• Nenhum resultado encontrado

As entrevistas reflexivas foram coordenadas pela própria pesquisadora, como já mencionado 04 professores foram entrevistados. A participação na entrevista deu-se conforme a disponibilidade dos professores do NTE (Márcia, Carla e Karen) e de uma especialista de educação – a vice-diretora (Terezinha Pereira Amaro), assim houve um pouco de atraso no cronograma inicial da pesquisadora.

Houve facilidade de acesso da pesquisadora quanto aos entrevistados por conhecê-los há muito tempo, mas para realizar a entrevista houve necessidade por parte do NTE ou da instituição infantil de ajustes dos horários e pausa nas atividades cotidianas.

Foram realizadas duas entrevistas para cada grupo sendo que primeiramente realizei a entrevista com os 03 professores do NTE de forma coletiva e ocorreu no próprio ambiente de trabalho das professoras formadoras em horário definido por elas. Na mesma semana realizei a entrevista com a especialista de educação. A entrevista foi realizada com autorização da Diretora Educacional no momento de trabalho e em horário definido pela entrevistada. As respostas dadas pela especialista em educação e pelos professores do NTE aparecem no texto em itálico.

A primeira entrevista teve a finalidade de apresentar a questão desencadeadora para a pesquisa e a segunda entrevista teve a finalidade de apresentar uma devolutiva do

12

Decreto Municipal 14.460/03- Reorganiza a estrutura administrativa, as atribuições dos departamentos, coordenadorias e setores da secretaria municipal de educação e dá outras providências. Ver comunicado s/nº de 14/09/05 e a Resolução Conjunta SME/FUMEC nº04 de 18/07/07.

37 primeiro encontro, com o objetivo de conversar com os entrevistados o texto final da entrevista. A primeira entrevista gravada foi transcrita e em seguida socializada aos mesmos em forma de e-mail para que verificassem os dados quanto à compreensão, síntese, esclarecimento, focalização ou aprofundamento durante a entrevista, conforme é sugerido na estratégia da entrevista reflexiva por Szymanski:

(...) a entrevista reflexiva é a disposição do pesquisador de compartilhar continuamente sua compreensão dos dados com o participante. São propostos procedimentos ao longo da entrevista, na forma de expressão da compreensão, de sínteses parciais, de questões de esclarecimento, de aprofundamento, e no segundo momento da entrevista, a devolução. (SZYMANSKI; ALMEIDA; PRADINI, 2007, p.07 apud SOUZA, 2004, p.21).

A autora salienta que: (...) Quem entrevista tem informações e procura outras, assim como aquele que é entrevistado também processa um conjunto de conhecimentos e pré-conceitos sobre o entrevistador, organizando suas respostas para aquela situação (SZYMANSKI, 2001, p.12).

Dessa maneira, Szymanski (2001) afirma que, assim como o entrevistador quer instaurar credibilidade e deseja que o entrevistado colabore, o entrevistado intenciona ser ouvido e ter credibilidade no que diz.

Nesse jogo entre os dois, existe um tensor de forças que demonstra a participação ativa de ambos, mas deixa uma preocupação, por parte de alguns pesquisadores, sobre a desigualdade de poder na situação de entrevista, já que esta foi provocada pelo pesquisador e é dirigida por ele.

Holstein e Gubrium (1995) apud Szymanski (2001) afirmam que há um caráter ativo em todos os que participam da entrevista. Szymanski (2004), por sua vez, sugere a

busca de uma condição de horizontalidade de poder na relação

entrevistado/entrevistador, buscando respeitar os saberes do entrevistado como saberes acerca de seu próprio mundo, do mundo do entrevistado e das relações entre eles. De acordo com esta autora, refletir sobre a desigualdade de poder na entrevista é considerar a existência de estratégias de ocultamento, por parte do entrevistado, quando omite informações que podem ser desfavoráveis para si ou para o seu grupo e inclui informações que podem ser mais favoráveis aos mesmos.

