPDQHLUDDIRPHQWDUDKDUPRQLDLQVWUXPHQWDOQDUHODomR entre empresários e designers, viabilizando a absorção das contribuições do design pelas em- presas, apresentadas como estratégias essenciais ao seu funcionamento. Em tais abordagens, o

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No documento As ambiguidades da doutrina (páginas 121-123)

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