A estratégia da entrevista-reflexiva foi delineada a partir desses princípios: a entrevista considerada como um encontro interpessoal e a busca de horizontalidade nas

38 relações de poder provocada pelo procedimento de reflexividade. A reflexividade, segundo Szymanski (2001), é o movimento que o entrevistador faz para tentar compreender a fala do entrevistado, uma forma de aprimorar a fidedignidade da narrativa. A devolutiva ao entrevistado, na medida em que se realiza a entrevista, permite ao entrevistado o direito ético de discordar ou modificar a sua fala.

Visto que optei pela realização de uma entrevista coletiva, onde a narrativa foi tratada como uma produção do grupo entrevistado, considerando-se assim como Szymanski (2001, p. 57) que “É preciso ter claro que a participação de cada membro reflete a influência dos demais e o resultado final da entrevista refere-se a uma produção do coletivo”.

Desse modo, considerando-se como referencial metodológico a estratégia da entrevista reflexiva, conforme discutida por Szymanski (2001) e utilizada por Fabbro (2006), foram adotados os seguintes procedimentos para a realização das entrevistas:

1. Contato inicial com a especialista de educação (vice diretora) e professores do Núcleo de Tecnologia Educacional, envolvidos na pesquisa, para divulgação dos objetivos e das etapas da pesquisa e as formas de participação em cada uma delas.

2. Apresentação da questão desencadeadora. A partir do consentimento informado e da definição dos participantes da entrevista de cada um dos grupos a serem entrevistados apresentei pontos que desencadearam a entrevista, a saber: Solicitou-se dos entrevistados que contassem como foi o inicio da atividade com computadores na SME e no NTE; como era a formação continuada e quais cursos eram ministrados; a estrutura física do passado e como é a do presente para a utilização das máquinas com as crianças; percepção dos professores de Educação Infantil da concepção do trabalho com tecnologia; recursos financeiros para compra, conserto dos computadores; condições dos profissionais em seu ambiente de trabalho: sonhos, desejos, criatividade, esperança e desafios vivenciados, quanto à utilização do computador na Unidade Educacional. Convém lembrar que para Szymanski (2001,p. 30), “questões que indagam o “como” de alguma experiência induzem a uma narrativa, a uma descrição”.

Compreendida a questão desencadeadora, considerei, em um primeiro momento, a estratégia de realização da entrevista reflexiva de permitir que o entrevistado discorresse livremente, mesmo que se afastasse do tema proposto. A partir das

39 narrativas, a pesquisadora fez poucas intervenções, apresentando, quando se fazia necessário, apenas algumas questões relacionadas à expressão de compreensão da narrativa como as seguintes indagações: “eu estou entendendo que vocês”, ou, “parece que vocês estão falando sobre”; expressão de sínteses para apresentar o quadro que está sendo delineado pelo entrevistador ou para trazer à tona a questão da entrevista.

Em seguida a entrevista:

1. Inicialmente a pesquisadora realizou a transcrição literal da entrevista.

2.As entrevistas realizadas foram entendidas como produção coletiva, pois a devolutiva (texto da entrevista) foi realizada individualmente pelos entrevistados que foram analisando a escrita e a completando conforme percebiam a falta de algumas informações realizadas e não escritas. O grupo de professores do NTE e a Especialista de Educação revisaram a entrevista e devolveram à pesquisadora com autorização oral para coloca-la no estudo. Esse processo foi considerado pela pesquisadora como produção coletiva.

3. A finalidade da análise foi possibilitar a validação ou refutação dos dados obtidos, isto é, possibilitar ao entrevistado correções, confirmações e acréscimos do conhecimento/interpretação/impressões produzidas pelo entrevistador a partir das narrativas.

4. Num segundo momento a compreensão da pesquisadora/entrevistadora sobre a narrativa dos entrevistados a fim de completar a discussão inicial e equilibrar as relações de poder na pesquisa por meio da confirmação ou refutação das impressões do entrevistador.